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26 de janeiro de 2021

1984 tons de Mulher Maravilha



Eu precisei assistir Mulher Maravilha 1984 duas vezes para tecer a minha opinião sobre o filme e vou tentar resumir nesse post meus sentimentos um tanto quanto controversos a respeito dessa produção que custou US$ 200 milhões aos cofres da Warner e já rendeu US$ 142,5 milhões em todo o mundo.

Sigam-me os bons!

Em primeiro lugar, é preciso defender a ideia da diretora Patty Jenkins e dos roteiristas Geoff Johns e Dave Callham de tentar levar para a tela um produto leve, divertido e muito mais positivo do que 80% das películas que o estúdio vinha trazendo à vida mais recentemente — pelo menos aquelas baseados nos super-heróis da DC. Nós havíamos nos desacostumado a assistir nos cinemas histórias que nos deixassem mais leves ao final do filme em vez de sair da sala de exibição com aquele gosto amargo do sangue derramado pelos personagens que tanto admirávamos nos quadrinhos e foi graças a Jenkins que pudemos ver uma vez mais o bem vencer o mal com WW 84, embora nesse caso, haja uma linha bem tênue entre esses dois extremos durante as quase duas horas e meia de projeção, além de personagens com mais de 50 tons de cinza em sua personalidade.



A própria diretora responde sobre isso quando perguntada a respeito da conduta sempre apaziguadora da personagem-título, e em poucas palavras, resume o que ela pensa sobre a Mulher Maravilha em entrevista ao Correio Braziliense:

“Normalmente, há heróis e vilões. Na maior parte do tempo, eles ficam tentando destruir uns aos outros. Eles perseguem na tentativa de se livrar uns dos outros, tendo por base o ódio. O diferencial de Diana é que ela nunca deseja machucar ou destruir ninguém. Mesmo quando são pessoas más. Ela tem um sentimento bondoso de compreensão. Ela se vê como uma pessoa prestativa, preocupada em melhorar a vida de quem está à sua volta. Ela cuida do mundo que a envolve. ”  



Ainda pela sua visão, a diretora comenta sobre o simbolismo que a sua Mulher Maravilha pretende transmitir aos espectadores:

“A Mulher-Maravilha é algo de que o mundo precisa agora. Ela não se encerra num conceito de derrubar os malvados. Ela desperta amor, compaixão, gentileza e desejo de se aprimorar como ser humano. Diana se desafia para se tornar uma pessoa melhor, ainda que esteja na posição de heroína. ”

Quem acabou comparando um pouco WW 84 com outro filme da DC de grande sucesso, o Superman de 1978, tem grande razão de fazê-lo, já que Jenkins não esconde em nenhum momento que o filme dirigido por Richard Donner foi uma grande referência para seu trabalho. A Diana Prince de Gal Gadot é quase tão heroica e inspiradora quanto o Clark Kent de Christopher Reeve e há diversos momentos em WW 84 que nos faz lembrar da simplicidade e do heroísmo daquele Superman que era muito mais próximo ao conceito do que um super-herói deveria representar ao mundo do que tudo que veio depois. Mas não vamos falar do maior cineasta do planeta aqui novamente. Já fiz um post inteiro em homenagem a ele recentemente!



Ok, Rodman! Isso quer dizer que, na sua opinião, o filme então é 10/10?

Ah, não, jovem padawan. Longe disso. O filme tem vários problemas e embora acerte e MUITO na forma como representa a Mulher Maravilha, peca em outros momentos que comentarei a seguir.

Apesar de parecer uma mistura de Cavaleiros do Zodíaco com Todo Poderoso e com uma pitada de Thundercats, WW 84 tem um enredo confuso e arrastado que nos faz cansar rápido, por exemplo, das motivações de Maxwell Lord, em tela interpretado pelo Mandaloriano Pedro Pascal. O personagem de cara surge como um vigarista ambicioso que parece ser capaz de passar por cima de tudo e todos para alcançar seu tão sonhado sucesso empresarial, mas enquanto ele tenta mover as engrenagens para conseguir seus objetivos, fica claro o quão fracassado o cara é, recebendo logo no começo do filme aquele "empurrãozinho" ladeira abaixo do sócio multimilionário que lhe dá um ultimato quanto ao futuro da parceria entre eles, o famoso “ou vai ou racha”.



Entra em cena então o elemento “místico” que vai permitir a Lord o tal impulso necessário para alcançar seu objetivo — o de pagar sua dívida com o sócio —, quando ele bota as mãos na “Dreamstone”, Pedra dos Sonhos. Daí até o final da história, Lord toma uma série de decisões questionáveis para se tornar rico, poderoso e influente, algo que certamente a maioria de nós faria em posse de um objeto místico que realizasse nossos desejos mais íntimos. Mais do que isso, Lord usa o super-trunfo dos desejos para se tornar ele mesmo o realizador de desejos, que é quando a sua história se perde um pouco, ao vê-lo o tempo todo desesperado para realizar os sonhos daqueles que ele almeja superar. 



Por ser um personagem quase patético, é difícil levá-lo a sério e é ainda mais difícil enxergá-lo como um adversário à altura da Mulher Maravilha, o que acaba o tornando algo como o Lex Luthor é para o Superman, — não um adversário físico, mas mental — só que nesse caso com bem menos talento que o vilão careca.

Ah, mas Rodman, o Lex Luthor usa a armadura e...

Cala a boca, jovem padawan!



É nos últimos instantes do filme que enfim conseguimos nos importar com Max Lord, e suas ações ao longo de toda a projeção quase podem ser justificadas ao vermos em forma de flashback sua trajetória desde a infância miserável. O amor ao filho e o reconhecimento de que ele é um fracassado é bastante comovente, e assim como previa o roteiro desde o início, acontece a redenção do personagem que nunca foi um vilão e sim alguém muito ganancioso em busca de seu lugar ao sol depois de uma vida de provações.



