20 de maio de 2014

O Espetacular Homem Aranha 2 - A Ameaça do Bobalhão Elétrico

ATENÇÃO! ESSE POST POSSUI SPOILERS!!


Quem acompanha o Blog do Rodman ou conhece seu dono e proprietário sabe que o Homem Aranha é meu personagem preferido, e sabe também o quanto fiquei #xatiadu com O Espetacular Homem Aranha, filme que resenhei aqui e do qual não tenho nenhum apreço.

Como até comentei no Podcast do A.I.Jovem não estava nem um pouco a fim de ver a sequência desse filme, visto que nada no primeiro havia me agradado e que, portanto, preconceituosamente já achava que nesse seria semelhante. Pois bem. Apesar de todos os fatores contra, decidi ir ao cinema para ver O Espetacular Homem Aranha 2 – A Ameaça de Electro, e apesar de não achar essa Coca-Cola toda de que muita gente na mídia tem falado, confesso que esse filme tem alguns fatores que me fizeram aumentar a nota para o esforço de Marc Webb (oooooo diretor) em rebootar o Homem Aranha para a tela grande.


Pra começar, A ameaça de Electro tem atuações muito boas em especial por parte de seu protagonista Andrew Garfield, de Sally Field que vive a Tia May, de Emma Stone (Gwen Stacy) e de Dane DeHaan (Harry Osborn), que me fizeram enxergar o lado humano em um universo em que pessoas andam pelas paredes e soltam raios pelas mãos. Algumas cenas chegam a emocionar (sem sacanagem!) tal é a veracidade com que os atores as vivem contracenando uns com os outros, e de repente, me vi pensando “ué, não é que essa porra de filme é legal!”. Sou péssimo em aceitar mudanças e ainda sou muito apegado aos antigos filmes de Sam Raimi, que, embora hoje pareçam defasados devido a tecnologia de CGI que avançou muito em pouco mais de dez anos, foi o grande estopim para a invasão de super-heróis no cinema. 


Eu nunca havia visto o Aranha se balançando em sua teia numa tela grande, e pra época isso foi do caralho, algo que me levou a fechar Homem Aranha 1 e 2 numa redoma onde ninguém poderia falar mal ou achincalhar. Pois é. Mas o tempo passou, e tenho que admitir que em alguns aspectos (e não estou falando de tudo), O Espetacular Homem Aranha 2 é SIM (oh, Deus! Estou admitindo!) superior aos três primeiros filmes do aracnídeo, o que não diminui em nada a emoção que vivi quando vi a população nova iorquina defendendo o Aranha do Duende Verde ou dele freando um trem na marra após um ataque do Dr. Octopus.


Garfield já está visivelmente velho pro papel, pelo menos no que diz respeito as rugas, que saltam em seu rosto na cena em que ele mais deveria parecer um moleque na formatura. As mesmas rugas que estão em sua cara, estão nas minhas, o que levanta a questão de em quantos filmes mais ele ficaria bem vestindo o pijama cheio de teias?

Seja como for, nada disso o impede de atuar com veracidade, chegando a dar show na cena em que ele explica para a Tia May que o fato dele querer saber mais sobre o passado de seu pai não o faz ser menos grato ao fato dela ter cuidado dele desde os 6 anos. Porra, velho! A forma como ele fala essas coisas para May chega a ser tocante.


A química entre Garfield e Emma Stone (que se pegam também fora do cinema) é infinitamente maior do que a que (não) havia entre Tobey Maguire e Kirsten Dunst. Enquanto o primeiro Peter Parker mais parecia um abestado (como diria o Tiririca), morrendo de medo de se declarar para sua amada Mary Jane (como todo bom Nerd), o Peter Parker de Garfield é mais malandro e decidido, e as cenas em que ambos precisam demonstrar que se importam um com o outro são autênticas, e nos fazem acreditar que Peter realmente ama Gwen, e vice-versa. Destaque para a cena em que os dois estabelecem regras para o relacionamento deles agora que são só “amigos”.


