Dia desses uma colega minha de longa data, que também já havia sido minha aluna entrou no MSN para bater um papo, e de forma surpreendente o assunto foi muito além do que eu imaginava.
Ela entrou para elogiar uns textos meus que eu tinha compartilhado dos meus arquivos pessoais, e conversa vai conversa vem, começamos a falar de relacionamentos. Contei sobre a menina-coala já citada aqui e como nosso relacionamento terminou, e fui surpreendido por uma daquelas pancadas que volta e meia somos obrigados a aceitar, também conhecida como dose de realidade: "Você fez exatamente o que nós mulheres não suportamos num homem. Você demonstrou interesse."
Sem acrescentar detalhes desnecessários da conversa, posso dizer que sou um cara que acreditou até o fim na relação e paguei por isso fazendo o chamado correr atrás, confesso. Mas até aí eu não entendia qual havia sido meu erro. Não vivem dizendo que devemos correr atrás daquilo que mais queremos no mundo? Então. Foi quando a frase dessa minha colega me atingiu de forma que eu não esperava.
Estaria eu errado em ter insistido em algo que eu julgava ser a coisa certa? Teria eu errado em ter acreditado naquilo que achava, até então, ser amor?
Esses questionamentos começaram a me incomodar e então a conversa continuou a se desenrolar pelo chat madrugada a dentro.
Essa minha colega argumentou que as mulheres necessitavam se sentir "por cima da carne seca" na maioria da vezes, no controle da situação e que nós homens, no papel de vítimas, e dando-lhe maior importância só colaborávamos para um futuro desgaste da relação. O ideal seria (e ela me confessou isso como se fosse um segredo passível de pena caso revelado) que os homens não se demonstrassem abalados com um término de namoro ou um rompimento momentâneo que fosse. As mulheres precisam se sentir ignoradas de certa forma para que então possam elas correrem atrás. Aí é que rolaram as divergências entre nós.
Minha visão de mundo e por se assim dizer também de relacionamentos é bem prática: Eu gosto de você, você gosta de mim, vamos ficar juntos. Se rolar algum desentendimento a gente conversa e resolve. Simples assim. É a famosa equação do amor, descrita pelo sábio Roberto Freire em Crônica de Amor: "Eu linda + você inteligente = dois apaixonados".
Não há nada que me irrite mais do que joguinhos mentais ou adivinhações em certo ponto do relacionamento. Acho até justo naquela fase de conhecimento, quando até então tudo é mistério e é até gostoso ir descobrindo aos poucos, mas durante um relacionamento acho ridículo. Falei isso com todas as letras para essa minha colega, e não é que ela ficou possessa e nunca mais quis falar comigo?
Vamos entender o contexto. Aquela era uma conversa amigável entre um homem e uma mulher sobre algo em que na maioria das vezes há divergências. Minha opinião é a de que as mulheres não deviam fazer tantos jogos do tipo "gosto, mas não vou falar pra não me fazer de fácil" ou "eu sei o que eu quero, mas não vou te falar. Adivinhe". Esse tipo de coisas tira a paciência de qualquer um. Pode até ser um ponto de vista machista e que com ele eu tenha ferido mortalmente o brio feminista de minha colega, mas duvido veementemente que fora o caso. Aconteceu ali um mau-entendido dos grandes e sinceramente até agora não sei porque essa minha colega fora tão ríspida e intolerante. Teria eu que aceitar a opinião dela sem nem mesmo argumentar ou lhe mostrar o MEU ponto de vista?
Tenho passado os últimos meses, por conta disso, estudando o comportamento feminino, tentando achar uma linha de raciocínio que, se não me explique o que as mulheres querem, pelo menos aquiete minha mente com um pouco de lógica. Sei bem que estou pisando em terreno hostil e que nem o pai da Psicanálise Freud conseguiu uma resposta satisfatória sobre a pergunta em questão, mas não desistirei por isso.
Pra começar, as próprias mulheres admitem que são complicadas de se fazerem entender. E não é só uma ou outra. Já ouvi de várias delas a frase "mulher é assim mesmo". Basta saber o que isso quer dizer:
"Mulher é assim mesmo" = Maluca?
