12 de dezembro de 2010

Eu li: X-Men: Garotas em Fuga


Nunca fui muito de acompanhar quadrinhos de sacanagem na adolescência exceto as páginas extras que de vez em quando saiam na Playboy (como as da Valentina do Guido Crepax), exatamente por isso não conhecia quase nada de Milo Manara, esse fantástico artista italiano de renome dos quadrinhos eróticos que esteve na Rio Comicon de 2010.

Quando a notícia de que ele, em parceria com Chris Claremont iria lançar uma HQ das X-Women surgiu, no entanto, eu me interessei pelo simples fato de ver uma abordagem diferente nesse já tão saturado universo mutante da Marvel. Comprei a edição lançada pela Panini, li, folheei a edição mais algumas dúzias de vezes e não me arrependi.


O roteiro de Chris Claremont é bom e simples, sem nada daquelas invenções mirabolantes que ele escrevia nas décadas de 80 e 90 para os X-Men envolvendo o Professor X e Magneto. Os diálogos também são curtos e diretos, o que torna a leitura agradável enquanto apreciamos a arte de Manara, que na verdade é o ponto forte da HQ.


Na história a Vampira recebe de herança uma propriedade na ilha de Kirinos na Grécia e decide levar as amigas mutantes Psyloque, Kitty Pryde, Tempestade e Rachel Summers para umas férias com muito sol e calor. Tudo corre bem até que elas se veem no meio de um incidente internacional envolvendo uma Baronesa megalomaníaca, a China e a Índia (ou algo assim, isso não é importante).


Rachel acaba raptada e em busca da amiga, após o fim das férias tranquilas, as demais X-Men (ou X-Women, como queira) são atacadas pelo grupo da baronesa do mal e acabam tendo seus poderes anulados por um inibidor, caindo assim nas garras de um bando de piratas conhecido como Culto à Nave.


Toda a história é narrada por Kitty o que a deixa agradável com seu ponto de vista rebelde e inteligente. Todas as X-Women usam seus uniformes tradicionais apenas no começo da história, daí pra frente começam usar cada vez menos roupa (como naturalmente acontece nas histórias desenhadas por Manara), transformando o clima da HQ numa voluptuosa sequencia de quadros sensuais e sexuais.


Manara não esmorece pelo simples fato de estar trabalhando fora de seu ambiente tradicional e dá às mutantes as características mais atraentes possível, seguindo a descrição fiel de Claremont (como o próprio Manara bem cita numa entrevista no início da HQ). Todas estão de tirar o fôlego, mas é com Kitty que ele mais trabalha o lado sensual, fazendo a menina aparecer em poses pra lá de excitantes sem que em nenhum momento pareça vulgar (a meu ver pelo menos).

Não me recordo de ter visto a menina que atravessa paredes tão à vontade assim, exceto talvez quando ela aparece nua (ou quase isso) de costas pouco antes de se divertir com o Colossus em Surpreendentes X-Men de Joss Whedon.


Quem acompanhou as HQs dos X-men na década de 90, nos traços de Jim Lee e de todos aqueles que passaram a emular seu desenho depois de sua saída do título deve se lembrar das poses exageradas em que as mutantes eram retratadas (Psyloque vivia dando voadora de pernas abertas nas capas das revistas) e esse álbum desenhado por Manara nada mais é do que uma comemoração aos bons tempos em que víamos as garotas mutantes como símbolos sexuais (embora a cultura americana negue que suas personagens sejam isso).


Quadro a quadro temos todas elas em roupas mínimas ou em poses sensuais (embora nunca gratuitamente) e o apelo visual da arte de Manara é algo de deixar boquiaberta qualquer fã de quadrinhos. Além dos corpos femininos belíssimos, todo o resto também contribui muito para a arte. Cenários, veículos, paisagens, objetos, tudo é desenhado com riqueza de detalhes tornando cada quadrinho mais interessante que o anterior, mas nada chama mais atenção do que as mulheres de Manara, gostosíssimas mesmo se tiverem fazendo alguma tarefa doméstica como dando comida aos... porcos.


Ver uma desconhecida desenhada por ele já vale a pena, imagine as musas inspiradoras da molecada que cresceu fantasiando ver a Vampira ou a Psyloque peladinhas?

Alguns dos quadros da HQ já haviam sido divulgados anteriormente ao lançamento dela no Brasil, e um deles mostrava Vampira e Tempestade reféns dos piratas do Culto à Nave com partes íntimas à mostra. Qual não foi minha surpresa ao adquirir a edição nacional e ver que a cena havia sido censurada? No mesmo quadro Vampira e Tempestade aparecem vestidinhas (!), o que prova que mesmo em se tratando de uma edição voltada mais para o público adulto algumas cenas ainda não podem ser veiculadas livremente. O que é uma pena, do ponto de vista do fã (a quem estou querendo enganar?).

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Embora Manara seja conhecido por ser um desenhista de arte erótica, X-Men: Garotas em Fuga não pode ser considerado um material erótico e sim um material sensual, já que em nenhum momento são mostradas cenas de sexo explícito ou partes íntimas sejam de homens ou de mulheres (maldito shortinho da Vampira!).

Mesmo sendo considerada uma edição leve do ponto de vista erótico, vale sim a pena dar uma conferida pelo belíssimo traço de Manara e pelo roteiro tranqüilo escrito por Claremont que há tempos não exibe mais o mesmo talento de outrora.

Se você, assim como eu curtia os X-Men nos anos 90 (hoje confesso estar mais por fora dos mutantes do que pinto de virgem) e que era tarado por Vampira, Psyloque, Tempestade, Kitty e Rachel, sinta-se agraciado com essa edição... punheteiro!


