16 de setembro de 2019

Do Fundo do Baú - Watchmen o filme


O polêmico Watchmen de Zack Snyder está completando 10 anos. Amado por uns e odiado por todos os outros, o filme tenta fazer uma adaptação da aclamada graphic novel da DC escrita por Alan Moore e desenhada por Dave Gibbons , mas acaba criando uma outra coisa. 

Em 2009, antes da criação do Blog do Rodman, eu escrevi essa resenha sobre o filme no calor do momento, e nunca cheguei a publicar até agora. O Do Fundo do Baú de hoje apresenta o texto sobre Watchmen que jamais havia sido apresentado em público. 


10 anos atrás...


Devo admitir que desde pequeno, quando via as propagandas de Watchmen nas capas das revistas da DC que eu comprava em sebos de revistas usadas, não apresentava qualquer interesse pela HQ. Claro que eu nem imaginava quem era Alan Moore ou que aquela era uma das obras mais importantes dos quadrinhos de todos os tempos, e talvez por isso eu não me apetecesse em tê-la em minha coleção.

Me lembro da imagem clássica do Comediante mirando um rifle de uma janela dentro de um quarto escuro e um jornal sobre uma mesa com a frase “Who Watches de Watchmen”. Eu olhava para aquilo e não dava a mínima.

Alguns anos mais tarde a Editora Abril relançou a obra com as capas originais em 12 volumes, veio até encarte especial dentro da revista do Homem Aranha com o comercial e novamente não dei a mínima. Felizmente hoje posso dizer como estava errado em não ter ligado para a história simplesmente por ela destacar personagens das quais eu nunca havia ouvido falar. Acho que a classificação “adulto” nas capas me assustava! Hehehe!

Somente alguns anos mais tarde, já crescido, eu finalmente decidi dar uma chance para aquela HQ tão cultuada, e resolvi descobrir porque a história possuía fãs tão fervorosos que teciam milhões de comentários na Internet, seguindo o conselho de um amigo que já tinha lido e havia gostado.


O Filme 

Vi trailers e mais trailers do filme, li todo tipo de comentário acerca da adaptação de Zack Snyder e quase já podia dizer que havia formado minha “própria” opinião... Baseando-me no que outros haviam dito. Outra vez estava enganado. Apenas hoje (6/03/2009) ao sair do cinema, após encarar a primeira sessão, eu pude pela primeira vez tirar minhas próprias conclusões. Vamos a elas.

HQ X Adaptação

OK. O velho Moore tinha razão. É impossível adaptar Watchmen sem que (muitos) detalhes se percam no caminho ou sejam simplesmente cortados no processo para tornar o filme mais “plausível”, ou mais curto mesmo. O enredo de Watchmen chega a ser complexo algumas vezes, tive que voltar e reler quadros quando tive a HQ em mãos, e mudar uma coisa ou outra para adaptar a história o mais fielmente possível não deve ser tarefa fácil. O que pode ser tirado? O que tem que ser adicionado? Deve ser um desafio pegar uma obra em mãos e destrinchá-la sem medo de ser feliz (e arriscando ganhar a fúria de fãs alucinados nas costas), mas Snyder teve colhões e fez. Ficou bom? Foi satisfatório? É aí que começam as controvérsias.

Nem imagino como seja o filme visto por alguém que simplesmente não conhece a história e que não sabe o que foi cortado ou o que foi adicionado ao filme, mas para alguém que conhece, os dez minutos do filme impressionam com a riqueza dos detalhes com que algumas passagens que são apenas citadas na HQ são apresentadas. A trilha sonora colabora bastante, criando um clima nostálgico às cenas. A invasão ao apartamento do Comediante não existe na HQ, mas faz com que “entendamos” como aconteceu e o que rolou lá dentro pouco antes dele ser arremessado pela janela. Fatos na TV mostram a situação atual do país, a Guerra Fria e tals, e então os elementos que conhecemos enfim aparecem e Eddie Blake cai de encontro com a calçada. Tal qual as cenas de luta em 300, onde ossos são partidos e sangue voa de encontro a câmera em velocidade reduzida, Watchmen também apresenta lutas bastante violentas, o que impressiona em certos momentos. A surra em Blake é um desses vários casos que acontecem no decorrer do filme.