A outra personagem que se contrapõe à Mulher Maravilha no filme é Barbara Minerva (Kristen Wiig), que desde o início nos é retratada como o tipo mais comum de adversário ao herói lindo, tesão, bonito e gostosão. Assim que batemos o olho em Minerva com seu jeito tímido, retraído e desajeitado, vem à memória um monte de outros personagens que eram iguais em filmes de super-herói, e só para ficar em produções da Warner/DC não tem como não citar a Selina Kyle de Michelle Pfeiffer em Batman O Retorno (1992), o Edward Nygma de Jim Carrey em Batman Forever (1995) ou da Pamela Isley de Uma Thurman em Batman & Robin (1997). Todos eles têm em comum a característica de serem praticamente invisíveis para seus superiores, embora sejam dotados de uma inteligência ímpar que possivelmente os colocaria em destaque em outras circunstâncias. É praticamente o mesmo personagem em todos os filmes citados, e assim como seus antecessores, Wiig o conduz muito bem, a ponto de não nos importarmos muito com o bem-estar do assediador em quem ela dá uma lição logo que tem o seu desejo realizado pela Pedra dos Sonhos... dos desejos... sei lá!



Diferente do personagem de Pascal, a gente se importa com a Barbara, e a influência do poder que ela conquista sobre sua anteriormente frágil e inibida personalidade fica nítida conforme ela vai se acostumando a ser tão poderosa e admirada quanto sua “colega” de trampo Diana Prince. Aliás, em questão de interpretação, Kristen Wiig dá um banho completo em Gal Gadot, que está menos inspirada agora do que esteve no filme anterior em que protagonizou.

Embora simpatizemos um pouco com Barbara Minerva — a despeito de o quanto seu gosto por roupas vai piorando à medida que ela vai se tornando mais poderosa —, a personagem não tem um objetivo maior a alcançar, e fora se equiparar a Diana Prince, ela quase não tem o que fazer no filme, se tornando uma adversária sem muito peso para a Mulher Maravilha. É claro que o simples fato dela ser alguém que pode rivalizar em força com Diana a torna incrivelmente valorosa, e mesmo sem ter um objetivo tangível a alcançar, sua presença no filme é mais justificada por ela ser alguém próxima à personagem-título que acaba se tornando sua rival por consequência da realização de seus desejos. Ao querer se igualar à sua “ídola”, Minerva acaba se transformando em alguém que bate de frente com o que Diana defende e preza, e é essa rivalidade que dá algum tempero à relação entre as duas no filme.



Fala a verdade! Aquelas cenas das duas conversando no restaurante e a troca de confidências entre elas deve ter acionado na mente dos fanfiqueiros de plantão um monte de ideias pervertidas, nénão? Não procurei, mas é certeza que já tem uma porrada de ilustração e contos no Wattpad fazendo a Diana e a Barbara se pegando “diconforça” só por conta da admiração da cover de Cheetara pela Princesa de Themyscira em WW 84. O povo não consegue mais enxergar amizade entre duas pessoas, tem que partir logo para o roça-roça!

Eu estava no meio da plateia da CCXP 2019 quando o trailer de Wonder Woman 84 foi exibido pela primeira vez, e embora tenha sido contagiado pela reação orgásmica de todos ao meu redor naquele momento em ver as primeiras cenas do longa, confesso que depois que vi com mais calma, não achei nada muito surpreendente. Não sei se o fato de eu já estar morto por dentro há algum tempo diminuiu o impacto de tudo que vi como trailer depois de Vingadores Guerra Infinita, mas honestamente, eu caguei muito para todo o material promocional que vi de Mulher Maravilha 1984 até assistir ao filme.



Bem... depois de ver, não posso dizer que acabei sendo mais impactado do que quando assisti ao trailer. Achei a maioria das sequências de ação bem fracas e senti que o filme não se esforçou muito no sentido de gravar com ferro em brasa nenhuma cena em nossa memória. Salvo a sequência de pancadaria dentro da Casa Branca — aquela em que a Mulher Maravilha enfraquecida LEVA UMA SURRA da Mulher-Leopardo — pouca coisa se manteve em minha mente após assistir a “fita”. E olhe que já vi duas vezes!



Gal Gadot é uma péssima atriz de ação, e embora tenha nos enganado direitinho no primeiro Mulher Maravilha mostrando o contrário, suas expressões de esforço, dor e resistência são pouco convincentes quando o pau está torando de verdade na história. Gadot é dona de uma beleza e de um charme impressionante e todavia esteja nos planos da Warner/DC indicá-la como melhor atriz na próxima premiação do Oscar, acho que ela, por enquanto, leva mesmo o troféu Cigano Igor de interpretação, prêmio aliás, já vencido com todos os méritos por Brandon Routh na época de Superman Returns (2006).



Ainda falando dos problemas do filme, além das sequências de ação pouco trabalhadas, não tem como não citar os efeitos visuais usados para mostrar a supervelocidade da Mulher Maravilha. 



Todas as cenas em que ela aparece correndo são horríveis e até quando ela FINALMENTE aprende a voar — sem precisar do jato invisível —, falta um pouco da leveza e da naturalidade que aquele momento exigia, algo que conseguia ser capturado pelo filme do Superman de 1978 em alguns momentos — não todos, é claro — mesmo sem recurso digital quase nenhum à disposição na época. Bryan Singer também consegue essa leveza em algumas cenas de voo do seu Superman de cera no filme de 2006, mas Patty Jenkins não teve muito sucesso na sua vez, embora toda aquela sequência entre as nuvens seja bastante simbólica e importante ao desenvolvimento da personagem.



Outra coisa questionável no filme também é a decisão dos roteiristas fazerem de Diana uma eterna viúva que passou quase 70 anos sonhando com o namorado morto. Sério... Onde que isso seria aceitável? Sério mesmo! 

Eu entendo que a Diana Prince não é qualquer mulher, eu entendo a visão romântica da pessoa que nunca mais encontrou o amor depois da morte de seu (sua) parceiro (a), mas não consigo enxergar como isso poderia ter funcionado no mundo real. Pensa no tamanho da seca dessa mulher! Quase 70 anos sem dar umazinha! Nenhuma mulher que conheço seria capaz. A minha ex já tava dando pra outro uma semana depois do término e eu nem sequer morri! Ou esse Steve Trevor é muito bom de cama ou a Diana é a mulher mais fiel do mundo!



A que ponto chegamos... analisando a vida sexual de uma personagem fictícia!

