Para quem esperava uma Segunda Temporada de Agents of SHIELD mais próxima do universo dos Quadrinhos da Marvel, ou pelo menos que utilizasse
mais elementos do próprio universo cinematográfico da Casa das Ideias tomou
outro banho de água fria na cabeça, já que a série parece mesmo ter a tendência
de se fechar em seu mundinho nos apresentando personagens novos ou utilizando
personagens obscuros, daqueles com a qual quase ninguém se importa.
Nossa, Rodman! Quer dizer que Agents of SHIELD está uma
bosta?
Apesar dos pesares, não, caro padawan. Se você conseguir
abstrair que está assistindo uma série de super-heróis sem super-heróis (assim
como Gotham é uma série do Batman SEM o Batman), talvez você consiga até se
divertir, mas tenha a convicção que você não vai ver nada de muito bombástico
nos episódios com relação ao que já vimos nos filmes Marvel.
Depois que a HIDRA se revelou infiltrada até mesmo nos
escalões mais altos da hierarquia da SHIELD no filme do Capitão América (que eu
resenhei aqui) fodendo a porra toda, a organização acabou sendo forçada a se
dissolver, o que tornou seus agentes, em especial aqueles que não haviam sido
corrompidos pelo regime nazi-fascista da HIDRA, em foras-da-lei. Sendo
perseguidos de perto pelo General Glenn Talbot (Adrian Pasdar, o Nathan Petreli
de Heroes) os ex-agentes decidem continuar na ativa sob o comando do novo pica
grossa Phil Coulson (Clark Gregg), que começa a reunir uma nova equipe depois
que a sua quase foi destruída.
Da antiga equipe restam Skye (Chloe Bennet), que deixou de
ser apenas a hacker e que agora é uma agente de campo, treinada nos paranauês
das pancadarias por sua nova O.S Melinda May (Ming-Na Wen, a tiazona mais gata
da TV!) e Fitz (Iain De Caestecker), que após a trairagem de Grant Ward (Brett
Dalton) vista na primeira temporada, acabou com sequelas cerebrais e problemas
de fala. No começo da temporada Jemma Simmons (Elizabeth Henstridge) não faz
parte da equipe principal, mas logo depois descobrimos que ela está em uma
missão secreta, infiltrada no covil da HIDRA.
Trip (B.J. Britt) que já havia dado as caras na temporada
anterior e Mack (Henry Simmons) são os reforços do grupo de Coulson, enquanto
Izzy (Lucy Lawless, mais conhecida como Xena) e Hunter (Nick Blood) funcionam
mais como “colaboradores”, usando seus talentos de mercenários para dar uma
força pro chapa Coulson. Em diálogos rápidos é explicado que Isabelle “Izzy”
Hartley já trabalhou com o diretor da SHIELD em um passado remoto, mas a
relação da nova equipe com a antiga não é algo com a qual os roteiristas se
preocupam em nos explicar, assim como a passagem de tempo entre o fim da
primeira temporada e o começo da segunda. Como Skye se tornou uma porradeira
fodona em tão pouco tempo? Há quanto tempo a equipe de Hartley e Hunter estão
ajudando Coulson?
Enfim. Ligue o foda-se você também.
Já no primeiro episódio, essa nova equipe é feita quase em
pedaços, enquanto numa missão quase que suicida os agentes procuram recuperar
um artefato classificado como ultra-secreto que foi roubado dos depósitos da
SHIELD depois que a agência foi dissolvida. O Obelisco, como é chamado o troço
todo trabalhado nas macumbas alienígenas, é tão secreto, que ele está na lista
dos itens “inclassificáveis” da SHIELD, e num rápido vislumbre da década de
quarenta, pouco após a derrota do Caveira Vermelha (fato desenrolado, claro, em
Capitão América: O Primeiro Vingador), vemos a Agente Peggy Carter (Hayley
Atwell) e o Comando Selvagem aprisionando os últimos remanescentes da HIDRA,
bem como seu atual comandante, Daniel Whitehall (Reed Diamond), que como seu
antigo mestre de cara vermelha, também se interessava por artefatos místicos.
Enquanto
Whitehall é encarcerado e interrogado pela Agente Carter, o Obelisco é
armazenado como um objeto de alta periculosidade, embora na época, ninguém
soubesse seu real poder e sua real importância.
No tempo presente, vemos Coulson liderando sua equipe de
agentes a fim de reaver um dos quinjets da SHIELD que está muito bem guardado
em uma instalação militar. Sequestrando o General Talbot e fazendo com que Trip
se passe por um militar de alto escalão, ele e a equipe invadem a instalação, e
enquanto May e Skye conseguem reaver o quinjet após um conflito com alguns
soldados, a equipe de Izzy e Hunter acaba encontrando o Obelisco, objeto que a
HIDRA já vinha tentando colocar a mão. Por falar em “colocar a mão”, a Xena
acaba se dando mal quando toca o objeto, o que causa uma necrose quase que
instantânea em seu braço. Obrigados a fugir dali, Izzy e Hunter acabam sendo
emboscados por Crusher Creel (Brian Patrick Wade), um cara capaz de absorver as características
físicas do que toca e revestir todo seu corpo (ou partes dele) com elas. Sim,
pra quem não ligou o nome ao personagem, Creel é o Homem Absorvente das HQs.
