29 de abril de 2020

O BBB20 acabou. E agora?


Que a edição 20 do BBB foi histórica todos nós concordamos, mas a consagração da paulista Thelma Regina como a grande campeã da temporada deu um sabor AINDA MAIS especial a um programa que já estava sendo épico. 


Na final contra duas gigantes do mundo das influencers digitais, a médica anestesiologista não só recebeu 44,10% da parcela total de votos, como arregimentou uma torcida de peso no mundo das celebridades à seu favor. Cantoras como Preta Gil, Iza e Anitta movimentaram seu público para votar em Thelma e o resultado não podia ser mais justo, numa edição que levantou muitos temas polêmicos como racismo e machismo


A única inscrita da final, médica preta que lutou contra tudo e todos para se formar - em meio a colegas de sala maciçamente brancas - e que mostrou no programa muita força e sabedoria, precisava vencer no final. O prêmio de 1,5 milhão tinha que ser dela. Não havia resultado mais justo.


Sobre a edição do programa ao longo desses três meses, nós devemos nos render mais uma vez em elogios à produção da Rede Globo que deu um show de competência técnica, não deixando a qualidade cair em nenhum momento. Embora alicerçada por uma tonelada de patrocinadores, a produção sob a direção do Boninho cuidou para que o único entretenimento inédito e ao vivo no Brasil se mantivesse relevante para o público do começo ao fim, cuidando para que a edição muito bem cuidada da TV continuasse sendo replicada nas redes sociais e em seu próprio serviço de streaming, o Globoplay


E como as redes sociais movimentaram o programa, hein? 

De tretas entre Bruna Marquezine e Neymar a cancelamentos subsequentes da Anitta, o BBB20 tornou-se um fenômeno de audiência - até porque não tinha nada mais para se ver! - trazendo de volta gente que nem se abalava mais em ver o programa há anos. Após a vitória de Paula von Sperling na edição 19, participante que não se intimidava em tecer comentários preconceituosos durante seu confinamento na casa, parecia que não havia mais para onde se navegar com o barquinho do BBB. A sacada de juntar subcelebridades com participantes anônimos, no entanto, acabou salvando esse Titanic prestes a colidir com um iceberg e o resultado deve ter sido melhor que o esperado para a Globo.

Paula von Sperling a campeã de 2019

O time de participantes deu o tom que o programa teria nessa temporada logo de início, já na primeira prova do líder, e de lá para cá, o que se viu foi uma competição acirrada, e não só por parte do time Pipoca, como também do time Camarote, que percebeu que não seria um jogo tão fácil assim. Se de um lado tínhamos o ginasta Pétrix e o Youtuber Pyong como competidores natos - que tinham entrado na casa não só para competir, mas para vencer - do outro, tínhamos Felipe Prior, Lucas Gallina e Hadson, três caras muito dispostos a enfrentar os adversários famosos no mano a mano - quase que literalmente! 


E como foi bom ver a treta entre Prior e Pyong, hein? 

Desmerecendo os adversários várias vezes com seu excesso de autoconfiança - ou soberba, palavra muito usada nessa temporada - Pyong Lee juntou forças com a chamada Comunidade Hippie, e claro, se beneficiou muito dela após a Guerra Mulheres x Homens. Jogador calculista, o cara manipulou todas as meninas a fazerem o seu jogo e não demorou a ver um a um os adversários caindo fora da casa. Demorou até que uma das mulheres da Comunidade Hippie fosse eliminada, e até isso acontecer, Pyong conseguiu seu intento de tirar do jogo Chumbo, Pétrix, Hadson, Lucas e Guilherme, paredão esse em que o próprio Pyong esteve presente e foi um dos primeiros recordes de votação a ser quebrado em um BBB. Resistindo a tudo e a todos, estava Felipe Prior, que embora não fosse tão talentoso quanto Pyong no campo da manipulação, aguentou bastante as pressões do jogo, ganhando um forte aliado na figura de Babu, formando com ele uma das amizades momentâneas mais bonitas de se acompanhar. 


Confesso que fui um dos que passou a torcer por Prior depois que a arrogância de Pyong - e de suas pyonguetes - tornou-se insustentável, o que aconteceu com muita gente, que antes via o arquiteto encrenqueiro como apenas mais um dos Chernoboys a serem eliminados do jogo. Apesar do jeito estourado, Prior possuía certo carisma dentro da casa - o que esquentou os ânimos entre Gizelly e Flay, que meio que competiam por ele - e se ele tivesse se espelhado mais no Marcelo Dourado campeão do BBB 10 e menos no Dourado do BBB 4, quem sabe ele não teria chegado mais longe no jogo!


O paredão que eliminou Prior bateu o recorde absoluto do programa e movimentou 1,5 bilhão de votos - fazendo o programa entrar no Guiness Book - em disputa direta com Manu Gavassi. A trégua entre ele, Manu e Gizelly se encerrou quando o cara resolveu botar a cantora no paredão e o resultado foi uma briga generalizada na internet entre os fãs de Manu contra os apoiadores de Prior. De repente, jogadores brasileiros de futebol de todos os cantos do mundo começaram a dar apoio ao arquiteto - Joga Y Joga -e lutar contra o exército das Fadas Sensatas, que com a movimentação de Bruna Marquezine - amiga pessoal de Manu - conseguiu vencer no final. 


Prior tinha ganhado tanta torcida do lado de fora, que era comum se ouvir gritos na janela quando ele se safava de uma prova Bate-Volta ou quando voltava de algum paredão. Parecia mesmo época de Copa do Mundo. O BBB20 virou o esporte nacional durante três meses.

Mas Rodman... Para quem realmente era sua torcida no jogo? 