O namoro naturalmente se desenvolve desde o primeiro filme, e em nenhum momento vemos que Gwen está com Peter por ele ser o Homem Aranha, como a Mary Jane de Kirsten Dunst transparece a torto e a direito nos filmes de Sam Raimi. Diferente da MJ biscateira que não sabe se fica com o herói ou com o milionário, Gwen é sincera com Peter e até chega a tomar as rédeas quando ele fica com a famosa lenga-lenga de “se eu ficar com você estarei arriscando a sua vida. Se algum vilão descobrir que a amo bláblábláblá”. Foda-se, meu filho! Todos os vilões dos filmes do Homem Aranha descobrem que ele é na verdade Peter Parker, então relaxa.


Sei que é uma bosta ficar comparando, mas Dane DeHaan é um Harry Osborn muito melhor do que James Franco, e principalmente no quesito obsessão e sangue no zóio. Eu não conhecia esse ator, mas gostei muito do que ele fez com seu Harry Osborn, dando-lhe um caráter muito mais assustador e obsessivo, que combina bastante com a fase do personagem nos quadrinhos em que ele, enfim, descobre que seu melhor amigo era na verdade o Escalador de Paredes (não disse que todo mundo sabe?) e o culpa pela “morte” de seu pai Norman Osborn.


Em Ameaça de Electro, não existe essa de “você matou meu papai e vou fazê-lo pagar”, na verdade o velho Osborn morre sozinho de uma doença (pelo que entendi) hereditária, e a razão de Harry depois querer a morte do amigo de infância é exatamente essa: Querer seu sangue para curar a si próprio da tal doença. Tá, eu sei. A razão é uma bosta, mas a interpretação de DeHaan é impressionante, o que o faz ficar ainda mais assustador com aqueles olhos azuis hipnotizantes. Lembrando que tudo que estou citando aqui é antes dele virar o Duende Verde no filme, porque depois... Tsc! Tsc!


Dessa vez não temos Peter Parker treinando os poderes ao som de Coldplay, mas a ação é desenfreada, o que infelizmente não justifica o 3D, que é outra merda. Marc Webb dessa vez abusou nos efeitos digitais, e aquilo que elogiei no primeiro filme ficou de fora, que foi ver mais Homem Aranha feito de carne e osso na tela. O Aranha digital está presente o tempo todo (mais do que o necessário) e embora muito melhor do que aquele bonequinho de borracha de Homem Aranha 1 e 2, ainda não convence quando quer passar naturalidade. Notem o Aranha subindo na torre próximo da sequência final do filme. Tsc! Tsc! Um fiasco!


Outra coisa que me incomodou (pra caralho) no filme foi o exagero nas cenas de ação. Uma história que se sustenta inteira na pirotecnia já não me agrada (aconteceu em Homem de Ferro 3 da Marvel) e chega até a entediar, o que acontece em TODAS as cenas de pancadaria entre o Aranha e o Electro (Jamie Foxx). Webb deve ter tido algumas aulinhas de filmagem em slow-motion com Zack Snyder, porque o recurso é usado a exaustão durante o filme, tornando as sequências lentas, longas e até mesmo previsíveis. A última luta entre os dois parece uma PORRA DE UMA ENORME CUTSCENE DE VIDEOGAME sem nenhuma graça e nenhuma emoção. Eu poderia estar jogando aquela merda num Xbox em vez de estar sentado assistindo. Nesse momento eu não torci para o Aranha e nem para o Electro, só queria ver logo o desfecho daquilo para levantar e ir embora.


O que dizer também do Homem Aranha se movendo na velocidade da luz para salvar as pessoas na cena da escadaria? Seria Webb antevendo um novo seriado do Flash por aí? Não sei, talvez!


Deixei para o final para falar do grande vilão do filme, que a meu ver deixou bastante a desejar, não pelos efeitos especiais que são grandiosos, impressionantes e nos fazem crer realmente que o Electro é um grande inimigo (o que nunca foi nos quadrinhos), mas pela atuação (pasmem) do oscarizado Jamie Foxx. Bem, em primeiro lugar é bom acrescentar que o roteiro nem exige uma grande atuação do Sr. Foxx, dando-lhe o papel de um Max Dillon bobalhão e fracassado do qual sentimos mais pena do que achamos graça. Toda a frustração de sua vida de ser um eterno “homem-invisível” parece realmente se potencializar quando ele sofre o acidente na Oscorp que o transforma no Electro, mas o problema é realmente esse. Dillon desaparece muito rápido quando os poderes elétricos começam a se manifestar, e o sujeito fraco e bobo dá lugar a um homem amargurado e cruel sem nos darmos tempo de assimilar isso. Não funciona bem como um reprimido Bruce Banner que se torna um monstro selvagem na pele do Hulk, é mais como se a eletricidade desse curto em seu cérebro e o fizesse distorcer as coisas. O Aranha nunca foi seu inimigo antes, porque ele se torna depois, segundo sua visão?