X-Men: Garotas em Fuga tem 68 páginas e custa R$ 14,90. A versão que sai aqui é a americana, colorida (na Itália, onde saiu originalmente, a edição foi em preto e branco).

Contém ainda extras exclusivos, como uma galeria de esboços, entrevista exclusiva com o mestre italiano, fichas das beldades mutantes que estrelam a história e um prefácio escrito pelo próprio gordo safado Joe Quesada (que eu “homenageei” aqui há pouco tempo).


NAMASTE!

5 de dezembro de 2010

Eu, Eu, Eu, Corinthians... se deu mal!


E acabou hoje a palhaçada chamada aqui em terras tupiniquins de Campeonato Brasileiro.

O Fluminense de Muricy Ramalho foi o "grande campeão" de 2010, abatendo por 1x0 o valente Guarani, que jogou animado com a possível mala branca oferecida por Ronaldo e seus meninos caso o Bugre vencesse o Tricolor Carioca.

As últimas rodadas do campeonato, aliás, foram marcadas por entregas de jogos e resultados comprados, e a vitória do Fluminense está longe de ter sido conquistada por mérito.

O jogo de hoje mostrou a fragilidade do time carioca, que não só não conseguia armar boas jogadas (exceto o lance do gol) como também por vezes se complicava na área defensiva, levando a torcida inquieta ao desespero.

Washington, o artilheiro que não faz gol, entrou no segundo tempo e outra vez decepcionou. Mesmo com atuações apagadas de seus principais jogadores como Conca e Fred, o time das Laranjeiras levantou a taça, graças também a ineficiência do Corinthians que só empatou com o Goiás.


Há tempos que o futebol brasileiro não tem mais o brilho de outrora e isso em grande parte por causa das suspeitas de resultados comprados que assombra a CBF e a FIFA desde a polêmica Copa do Mundo de 1998.

Já comentei isso aqui e quanto mais o tempo passa, mais meus argumentos vão se comprovando verdadeiros.

Enquanto a Globo continuar transmitindo Futebol como se fosse a coisa mais importante do mundo e enquanto houver torcedores cegos, surdos e mudos que fazem os clubes pelo qual torcem lucrarem, nada vai mudar e os resultados continuarão comprados.


Mesmo assim, vale a pena dar uma sarreada na gambazada fanática, né?

Parabéns ao Corinthians pelo 3º lugar no campeonato.




NAMASTE!


Post dedicado mais uma vez a meu cunhado corinthiano.

4 de dezembro de 2010

Rio em Guerra... a verdadeira história.

Rio em Guerra - Parte 1

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Rio em Guerra - Parte 2

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Rio em Guerra - Parte 3

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Não, não é um sonho. O Rio de Janeiro está mesmo em guerra. Os blindados da marinha brasileira estão mesmo ajudando a invadir o morro, os soldados com seus trajes camuflados e portando armamento pesado estão patrulhando a favela e o “couro está comendo” de verdade pra cima dos traficantes alojados há anos nas assim chamadas comunidades da segunda maior metrópole do país. Não é sonho, mas a realidade está muito bem esvanecida por trás da enxurrada midiática do qual temos sido alvos há pelo menos duas semanas. Olhe além. Analise os fatos que você vai saber do que estou falando.

Há menos de uma semana os cidadãos cariocas começaram a ser alvos de investidas ousadas de grupos até então anônimos que passaram a incendiar ônibus, depredar carros e a executarem arrastões em grandes vias públicas. Até aí nenhuma novidade, parece até a descrição de mais um dia tranquilo para os já calejados moradores da Cidade Maravilhosa. Tais ataques, no entanto, provocaram a maior ofensiva da Polícia em conjunto com o batalhão de operações especiais do BOPE e da Marinha de que se já houve notícia, ofensiva essa que tem se estendido por várias favelas até então impenetráveis e que vem desbancando a soberania de diversos chefes de quadrilha e traficantes dos morros.
Os ataques, segundo os primeiros informes, se deram devido à rejeição dos traficantes quanto a instalação das denominadas UPPs (Unidades de Polícias Pacificadoras) nas favelas e a transferência de presos para unidades federais. Como efeito, muitos meios midiáticos noticiaram isso de forma séria, quase como se quisessem que acreditássemos no papo furado. Conversa.