Nada em Watchmen é irrelevante, mas Snyder optou por cortar aquilo que não faria tanta falta para quem não conhece a história, mas que deixa chateado quem sabe que existe e que não aparece no filme. Os comentários jocosos do dono da banca de jornal e o fiel leitor de Contos do Cargueiro Negro fazem falta, assim como o assassinato de Hollis Mason e a própria sequência do Cargueiro que é vista na HQ como parte do enredo, ou uma história dentro de outra história. Isso quer dizer que é uma boa adaptação? Não exatamente. O final é muito corrido e perde muito quando se altera o modo como Ozymandias decide fazer o que faz, tornando-o quase banal a olhos mais atentos. Apesar de tudo, as alterações tornam a adaptação mais crível para o cinema, embora perca muito na emoção.

Sim, o filme não emociona em nenhuma cena. Desde Homem Aranha (e lá se vão quase 7 anos!) dificilmente eu deixei de me emocionar em alguma cena de qualquer um dos filmes de adaptações de quadrinhos (exceto Quarteto Fantástico e Motoqueiro Fantasma). Uma cena de maior carga emocional uma hora ou outra surge na tela (até em Hulk do Leterrier isso aconteceu), mas não há nada emocionante em Watchmen, exceto talvez a sequência inicial em que aparecem os Minutemen em ação (ou saindo de ação!). Há certa frieza nas interpretações e na montagem de algumas cenas, e isso torna o filme tão gelado quanto o humor do Ozymandias.

Interpretações 

Jeffrey Dean Morgan

Enquanto alguns atores mostram ao que vieram logo de início, como é o caso de Jeffrey Dean Morgan (Comediante) na cena em que é atacado no próprio apartamento, outros parecem que nunca entraram em cena, como o insípido Matthew Goode (Ozymandias) que não parece se esforçar para sequer passar qualquer emoção

Matthew Goode

Dá a impressão que ele levou a sério demais a descrição do personagem e confundiu inteligência e superioridade atlética com falta de expressão e inaptidão artística! Nem com toda habilidade do mundo ele derrotaria o Comediante numa luta justa com aquele físico, digamos, esbelto em excesso. Goode parece mesmo ser o elo mais fraco entre as interpretações, e ganha o troféuRicardo Macchi” por seu papel, se aproximando de Brandon Routh em Superman Returns.

Malin Akerman

Outra que não se esforça muito no papel é Malin Akerman, que interpreta uma Espectral bem burocrática. Ela é linda, charmosa, combina estonteantemente bem na telona, mas sua Espectral passa a ideia em alguns momentos de que está ali apenas para ser a “gostosa” da equipe de machões. Realmente não há grandes momentos em que ela possa usar seu talento interpretativo, mas a Silk - Spectre da HQ é muito mais ousada do que a interpretada por Akerman. A cena em que ela retorna à Terra com o Dr. Manhattan e vê o cenário de guerra em que se tornou Nova York prova o quanto ela deixa a desejar.

Billy Crudup como Dr. Manhattan

Enquanto a Espectral dos quadrinhos se acaba de chorar pedindo desesperadamente para que Jon a tire dali, a do filme mal consegue passar que está sentindo uma coceira incômoda no dedão do pé. É só ter por base que não deve ser fácil ver a cidade onde você mora toda destruída, corpos pelo chão (embora isso não apareça na tela, diferente dos quadros desenhados por Gibbons) e não dizer pelo menos um “Oh, my God!”. Interpretações a la novela da Record são profundamente irritantes, mas daí de quem é mesmo a culpa? Da novata Malin Akerman ou da falta de uma direção mais firme? 