"Mulher é assim mesmo" = Um bicho estranho?
"Mulher é assim mesmo" = Uma bomba pronta a explodir?
Não são raras também aquelas que falam em tom de ameaça "mulher não foi feita para se entender e sim para se obedecer". Concordo em gênero, número e grau, afinal todo mundo sabe que não se pode contrariar certas classes que não provém das faculdades psicossomáticas.
Antes que as feministas invadam o blog e exijam que eu seja queimado em praça pública pelo comentário jocoso, devo citar que eu amo as mulheres e aceito que os homens não são nada sem elas. Pra começar, precisamos de uma delas para nascer, depois precisamos de outra delas para nos ensinar a ler e escrever e passamos todo o resto da vida precisando de outra delas (ou outras) para darmos um sentido na vida. Essa, infelizmente, é a mais difícil de se encontrar. Portanto, não me levem tão a sério. É que as vezes acho as mulheres meio loucas mesmo.
Outro fator que deve ser levado em conta para chegar a essa complicada questão quase tão fundamental quanto aquela que diz "Pra onde vamos" é que a maioria das mulheres nem se quer sabem o que querem. Aí se enquadra o famoso "não sei se caso ou compro uma bicicleta". Já topei com mulheres que não conseguiam tomar uma simples decisão de vamos ao cinema ou vamos ficar em casa vendo filme embaixo do cobertor, o que nos leva a crer que as vezes elas não querem decidir nada, e querem sim, que nós, os seres menos evoluídos chamados de homens, tomem as decisões por elas. Que melhor forma elas teriam de reclamar posteriormente da decisão tomada, né?
Lendo um pouco sobre o assunto descobri, para minha surpresa, que algumas mulheres não se acham esse mistério todo, e que isso não passa de uma lenda urbana criada (pasmém) pelos próprios homens. Numa matéria escrita por Adriana Baggio publicado no site Digestivo Cultural, a autora cita uma frase da cartunista e humorista argentina Maitena que fala: "Não me identifico com a ideia de que o universo feminino é tão especial, não gosto quando escuto mulheres dizendo que somos seres difíceis de compreender, como uma fada que flutua em suas intuições. Não concordo com essa idéia, que me parece equivocada, que afasta homens e mulheres porque cria um mistério feminino que provoca medo no homem: medo do desconhecido, da distância, desse mistério insondável. Creio que nós mulheres não somos tão misteriosas”. A própria Baggio admite em certo ponto que para as mulheres é interessante manter essa aura de mistério ao redor do que elas realmente querem, até porque isso ajuda a justificar certas decisões. "Não fiquei com você porque... ah! Quem entende as mulheres?". Tudo tem que ter uma desculpa.
Num outro artigo escrito por Valéria Martins no blog A pausa do Tempo, a autora cita Freud em seu texto e explica que as bases que o pai da psicanálise tinha do assunto se encontram um tanto quanto obsoletas, uma vez que a mulher moderna é diferente da mulher que ele analisava. Hoje em dia muitas mulheres se encontram em posição social superior a dos homens, trabalham, são donas do próprio nariz e não precisam de homem nem se quer para abrir o vidro de palmito. Era comum que se criasse aquela aura de mistério em torno da fêmea pelo fato de que ninguém perguntava nada para ela. Era mais na base da observação e da intuição.
Segundo a visão de Valéria, essa mulher independente do século XXI causa o chamado medo (ou cagaço) nos homens, que se sentem inferiores a ela e, portanto, não tem a segurança necessária para tomar a iniciativa. Embora essas mulheres passem uma imagem superpoderosa, de "sai da frente que eu sou foda", em sua essência ela é uma mulher, e ainda espera ser galanteada, cortejada, conquistada, como sempre foi, embora ela também sinta-se suficientemente segura em partir para o ataque. O resultado criado por isso é: Nada. Se ela não investe esperando ser conquistada e ele tem medo da figura imperiosa dela, o fim de noite desses dois é no sofá da sala assistindo Altas Horas, cada um na sua casa.