Em tom agressivo, o governador Sérgio Cabral (reeleito nas últimas eleições) chegou a afirmar que “os ataques são uma tentativa de depreciar a segurança pública carioca” e que “Se esse é o desejo desses marginais, eles ficarão frustrados”. O brado retumbante de Cabral mascara bem uma possível encenação militar que estaria sendo ensaiada a olhos vistos para iludir a opinião pública em relação à própria “segurança” inexistente no Rio (e não só lá, infelizmente), e a meu ver, para nada mais serve além de causar desconfiança nos mais céticos (como eu).
Desde os ataques aos bens públicos até a invasão dos morros pelos blindados da Marinha, tudo foi muito conveniente. A forma como se deu a tomada das favelas, como ocorreu a expulsão dos bandidos de seus esconderijos e como os mocinhos “venceram” foi digno de um roteiro escrito para um filme B e não para motivar José Padilha a escrever Tropa de Elite 3! Tropa de Elite, aliás, pareceu ter inspirado essa “reação heróica” por parte da Polícia. É no mínimo curioso notar o quanto essa ação pareceu pegar o embalo do segundo filme (elogiado pela crítica e um sucesso de bilheteria) que ainda nem saiu das salas de projeção. Curioso para não dizer suspeito, uma vez que mesmo que subconscientemente, até o público médio (aquele que foi ver o filme só por causa do tiroteio) entendeu e concordou com a mensagem de que vivemos num país corrupto por natureza, e que a solução para sanar esse problema está longe de ser encontrada.
Tenho uma visão radical quanto ao tráfico de drogas, e não é que eu desaprove a invasão das forças militares em morros e redutos do crime (achei que só faltou um caça da Força Aérea!). Pelo contrário. O fato que me incomodou foi a forma como apresentaram tal invasão como um plano infalível de Sérgio Cabral e de como a mídia aproveitou a carona disso para exaltar a Polícia e sua investida, colocando ambos (Cabral e a Polícia) como super-heróis salvadores da Pátria. Muito antes de Tropa de Elite desnudar os segredos sujos da “banda podre” da Polícia, antes do Capitão Nascimento dar tapa na cara de playboy maconheiro e de enfiar a cara de traficante no saco, até quem é deficiente visual sabe o quanto a Polícia (boa parte dela pelo menos) no Brasil está corrompida há tempos. O filme serviu apenas para reaquecer a discussão, mas o caso já era grave e as milícias já “tocavam o terror” muito antes do primeiro livro que inspirou o filme ser lançado. Não estou falando nenhum segredo. Há sim, no entanto, pontos positivos na forma como a “subida do morro” ocorreu, mesmo em meio ao show em que ela foi apresentada. A coibição dos atos daqueles que se acham intocáveis, a repressão a seus desmandos e o desmantelamento de suas redes financeiras são sim necessárias há tempos, mas é ingênuo quem acha que essa ação isolada irá resolver todo o problema. O tumor já se espalhou e não adianta só retirar um cisto a essa altura dos acontecimentos. Utopia pura.

Enquanto os soldados estouram covis do tráfico e aprisionam seus comandantes, o terreno vai se tornando cada vez mais fértil para a instauração das milícias, em substituição aos outros bandidos, o que equivale quase que pelo velho “seis por meia dúzia”. Enquanto a conversa mole de que as UPPs seriam a causa da birrinha dos traficantes é veiculada (e comprada por alguns), outras teorias surgem para explicar o repentino descontentamento dos marginais, o que inclui um “não acerto” quanto a uma nova tabela de propina entre a bandidagem e aqueles que se disfarçam de policiais para faturar alto. Esse fato também traz à tona o possível acordo feito entre Governo e os donos dos morros para permitir a realização dos Jogos Panamericanos de 2007 sem conflitos(curiosamente não houve nenhum ataque nessa época) e num futuro acordo de mesma serventia para as vindouras Olimpíadas e Copa do Mundo do Brasil.
Esse tipo de boato faz com que eu acredite cada vez mais que não só o Rio, mas como todo o país está rendido ao crime e que estamos nos igualando à Colômbia, nossa vizinha sulamericana, que é sustentada pelo tráfico de drogas e de armas. Enquanto são achadas bazucas nas bocas e todo tipo de armamento pesado ilegal escondido nos fundilhos de seus donos, tenho cada vez mais certeza que o próximo passo não é o bem vencer o mal e sim e o bem se juntar ao mal por falta de opção, tal qual o ditado que diz “se não podem vencê-los juntem-se a eles”. Embora alguns achem que essa ofensiva nos morros cariocas tenha sido um forte golpe para as forças do narcotráfico, e a opinião pública aparentemente pareça concordar com essa máxima, me vejo tão desesperançado quanto antes em relação ao avanço do crime, até porque o mal está sendo combatido superficialmente quando na verdade deveria estar sendo atacado em seu âmago, cortado pela raiz. Enquanto nossas fronteiras estiverem permitindo a entrada de contrabando, armamento e narcóticos indiscriminadamente, os morros estarão como o monstro mitológico hidra que a cada cabeça decepada nasciam duas em seu lugar. Assim tem sido quando se prende um chefe do tráfico, logo vem outro para substituir, e isso sucessivamente.

Como bem disse no post política para quem precisa de política e reforcei na resenha sobre Tropa de Elite 2, não houve qualquer esforço por parte dos (na época) candidatos à presidência de minimizar o crime no país, mesmo que em discurso. Focados em atacar uns aos outros, deixaram passar despercebido um assunto, a meu ver, essencial para o crescimento do país como a segurança pública. Certamente estarão elogiando a “coragem”e a “destreza” de Sérgio Cabral em ter se “esforçado” para levar o BOPE e a Marinha para combater o crime na ação conjunta dele com o Ministro da defesa Nelson Jobim, mas vejo isso como puro marketing. O BOPE real, por sua vez, não é a máquina de guerra contra o crime liderada pelo Capitão Nascimento. Na realidade seus “caveiras” podem nem mesmo saber sob qual comando estão, e se sabem estão fazendo o serviço sujo de alguém. No caso de Cabral, uma atitude como essa não faz mais do que aquela que deveria ser sua obrigação como representante do estado, nada que deva ser vangloriado. Se sua intenção é somente livrar o Rio do crime (algo para muito mais do que dois mandatos, com certeza) não há porque a mídia tratá-lo como herói (o que ele não é). O papel da mídia é dar voz ao povo e fazer dela uma espécie de instrumento de denúncia e de cobrança, algo necessário para o “país do jeitinho”, em que tudo tem que ser cobrado para ser feito.