O mesmo acontece com Matthew Goode que nem se quer levanta uma sobrancelha quando o Dr. Manhattan surge em tamanho gigante para apanhá-lo já na sequência final. Já que era pra apresentar tamanha mediocridade em cena, o Snyder bem que podia ter dado uma fala pra sua Bubastis digital. Ela interpretou a cena de morte melhor do que Goode! Hehehe! 



Jackie Earle Haley

Por outro lado, a melhor interpretação do filme fica mesmo para Jackie Earle Haley, que praticamente incorpora Walter Kovacs, o Rorschach. Na estatura certa, com uma tremenda cara de maníaco, tal qual o personagem demonstra, Earle Haley mostra quem é o melhor baixinho invocado das HQs transportado para as telas já que Hugh Jackman está longe de ter o tamanho do Wolverine!

Tanto em cenas de ação quanto em cenas densas como na sessão de análise dentro do presídio, ou quando alguns presidiários o tentam emboscar no interior de sua cela, Kovacs realmente transparece na pele do ator, e os quadros da revista surgem em nossa mente, tais quais são apresentados na tela. Toda a sequência da invasão do presídio é digna de elogios, apesar das lutas em câmera lenta quando o Coruja e a Espectral entram em ação para resgatar Rorschach. Tudo isso é esquecido quando Kovacs mostra ao bandido “Figura” quem realmente está preso com quem, matando seus asseclas e logo depois dando uma lição no anãozinho. “Não sou eu que estou preso aqui com vocês. Vocês é que estão presos comigo.” O Jeph Loeb deve ter adorado essa! 



Patrick Wilson

Patrick Wilson também não compromete no papel do engraçado e inseguro Dan Dreiberg, e dá um ar mais “Batman” nas lutas corporais do Coruja. Enquanto na HQ ele é um cara fora de forma que mantém o desejo por aventuras, na telona ele não convence que esteve fora de ação por tanto tempo, e pelo contrário, demonstra um preparo físico invejável tanto na luta no beco quanto dentro do presídio. Claro que tudo isso colabora positivamente ao filme, dando um apelo mais ativo do que acontece na HQ, e assim como a excelente interpretação de Wilson não atrapalha em nenhum momento o ritmo da história. 


Trepando ao som de "Aleluia"!

Entre interpretações medianas (para não dizer horríveis), ritmo acelerado ao extremo, cortes importantes na trama original, falta de emoção (por que não tocou “You’re my trill” de Billie Holiday na cena em que o Coruja e a Espectral transam dentro do Arqui??), alterações no roteiro e um final manipulado para parecer “mais legal” a quem não é fã, Watchmen é sim um bom filme, daqueles que vale a pena comprar o DVD (cheio de extras) e guardar, nem que seja para resmungar todas as vezes em que o Ozymandias aparece. Assim como duas outras adaptações de Alan Moore (V de Vingança e Constantine) Watchmen pode ser visto por qualquer um que aprecie um bom filme de ação e aventura com cérebro, e não causa uma fúria descompensada (pelo menos não total) nos fãs mais fervorosos. Moore tinha razão, não dava para adaptar fielmente, mas Zack Snyder pelo menos se esforçou, e o cara merece os créditos por isso, conseguindo fazer um filme OK e uma adaptação nota 7.


NAMASTE!

12 de setembro de 2019

Homem Aranha volta para casa... Ou não?


Nem bem a Quinta-Feira nasceu, e eu já acordei com o chat do Whatsapp em polvorosa: "Sony cede os direitos do Homem Aranha para a Marvel". Essa era a notícia mais esperada pelos fãs do Cabeça de Teia durante muito tempo, algo que antes era apenas uma fantasia de Nerd e que começou a ganhar ares de seriedade depois que uma caralhada de e-mails da empresa Sony acabaram sendo divulgados para o público " civil" num ataque supostamente de hackers norte-coreanos.