Em suma o que as mulheres querem, embora elas tenham sérias dificuldades em demonstrar e sejam orgulhosas demais para pedir as vezes, é o que muitos homens querem também: amor. Esse sentimento é algo que todo ser humano necessita. Faz com que o combustível da alma flua melhor no corpo, e dá aquela sensação maravilhosa de que estamos vivos e de que não queremos mais sair dessa vida. Seria muito melhor que homens e mulheres se entendessem de forma plena, mas talvez dessa forma, as relações não fossem tão interessantes. Talvez esse mistério feminino seja um ingrediente a mais na conquista e que elas queiram ser descobertas por esses primatas desenvolvidos chamados de homem. Talvez elas se façam de estranhas e por vezes loucas para nos testarem e ver até onde vai nosso interesse. Se desistimos logo somos fracos, portanto indignos de sermos o pai de seus futuros filhos. Se aguentamos firmes suas maluquices temporárias, lhe damos nosso peito para que ela se aconchegue depois da briga (e uma bela de uma barra de chocolate) somos fortes candidatos a entrar em seu hall do homem perfeito, o que não quer dizer que permaneceremos lá por muito tempo. O fato é que homens e mulheres são diferentes em sua essência, e são por isso, complementares. Um precisa do outro e o importante disso é que ambos concordem com esse fato
e aceitem as diferenças. As vezes não precisa de um entendimento profundo, basta que se saiba que cada um é cada um.
Enfim, tudo que disse são conjecturas. Nesse momento pode ter um monte de mulher rindo da minha cara pela pretensão de ter tentado elucidar esse mistério que nem Sherlock Holmes ousaria e não ter chegado a lugar nenhum. Ou não.
Minha colega pode estar certa e os homens deveriam mesmo andar naquela linha tênue entre o foda-se e a indiferença com as mulheres, fazendo assim com que todas elas caiam aos nossos pés desamparadas e se sentindo abandonadas. Por outro lado pode ser que isso não se aplique a todas as mulheres, como eu desesperadamente prefiro continuar acreditando e tenham várias mulheres sensatas e cientes do que querem lendo esse texto agora num mundo alternativo fora do continuum-espaço.
Se as mulheres esperam mesmo que sejamos indiferentes, e que elas corram atrás, vou ter que mudar meus métodos e entrar para o clube dos cafajestes, que aliás, engloba os espécimes preferidos da grande maioria das mulheres. Mas, se elas só querem atenção, um cara que as saiba ouvir na hora certa, que saiba dar-lhe carinho quando necessita, que a faça se sentir importante a seu lado e que acima de tudo se sinta segura na sua presença, acho que o mundo tem salvação, porque é esse o meu tipo de mulher preferida. Sem joguinhos ou adivinhações. OK. Pode ter um pouco de mistério, eu não ligo, mas nada que me faça desejar ser um telepata para poder decidir qual o próximo caminho a seguir.
Será que cheguei perto de saber o que querem as mulheres?
NAMASTE!
Medo? Insegurança? Rancor? Egoísmo? Carência? ... Tudo isso?
ResponderExcluirO que leva tantas mulheres a se comportar dessa maneira quase indecifrável continua sendo um complexo de conjecturas - e por favor não culpem os pobres hormônios - que no mais das vezes ficamos a analizar e analizar... entender, tavez. Concordar... difícil, hem?
Li o post sobre o rompimento com a garota coala, e bem como você disse, também passei por algo bem semelhante. Sei como fica o peito de qualquer homem, qualquer um que ame de fato, quando após ouvir tantas declarações de amor, e suportar tantas mazelas para ver seu sentimento enfim triunfar, acaba vendo sua amada partir sem mais porquê. Todo e qualquer trauma necessário poderia ter sido amenizado se houvesse - é tão difícil entender isso? - o chamado diálogo. Franco e respeitoso.
O paradoxo feminino de reclamar tanto dos cafajestes quanto daqueles que amam e não tem medo de esconder seu amor, permanece pra mim como uma atitude das mulheres (e homens também, ora) que realmente ainda não se conhecem, não sabem o que querem. Muitas delas demoram a adquirir a maturidade emocional necessária para tanto, e com os mundos de contos de fadas disseminados pela mídia hoje, não é de se impressionar que algumas tenham a cabeça tão fraca.