Após
o acidente de carro, Izzy acaba morrendo (o que não dá pra entender esse desperdício da atriz Lucy Lawless que só durou UM EPISÓDIO) e Hunter se finge de morto, sendo
aprisionado pelos homens de Talbot logo depois. Creel fica com o Obelisco, o
levando direto para Daniel Whitehall, que a essas alturas dos acontecimentos já
conseguiu sair da prisão com uma aparência muito mais jovem do que deveria. Como
alguém que esteve presente na Segunda Guerra Mundial poderia aparecer hoje em
dia como alguém que tem uns quarenta anos?
Sempre foi do desejo dos fãs que Agents of SHIELD entrasse no universo fantástico da Marvel e que lidasse mais com a questão dos
super poderes, habilidades além da imaginação e personagens capazes de
manipular essas tais habilidades. Não dá pra dizer que a mid-season da série
(com 10 episódios) não tenha feito isso, embora de forma ainda bem mais modesta
do que esperávamos. Além do tal Obelisco, que mais tarde se mostra um artefato
de origem Kree chamado de Divinador pelo próprio Whitehall e depois confirmado pelo
“Doutor” (Kyle MacLachlan), vemos a origem da longevidade do próprio Daniel
explicada quando então ele disseca uma mulher chinesa que possuía os poderes de
não envelhecer (seria algum tipo de fator de cura?).
Essa mulher, vista pela
primeira vez na época da Guerra, reaparece nos anos oitenta com a mesma
aparência, o que intriga Whitehall. Quando ela toca o Divinador e nada acontece
(diferente de todos os infelizes que foram automaticamente carbonizados ao tocá-lo), ele percebe que a mulher possuiu algum tipo de habilidade especial. Fazemos
a ligação entre a origem daqueles dons da “imortalidade” com o que mais tarde é
mencionado com a chegada de “anjos azuis” vindos do céu, fazendo menção ao
Krees, que nas HQs possuem a pele azul, assim como vimos em Os Guardiões da
Galáxia (lembram-se de Ronan, o Acusador?) e na própria primeira temporada de
Agents of SHIELD, quando Coulson descobre que aquilo que o ressuscitou é na
verdade um composto químico extraído de um alienígena Kree.
Toda essa quizomba entre os tais anjos azuis e o Divinador
serve para introduzir, afinal, os Inumanos no universo Marvel (que aportam nos
cinemas só em 2018, como visto aqui, nesse post). Pra quem não sabe, os
Inumanos possuem origem Kree, e os primeiros deles que andaram pela Terra,
foram originados da raça galáctica e suas névoas terrígenas, que causam
mutações genéticas em seres humanos comuns. Depois que Coulson descobre o que,
afinal, o trouxe de volta à vida (lembram-se que ele foi dado como morto em
Vingadores?), de forma irresistível o diretor da SHIELD começa entalhar marcas
indecifráveis na parede, sem saber o porque daquilo.
Quando ele descobre que outros
ex-agentes da SHELD que foram vítimas de induções hipnóticas para esquecerem de
sua vida regressa também são capazes de entalhar os tais símbolos sem razão
aparente, Coulson percebe que há uma ligação por trás de tudo aquilo, o que o
leva a conclusão que os tais símbolos unificados formavam uma espécie de mapa
para uma cidade oculta (referência a Attilan, a cidade dos Inumanos?).
Ao final do mid-season, descobrimos que a cidade
esconde vários segredos que tanto a SHIELD quanto a HIDRA querem descobrir, e o
desfecho da história se dá quando Raina (Ruth Negga), que é uma agente tripla,
ora se dizendo da HIDRA, outra ajudando a SHIELD e outra se mostrando uma
aliada desde sempre do Doutor, se apossa do Divinador e o deixa liberar suas
propriedades.
Quando uma névoa (terrígena??) atinge tanto Skye e Trip quanto a
própria Raina, o episódio de meio de temporada termina nos mostrando que os
três personagens foram alterados pelas propriedades mutagênicas oriundas do
Divinador.
Aí vêm os Inumanos!
Personagens
Foi bacana na
primeira temporada da série a virada de roteiro ocasionada quando Ward se
mostrou um agente da HIDRA infiltrado na SHIELD. Tudo o que pensávamos do
personagem era uma farsa, e aprendemos logo a odiá-lo quando ele começou a
tramar seus planos malignos junto de seu superior John Garret (Bill Paxton),
que (puxa vida!!) também era um agente da HIDRA infiltrado. Na segunda
temporada, Ward está muito mais maquiavélico, e depois que ele consegue fugir da
prisão em que Coulson o colocou, ele não tarda a colocar seus planos em
prática, se juntando a Daniel Whitehall e o Doutor para destruir os antigos
colegas, e quem sabe no caminho, reconquistar o amor de Skye. Ward está tão fodasticamente
maldoso que ele mata o próprio irmão mais velho, explodindo o coitado em sua
casa.