Como o BBB é uma espécie de experimento social onde analisamos e julgamos as pessoas presas nele a nosso bel prazer, é muito comum que a torcida se tornasse flutuante com o passar do tempo, o que me fez torcer para pelo menos três participantes durante o jogo, além da Thelma na reta final. Atitudes dentro da casa e informações externas enfraqueciam obviamente aquela torcida para um ou para outro brother, mas alguém que sempre torci e que acabou chegando na final foi a Manu Gavassi


Manu era uma das poucas da qual já tinha ouvido falar antes do programa por suas participações no juri do Popstar da Globo - aquele programa musical que põe artistas de várias áreas para cantar -, mas o que me chamou a atenção nela foi seu bom humor em lidar com o confinamento. Inicialmente distante da competitividade de jogo em seu "retiro espiritual", Manu era uma das "VTzeiras" da edição, sempre chamando a atenção com seus comentários sarcásticos e inteligentes, quase como se fosse uma de nós dentro da casa. Aquela observação sobre o trabalho que o programa deve dar para ser editado e sobre as pastas de arquivos foi uma das mais hilárias, sem contar que seus Raios-X eram os mais engraçados pelas manhãs.

A união desse bom humor a sua sensatez em lidar com temas polêmicos, falando com propriedade sobre feminismo e sororidade - ela deu praticamente uma aula dentro do Quarto Branco - me fizeram vê-la como alguém que valia a pena torcer. Claro que seu comentário sobre gostar de casais "cuja cor combina" deu aquela azedada na torcida, e a cantora foi bastante criticada do lado de fora, chamada até mesmo de racista. Outro fator que ajudou a torcer por Manu foi descobrir que o pai da Manu era o Zé Luiz, locutor que acompanhei por anos na 89 FM, à frente do programa Do Balacobaco, e que eu não fazia ideia que era da família.


Rafa Kalimann foi outra participante que me afeiçoei ao longo de jogo e que por muito tempo foi a minha campeã, exatamente por ela parecer enxergar o jogo de uma maneira que ninguém mais enxergava - até começarem a dizer que ela recebia informações externas sobre o jogo. Rafa sempre me pareceu muito sensata em seus comentários e em seu posicionamento sobre os assuntos da casa, o que me fez torcer bastante por ela. 


Obviamente seu posicionamento político na última eleição e seu desejo em evangelizar alguns países da África com suas missões humanitárias fizeram com que ela deixasse de fazer parte do meu pódio - não pelo fato de ajudar quem precisa, mas pelo fato de EVANGELIZAR um povo que não precisa disso -, o que se agravou quando ela defendeu na casa a postura racista da última vencedora Paula no programa. 


Acusado de machismo, homofobia - por xingar o Daniel de "viadinho" -, gordo assustador, agressor de mulheres e mais uma porrada de adjetivos caluniadores, o Babu provou por ele mesmo que não era nada daquilo, e que apesar da sua figura em geral carrancuda, o cara possuía um coração gigantesco, além de uma lealdade com os amigos e aliados acima da média. Muita gente se deixou levar pela aparência truculenta do ator e não quis nem conhecer o cara, algo que se mostrou um equívoco. 


Do lado de fora, uma torcida muito grande se formou para que ele ganhasse o prêmio máximo do programa e Babu Santana passou a ser um fenômeno de popularidade, mais uma vez contra tudo e contra todos. Como todos os participantes - incluindo a vencedora Thelma - Babu também cometeu alguns erros, como se aliar aos Chernoboys e falar mal em alguns momentos de Rafa e Thelma - que o apoiavam -, mas como foi comentado no outro post, os homens da década de 80 - e daí pra trás -ainda estão tentando se adaptar ao mundo moderno, trazendo à tona muitas vezes preconceitos e pensamentos antigos que lhe foram incutidos em sua criação. É uma tarefa árdua e diária essa reconstrução. Dizer que a torcida do ator "passou pano" para suas atitudes equivocadas na casa é no minimo atestar não ter entendido o quanto ele estava aberto para aprender, muito diferente de caras como Prior, por exemplo. Nesse ponto, me vi representado por Babu, embora claro, falta de empatia e truculência não sejam desculpa para nenhuma falta de tato contra uma mulher. 


Sobre representação, Babu fez bonito no jogo, mostrando que o BBB não é só lugar pro branco/hétero/malhado frequentar. Um gordo feio e preto também pode mandar seu recado e ser MUITO MAIS relevante do que os boys com gominhos no abdômen. Falando nessas características, que Babu tenha mais oportunidades do lado de fora agora que mostrou quem é de verdade. Dar mais oportunidades à Ivy, com seus belos olhos claros e seu rostinho lindo, enchendo-a de trabalhos publicitários - mesmo que ela tenha sido uma preconceituosa escrota na casa - é fácil. Quero ver empregar o gordo preto!

Aliás, quanto a talento, Babu não tem mais nada a provar. Assisti Tim Maia e Mundo Cão durante o BBB e a atuação do cara é de aplaudir de pé em ambos.


A final do BBB20 deu aquele misto de felicidade pela vitória de Thelma - que era quem melhor representava o momento em que vivemos - e melancolia pelo fim do programa. Embora o afrouxamento das regras de isolamento esteja prestes a ser autorizado, ainda vai demorar a vermos programas que movimentem tantas torcidas quanto o BBB voltarem a ser produzidos na TV. As lágrimas de Tiago Leifert ao falar sobre o sucesso do programa apresentado por ele e o quanto a casa mais vigiada do Brasil vai deixar saudades nos representam. 


Também estamos chorando e já com saudades do BBB! 

E você? 

Quais lições aprendeu com o BBB20? Clique no link da imagem abaixo e divirta-se!


NAMASTRETA!

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