Uma das soluções para o fim do tráfico nas favelas (não, não é disparar mísseis teleguiados de caças da Força Aérea) propostas é a polêmica legalização das drogas, apoiada atualmente por cada vez mais políticos e intelectuais. A idéia é que se legalizando a comercialização dos narcóticos isso venha a quebrar com esse verdadeiro comércio que movimenta cerca de R$ 650 Milhões por ano só no Rio de Janeiro, ajudando também a dissolução do crime organizado. Isso talvez funcionasse se o problema das favelas fossem apenas as drogas. Como bem já citei anteriormente, as milícias geram uma dor de cabeça tão eficaz quanto o tráfico para o Governo, até porque elas não vivem só do contrabando e da comercialização de drogas, e a legalização não atingiria o problema como um todo. Além disso, a legalização das drogas traria ainda mais problemas para o cidadão comum, como o livre comércio, o fácil acesso (assim como hoje em dia é com o álcool e o cigarro) e em especial a livre utilização, trazendo incômodo para aqueles que não fumam, não cheiram e não pitam nenhum desses “baratos”. Vou além. A preocupação dos pais dobraria já que seus filhos estariam ainda mais perto de um “baseadinho” ou de um “pozinho” sem a preocupação de ter que subir o morro para comprar, uma vez que o produto começaria a ser vendido em qualquer esquina de forma legal. Fora isso, o cidadão comum teria que começar a se preocupar também com os males causados pelas drogas, supondo que ele já seja um fumante passivo. Agora teríamos também os “maconheiros passivos” que estariam expostos a uma “fumacinha” sem querer e os estabelecimentos (fora de São Paulo por causa da lei anti-tabagismo, claro) teriam que abrir áreas exclusivas para “não-maconheiros” e “não-cheiradores”, além das já conhecidas fumantes e não-fumantes. E durma com um barulho desses... Ou melhor, com um cheiro desses!

Imagino que alguém mais compartilhe desse meu raciocínio que nem é um exercício de imaginação, mas de pura observação, e gostaria de ver o assunto debatido como deve ser, sem máscaras e panos quentes.
Entre em fóruns de discussão, mostre sua opinião. Mostre que você é mais do que um espectador debilóide sem opinião formada. Questione a quem deve satisfações, confronte. Quem sabe essa ação policial nas favelas da Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão não sirva pelo menos para gerar um questionamento sadio aos entendidos, causando assim uma agitação também nos menos entendidos? O BOPE tem a faca na caveira, a Marinha tem seus blindados. Se sua única arma é a palavra, use-a e faça valer os anos que você estudou para isso.

NAMASTE!

30 de novembro de 2010

Adeus, Frank Drebin!

"Eis um teste para saber se você terminou sua missão na Terra: se você está vivo, não terminou."


Richard Bach




A missão de Leslie Nielsen, esse ator canadense de 84 anos que figurou nas comédias mais engraçadas de todos os tempos, terminou aqui na Terra no dia 28 último, vítima dos efeitos de uma pneumonia. Falar sobre morte nunca é uma experiência agradável, em especial porque nada podemos afirmar com precisão sobre ela a não ser o fato de que ela abraçará a todos nós mais dia ou menos dia (mais dia, de preferência). Já que é assim, melhor fazer dessa homenagem a Leslie Nielsen a menos mórbida possível.

Não pretendo me estender aqui falando de sua longa carreira (entre cinema e televisão foram mais de 60 anos), de seus papéis mais importantes ou de sua vida pessoal (que eu nem conheço). Minha homenagem é focada em Frank Drebin, o detetive atrapalhado que Nielsen interpretou na série cinematográfica Corra que a Polícia vem aí (Naked Gun), e que me acabou de tanto rir nas saudosas tardes em frente à TV da minha adolescência.

Gosto demais dos três filmes da série, mas em especial me lembro do segundo, em que Frank tem que deter poderosos fornecedores de petróleo que sequestram um brilhante cientista cujo projeto para se obter energia de forma barata no futuro desinteressam tais industriais. Com muita confusão e situações hilárias (em falta hoje no cinema pastelão) Frank acaba detendo Quentin Hapsburg ("Hambúguer Quentinho" como diria Márcio Seixas na dublagem) e seus capangas, sem que antes tenha matado todo mundo de rir.

Poucas foram as comédias que me cativaram da forma como os filmes de Leslie Nielsen o fizeram, e esse feito é graças a sua presença em cena e a sua interpretação engraçadíssima. Embora seja uma situação triste a morte desses grandes astros, a parte boa é que sua obra jamais morre e Leslie Nielsen será para sempre capaz de me fazer rir na pele do pior detetive de todos os tempos, imortalizado em seus filmes.

Sua passagem aqui foi duradoura, e seu legado será igualmente duradouro. Creio que enfim podemos dizer Missão cumprida, Frank! Obrigado pelas tardes de riso ininterrupto e divirta bastante esse pessoal aí onde quer que você esteja!

Corra que a Polícia vem aí 2 1/2:





Corra que a Polícia vem aí 33 1/3:





Esses filmes são muito bons! Pena que as comédias de hoje sejam tão fracas e sem criatividade.

NAMASTE!

28 de novembro de 2010

É mágica... O fim do casamento do Aranha


Sim, eu sou um verme.

Há dois anos mais ou menos, ao fim da saga One More Day (Um dia a mais aqui no Brasil) nas publicações nacionais do Homem Aranha, eu decidi por mim mesmo que eu não voltaria a colecionar HQs do herói aracnídeo, contrariado com os eventos que culminaram no maior reboot que já aconteceu nas histórias em quadrinhos: o fim do casamento de Peter e Mary Jane.

Não, eles não se divorciaram e nem a MJ largou o Peter pra viver com outro, o buraco é mais embaixo e envolve até mesmo pactos demoníacos.
Como diria Jack, o estripador, vamos por partes (tá, piada velha, eu sei).

Ao longo dos últimos anos o personagem Homem Aranha passou por poucas e boas nas mãos dos roteiristas de suas HQs, e enredos pra lá de absurdos surgiram sob a batuta do editor-chefe da Marvel, Joe Quesada. Quesada assumiu o cargo em meados de 2000, ano em que a Marvel começava a se reabilitar de sua quase falência ocorrida no finalzinho dos anos 90, e o gorducho conseguiu com grande esforço ajudar nessa reabilitação, fazendo com que a editora voltasse a seu status quo anterior.