Alguns desses e-mails falavam de uma possível negociação entre a Sony e a Marvel no sentido de ceder alguns direitos do personagem teioso e fazer com que ele desse as caras em filmes como Vingadores e Capitão América. De lá pra cá, entre muito disse-me-disse, fofocas (OK! OK!) e anúncios falsos, permaneceu a esperança de que as duas empresas entrassem num acordo, o que pelo visto, finalmente aconteceu! 

De acordo com o site Variety, que foi usado como veículo para o anúncio oficial, a Sony cede a imagem do Homem Aranha para que ele apareça nas produções Marvel, mas continua com a distribuição e controle criativo, incluindo a presença de Avi Arad, considerado por muitos, o produtor responsável pelos mandos e desmandos que tornaram Homem Aranha 3 o substrato de pó de bosta flamejante que foi. 

Arad também estava por trás do reboot que colocou Marc Webb à frente do filme O Espetacular Homem Aranha, que aproximou o personagem mais do Universo Ultimate da Marvel, e que com isso, procurou ganhar um novo fôlego para o personagem no cinema... O que acabou não acontecendo. Com dois filmes razoáveis, o Aranha acabou perdendo a força, e as bilheterias e o retorno do público acabaram por demonstrar isso. 

É óbvio que a estratégia da Sony é não só revitalizar o personagem o aproximando dos personagens da Marvel Studios que se tornaram uma mina inesgotável de bufunfa, como também lucrar alto com esse acordo, sem que pra isso ela tenha que perder os direitos sobre o personagem. 
A meu ver, esse acordo é sim muito vantajoso para os fãs, que além de terem a oportunidade de ver o Homem Aranha de volta aos cinemas com o toque de Midas da Marvel em um filme solo, ainda vão poder vê-lo interagindo com os demais Vingadores quem sabe na Guerra Civil e até mesmo na Guerra Infinita. Com as séries do Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro em franco desenvolvimento para serem transmitidas pela Netflix, as possibilidades de uma participação do aracnídeo em alguns episódios crescem ainda mais, e isso não deixa de ser algo MUITO positivo para os nerds.

Seja como for, a meu ver, esse acordo da Sony com a Marvel não passa de um empréstimo, e com a Sony mantendo o controle criativo sobre o personagem (e Avi Arad por perto!!) a possibilidade de que continuem cagando com o personagem ainda é grande, e o bom é que agora vão poder colocar a culpa na Marvel. 

Oremos para Odin que isso seja apenas uma especulação, e que o nosso Amigão da Vizinhança tão maltratado nos últimos anos reencontre o caminho da luz e volte a nos alegrar (pelo menos) nos cinemas.

P.S - Esse post foi escrito ANTES da estreia do Homem Aranha no MCU, óbvio. Ele foi encontrado no Drive prontinho sem nunca ter sido publicado e entra no Blog como um #tbt.

NAMASTE!  

7 de setembro de 2019

Do Fundo do Baú - Excalibur


Em 1987 os X-Men estavam passando por uma fase conturbada nos quadrinhos. Nas mãos do escritor de longa data do título Chris Claremont, os Filhos do Átomo haviam sido dados como mortos, se oferecendo em sacrifício para derrotar o poderoso Adversário diante das TVs mundiais. Em segredo, no entanto, a deusa Roma ressuscitou os heróis, que preferiram se manter incólumes para ter uma vantagem contra seus inimigos - o elemento surpresa - embora fizesse seus entes queridos sofrerem achando que eles realmente haviam morrido. Enquanto os X-Men se escondiam em uma base na Austrália, dois de seus membros que haviam sido feridos durante o Massacre de Mutantes, e que por isso não podiam estar na ativa, Noturno e Kitty Pryde, se recuperavam na Ilha Muir junto da Dra. Moira McTaggart, sem saber que os amigos estavam vivos.