Bem, assim como no primeiro filme, já que falamos do personagem de Chris Pine, Steve Trevor não é muito mais do que o par romântico da Mulher Maravilha em WW 84, mas a forma como ele é inserido na história novamente, apesar de ter sido explodido no ar no filme anterior, é bastante interessante. É bacana, para variar, ver um personagem masculino sendo somente o coadjuvante num filme de ação protagonizado por uma mulher e todas as cenas de humor que o filme tem para gastar são usadas com Trevor em destaque, enquanto ele tenta se adaptar ao admirável mundo novo. A questão da moda é algo que Jenkins faz questão de nos mostrar para ajudar a nos ambientar ao cafonismo dos anos 80 e os figurinos de Pine ao longo do filme mostram bem o quão ridículo era esse período da nossa existência.



Imagina o quão escrotas são as pessoas que nasceram nessa época...

Que tipo de merda você deve ter sido para nascer em plenos anos 80... ai ai! 

Assim como no primeiro filme, o ator está bem em cena e seu personagem é usado única e exclusivamente como a força motriz por trás das motivações de Diana para vencer o Baixo-Astral... além de dar aquela relembrada na cocota de como é dar umazinha após muitos anos. He He He...



Com boas interpretações de Kristen Wiig e Pedro Pascal, ótima caracterização dos anos 80, boa trilha sonora e uma excelente leitura do conceito super-herói na figura da própria Mulher Maravilha — que vence no final sem brandir uma espada, mas na base do amor e da compaixão —, WW 84 é sim, apesar das críticas, um bom filme de Sessão da Tarde e que não deve ser visto como nada além disso. Ao longo de décadas já vimos um monte de filmes bem piores com conceitos muito mais horríveis, e Mulher Maravilha 1984 tem ao menos uma mensagem positiva ao final... assim como Superman IV – Em Busca da Paz...

É... não foi uma comparação muito feliz, mas não tem como não equiparar os dois filmes, principalmente em se tratando de mísseis nucleares, do começo de uma quase Terceira Guerra Mundial e da “superforça de vontade” que faz as coisas voltarem a seus lugares de origem como mágica.

Nós, velhos de quase quarenta anos ainda adoramos ver esses filmes de lutinha, de raiozinho e de tirinho, e mais do que isso, adoramos criticar aquilo que não está “do nosso agrado”, mas é bem claro que nenhuma dessas produções é mais feita para pessoas como nós. Se pararmos para pensar bem, a gente se amarrava no primeiro filme dos Power Rangers e curtia os batmamilos em Batman Forever sem nem questionar. A molecada de 13, 14 anos deve ter se amarrado em Mulher Maravilha 1984 e é muito bom saber que um monte de menina vai crescer tendo ao menos um filme de super-heroína para se inspirar, assim como nós, velhos gordos, carecas e broxas tivemos o Superman de 1978. E não... eu não era nascido nessa época, mas essa porra reprisava na TV dia sim, dia não na Sessão da Tarde durante os anos 90!

Os velhos gordos, carecas e broxas no Rotten Tomatoes avaliaram o filme com 60% (no tal tomatômetro), enquanto a pontuação pública ficou em 74%. Só para comparar, o primeiro Mulher Maravilha alcançou 93% de nota da crítica “especializada”, enquanto 84% do público aprovou o filme. Vale lembrar, que isso não quer dizer nada, já que como comentei, o filme não é feito para esse tipo de pessoa que muito provavelmente o avaliou.

Em tempo, a Warner inscreveu Mulher Maravilha 84 para 15 categorias do Oscar 2021, incluindo Melhor Direção (Patty Jenkins), Melhor Atriz (Gal Gadot), Melhor Atriz Coadjuvante (Kristen Wiig, Robin Wright e Connie Nielsen) e Melhor Trilha Sonora Original (assinada por Hans Zimmer). Isso não quer dizer que o filme vai concorrer a todas essas estatuetas e sim que o estúdio tem a intenção que os velhos gordos, carecas e broxas da Academia escolham WW 84 como indicação a elas. Ficamos na torcida para que pelo menos Jenkins seja escolhida e represente as mulheres nessa categoria onde, costumeiramente, elas são tão marginalizadas no Oscar.

Quem eu realmente gostaria que disputasse algum prêmio de atuação é a fofíssima Lilly Aspell que dá um show de carisma na sequência inicial do filme em que a pequena Diana encara um tipo de Olimpíadas do Faustão contra as demais amazonas adultas. A cena em que ela fica contrariada em ser tirada da disputa por Antiope (Robin Wright) por ter trapaceado é de cortar o coração. Aspell, assim como no filme anterior, mostra que é uma atriz-mirim de primeira grandeza e encanta em todas as cenas que aparece. Devia dar umas aulas de atuação a Gal Gadot!



Se você ainda não viu porque ainda não tem HBO Max no Brasil ou porque não quis se arriscar a encarar uma sala de cinema lotada em plena pandemia de Covid-19, ou que, assim como eu, não teve o privilégio de poder viajar para os Estados Unidos DUAS VEZES só para assistir o filme antes de todo mundo, Wonder Woman 84 estará disponível nas plataformas digitais em breve. Até a Sky — a famosa choveu, caiu! — vai deixar o filme disponível para alugar. Assista sem medo. Diversão de Sessão da Tarde garantida.

P.S. - Alguém duvida que se Zack Snyder — vulgo o maior cineasta do universo — dirigisse o filme, a história não ia terminar com essa cena em vez do papo sobre responsabilidade e compaixão?



P.S. 2 - Eu abstraí um monte de soluções absurdas que o filme mostra como as mil e uma utilidades do Laço da Verdade — que laça de balas a relâmpagos! —, mas juro que não consegui explicar como é que funcionou aquele sistema de comunicação que o Maxwell Lord usa para realizar os sonhos de todas as pessoas que o estavam assistindo. Aliás... o que diabos é aquela câmara com luz azul em que ele fica gritando feito maluco enquanto Diana enrosca o Laço da Verdade em sua perna e por que tem um troço desses dentro da Casa Branca? entendi foi porra nenhuma! Acho que vou ter que ver o filme de novo.   


P.S. 3 - Como eu disse, a primeira pancadaria entre Barbara e Diana é muito bem coreografada e produz efeitos bem maneiros, mas o que essa briga tem de inventiva, a última tem de ruim. Além da coreografia bem qualquer nota, os efeitos digitais para criar a ilusão da agilidade e força da Mulher-Leopardo são bem mequetrefes, sem falar que ela mais parece um cosplay de CATS. Outra coisa que deixa bastante a desejar é a tão alardeada armadura de Asteria que é "vendida" como a coisa mais foda do filme, mas que parece mais feita de latão vagabundo durante a batalha.  