Entre outras coisas, Quesada criou os selos Marvel Knights e MAX, com histórias de conteúdo adulto, e estimulou a criação do universo Ultimate, mais voltado para o público adolescente.


As vendas voltaram a aumentar, e a Marvel se manteve no topo ultrapassando a Distinta Concorrente e seus principais títulos por um longo período. O Universo Ultimate vinha no embalo dos filmes do Homem Aranha e dos X-Men que haviam renovado o jeito de se fazer filme com personagens de Quadrinhos no cinema, e a renovação do público exigia também novas histórias. Sob o comando de Brian Michael Bendis nos roteiros e Mark Bagley nos desenhos, o Homem Aranha Ultimate ganhou fácil a aceitação do público jovem que passou a se identificar com o herói adolescente. Nesse universo a vida de Peter Parker e seu alter-ego é recontada desde o início com alterações básicas na história original como a teia orgânica (como nos filmes), as características físicas de personagens e a origem de seus vilões. Peter é o mesmo adolescente do começo da carreira do universo tradicional (chamado de Universo 616), mas a forma como suas histórias acontecem é outra completamente. Quesada começou a ter fixação em trazer o Aranha para mais próximo do público jovem, o que desde os primórdios era a ideia de Stan Lee ao criar o personagem, mas infelizmente ele não se conteve só no universo Ultimate e avançou com sede para o 616, começando a fazer (ou permitir) alterações que rascunhavam o que ele queria de verdade: tornar o herói solteiro outra vez.


Foram tantos absurdos escritos para o personagem durante os últimos anos que eu ficaria escrevendo aqui por horas. Só relembrando por cima as enrascadas em que meteram o Escalador de Paredes, posso citar a suposta morte de Mary Jane em um acidente aéreo, a ridícula história dos poderes totêmicos do Aranha (onde ele descobria que na verdade ele era um descendente de uma casta de Homens-Aranhas e que a aranha irradiada não o havia picado por acidente), a transformação do personagem numa aranha de verdade, nos novos poderes (ferrões saindo pelos braços, controle sobre insetos...), a Saga o Outro, onde Peter morre após ser agredido ferozmente por Morlun (e perde um olho!) apenas para renascer mais tarde de dentro de seu próprio corpo e se reconstruindo dentro de um casulo (!!), Os filhos de Gwen Stacy com Norman Osborn (!!), o surgimento do Duende Cinzento (um dos filhos de Gwen), etc., etc.. É muita história ruim para um personagem só, e esse foi só o começo da ladeira em que o pobre Aranha começou a descer.

Após a infeliz saga O Outro, lançada até com bastante euforia pela Marvel, veio a Guerra Civil escrita por Mark Millar e foi aí que o caldo entornou de vez para o Amigão da Vizinhança. 

No enredo, uma lei de registro de super-heróis apoiada pelo governo americano e pelo Homem de Ferro (após um acidente na cidade de Stamford que matou milhares de moradores, provocado pelos Novos Guerreiros e o vilão Nitro) ameaçava entrar em vigor, e Peter Parker se viu envolvido no conflito por estar morando com os Vingadores sob a tutela de Tony Stark. O alter ego do Homem de Ferro vinha ajudando Peter a se recuperar desde sua "aparente morte", e influenciado pelo milionário, o herói acabou ficando a seu lado na Guerra, contra o Capitão América e sua equipe. 

A lei de registro exigia que todo super-herói em solo americano revelasse sua identidade para o governo, impedindo assim que seus atos como vigilantes ficassem impunes como havia acontecido em Stamford. Persuadido por Stark e com o apoio de Mary Jane e da tia May, o Aranha tomou uma das atitudes mais absurdas de toda sua vida, revelando sua identidade secreta para o mundo em rede nacional, em apoio à lei de registro. A partir de então, ao contrário do que imaginava, Peter começou a ver sua vida transformada num inferno e tão logo ele se arrependeu do lado que escolhera na Guerra Civil, Stark o abandonou à própria sorte, deixando-o desesperado tendo que manter a família a salvo enquanto era caçado por todos os lados por seus inimigos e com sua identidade secreta exposta. Como o Capitão América o havia alertado, Peter havia dado o CEP da Mary Jane para todos seus inimigos. Troféu “parabéns campeão” para o Cabeça de Teia!


Perdido como jamais estivera, Peter sofreu o golpe fatal quando num atentado executado pelo Rei do Crime destinado a ele, a tia May sofreu as consequências, sendo baleada no Hotel em que estavam refugiados. Sem dinheiro para colocar a tia num hospital particular e vendo-a definhar a cada dia, Peter apelou para todos seus conhecidos, desde o Dr. Estranho a Reed Richards, mas nenhum deles aparentemente (e curiosamente) podia fazer nada por ela. O Aranha chegou a receber a visita até de Deus (?) numa história que contava a importância dos dons que Peter havia recebido e a quantidade de pessoas que ele havia ajudado por causa deles, mas foi “o outro lado” que ele ouviu mais, dando as lembranças de seu casamento e todo o amor que o unia à Mary Jane à Mefisto, o Demônio-mor da mitologia Marvel, em troca da saúde de sua tia moribunda. E assim deu-se a saga Um dia a mais que encerrou mais de 20 anos de história do herói aracnídeo, voltando-o ao status de solteiro pobretão morando com a tia.

