O que eu já tinha ouvido falar do filme ou visto na Internet e no trailer não havia me empolgado a ponto de querer vê-lo no cinema (talvez esperar passar na Tela Quente??), mas acabei surpreendido por alguns fatores, o que foi bom. Devido o que eles nos vendem no trailer, cenas de batalha em slow motion, homens com pouca roupa saindo na porrada e cenários deslumbrantes com aquela tonalização meio azulada, eu não esperava nada além do que um 300 requentado, daí minha falta de interesse pelo filme.
Mas, Rodman, você não gostou de 300?
Sim, eu gostei, caro padawan, o problema é que de lá pra cá esses efeitos de slow motion tão bem utilizados (quase até a exaustão) pelo “visionário” Zack Snyder (ele usou isso até em Watchmen!) meio que se tornaram cansativos na tela grande, e ver um filme apenas por seu visual impactante não é bem o que eu ando esperando em um filme hoje em dia. É a idade.
É cansativo ver o sangue jorrando enquanto espadas, lanças e punhais atravessam o adversário? Não, até que é bacana, mas desde que o filme tenha uma história bem contada e personagens interessantes.
Pipoca e Coca Cola em mãos passei a acompanhar o filme, e não me vi incomodado em nenhum momento à princípio. Somos situados em que ponto da história estamos, é nos contada também qual a motivação do vilão (embora não saibamos de onde ele vem nem o porquê de sua maldade) e somos pautados por uma frase de Sócrates (o filósofo, não o Doutor) que diz: “As almas de todos os homens são imortais, mas as almas dos justos são imortais e divinas”, marcando bem a diferença entre o herói e o vilão, bem como a motivação de ambos.
As atuações também são bem agradáveis, a fotografia do filme não é nada de excepcional, porém bem executada e a direção do filme, que ficou a cargo de Tarsem Singh (desconhecido do grande meio) é decente, a ponto de sentirmos que estamos sendo bem conduzidos pela história escrita pela dupla Charley Parlapanides e Vlas Parlapanides, irmãos americanos com descendência grega (como bem podemos notar em seus sobrenomes!), embora a ação do filme nos distraia desses elementos mais qualitativos.
Há um grande atrativo em Imortais: Mitologia grega. Sempre fui fã dos seres mitológicos e dos deuses gregos, e foi divertido tentar adivinhar quem eram os deuses presentes no filme mesmo antes que seus nomes fossem citados, apenas pelos apetrechos e armas que usavam enquanto eles olhavam os mortais do alto do Monte Olimpo. Aliás, os trajes usados por Zeus e seus filhos causam estranheza de início por sua aparência um tanto quanto carnavalesca. Olha o Monte Olimpo aí geeente, chora cavaco! Alô minha bateria!
A história?
Em um belo dia o rei Hipérion (Mickey Rourke, muito bem em cena) decide eliminar os deuses e o resto da humanidade protegida por eles, e para isso ele sai em busca do Arco do Hank da Caverna do Dragão de Épiro, arma com a qual ele pode libertar os Titãs, criaturas capazes de rivalizarem com os deuses em poder.
Vendo que a humanidade não tem muitas chances de enfrentar Hipérion e a banda Slipknot seus comandados, Zeus (então na pele de Luke Evans) confia ao mortal Teseu (Henry Cavill, o novo Superman) a missão de liderar os gregos (que falam inglês) contra o poder da tropa helênica de Hipérion, e o rapaz decide aceitar o desafio ao ver a própria mãe ser executada pelo rei do mal.
Com a ajuda da bela oráculo Phaera (Freida Pinto) e de Iolaus Stavros (Stephen Dorff) um ladrão que se torna escravo de Hipérion, Teseu sai em busca do Arco de Épiro, sabendo da importância da arma para o desfecho da guerra imposta pelo rei helênico. Contando até então com as visões da sacerdotisa que decide ajudar Teseu por conta própria ao se ver em perigo, o trio acaba encontrando a poderosa arma quando o herói decide enterrar a mãe, mas o rei Hipérion está à espreita e manda seu mais cruel soldado para se apossar do arco. Apesar das semelhanças óbvias, não é citado em nenhum momento que aquele é o Minotauro (o ser mitológico, não o lutador de UFC!), mas tudo nos leva a crer que sim, uma vez que segundo a própria mitologia, Teseu realmente enfrentou e venceu o Minotauro.