NAMASTE!

11 de janeiro de 2021

O Snyder Cute é tudo


 

Aiiin, Rodman! Você só posta coisas sobre a Marvel, só fala da Marvel, seu marvete safado!

Atendendo a inúmeros pedidos, depois de um longo período, eu finalmente vou falar de DC...

Falar mal, é claro, porque hoje vamos destrinchar todas as polêmicas, tretas e viagens do diretor mais visionário da face da terra e seu infindável projeto Zack Snyder’s Justice League!

Siga-me os bons!


É importante relembrar que toda a saga de Zack Snyder para dar luz àquilo que ele chamava de “seu corte” começou depois que as críticas ao filme Liga da Justiça (2017) passaram a ficar cada vez mais mordazes pela imprensa e pelo público. Snyder tinha sido colocado à frente do projeto para levar aos cinemas a equipe de super-heróis mais importante dos quadrinhos — Chupa, Vingadores! — pela própria Warner Bros., mas precisou se afastar devido a morte de sua filha de 20 anos no período das filmagens. Como uma medida paliativa e para que o filme não acabasse sendo engavetado com a saída de seu diretor, a competente equipe do estúdio do Pernalonga escolheu ninguém mais ninguém menos do que Joss Whedon para substituir Zack.

“O Josueldon fez aquela equipe mequetrefe lá da Marvel render mais de 1 bilhão de bilheteria... é claro que ele é a escolha certa para dirigir um filme da MAIOR EQUIPE DE SUPER-HERÓIS DO UNIVERSO!” (Executivo da Warner, em reunião emergencial).

Whedon tinha se desentendido com os manda-chuvas da Marvel Studios após dirigir Vingadores – A Era de Ultron e saiu putinho, batendo a porta. Foi dito na época que o “casamento” entre ele e a Marvel tinha se desfeito por conta de diferenças criativas, mas rolavam boatos fortes de que o diretor teria assediado moral e sexualmente alguns membros da equipe de produção por trás das câmeras e que ele havia agido de maneira sexista e machista por mais de uma vez durante as gravações do segundo filme dos heróis da Marvel. Nada foi comprovado e nenhum outro comentário sobre isso foi tecido entre 2015 — ano do lançamento de A Era de Ultron — e 2016 — ano em que Zack Snyder foi obrigado a se afastar de Justice League, deixando o posto para Whedon — o que permitiu a contratação do novo diretor de fama duvidosa.


Ainda na época, chegou a ser dito que o trabalho de Whedon seria basicamente conectar as pontas soltas deixadas por Snyder na direção e que a maioria das cenas já tinham sido filmadas, mas logo depois a boataria começou a correr solta sobre refilmagens, substituição do compositor da trilha sonora, remodelagem nos efeitos visuais e até mesmo mudanças no roteiro. O que antes seria só uma medida paliativa para salvar a produção, acabou se tornando um projeto praticamente novo e o filme antes imaginado por Zack Snyder foi recosturado, fato esse que desagradou completamente os devotos fãs fervorosos do visionário.

O público se dividiu. Enquanto alguns saíam do cinema com uma boa impressão do que haviam visto na tela, outros caíram matando em críticas ao que Joss Whedon fez ao filme anteriormente PERFEITO na cabeça de Zequinha da Galera, e foi aí que começaram os pedidos para que a Warner lançasse o tal “Snyder Cut”.

Igualmente insatisfeito com o que viu seu filme PERFEITO se transformar, Zack Snyder começou a incitar seus fãs a exigirem que o seu corte fosse lançado como uma versão alternativa à que foi ao cinema, e o cara despirocou nas redes sociais, postando sem parar fotos e vídeos do que era para ter sido a sua versão de Liga da Justiça. Daí para frente, amigo... não tivemos mais um só dia de paz! Toda hora era uma manchete nova:

“Zack Snyder mostra visual alternativo do Superman

“Zack Snyder publica frame de um segundo da barata que passa num canto na cena em que o Flash salva Iris West

“O visionário mostra a cueca usada por Ben Affleck durante as gravações”

“Polêmica: ‘O meu Superman jamais perderia tempo salvando pessoas! ’, diz Zack Snyder, para delírio de seus fãs nas redes sociais”.

Exceto os devotos fãs do cara, ninguém mais estava aguentando a insistência de Snyder em um projeto que visivelmente havia sido um fracasso para o estúdio da qual ele era, além de diretor, também produtor executivo. Justice League tinha rendido à Warner US$ 657,9 milhões — com um orçamento de US$ 300 milhões — e ficou bem abaixo das outras produções da DC também dirigidas por Snyder, como Batman V Superman (2016) e Man of Steel (2013). Era bem óbvio que os picas grossas do estúdio não queriam mais saber do filme e que desejavam apostar em uma direção menos “dark” e mais fantasiosa — algo mais Marvel! — para seu DCU, o que acabou se mostrando um acerto, visto que Mulher Maravilha (2017) e Aquaman (2018) foram bem nas bilheterias, por coincidência ou não, largando de mão o jeito zacksnyderiano de se fazer filme.


Por mais de uma vez a Warner Bros. se pronunciou por meio de seus executivos alegando que não tinha interesse em lançar uma versão de diretor da Liga da Justiça, e por muito tempo achou-se que nem mesmo EXISTIA uma versão do filme não-finalizada por Snyder. Foi aí que em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, a hashtag #releasetheSnyderCut tomou as redes sociais do mundo — e de outros universos também. Até o Darkseid tweetou em sua conta oficial! — e aquilo que antes parecia impossível, começou a tomar forma.


Os executivos da Warner
voltaram atrás e o anúncio foi feito pelo próprio Zack Snyder em sua conta no Twitter. Com Mulher Maravilha 1984 engavetado — na época — e mais nenhum lançamento na manga para o ano devido a pandemia, a turma do Pernalonga decidiu injetar o valor inicial de US$ 30 milhões na versão não-finalizada do visionário e o Snyder Cut começou a ganhar vida.
 