O Excalibur surgiu nesse período, escrito por Chris Claremont e desenhado magistralmente pelo britânico Alan Davis. O super-grupo reuniu os x-man Noturno, Kitty Pryde e Rachel Summers ao Capitão Britânia e sua parceira Meggan na Inglaterra, formando assim o braço britânico do sonho de Charles Xavier de convivência pacífica entre humanos e mutantes.


Chris Claremont e Alan Davis

Com um toque de humor e tiradas satíricas engraçadíssimas, o Excalibur era uma perfeita válvula de escape para quem estava um pouco saturado daquele drama todo envolvendo a equipe principal de X-Men e da subdivisão X-Factor (na época escrita por Louise Simonson). É engraçado perceber que quem conduzia os X-Men no mesmo período também era o Claremont, mas era bem óbvio que ele estava se divertindo muito mais escrevendo o Excalibur do que os mutantes na Austrália. 


Os diálogos entre Kitty e Noturno sempre são regados de piadinhas e comentários engraçados, mesmo tendo em vista que os dois ainda se recuperavam dos ferimentos causados pelos Carrascos nos esgotos de Nova Iorque, enquanto eles tentavam salvar os Morlocks. Até mesmo coisas bobas como a Kitty pedir para o bandido que ela acabou de socar e humilhar conduzir o carro porque “ela não sabe dirigir com câmbio manual” ou ela parar uma viagem de Londres a Nova Iorque nos braços do Capitão Britânia porque está apertada para ir ao banheiro, divertem no enredo. Eu quase posso dizer que são exatamente essas sutilezas de roteiro que deixam as histórias do Excalibur mais gostosas de serem lidas.



O grupo se reúne quando Kitty e Noturno descobrem que tiveram o mesmo sonho premonitório com sua antiga colega de equipe Rachel Summers, e recebem a visita inesperada e indesejada da Technet, uma equipe de caçadores de recompensas dimensionais chefiados por Opal Luna Saturnyne, a Majestrix Omniversal encarregada da ordem e da realidade. Liderados por Penettra, o grupo está atrás de Rachel, que agora controla a Força Fênix, e ao encontrar Kitty e Noturno, pretende sequestrá-los para obrigar a Fênix a dar as caras. Quando Meggan - que está ali para pedir ajuda a Kitty para tirar o namorado Capitão Britânia da depressão após a suposta morte de sua irmã Betsy Braddock, a Pylocke - se junta ao grupo, ela e Kitty são sequestradas e aprisionadas pelo Bagageiro, enquanto Noturno escapa. Naquele mesmo momento Rachel está de volta à Terra sendo caçada pelos Lobisomens Guerreiros, que a querem levar de volta para o Mundo de Mojo, local onde ela esteve durante boa parte do tempo depois que se separou dos X-Men. 


A equipe toda se reúne pela primeira vez quando o Noturno convence o Capitão Britânia a ajudá-lo a resgatar Kitty e Meggan, e quando a Technet põe as mãos na Fênix e a capturam, cabe aos dois resgatarem suas amigas das garras dos vilões interdimensionais.

O primeiro encontro do grupo rende uma boa vitória contra a Technet e adia os planos de Saturnyne de capturar a Fênix, porém, ela continua à espreita da equipe ao longo das demais histórias. Inspirados pela lenda do Rei Arthur e de sua espada mística, eles decidem batizar a equipe de Excalibur, com o intuito de servir como um símbolo da luta pela justiça e proteção aos justos, e eles estabelecem residência em um farol de propriedade de Brian Braddock, o Capitão Britânia.



Caóticas e absurdas, as aventuras do Excalibur são um deleite para quem curte histórias bem-humoradas e de fácil digestão. Os coadjuvantes e antagonistas deixam as coisas ainda mais malucas, mas é interessante acompanhar o quanto a mente de Chris Claremont viaja, enquanto Alan Davis acompanha dando quase materialidade a isso com seus desenhos.