No processo, Mefisto apagou também todas as lembranças do mundo do dia em que Peter revelou ser o Homem Aranha, e com o fim do casamento do herói com sua amada, outros fatos se alteraram em sua história, como por exemplo a “não morte” de Harry Osborn e a “nunca existência” das teias orgânicas criadas na época em que ele se tornou uma Aranha-Humana. Até hoje dá um frio na barriga lembrar que tudo isso aconteceu mesmo, mas qual a explicação para todas essas mudanças bruscas na cronologia do Homem Aranha? Quais os reais motivos que fizeram Joe Quesada, o editor-chefe da Marvel e o escritor J. Michael Straczynski jogarem tanta lama no passado do personagem e mudar toda sua história?

A seguir, trechos da entrevista principal concedida pelo gorducho ao Comic Book Resources e que foi republicada pelo Omelete:

O porquê de Um dia a mais:

"Se o Aranha envelhecer e morrer com nossos leitores, é isso - ele estará acabado, nunca será o ídolo de futuros fãs. Se mantivermos o Aranha rejuvenescido e interessante para os fãs no horizonte, conseguimos não só isso, mas também o mantemos legal para quem acompanha suas aventuras há anos. Todo mundo vai ficar feliz com a decisão? Não, é claro que não - mas é como uma corrida de cavalos. No fim das contas, meu trabalho é manter estes personagens frescos e prontos para todo fã que aparecer". 

Sobre o fato de Straczynski ter tentado modificar a história da forma como Quesada queria: 

“O que infelizmente aconteceu com os roteiros originais de Joe [Straczynski] é que não recebemos a história na metodologia e com a solução que esperávamos. O problema é que tínhamos quatro escritores e artistas já trabalhando em "Brand New Day" [a nova fase do Aranha] que estavam esperando o fim de "One More Day" da maneira que havíamos combinado. Os roteiros originais de Joe, especialmente o quarto, não faziam isso".


Na sequencia da entrevista, Quesada explica que a forma como se apagaria o casamento de Peter e Mary Jane havia sido definida dois anos antes em um encontro de escritores e editores. Straczynski avisou que deixaria a série principal do herói e pediu para escrever esta última história. Ao enviar o roteiro, porém, mudou de ideia e criou uma história onde Mefisto muda a vida do Aranha em um ponto determinado das histórias do início dos anos 70 - Peter convence Harry Osborn a tratar seu problema com as drogas, Harry e MJ continuam juntos, Gwen Stacy não morre e o casamento nunca 
acontece. Quesada pediu a Straczynski para refazer o roteiro, como combinado, mas não gostou do resultado. A última edição de "One More Day" acabou sendo reescrita por Quesada com os editores Axel Alonso e Tom Brevoort, e tudo que aconteceu após esse evento foi idealizado pelo próprio editor-chefe e seus escritores.

Em carta ao site Newsarama, Straczynski disse que contestava a ideia da Marvel (e do Quesada) de que tudo pode ser resolvido com "mágica", como Mefisto apagar as memórias de todo o universo sobre o casamento de Peter e Mary Jane. 

"É uma solução malfeita. Viola todas as regras de ficção e fantasia que eu e todo escritor de sci-fi e fantasia sabemos que não pode ser violada. É elementar."

O escritor ainda queria que "One More Day" tivesse acontecido antes, assim que Tia May levou um tiro, mas foi impedido pelos editores. "E sim, eu queria apagar os gêmeos Gwen [os filhos da loirinha com Norman Osborn] da continuidade, o que achei que poderia fazer quando saísse da série. Não me deixaram fazer isso, e, sim, fiquei puto. Fiquei com a culpa por algo do
que queria me livrar e por um lapso que não foi meu", completa Straczynski, que diz respeitar a posição de Quesada como editor, apesar de não concordar com as decisões.

Bom, não foram somente os fãs mais antigos do personagem que não aprovaram as ideias de Joe Quesada para resolver o casamento do Homem Aranha que tanto o incomodava. O próprio Straczynski acabou cornetando o chefe achando a estratégia de apagar a vida do personagem com um passe de mágica das mais covardes. Hoje, quase dois anos depois do baque principal causado pelo reboot, as histórias do Aranha se encontram numa tranquilidade cronológica, embora a saga One Moment in Time (ainda inédita no Brasil) venha colocar mais lenha na fogueira aracnídea voltando ao assunto que dividiu a opinião dos fãs: o que na verdade aconteceu no dia do casamento de Peter e Mary Jane

Provavelmente incomodado com o fato da quase totalidade dos leitores ter considerado a explicação “mágica” pra lá de inverossímil, mesmo em se tratando de uma HQ fantasiosa, Quesada tomou a responsabilidade pra si de explicar o que aconteceu no fatídico dia, e o que exatamente fez MJ mudar de ideia quanto a subir ao altar com Peter. Embora isso cause um rebuliço nas vendas da revista do herói, duvido que a história explique algo de grande relevância, e duvido mais ainda que a saga acabe dando um novo restart (e não estou falando da banda EMO!) na franquia Homem Aranha, voltando tudo como era antes do pacto com Mefisto. No máximo a história deixará a consciência de Quesada leve (ele mesmo admitiu que nem dormiu quando decidiu criar One More Day), e não vai alterar nada na vida atual do personagem, o que é uma pena.


Como disse no começo do post, voltei a acompanhar as edições nacionais do Aranha há algum tempo e realmente não dá pra dizer que as histórias estão ruins. Com clima descontraído e apresentando um Homem Aranha bem engraçado, longe daquele perfil sombrio que o marcava desde a Saga do Clone, as novas aventuras do herói na chamada Brand New Day (Um Novo Dia) até são bem animadas, embora eu sinta falta daquele algo mais que a presença de MJ na vida do azarado Peter Parker trazia.