 

INCONGRUÊNCIAS

Vale lembrar que uma versão do diretor costumeiramente é feita com cenas não adicionadas no corte original do filme que foi para o cinema e nós já tivemos vários exemplos disso, como nas várias versões do diretor de Blade Runner — de Ridley Scott — e o próprio Superman de 1978, filme que foi originalmente dirigido por Richard Donner — tanto o primeiro quanto o segundo —, mas cuja parte 2 acabou saindo creditada a Richard Lester, por conta de desavenças entre Donner e o estúdio.

No caso do Snyder Cut, com todas as notícias que saíram após o anúncio do investimento milionário no projeto, é bem evidente que não havia mesmo uma versão do diretor já filmada e cujas cenas apenas não tinham sido aproveitadas por Joss Whedon. O tal “Snyder Cut” era na verdade a ideia que Zequinha tinha em sua cabeça para o filme e que nunca tinha sequer sido gravada, daí a necessidade dos US$ 30 milhões da Warner. Tanto é verdade, que não demorou para que o próprio diretor viesse a público falar sobre gravações extras — usando inclusive parte do elenco — e novas inserções digitais. Quem ironizou muito bem a ideia desse corte do diretor, foi o roteirista Dan Slott em uma postagem:

“Eu tenho um corte do diretor de um filme que quero lançar. O filme está pronto. Totalmente pronto. Na minha mão. Ele existe. Um filme completamente real e tangível. Eu só preciso de US$ 70 milhões de dólares para refilmagens”

Sim, amiguinhos!

Aqueles US$ 30 milhões iniciais inflaram para US$ 70 milhões posteriormente e não se admirem caso esse “projetinho” acabe custando aos bolsos da Warner mais de US$ 100 milhões em algo que começou como um capricho de um diretor mimado.

Nada me tira da cabeça que o Zack Snyder deve ter fotos comprometedoras de algum executivo de alto escalão da Warner! Só isso para explicar tanto poder dado a alguém que tinha sido DEMITIDO da empresa!

Eu também sei alguns segredinhos sujos do meu ex-patrão... será que ele me dá US$ 30 milhões para eu terminar o projeto de um filme que eu nunca sequer comecei? Será?

EFEITOS VISUAIS REFEITOS

Um dos motivos de piada da versão original de Liga da Justiça foi a horrenda remoção digital do bendito bigode de Henry Cavill para as refilmagens do filme. Na época, o ator estava gravando também Missão Impossível – Efeito Fallout e ostentava um belo bigode, algo que era imprescindível — sei lá porquê! — que ele não tirasse da caracterização de seu personagem "August Walker", segundo o estúdio do filme. Whedon achou que não seria de bom tom que o Superman surgisse barbudo e bigodudo em cena e isso acabou custando US$ 25 milhões à Warner, que contratou o sobrinho "disáiner" de alguém para fazer os efeitos visuais. 

Quem poderia imaginar um Superman barbudo, não é mesmo?


Resultado? Uma bizarrice sem tamanho que gritava aos olhos em IMAX.



Zack Snyder, ao reassumir a direção do filme, decidiu de imediato que não iria usar NENHUMA cena adicionada por Joss Whedon — para manter a perfeição de seu projeto, a primazia de sua obra única —, mas em vez de tirar um bigode que custa US$ 25 milhões, ele quis ir além. Segundo o diretor, muito do que veremos na tela será inédito e feito totalmente do zero:

“Eu estava conversando com Tamara Watts Kent, a minha produtora de efeitos visuais, e estávamos falando sobre as atualizações do filme. O fato é que cerca de 80% dos efeitos nunca foi visto por ninguém além da equipe. E nem estou incluindo as cenas que foram regravadas… O filme está emocionante. Mal posso esperar para que todos testemunhem o quão grande será essa experiência.” 
  

Mano... 80% dos efeitos... 80% DOS EFEITOS!

O cara refez praticamente tudo e ainda tem coragem de chamar essa $@@#% de “cut”.

Uma coisa que me deixou curioso é: se o Zequinha da Galera não vai usar as cenas dirigidas por Whedon, como ele vai fazer com o Henry Cavill bigodudo? Ou o Henry Cavill bigodudo jamais existiu e faz parte de um universo paralelo acessado pelo Flash e... Hã... esquece!

RAY FISHER PUTO DA CARA!

Um dos atores do elenco original de Liga da Justiça que mais criticou a versão de Joss Whedon foi o intérprete do Ciborgue / Victor Stone, e isso não se deve somente ao fato de que seu personagem se tornou praticamente irrelevante ao corte final, sendo que ele era mencionado como o “coração” da versão snyderiana. O fato é que Ray Fisher acusou Whedon de anti-profissionalismo durante sua passagem conturbada pela direção do filme e entre outras coisas, falou que o tratamento do cara para com a equipe era “nojento, abusivo, pouco profissional e completamente inaceitável”.




Em postagens bastante mordazes nas redes sociais e em entrevistas sobre o filme, Fisher alegou mais de uma vez que tinha sido destratado por Whedon no set e que tinha provas contundentes do que estava falando. Comentou também que os produtores Geoff Johns e Jon Berg permitiram que Whedon agisse de maneira desrespeitosa com ele, e foi além sobre as provas que tinha em sua posse:

"Demorei dois anos e meio para obter todas as informações necessárias para construir algo forte o suficiente para que as pessoas não pudessem descartá-lo. Nós vamos chegar ao fundo disso tudo. E se alguma coisa que eu disse sobre esse homem for falsa, convido-o de todo o coração a me processar por difamação".

Chamou na chincha!

A treta entre Whedon e Fisher acabou ficando clara no corte final do filme. Além das cenas do Ciborgue que aparecem no trailer do filme e que nunca foram usadas na versão final, Fisher alega que seu personagem teria muito mais profundidade — como o Aquaman... hein? hein? profun... deixa pra lá! — e que ele havia conversado com o roteirista Chris Terrio sobre a essência que ele gostaria de ver incutida em seu Victor Stone.

“Vamos nos sentar e falar sobre a experiência de ser um negro e vamos chegar a um tipo de acordo. Ele [Terrio] colocou dinâmicas bonitas da sua perspectiva, e apontamos o que ficaria bom, o que poderia ser problemático, especialmente porque o personagem não é só negro mas também deficiente físico".

Apesar de todo esse disse-me-disse, Victor Stone terá cenas de sua origem como jogador de futebol adicionadas ao "novo" Liga da Justiça, porém, a aparição do Ciborgue no vindouro filme do Flash foi cancelada devido todas essas polêmicas envolvendo o ator e as denúncias de assédio.