A sintonia entre os personagens é tão boa que até o Lockheed, o dragãozinho alienígena de Kitty Pryde, tem personalidade própria, além de ajudar na dinâmica da equipe.

A gangue da Penettra é um apanhado de absurdos, como os personagens Gelatina e Bibelô, o primeiro que transforma matéria sólida (incluindo seres vivos) em formas molengas e gelatinosas e a segunda que encolhe e transforma seres vivos em pequenos artefatos de coleção


A Technet de Penettra

Os próprios Lobisomens Guerreiros são um misto de seres assustadores e trapalhões. Eles possuem as pessoas adquirindo suas peles e eles as usam como se fossem roupas, substituindo-as. Embora seja bizarro de se imaginar a forma como eles matam as pessoas que possuem, os seis alienígenas travam diálogos hilários entre eles, sempre um curtindo com a cara do outro


Lobisomens Guerreiros

Ao longo da história eles conseguem capturar a Lince Negra, porém, não conseguem usar sua pele devido os poderes fásicos da menina


Raposa e Fanático

Além dos ajudantes de Mojo e da Technet, o Excalibur ainda tem que enfrentar o Fanático, que é liberado de sua prisão pela vilã Raposa e seus soldados, o Arcade no seu Mundo do Crime e a Gangue Maluca


A Gangue Maluca

Cada história tem a sua peculiaridade, mas a forma como cada ambiente obriga o Excalibur a interagir entre eles é que faz a grande diferença. A gente se diverte até mesmo com os vilões pela forma bem escrita com que são conduzidos, e os diálogos dão o grande charme das aventuras.     
    
OS PERSONAGENS



De longe a personalidade de Kitty Pryde, que à época ainda era uma adolescente, é um dos grandes pontos positivos da série. Criada em 1980 por Chris Claremont e John Byrne, a Lince Negra fez parte de quase todas as formações de X-Men depois disso, e sua postura impetuosa e sincera sempre a fizeram se destacar dos demais personagens adolescentes, incluindo aí seus amigos dos Novos Mutantes


Marrenta, ela chegou  a bater de frente até mesmo com o Professor Xavier, mas é seu grande coração que a faz ser querida por todos a seu redor. O Excalibur significou a grande emancipação da personagem, e agindo como uma líder entre eles ela acabou amadurecendo na equipe. 



Quando foi a hora de voltar para os X-Men ela já não era mais a criança que eles enxergavam, e atualmente ela lidera uma equipe todinha sua.



O alemão Kurt Wagner (Noturno) foi criado em 1975 por Len Wein e Dave Cockrum, e ele entrou para os X-Men quando o Professor Xavier buscava uma equipe nova para resgatar a antiga da Ilha de Krakoa. Durante a saga Massacre de Mutantes, o elfo, como também é chamado, foi atingido violentamente pelo carrasco Maré Selvagem e ficou em coma por muito tempo com ferimentos graves.



Levado para a Ilha Muir, ficou aos cuidados da Dra. MacTaggart junto da amiga Kitty (que atingida por Arpão perdeu a capacidade de voltar a se solidificar depois de se desmaterializar) e de Colossus. Quando Kurt se junta ao Excalibur ele ainda não se recuperou totalmente, e o elfo tem sérias dificuldades em se teleportar, o que faz com que ele se valha mais de suas capacidades acrobáticas do que seus poderes mutantes.



Embora Meggan namore Brian, devido seu poder empático de se adaptar aos locais e pessoas com que convive, ela começa a demonstrar certo afeto por Kurt, que se segura para não cair de vez em seus encantos.


O triângulo amoroso que se forma entre eles é outro tempero para as aventuras do super-grupo britânico.



