12 de dezembro de 2010

Eu li: X-Men: Garotas em Fuga


Nunca fui muito de acompanhar quadrinhos de sacanagem na adolescência exceto as páginas extras que de vez em quando saiam na Playboy (como as da Valentina do Guido Crepax), exatamente por isso não conhecia quase nada de Milo Manara, esse fantástico artista italiano de renome dos quadrinhos eróticos que esteve na Rio Comicon de 2010.

Quando a notícia de que ele, em parceria com Chris Claremont iria lançar uma HQ das X-Women surgiu, no entanto, eu me interessei pelo simples fato de ver uma abordagem diferente nesse já tão saturado universo mutante da Marvel. Comprei a edição lançada pela Panini, li, folheei a edição mais algumas dúzias de vezes e não me arrependi.


O roteiro de Chris Claremont é bom e simples, sem nada daquelas invenções mirabolantes que ele escrevia nas décadas de 80 e 90 para os X-Men envolvendo o Professor X e Magneto. Os diálogos também são curtos e diretos, o que torna a leitura agradável enquanto apreciamos a arte de Manara, que na verdade é o ponto forte da HQ.


Na história a Vampira recebe de herança uma propriedade na ilha de Kirinos na Grécia e decide levar as amigas mutantes Psyloque, Kitty Pryde, Tempestade e Rachel Summers para umas férias com muito sol e calor. Tudo corre bem até que elas se veem no meio de um incidente internacional envolvendo uma Baronesa megalomaníaca, a China e a Índia (ou algo assim, isso não é importante).


Rachel acaba raptada e em busca da amiga, após o fim das férias tranquilas, as demais X-Men (ou X-Women, como queira) são atacadas pelo grupo da baronesa do mal e acabam tendo seus poderes anulados por um inibidor, caindo assim nas garras de um bando de piratas conhecido como Culto à Nave.


Toda a história é narrada por Kitty o que a deixa agradável com seu ponto de vista rebelde e inteligente. Todas as X-Women usam seus uniformes tradicionais apenas no começo da história, daí pra frente começam usar cada vez menos roupa (como naturalmente acontece nas histórias desenhadas por Manara), transformando o clima da HQ numa voluptuosa sequencia de quadros sensuais e sexuais.


Manara não esmorece pelo simples fato de estar trabalhando fora de seu ambiente tradicional e dá às mutantes as características mais atraentes possível, seguindo a descrição fiel de Claremont (como o próprio Manara bem cita numa entrevista no início da HQ). Todas estão de tirar o fôlego, mas é com Kitty que ele mais trabalha o lado sensual, fazendo a menina aparecer em poses pra lá de excitantes sem que em nenhum momento pareça vulgar (a meu ver pelo menos).

Não me recordo de ter visto a menina que atravessa paredes tão à vontade assim, exceto talvez quando ela aparece nua (ou quase isso) de costas pouco antes de se divertir com o Colossus em Surpreendentes X-Men de Joss Whedon.


Quem acompanhou as HQs dos X-men na década de 90, nos traços de Jim Lee e de todos aqueles que passaram a emular seu desenho depois de sua saída do título deve se lembrar das poses exageradas em que as mutantes eram retratadas (Psyloque vivia dando voadora de pernas abertas nas capas das revistas) e esse álbum desenhado por Manara nada mais é do que uma comemoração aos bons tempos em que víamos as garotas mutantes como símbolos sexuais (embora a cultura americana negue que suas personagens sejam isso).


Quadro a quadro temos todas elas em roupas mínimas ou em poses sensuais (embora nunca gratuitamente) e o apelo visual da arte de Manara é algo de deixar boquiaberta qualquer fã de quadrinhos. Além dos corpos femininos belíssimos, todo o resto também contribui muito para a arte. Cenários, veículos, paisagens, objetos, tudo é desenhado com riqueza de detalhes tornando cada quadrinho mais interessante que o anterior, mas nada chama mais atenção do que as mulheres de Manara, gostosíssimas mesmo se tiverem fazendo alguma tarefa doméstica como dando comida aos... porcos.


Ver uma desconhecida desenhada por ele já vale a pena, imagine as musas inspiradoras da molecada que cresceu fantasiando ver a Vampira ou a Psyloque peladinhas?

Alguns dos quadros da HQ já haviam sido divulgados anteriormente ao lançamento dela no Brasil, e um deles mostrava Vampira e Tempestade reféns dos piratas do Culto à Nave com partes íntimas à mostra. Qual não foi minha surpresa ao adquirir a edição nacional e ver que a cena havia sido censurada? No mesmo quadro Vampira e Tempestade aparecem vestidinhas (!), o que prova que mesmo em se tratando de uma edição voltada mais para o público adulto algumas cenas ainda não podem ser veiculadas livremente. O que é uma pena, do ponto de vista do fã (a quem estou querendo enganar?).

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Embora Manara seja conhecido por ser um desenhista de arte erótica, X-Men: Garotas em Fuga não pode ser considerado um material erótico e sim um material sensual, já que em nenhum momento são mostradas cenas de sexo explícito ou partes íntimas sejam de homens ou de mulheres (maldito shortinho da Vampira!).

Mesmo sendo considerada uma edição leve do ponto de vista erótico, vale sim a pena dar uma conferida pelo belíssimo traço de Manara e pelo roteiro tranqüilo escrito por Claremont que há tempos não exibe mais o mesmo talento de outrora.

Se você, assim como eu curtia os X-Men nos anos 90 (hoje confesso estar mais por fora dos mutantes do que pinto de virgem) e que era tarado por Vampira, Psyloque, Tempestade, Kitty e Rachel, sinta-se agraciado com essa edição... punheteiro!


X-Men: Garotas em Fuga tem 68 páginas e custa R$ 14,90. A versão que sai aqui é a americana, colorida (na Itália, onde saiu originalmente, a edição foi em preto e branco).

Contém ainda extras exclusivos, como uma galeria de esboços, entrevista exclusiva com o mestre italiano, fichas das beldades mutantes que estrelam a história e um prefácio escrito pelo próprio gordo safado Joe Quesada (que eu “homenageei” aqui há pouco tempo).


NAMASTE!

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