 
Booyah!

LOBO DA STEPHANIE E DARKSEID

Foi feito um alarde desgraçado por conta da aparição do temível Darkseid no trailer do Snyder Cut e o próprio diretor não parava de falar de como seu vilão era foda e blábláblá... mas o resultado final — pelo menos o que dá para ver no vídeo — não parece fazer jus ao que se esperava. 

Segundo Snyder, o senhor de Apokolips em seu filme será retratado como um "jovem Darkseid" e por isso tem uma aparência diferente da truculência física a que estamos acostumados nas caracterizações do personagem em outras mídias. A meu ver, ficou bem merda! Nem parece que terminaram de renderizar essa animação tosca!



Assim como na versão de Joss Whedon, apesar da aparição de Darkseid no trailer, o grande vilão da história vai continuar sendo o Lobo da Estepe que, obviamente, ganhou uma repaginação em seu visual. Acho difícil que os novos efeitos digitais deem o peso necessário que faltou ao boneco de CGI do primeiro filme, ou que esse Lobo turbinado seja mais convincente que o anterior, mas a nova "peita" do personagem foi elogiadíssima por Zack Snyder que não demorou para arrotar que seu vilão "era assustador demais".




Ui, ui, tirem as crianças da sala que o bichão ralador de queijo é assustador! 

Na boa? Ainda tenho dificuldades para saber qual das duas versões merdas desse personagem merda ficou pior! Vamos esperar para ver como vai ser vê-lo em ação no filme para fazer as devidas comparações. Criticar com mais base é sempre melhor!

Ainda no trailer, é possível ver outro morador de Apokolips de relance, o puxa-saco maior de Darkseid, o temível Desaad. Nenhuma outra informação foi mencionada a respeito desse personagem ou qual será seu papel no enredo, mas tal qual seu mestre, acho bem difícil que seja algo muito maior do que uma aparição especial no meio do roteiro já bastante inflado com várias tramas e sub-tramas dessa colcha de retalhos que é o Snyder Cut.   


CORINGA GANGSTA E SLAAAAAAAADE

Nós sabemos que parte do que mais agrada os fãs de Zack Snyder em seus filmes do DCU é o modo limítrofe como ele encara alguns personagens, em especial aqueles que em outras mídias tendem a ter uma visão mais pacifista e/ou apaziguadora, por isso, para quem compactua com suas ideias “O SUPERMAN QUEBRAR PESCOÇOS É IRAAAADO, LEK! CRACK! CRACK! ”.

A inserção de personagens como o Coringa e o DeathstrokeExterminador ou mais comumente chamado de Slaaaaaaade — em Liga da Justiça desse ponto de vista limítrofe parece ser, de certa maneira, acertada, já que nenhum dos dois precisa necessariamente defender ninguém ou agir de acordo com seu senso de justiça. Eles estão pouco se fodendo para isso! Motivo que os coloca como melhores opções para cair nas mãos do Lek Snyder.


A primeira vez que percebemos que o Coringa tinha algo a ver com o passado do Batman — esse morcego introduzido em
Batman V Superman — foi numa cena na batcaverna em que vemos um traje de um Robin pichado com vários “HA HA HA HA”, o que acabou sendo confirmado pelo diretor do filme, em uma de suas duzentas milhões de postagens no Twitter sobre os extras de BVS. Snyder não só confirmou que o seu Robin era Dick Grayson, como também alegou que o personagem — que nunca chegou a aparecer nesse universo — tinha sido assassinado pelo Coringa. Assim que o Joker Gangsta maloqueiro corintiano sofredor interpretado por Jared Leto em Esquadrão Suicida (2016) deu as caras, várias teorias surgiram sobre seu visual, inclusive que os dentes de metal tinham sido implantados no lugar dos que o Batman teria quebrado no soco após a morte do Robin.

Viagem!



Bem, pouca gente discorda que o Coringa de Leto foi O PIOR CORINGA que já vimos na tela do cinema — e isso nem tem só a ver com o visual tatuado e completamente descaracterizado do Palhaço do Crime —, mesmo assim, o ator estará de volta ao papel para uma ponta no Snyder Cut, fazendo parte, segundo o diretor, de mais um dos pesadelos de Bruce Wayne ao longo do filme. Além dessa informação e da comemoração de Leto por voltar a interpretar o Coringa, mais nada foi anunciado sobre a inserção do personagem que, lembremos, NÃO FAZ parte do filme original.

Dito isso, será que veremos no filme o Coringa macetando um pé-de-cabra na cabeça de um adolescente e esmigalhando seu cérebro em slow-motion enquanto pedaços de seus miolos voam de encontro à câmera? Seria bem a cara do Snyder, né?



Outro ator que comemorou feito pinto no lixo a volta a seu papel foi Joe Manganiello, que postou em sua conta no Twitter o novo visual de seu Slade Wilson para o filme. O Exterminador acabou sendo completamente irrelevante na versão de Joss Whedon, ganhando apenas uma aparição rápida em uma cena pós-crédito de algo que se assemelhava à reunião da Legião do Mal — junto do péssimo Lex Luthor de Jesse Zuckerberg... Mark Eisenberg... Jesse... Sei lá! O carinha lá de Zumbilândia

Antes do projeto ir para as cucuias — pra não dizer “para os caraios” —, era sabido que Manganiello ia repetir o papel do mercenário mais foda da DC no filme solo do Batman, quando a bagaça ainda estava nas mãos de Ben Affleck. Com a restruturação do filme para o que hoje conhecemos como o “The Batman” — com direção de Matt Reeves —, Manganiello ficou desempregado e seu Slade nunca teve mais do que aquela cena mequetrefe que não acrescenta nada em Liga da Justiça.



Já falei aqui no Blog que o Exterminador é um dos meus vilões preferidos da DC e como ele é porradeiro, adora uma espadinha, uma arminha e costuma agir de maneira bem violenta nas HQs, seria o personagem PERFEITO para ser dirigido por Zack Snyder em um filme. Imaginem só aquela cena de BVS em que o Bátema salva a Martha moendo de pancada os soldados do KGBesta só que com o Slade no lugar, podendo fatiar, fuzilar e estraçalhar à vontade seus alvos! Seria fantástico, não é? Aposto que a sua cabeça explodiu tal qual OS MIOLOS DO DICK GRAYSON com essa ideia!