O time de Coulson foi reforçado por Trip e Mack nessa
segunda temporada, mas é uma pena que os dois personagens não puderam ser tão
bem desenvolvidos nessa metade da série, ficando ambos sempre em segundo plano.
Trip até participa de algumas missões de campo, mesmo que sem muito destaque,
mas a maior parte do tempo vemos Mack na base da equipe ou servindo de mecânico
em sua oficina ou servindo de babá para o atormentado Fitz, agora que seu intelecto
parece ter sido reduzido após o acidente que quase o matou junto de Simmons.
No
episódio 10, enquanto Trip parece ter sido explodido em BH pela névoa que saiu do
Divinador, Mack se tornou um zumbi super-forte depois que caiu numa espécie de
poço na cidade inumana, e só Odin sabe o que será dos dois personagens no
restante da série! Aguardemos!
Pra quem queria ver algum vingador em Agents of SHIELD a
presença da Harpia Bobbi Morse vivida pela delicinha da Adrienne Palicki meio
que supriu esse desejo. Chamada de volta à campo por Coulson para resgatar
Simmons das garras da HIDRA (uma vez que ela estava infiltrada), Bobbi é
integrada ao time principal, e ao mesmo tempo que serve como mais uma porradeira
nas missões usando seus infalíveis bastões (que ela também usa como arma nas
HQs) ela ainda tem tempo de reviver sua relação de amor e ódio com o ex-marido
Hunter.
Além de charmosa, a atriz se mostrou bem talentosa nas cenas dramáticas,
e de todos os novos personagens adicionados, a Agente Morse é de longe o mais
bem aproveitado, já que não deixou de aparecer um episódio sequer depois de sua
estreia. Ainda nada foi mencionado sobre a possível relação de Bobbi com o
Gavião Arqueiro, nos cinemas vivido por Jeremy Renner, mas aposto que ninguém
reclamaria se isso fosse mostrado na série. Pra quem não lembra, nas HQs, o
Gavião e a Harpia já foram casados.
Agora que temos a Harpia em Agents of SHIELD e a Skye toda
trabalhada nas artes da porradaria, o que não falta é mulher saindo no tapa na
série. Nessa arte, no entanto, ninguém manda melhor que Ming-Na Wen, a Agente
Melinda May, que a meu ver protagonizou as melhores cenas de luta da segunda
temporada. No quarto episódio, May acaba sendo emboscada por um dos aliados de Whitehall
e a Agente 33 (Maya Stojan), uma ex-agente da SHIELD que foi induzida hipnoticamente a
colaborar com a HIDRA. Quando ela se recupera, ela é obrigada a encarar sua
versão maligna, uma vez que a Agente 33 usa uma máscara tecnológica com as suas
feições.
A cena de porradaria entre as duas é sensacional, com coreografias de
luta de dar inveja em qualquer coreógrafo de Arrow (que atualmente tem pecado bastante em suas cenas de ação)! Aliás, nesse quesito, AOS
manda muito bem, já que desde a primeira temporada as cenas de combate são
sempre muito realistas, quase ao estilo que vemos em Capitão América 2 – O Soldado
Invernal. Além disso, aos 51 anos, Ming-Na Wen está em belíssima forma, não
deixando nada a dever às tetéias Chloe Bennet e Adrianne Palicki. Nesse mesmo
episódio ela aparece numa pista de dança num vestido prateado colado e vou te
dizer, hein! Ê lá em casa!
Falando na Skye, descobrimos nesse finzinho de
meia-temporada que ela é na verdade FILHA do Doutor e da mulher chinesa
dissecada por Daniel Whitehall, e que seu verdadeiro nome é Daisy. Nos quadrinhos,
Daisy Johnson é a agente especial da SHIELD Tremor (que possui poderes sísmicos), que deu as caras pela
primeira vez na Guerra Secreta escrita por Brian Michael Bendis.
Depois de
algum tempo, descobriu-se que ela era filha ilegítima do vilão Calvin Zabo, o
Mister Hyde, o que nos leva a crer que o tal “Doutor” mais pra frente venha a
se revelar também como o “Monstro”, além do médico. Acho improvável que Zabo
seja mostrado na série como ele é nas HQs, e a meu ver essas características de "Médico e Monstro" já foram incutidas no personagem Doutor, em especial quando ele se
mostrou capaz de qualquer coisa para ter a filha a seu lado. Alguém aprovaria o
Mister Hyde em Agents of SHIELD? Eu sim!
Quando a temporada chegar ao fim farei um resumão dos
últimos episódios, até lá convido todos a assistirem a série, já que apesar de
parecer bem parada nesse começo, ela apresentou alguns elementos interessantes
que valem a pena até mesmo para os exigentes leitores de quadrinhos que
assistem cada episódio esperando ver o Homem de Ferro sobrevoando a cidade ou o
Capitão América trocando uma ideia com o Coulson. Por enquanto esperem sentados
e aproveitem o que a série é capaz de oferecer.
NOTA: 8, por enquanto.
NAMASTE!
Nenhum comentário:
Postar um comentário