Recentemente, após uma longa estadia na Califórnia, onde esteve trabalhando como atriz, a ruiva está de volta, embora isso não signifique que ela voltará a disputar o coração do Aranha. A edição desse mês (Homem Aranha 107, publicada pela Panini) até mostra de relance alguns dos motivos que fizeram MJ desistir do casamento com Peter, insinuando as mesmas coisas que a deixavam insegura logo que ela descobriu que ele e o Homem Aranha eram a mesma pessoa lá na boa década de 80, e também época em que ela começava a considerar um namoro com ele.

Não adianta

Quesada e seus roteiristas podem explicar o que quiserem que nada vai consertar uma das maiores besteiras que foram feitas com o Homem Aranha. O personagem crescer, evoluir não implica em perda de público. Ninguém vai gostar menos do personagem porque ele é casado, e duvido que as quedas nas vendas no limiar do século XXI aconteceram por causa disso. O próprio Quesada deixou que fossem publicadas histórias ridículas que só serviram para minar a popularidade do herói, como os filhos da Gwen (que se tornou uma vadia de repente engravidando do pior inimigo do Aranha), e depois quando viu que nada mais parecia funcionar, inventou a tal One More Day, que para nada mais serviu além de acabar com o casamento do personagem, algo que publicamente o editor não gostava.


A meu ver o personagem não precisava “involuir” voltando a ser um solteirão que mora com a tia para voltar a se produzir boas histórias com ele. Isso foi uma desculpa que Quesada usou para dar base a seu argumento de que o “personagem não pode envelhecer com seus fãs”. O tom das histórias atuais podia muito bem ser empregado da mesmíssima forma como vem sendo, mantendo o casamento do personagem. 

Qual a relevância de se trazer Harry Osborn de volta? Já que virou um samba do aracnídeo louco, por que não trazer Gwen também de volta à vida? Ou o Capitão Stacy? Ou o tio Ben?

Mesmo voltando aos poucos do baque do reboot, ainda me vejo incomodado de estar lendo um material que embora seja bom, não é o que eu queria realmente ler. Tenho HQs em casa de mais de 20 anos, li histórias dos anos 60 e 70 escritas pelos criadores do personagem, e por aqueles que ajudaram a consolidar a sua carreira nesses mais de 40 anos, acompanhei o desenvolvimento do relacionamento entre Peter e MJ, li o casamento dos personagens, estive lá durante as maluquices que aprontaram com o pobre Aranha na década de 90, abandonei o personagem no início da década de 2000 e acompanhei o auge e o fracasso da série cinematográfica dos filmes de Sam Raimi. É muita coisa para vir um editor incomodado com as vendas e num passe de mágica ele conseguir apagar mais da metade do que já li sobre o personagem até hoje sob um pretexto de que ele “não pode envelhecer como seus fãs”. Em nome dos novos leitores (que hoje em dia preferem mais mangás do que HQs) Quesada fechou a porta na cara dos antigos e passou por
cima de muita coisa, deixando um legado pra lá de obscuro na sua passagem pela Marvel, que pelo visto ainda será longa.

Como fã me sinto até hoje ultrajado por essa decisão editorial e pela forma autoritária como ela foi feita, mas o mundo comercial não dá espaço para sentimentalismos. Só me resta ler as histórias antigas que gosto sabendo que estou ultrapassado, e que as novas histórias regrediram o personagem de forma patética, sem uma grande explicação que fizesse jus ao que foi proposto.

Embora elas sejam pequenas perto do vão cronológico que foi criado após o pacto com Mefisto, existem coisas boas nesse “passe de mágica”, como o delete nos poderes totêmicos, nos filhos da Gwen (pelo menos eu acho que isso foi apagado), e na porcaria da saga o Outro. Até segunda ordem, pelo que entendi, a Saga do Clone foi mantida, embora com breves alterações como Ben Reilly (o clone do Aranha) ter sido um dos responsáveis pela separação de Peter e MJ, sabe-se lá Deus como.


O mais engraçado que a hipocrisia americana é tão profunda que eles são veementemente contra alguns conceitos como divórcio (o que o próprio Quesada condenou como uma das formas de Peter se separar de MJ), filhos fora do casamento (motivo pelo qual ele fez com que Straczynski escrevesse que os filhos de Gwen eram do Osborn e não de Peter) e exibição demasiada de doutrinas contrárias às deles (como mostrar suásticas e cruzes de cabeça pra baixo), mas em nenhum momento Quesada pensou que Mefisto é um demônio e que Peter fizera um pacto com ele pela saúde de sua tia.


Ele fez um pacto com o Demônio e deu seu casamento em troca. Para quem se comportou a todo momento como um puritano e defensor da moral e dos bons costumes (mesmo em se tratando de quadrinhos e histórias fantasiosas) o gorducho deu uma bela de uma escorregada com seu One more Day. Eu não sei, mas a meu ver, um divórcio seria bem menos agressivo do que se aliar ao Demo para conseguir algo de seu desejo. Seria o Homem Aranha agora um agente de Satã?

Como diria o próprio Quesada “It's magic, we don't have to explain it”.



O post termina por aqui, mas as confusões causadas por One More Day ainda renderão novos posts futuramente. Aguardo as edições nacionais de One Moment in time para comentar também. Segura a gastrite para aguentar tanto nervoso!

Gostou do post? Achou uma merda? Quer indicar a um amigo?

Fique à vontade e utilize o espaço aí embaixo para desabafar! A casa é sua!

NAMASTE!

16 de novembro de 2010

Muita Calma nessa hora

Feriado, nada para fazer, nenhum outro filme atrativo no cinema, decidi conferir a comédia nacional Muita calma nessa hora, dirigida por Felipe Joffily com roteiro de Bruno Mazzeo, João Avelino e Rosana Ferrão no Cinemark Metrô Santa Cruz, e não me arrependi. O filme é um apanhado de situações cômicas protagonizadas, em grande parte, por gente que entende de humor, e me rendeu boas horas de risada dentro do cinema. A pipoca e a Coca Cola nem fizeram falta.