Rodman apoia um filme do Exterminador dirigido por um Zack Snyder sem controle nenhum.


SUPERMAN BLACK

Eu chorei na Morte do Superman... não tenho vergonha de assumir.

A versão dos quadrinhos, claro. A versão do cinema eu até bocejei algumas vezes durante a luta da Trindade da DC contra o Cococalipse.

Uma das coisas mais legais da época da morte e do retorno do Superman — além dos mullets! — foi o traje preto que Kal-El usou enquanto seus poderes eram restabelecidos. Roupas pretas são legais. Eu, como um adolescente na época, “se” amarrava com aquele traje desenhado pelo Dan Jurgens e é bem óbvio que o pequeno Rodman também ia se amarrar em ver algo parecido na tela do cinema.



O mais curioso do verdadeiro motivo da inserção do traje negro tão comentado que “faltou na edição final de Joss Whedon” é que nem o Zack Snyder sabe explicar! Em vez de mandar um “porque eu quis” na resposta quando questionado pela razão de fazer o herói usar a roupa preta no filme, o visionário disse:

“Eu sou um defensor ávido do traje preto. Eu realmente queria o traje preto, fazia sentido para mim porque… o Superman é um personagem que notoriamente nunca cresce. Ele é como uma pedra e tudo apenas é esmagado contra ele. E descobrimos mais sobre nós mesmos tentando mudar aquilo que não pode ser mudado. Isso é o jeito antigo, o velho Superman, enquanto eu sentia que o meu Superman tinha que, em todo o caminho, meio que subir de nível e aprender algo e ser algo diferente, porque no fim, a ideia do que eu planejava era um passo final para o Superman, que era seu retorno real, ou ele chegando ao que eu considero o Superman clássico. Nós não temos ele nesse filme, o Superman clássico. Eu também sinto que o traje preto é um delineador de tempo. Então se você vê um flashback ou flash-forward, ter ele no traje preto te deixa saber onde você está no tempo, porque é algo muito particular desse certo arco. Então eu estava muito animado em usar o traje preto para meio que nos prender em quando ele vai do traje preto para o traje vermelho e azul e então quando ele está no traje vermelho e azul, o que aquilo significa e quando ele volta para ele, o que isso significa? ”

Se você não entendeu porra nenhuma dessa explicação, nós somos dois, colega. High-Five!



Vamos nos ater novamente à visão limítrofe — sim, eu gostei dessa palavra! — que Snyder tem sobre o heroísmo que o Superman representa nos quadrinhos e como essa ameba simplesmente NÃO ENTENDE o simbolismo de um herói que, embora seja mais poderoso que QUALQUER SER HUMANO, entende perfeitamente a sua limitação, e que o fato dele não usar seus dons para ganhar vantagens e/ou abusar da boa-fé da humanidade, o torna o MAIS HUMANO de todos os seres excepcionais com que ele convive.

Dá pra sacar a diferença disso para um cara que simplesmente quebra o pescoço de um inimigo, por mais que isso pareça na hora a única solução?



Um Superman “do jeito antigo”, o “velho Superman”, como cita Snyder em sua explicação, arranjaria milhões de outras formas de deter o descontrole de seu conterrâneo Zod sem que isso envolvesse matá-lo, e é esse altruísmo, essa bondade intrínseca que faz do Superman o que ele é. Um cara com o poder de um deus, mas que age como o mais humano dos humanos simplesmente porque entende o que é ser falho.



Quando Snyder diz que “o Superman não cresce” e que o seu Superman “tinha que, em todo o caminho, meio que subir de nível e aprender algo e ser algo diferente” — embora não saiba concluir seu argumento, confundindo todo o meio de campo em seguida — é o velho Zack Snyder limitado falando mais alto. 



O mesmo cara que só viu a superfície da obra Watchmen e que acha que o seu Batman tem que matar sim e que o seu Superman precisa evoluir, ser “melhor” do que sua versão boazinha e escoteira das HQs. O “velho Superman” é passado. O novo Superman mata, arrebenta uma cidade inteira para deter o vilão e está pouco se fodendo para as consequências de seus atos. Em resumo... o uniforme negro do Superman mostra a verdadeira visão que Snyder tem do personagem, alguém trevoso, alguém desprovido de luz, que não mede o poder que tem em mãos e que usa os mesmos métodos de seus inimigos para vencê-los.

Personagens assim tem aos montes para serem trabalhados. O Superman deveria ser a exceção.  


MULHER MARAVILHA BOLADONA

Patty Jenkins foi uma das poucas pessoas do meio cinematográfico que entendeu o que a Mulher Maravilha deveria simbolizar no mundo dos super-heróis, e a diretora do filme Mulher Maravilha e da sequência Mulher Maravilha 1984 acabou pagando caro por tentar representar a heroína como ela deveria ser nos cinemas.


Recentemente, Zack Snyder publicou mais um material inédito da época de
Batman V Superman e surpreendeu um total de 0 pessoas ao mostrar que não entende os personagens que tem em mãos. A imagem exibida por Snyder seria a versão original da foto que causa todo o reboliço no roteiro de BVS entre Diana Prince e Bruce Wayne — aquela com a personagem perfilada com seus colegas na Primeira Guerra Mundial — e nela, Diana aparece ao lado de outros “colegas” ostentando como troféus três cabeças humanas a tiracolo.



A explicação de Snyder soa ainda mais ofensiva que a do traje negro do Superman, mas é mais inteligível:

“Mulher-Maravilha 1854 – Essa imagem incrível tirada por Stephen Berkman de um universo alternativo, mostra uma Diana cansada pela guerra, que perseguiu Ares pelos campos de batalhas ao redor do mundo, e ainda não havia conhecido Steve, que a ajudaria a restaurar sua fé na humanidade e no amor.”

“... uma Diana CANSADA pela guerra...”, mas que ostenta CABEÇAS HUMANAS como símbolo de “quem manda aqui é nóis, mano! ”. Entendi. Ok.

Nem é preciso dizer que a imagem acabou causando mal-estar nos fãs da personagem, em especial pela maneira brutal com que a princesa guerreira é retratada.

Aiiiin, Rodman! Deixe de ser pau no cu, seu pau no cu! O Zéquinha lindo disse que essa Mulher Maravilha — essa rachada HOR-RO-RO-SAAA — faz parte de um universo paralelo. Ela não é a mesma dos filmes!