Ai, Rodman! Você é burro! A cena do telão mostra muito bem isso aí que cê disse!

Não mostra não. Ali mais parece que Dillon foi seduzido pelo Lado Negro da Força do que perdeu sua personalidade frágil de um homem abobalhado que cansou de sofrer bullyng. É tão Star Wars que ele usa capuz, solta raios pelas mãos e ainda ouve vozes!


Depois que ele se torna Electro não é mais necessário uma grande atuação de Jamie Foxx, porque o personagem se torna um estereótipo do típico vilão pau- mandado, que vive recebendo ordens de Harry Osborn, mais ou menos como o Homem Areia no terceiro filme do Sam Raimi. Assim sendo, qualquer ator mais meia-boca (e mais barato) justificaria a presença de Electro, não precisando necessariamente de Jamie Foxx para o papel.

Continuo achando toda essa história do passado secreto de Richard Parker uma besteira sem fim. Sei que é mais ou menos assim que as coisas funcionam no Universo Ultimate da Marvel e que o pai de Peter tem mais relevância na história do que o tem no Universo tradicional 616 (exceto que ele era um agente secreto!), mas continuo achando forçação de barra pura levar isso a enésima potência, em vez de apenas considerar que os inimigos de seu filho surgem naturalmente, seja por suas próprias ambições ou por quererem rivalizar  com ele.


Achei as motivações dos dois vilões principais terrivelmente fracas e tênues, e se o novo Harry Osborn esbanja atitude e maldade por um lado, por outro lado seu Duende Verde nada mais é do que uma criatura que age por impulso e totalmente descerebrada, mesmo tendo pouco tempo de participação na tela. O Duende Verde Curupira (admita que parece, vai!) não serve para mais nada além de MATAR GWEN STACY, e a razão pelo qual ele faz isso não é plausível. A amizade entre Peter e Harry nem nos convence tanto assim para nos causar aquela comoção de ver dois amigos saindo na porrada, como acontece nos filmes de Raimi, e isso enfraquece bastante o filme, apesar do desfecho explodir a cabeça de qualquer um. 


Ver Gwen despencando da torre  em câmera lenta (aí sim esse recurso se justifica), a teia lentamente tentando alcançá-la e seu corpo batendo violentamente no chão antes da teia amortecer foi de partir o coração. Valeu pela referência a cor da roupa de Gwen, que é idêntica a que ela usava nos quadrinhos quando morreu. As frases de Peter quando percebe que ela está morta também são parecidas com as que ele diz no gibi, e confesso que deixei algumas lágrimas rolarem por conta dessa cena. 


Apesar dos erros e dos exageros, O Espetacular Homem Aranha – A Ameaça do Electro (nome grande da porra!) é sim um bom veículo de entretenimento, melhor que o primeiro e alguns pontos acima da trilogia de Sam Raimi, em especial pela personalidade do Homem Aranha, o deixando mais engraçado e sarcástico (a cena inicial em que ele dá uma zoada no Aleksei Sytsevich vivido por Paul Giamatti é hilária). Seja como for, ainda prefiro o Peter Parker menos malandrão e mais Nerd, o que justifica que o Aranha seja piadista e infame.


Até aqui a Oscorp (com alguns projetos de Richard Parker) já criaram o Lagarto, o Electro, o Rino e o Duende Verde, já temos uma assistente chamada “Felícia” (a Gata Negra das HQs) que pode vir a substituir o lugar de Gwen no coração de Peter para o terceiro filme e temos um sujeito de chapéu cuja identidade continua oculta desde o primeiro filme. Qual outro vilão gostaríamos de ver na telona? Eu aposto em McGargan, como Escorpião ou como Venom.

NOTA: 8

NAMASTE!

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