Pegue uma linha tênue de roteiro, misture com um seleto time de humoristas da atualidade (alguns nem tanto), adicione lindíssimas modelos e atrizes da nova geração, bata tudo no liquidificador e você terá uma noção exata do que é o filme Muita calma nessa hora. Não há nada muito inovador na película, e imagino eu que essa nem tenha sido a ideia original dos roteiristas e do diretor Joffily, que até então não tinha feito nada muito relevante para o cinema. O filme se assume desde o início como uma comédia escrachada, e assim ela se trata até o fim, gerando boas gargalhadas mais com as situações e atuações particulares do que com a história em si, que é bem fraca.


No enredo três jovens amigas, Tita (Andréia Horta), Mari (Gianni Albertoni) e Aninha (Fernanda Souza), encontram-se diante de situações desafiadoras. Em busca de novos caminhos, decidem passar um fim de semana na praia. Na estrada, conhecem Estrella (Debora Lamm que é uma das produtoras do filme), uma hippie, que lhes pede carona para tentar achar o pai desconhecido. As quatro garotas vivem situações hilárias, absurdas e emocionantes. Mais que mudar de ares, mudam a si mesmas.


Como eu disse, nada muito novo. Exatamente pelo ritmo descompromissado, Muita calma é um filme divertido, do tipo que podemos assistir sem qualquer preocupação numa tarde de um dia comum. Apesar de alguns nomes desconhecidos e de algumas atuações econômicas, a maior parte do elenco está bem afiada e à vontade, como é o caso de Marcelo Adnet, impagável na pele de um geek paulistano cheio de sotaque que acaba tendo um caso com a personagem de Andréia Horta. Outros nomes como Leandro Hassum, Maria Clara Gueiros (ih, vem cá. te conheço?), Nelson Freitas, Lucio Mauro (pai) e Lucio Mauro Filho já são figurinhas carimbadas, e mesmo no "clima Zorra Total" ainda conseguem tirar boas risadas da plateia, cada um na sua linha de humor que lhe é mais característica. Sergio Mallandro (ié iéé!) e Marcos Mion também são boas surpresas no elenco, que aliás é o grande atrativo do filme. Quase como um daqueles filmes da Xuxa que aparece um cantor ou ator da Globo por minuto no meio da trama rasa, Muita calma também sofre disso, mas de uma forma bem mais divertida. As participações não são gratuitas, e acrescentam um ritmo à história. Ninguém aparece só pra cantar uma música que nada tem a ver com o filme e some depois disso. Tudo tem uma razão de ser, e todos os personagens tem seu papel no enredo.

Falando em música, a trilha sonora pop do filme é bem variada e vai de Jota Quest à Chiclete com Banana (propositalmente, é claro), passando por Gonzaguinha e Skank, mas não é um elemento importante para a trama, funcionando mais como um tapa-buraco de um corte de cena para outro. Destaque para a música Muita calma nessa hora da Pitty que abre a primeira cena.



As gags visuais, os palavrões bem inseridos (e não usados como vírgulas em cada frase) e as situações cômicas ditam o ritmo, mas isso não ocorre durante todo o filme. Fiquei um bom tempo preocupado em estar vendo mais uma daquelas comédias idiotas que causam poucos risos e que acabamos ficando com vergonha alheia de quem está em cena, mas essa impressão foi sumindo enquanto o filme e sua história foram se desenrolando. Ao sair da sala de exibição percebi que havia me divertido bastante, e isso é o que conta no final. Se essa era a intenção dos produtores, imagino que eles tenham conseguido atingir seu alvo.

Não poderia deixar de citar a plástica do filme. Se a fotografia em várias cenas deixou a desejar cortando a cabeça de alguns atores e atrizes no enquadramento da câmera dando a impressão de que a tela estava curta demais (e erro em enquadramento é seríssimo), esse problema deixava de existir quando Andréia Horta e Gianne Albertoni entravam em cena, sempre com pouca roupa ou com elas bem transparentes. O público masculino não teve do que reclamar nesse filme, e a distração para os erros cinematográficos funcionou bem nesse aspecto. Gianne ainda é mais modelo do que atriz, mas se saiu bem no papel a que se propôs fazer, que não é dos mais profundos. Desfilando o tempo todo de biquini, roupas folgadas ou curtas a apresentadora do Hoje em Dia da Record disfarça bem o talento ainda tímido de atriz. Nos demais quesitos nota 10!


Andréia Horta, que até então só tinha feito papeis pequenos na TV aberta e protagonizado uma série chamada Alice na HBO, rouba as cenas em que aparece com pouca roupa. Apesar da personagem meio destrambelhada (que é traída pelo noivo vivido por Bruno Mazzeo) que interpreta, Andréia esbanja sensualidade o filme todo e não é a toa que chama a atenção do personagem de Dudu Azevedo (provavelmente o colírio feminino do filme) no desenrolar da trama. Marcelo Adnet e Marcos Mion devem ter se divertido em cena com a bela Andréia. Safadinhos!


Em resumo Muita calma nessa hora não é um filme brilhante, não expõe problemas de segurança nacional como Tropa de Elite e nem é tão bem executado quanto a Mulher Invisível (protagonizado por Selton Melo e Luana Piovani), mas é sim bem divertido e vale o dinheiro do ingresso. Que venham novos projetos como esse para o cinema nacional e chega de tanta favela, drogas e palavrões gratuitos. O cinema nacional pode render muito mais do que esses simples plots, basta ter um pouco de criatividade e coragem de inovar.


NOTA: 7,5




NAMASTE!

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