Hmmm... não faz sentido nenhum, jovem padawan! Se é de um universo paralelo, por que causa, motivo, razão, circunstância a Diana iria hackear os computadores do Bruce Wayne só para recuperar a foto dela pagando de Maria-Bonita? Enfim...

Quem acabou dando uma “voadera” com os dois pés no peito do Zéquinha da Galera acabou sendo a própria Patty Jenkins, que defendeu sua visão da Mulher Maravilha para os filmes, falando ainda sobre a interferência que a Warner tentou criar durante a produção do primeiro filme:

“Mulheres não querem ver isso. Ela sendo rude, durona e cortando a cabeça das pessoas, não é isso que deve ser – eu sou uma fã da Mulher-Maravilha e não é isso que estamos procurando. Ainda assim, eu podia sentir aquele nervosismo instável da parte deles sobre o meu ponto de vista. ”

Em tempos, vale lembrar que Jenkins alegou recentemente que o terceiro ato de seu filme de 2017 foi inteiro roteirizado por imposição do estúdio, que cismou que deveria haver uma grandiosa batalha entre Diana e Ares.



Grandiosa mesmo! Grandes merdas de sequência!

A briga entre os dois é uma das piores coisas do filme e até mesmo Jenkins admite que ninguém gosta daquela sequência e que ela acabou sendo obrigada a ceder ao que o estúdio queria. 

Além do estúdio que quis forçar uma visão mais agressiva da Mulher Maravilha, quem também tinha planos para um lado mais sombrio da personagem era o próprio Zack Snyder, que tinha escrito um roteiro para o final de Liga da Justiça em que Diana decapitava o Lobo da Estepe — a ilustração abaixo mostra a ideia de Snyder. Patty Jenkins parecia ser a única lúcida o suficiente na Warner e também a única capaz de entender a verdadeira essência da Princesa das Amazonas. O resto queria mais é ver a principal personagem feminina das HQs arrancando cabeças no cinema!

Aiiiin, Rodman! Deixe de ser recalcado! Nos quadrinhos a Diana é uma guerreira ela mata geral mesmo... trucida, esquarteja! Mimimimi! Quem lacra não lucraaa!



Pois é... após o advento dos Novos 52, a Princesa das Amazonas ficou resumida a essa bárbara boladona que usa mais a espada como arma do que o laço da verdade e que não perdoa os inimigos. A molecada de hoje em dia nem sequer ouviu falar da Mulher Maravilha justa, altruísta e bondosa recriada pelo George Pérez na década de 80. Uma pena!



FICA OU NÃO FICA?

Todo mundo sabe que as decisões da equipe preparada e absoluta da Warner Bros. são tomadas ao sabor do vento que está soprando na hora, não é mesmo? Por isso, ainda é cedo para dizer se Zack Snyder vai continuar ou não à frente do DCU — ou seja lá como esse troço se chama hoje em dia — após o esperado lançamento do Zack Snyder’s Justice League. É bem claro que a simples ideia de um novo filme do diretor movimenta o mercado cinematográfico, seja para o bem ou para o mal, e que o nome do cara já se tornou sinônimo de hype. Falem bem, falem mal, falem de Zack Snyder!



Em publicação recente, o cara disse com todas as letras que não tem interesse em continuar na Warner / DC após o lançamento do filme, e que não vai dirigir mais nada para a companhia pelos próximos anos — toca aquela música aí que ele tanto adora... "Hallelujah"! A Warner, tal qual a vida, é uma caixinha de surpresas, mas por ora, também parece satisfeita com as participações do visionário.

A pergunta é: E se Zack Snyder’s Justice League for um sucesso retumbante e arregaçar com os servidores da HBO Max com zilhões de acessos? E se a versão do diretor mais amado do mundo empanturrar o cu do Pernalonga de tanto dinheiro, fazendo com que os acioni$ta$ da Warner queiram que o Zequinha retorne no futuro, quem sabe, para um Justice League 2, 3 e 4? Será que ainda assim ele não retornaria? Será que mesmo com os executivos implorando em sua porta, ainda assim ele vai queimar as fotos comprometedoras que tem guardadas na gaveta e desistir de ganhar mais dinheiro? Duvido!



O ano é 2021... e em algum momento desses 12 meses nós iremos assistir essa tão aguardada obra-prima dos deuses da cinematografia, que será exibida como uma série de 4 partes no serviço de streaming exclusivo da Warner, o HBO Max e no Torrent mais perto da sua casa, e é claro que eu estarei lá para me regozijar... ou não!

Devo confessar que eu não lembro o que eu tinha fumado na época que escrevi o review de Joss Whedon’s Justice League... mas eu falei BEM do filme na maior parte do texto! Que loucura! Eu devia estar sob efeito de psicotrópicos, não é possível! Já revi o filme umas duas vezes depois da primeira no cinema, e atualmente acho tudo uma MERDA... exceto a luta da Liga contra o Superman... essa eu ainda acho maneira... apesar do queixo redigitalizado escrotamente do Henry Cavill!

P.S. – O post acabou ficando mais imenso que a jiromba do Kid Bengala, mas eu esqueci de citar que quem também deve dar as caras na nova versão REMASTERIZÁITION de Liga da Justiça é o Caçador de Marte Ajax e o próprio Zéquinha da Galera mostrou algo parecido com o visual do marciano em seu Twitter. Nada foi confirmado sobre a participação de Harry Lennix, o ator que interpreta o General Swanwick em Man of Steel, e que seria a forma humana em que J’onn J’onzz estaria disfarçado na Terra, mas é provável que ele faça uma ponta. Tem que justificar esses US$ 70 milhões aí, amigo! Quié... lavagem de dinheiro essa porra?



P.S. 2 - Recentemente Zack Snyder comentou que é um grande fã de Frank Miller e que se fosse dirigir um filme para a Marvel — deusulivre! —, gostaria que fosse algo baseado na graphic novel Elektra - Vive do autor. Taí... seria algo que se encaixa no perfil dele... desde que ele se limitasse à Elektra e não fizesse o Demolidor sair matando todo mundo... igual o Miller fez em O Homem sem Medo! Heheheh! Falando em Frank Miller, como um bom fã do autor, será que Snyder já leu essa página de O Cavaleiro das Trevas??



NAMASTE!

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