A casa cai pro lado do mocinho, Hipérion se apossa do arco, Ares e Athena (vivida por Isabel Lucas de Transformers 2) se veem obrigados (não sei por quem!) a intervir para que Teseu sobreviva, o rei helênico libera os Titãs (os mitológicos, não a banda!) e começa uma batalha de vida e morte entre a humanidade liderada por Teseu e os titãs, e os comandados de Hipérion e os deuses... Um samba do grego louco!
O que ficou bem claro no filme é que tanto Hipérion quanto Teseu têm razões claras para não acreditarem nos deuses (deuses porque os gregos não eram monoteístas): Um teve a família (esposa e filhos) massacrada e o outro teve a mãe morta, o que leva ambos a duvidarem que exista algum tipo de ser superior que seja justo o suficiente para não permitir que tais atrocidades aconteçam na Terra. Um deles pende para o lado da barbárie, e decide juntar um exército capaz de fazer até mesmo com que deuses sangrem. Já o outro, influenciado desde pequeno por um desses deuses (o próprio Zeus representado em cena então pelo ator John Hurt) decide optar pelo lado do bem, querendo levar à justiça o assassino de sua mãe e ainda salvar a humanidade da extinção no processo.
Duas pessoas com passados semelhantes que são levadas para lados opostos devido suas próprias decisões. A pergunta é: Não teria Teseu trilhado pelo mesmíssimo caminho de Hipérion, o da vingança cega e descomedida, se Zeus não tivesse intervindo na vida do rapaz desde a infância?
A história, embora rasa e de fácil compreensão, nos leva a alguns questionamentos, mas não sei bem dizer se isso é o filme que desperta ou se nossa própria experiência com esse tipo de mídia é que acaba nos conduzindo a tais indagações.
Independentemente da parte filosófica que a própria frase de Sócrates nos permite ter em alguns momentos do filme, a ação e as cenas de combate são um deleite visual. É impossível despregar os olhos da tela na sequência final em que simplesmente três combates diferentes são mostrados intercaladamente, o dos deuses liderados por Zeus contra os Titãs, o dos comandados de Teseu contra o Slipknot grupo de Hipérion e a luta do próprio Teseu contra Hipérion. Todas num alto grau de sangue no zóio e violência sem freios de encher as vistas dos espectadores.
Os deuses, equiparados em força pelos Titãs (que no filme são mostrados como bestas-feras meio que irracionais), lutam como se não houvesse amanhã (e na verdade não haveria mesmo se eles perdessem) se igualando em ferocidade. Aliás, fiquei fã de Poseidon! Não sabia que o cara mandava tão bem assim em lutas corporais! Ele é um dos últimos a perecer (sim, padawan, todos vão pra vala!), mas consegue levar metade do exército titânico com ele. As lutas entre deuses e Titãs repetem um pouco daquela já batida coreografia (em slow motion) do levanta do chão com uma pancada e finaliza com outra, além de rolar arame-fu à rodo (e vocês sabem o que penso de arame-fu). O mais engraçado é que nenhum dos deuses pensa em usar seus poderes especiais para deter os titãs em vez de caírem na grosseria pura e simplesmente. Vai entender.
O resto do elenco é aquela coisa: Não cheira e nem fede. Freida Pinto, a atriz indiana de 27 anos, não compromete no papel da mocinha em perigo, e quando tem que se mostrar a gostosa do filme, faz menos feio ainda.
O que dizer daquele close de seu derrière! Jesus!
John Hurt, como o Zeus velhinho que indica o caminho das pedras para Teseu desde sua infância aparece pouco, mas faz bem seu papel.O tão criticado pela mídia (e que eu desconheço o porquê) Stephen Dorff faz um personagem que qualquer um faria igual, portanto nem merece nota ou maiores detalhes.
Mickey Rourke mostra com seu Hipérion que ficaria foda interpretando o Lobo para o cinema, e ele faz em Imortais aquilo que ele melhor sabe fazer em filmes de ação: Causar medo e morrer no final. Alguém se esqueceu aí do seu Marv em Sin City?
Em suma Imortais não é um filme ruim. Ele vem na onda do próprio 300 e de Fúria de Titãs, filmes com a mesma temática que da mesma forma que ascenderam esse aspecto visual único, o fizeram desmoronar e torná-lo mais do mesmo. É um filme “assistível”, e como eu sempre falo por aqui, faz aquilo a que se propõe: Diverte.
Não espere atuações shakespearianas, efeitos nunca antes vistos na história do cinema ou uma direção digna de Oscar. Espere uma história fácil de digerir e uma pancadaria que vale a pena ser acompanhada.
NOTA: 6,75
NAMASTE!
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