O Capitão Britânia foi criado em 1976 para a linha de HQs da Marvel UK, no Reino Unido. Criado por Chris Claremont, Herb Trimpe e Fred Kida, o herói britânico tinha um visual bem diferente do apresentado atualmente, porém, ele já tinha uma relação com os X-Men, já que é o irmão gêmeo de Elisabeth Braddock, a Psylocke



Seus poderes não são mutantes, e ele os recebeu do próprio mago Merlin, conhecido dos contos de Rei Arthur e a Távola Redonda.



Em suas aventuras pelo Reino Unido, o Capitão teve muitas histórias escritas pelo também britânico Alan Moore, e quase sempre desenhado por Alan Davis. Dessas aventuras originaram-se alguns personagens que permeiam as histórias do Excalibur, incluindo aí o antigo interesse romântico do herói Courtney Ross (que tem grande destaque na luta do Excalibur contra o Arcade e a Gangue Maluca), a vilã Saturnyne e a própria Technet.



Embora enamorado pela bela Meggan, Brian sente que falta algo em seu relacionamento com ela, já que a menina possui um certo distanciamento da realidade pela forma como foi criada. É em Courtney que ele parece realmente encontrar forças para lutar contra a insegurança que o abala quase que o tempo todo, e perto dela ele se sente mais digno dos poderes do Capitão Britânia. 



Quando se alia ao Excalibur, Brian o faz para honrar a memória da irmã, que ele nem desconfia estar viva junto dos X-Men na Austrália, e isso acaba o afastando do alcoolismo.



Meggan Puceanu é uma mutante metamorfa que adapta seu corpo com aquilo que está a seu redor. Rejeitada na infância por sua aparência nada comum, a pequena criança começou a parecer cada vez mais monstruosa conforme as pessoas a rotulavam assim, absorvendo aqueles pensamentos negativos empaticamente. 



Foi só na fase adulta que ela conseguiu sua forma feminina sensual, o que acabou atraindo o jovem Brian Braddock. Tendo crescido escondida das outras pessoas e fugindo de um canto a outro da Inglaterra, Meggan acabou tendo dificuldades para se comunicar, além de adquirir uma falta de confiança em si mesma. Durante as aventuras do Excalibur fica claro que ela tenta fazer de tudo para agradar Brian, ao mesmo tempo que tem medo de perdê-lo. Seus poderes começam a apresentar certa instabilidade quando ela começa a sentir os desejos das pessoas a seu redor e se metamorfoseia de acordo com aquilo que elas querem. Quando está triste, no entanto, ela assume uma forma mais frágil, diferente da mulher loira e linda que é costumeiramente. 



Meggan é o personagem mais delicado do grupo, e por incrível que pareça, lembra muito a Megan (ou M'gann) da DC, retratada na primeira temporada de Justiça Jovem. No caso, a Miss Marte da DC é marciana e tem vários problemas para se adaptar ao planeta Terra, se metamorfoseando como uma adolescente ruiva para parecer... comum.


Meggan x M'gann (Alô, Megan!)

A Meggan da Marvel foi criada em 1983 por Alan Moore e Alan Davis.



Rachel Summers foi criada em 1981 por Chris Claremont, John Byrne e John Romita Jr. Ela vem do futuro, mais precisamente da Terra 811, onde viu todos os X-Men morrerem, incluindo sua mãe Jean Grey e seu pai Scott Summers. Ela pode ser vista na saga Dias de um Futuro Esquecido, onde namora Franklin Richards – filho do Senhor Fantástico e da Mulher Invisível do Quarteto Fantástico – e ela é responsável por enviar a consciência da Kitty Pryde adulta do futuro para o nosso presente. Ao tentar descobrir o que aconteceu com a Kitty, e porque o futuro não foi alterado, Rachel acaba presa no passado, onde decide morar junto dos X-Men. Seu primeiro contato com a Força Fênix acontece durante o trajeto de uma de suas viagens temporais, e à partir de então a entidade cria uma ligação com a menina.


Quando Rachel se uniu ao Excalibur, ela estava há algum tempo longe dos X-Men, e o reencontro dela com Kitty e Kurt é bem emocionante. Seu uniforme vermelho remete ao que ela usava como Farejadora no futuro, uma espécie de caça-mutante ao qual ela era obrigada a obedecer, e as marcas que surgem em seu rosto também são desse período. 

Claramente Rachel é a personagem mais poderosa do Excalibur, e mesmo não tendo a seu dispor toda a capacidade da Fênix (ela chega a ser chamada de baby-Fênix) que assumiu o corpo da mãe, mesmo assim ela tem um nível de poder muito acima dos colegas de grupo.

Alan Davis



Eu já conhecia Alan Davis de várias histórias que ele desenhava para os X-Men nos anos 80 e anos 2000. Boa parte de Massacre de Mutantes, por exemplo, é desenhado por ele, mas devo admitir que o seu traço em Excalibur está impecável. Desde sempre eu me preocupei com o artista que estava desenhando a HQ para eu saber se ia ou não me interessar por ela, e ler Excalibur é um deleite, não só pelo que já comentei que Chris Claremont escreve, mas em especial pela arte de Davis. O cara desenha tudo com uma riqueza de detalhes tão grande que mesmo depois de já ter lido os balões de diálogo do quadro ainda dá pra ficar um tempo admirando. Parece que para Davis (que na época estava no auge do talento) não tem tempo ruim, e ele desenha qualquer coisa com muita precisão.



As criaturas fantásticas feitas por seu traço também são muito criativas, e o roteiro de Claremont insere muitas delas, o que nos faz ter uma satisfação visual a cada página praticamente. 



Os bichos e seres interplanetários apresentam um peso nas páginas, e suas proporções são muito bem trabalhadas, mesmo quando interagem com seres humanos normais.  

E as mulheres de Alan Davis?



Aí é um caso à parte, já que poucos desenhistas conseguem retratar figuras femininas com tamanho desempenho. Nos anos 90 nos acostumamos a ver as heroínas e vilãs em poses ginecológicas, e nas capas das revistas elas até pareciam que estavam posando para a Playboy, mas Davis consegue mostrar a sensualidade da Courtney, da Meggan ou da Rachel sem precisar apelar para o sexual. E sim! Dava pra fazer isso!



Tanto Meggan quanto Rachel são bem curvilíneas e volta e meia estão com roupinhas curtas, mas dificilmente é gratuito na história. As cenas de semi-nudez estão sempre bem inseridas na história, e mesmo a Kitty, que é uma menina na história, é bem representada com seu corpo adolescente, sem volumes exagerados. Ela chega até a elogiar mentalmente as amigas corpudas, se comparando, outro ponto positivo do roteiro que trata a Lince Negra como o que ela é: Uma adolescente.


A edição Excalibur lançada pela Panini em 2015 reúne as edições originais Excalibur Special 1, Excalibur de #1 a #5, e com um bom garimpo por aí ainda pode ser encontrada. Vale muito a pena para quem é fã dos personagens, ou para quem é fã do Claremont ou para quem é fã do Alan Davis, mas acima de tudo, vale a pena para quem curte uma boa história cheia de ação e bom humor despretensioso.



P.S. - A gente bate bastante na Panini devido os MUITOS deslizes que a editora dá com relação a tradução, revisão e a edição propriamente dita, mas em Excalibur dá pra se dizer que o trabalho foi 90% caprichado. Tanto as adaptações do texto para os dias atuais (que convenhamos é dos anos 80! Tem mais de 30 anos essa porra!) quanto o encaixe do que é falado com o que está acontecendo foram muito bem trabalhados. Nem dá pra perceber que estamos lendo um material tão antigo... 

Tava tudo indo muito bem, até que o revisor da Panini me deixa passar um LARGATO na tradução! 



NAMASTE!                                                                                                          

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