Já fui da opinião de que um verdadeiro amor pode resgatar uma pessoa desse "limbo", mas embora ainda diga amém às palavras da Bíblia Sagrada ("O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."), se alguém me pedisse um conselho hoje, eu recomendaria muito cautela antes de se entregar a um sentimento, e muito mais culhões para suportar os possíveis revezes após ter se entregado.
Como você disse: qual a lógica em amar e não lutar até o fim pelo seu amor? Qual o sentido de demonstrar frieza a uma garota quando o que mais se quer é estar ao lado dela? Pra mim, são atitudes sem sentido, dignas de pessoas que não sabem ou tem medo de saber o que realmente querem, quem realmente são.
Hoje sou feliz ao lado de alguém que amo, que me ama reciprocamente, e sabe me dizer numa boa quando gosta ou desgosta do que eu faço. Meu Deus! Qual a grande dificuldade em ser assim? Sincero com seu parceiro(a), com seu relacionamento, consigo mesmo? Infelizmente pessoas assim andam em falta no mundo. Bendito seja Deus, que não poderia ter recompensado melhor os muitos anos que passei rasgando e costurando meu coração...
Poderíamos trocar a pergunta para "O que quer cada mulher?", estudando caso a caso isoladamente, porque esse universo 'mulhereS' parece cada vez mais nos levar a inquietações que sempre acabam em reticências. Opa! Olha elas aí...
Marcus Ouros
Existem algumas classes de pessoas e de pensamentos.
ResponderExcluirSe você analisar bem, verá que tudo só pode ser moldado em uma relação à partir da CONFIANÇA recíproca entre o casal.
Entretanto, o que vai te demonstrar como proceder ao se aproximar de uma mulher é principalmente a observação das atividades e do dia a dia da mesma.
Não procure uma fórmula, viva o dia a dia e decifre-a, isto faz parte do jogo do amor.Mas não perca da memória um segredo de estado: Seja um ator - às vezes um cafajeste, ás vezes um intelectual, às vezes um garoto frágil, ás vezes um brucutu.... MULHER ODEIA ROTINA, mesmo que diga o contrário, em seu consciente (ou inconsciente) mais íntimo, elas sempre querem o contraste daquilo que têm no momento. Pense nisso, seja um "Hipócrita" (hupokrisis - no sentido grego que quer dizer ator).
Não perca de vista que o tempero de uma relação reside na descoberta, então, se vc é agora a mesma pessoa que iniciou o relacionamento a 1, 2, 5, ou 10 anos atrás, Ah meu filho, tu vai dançar, se liga!!!!!!
Rodrigo Garcia
Eu não poderia sintetizar de melhor forma, Marcus. Você falou tudo de forma simples. Por que é tão difícil haver diálogo e pessoas que digam logo o que sentem sem rodeios, não é mesmo?
ResponderExcluirE Rodrigo, há verdade no que você diz. Sejamos todos atores no palco da vida. Algum personagem deve agradá-las.
No Brasil, está chovendo mulher, mano
ResponderExcluirAmor, carinho, o que elas querem
É buquê de flor, buquê de flor, buquê de flor
Se mostre apaixonado para uma mulher e esse é o caminho para perdê~la.Se mostre amoroso e gentil porém desinteressado e com o botão do foda-se ligado e elas se perdem ...
ResponderExcluiro que eu quero dizer é que finalmente um homem disse tudo o que penso sobre relacionamento homem x mulher...Pra que joguinhos?Eu gostei dele....ele gostou de mim...então o natural é ficar junto logo pra ver o que vai virar isso!É claro que tem homem que se assusta e quer dar uma de retrógrado...acaba me achando doida.Mas finalmente achei um que conversa comigo sobre tudo e foi amor a primeira teclada...não largo ele nunca mais...falamos a mesma língua....
ResponderExcluirPior que eu cheguei a essa conclusão também, anônimo 2... Se mostrar apaixonado parece que é negativo...
ResponderExcluirE Veruska, muito obrigado pelo comentário. Que bom que concorda com a forma como eu penso. Acho que só funciona se for assim com transparência. E parabéns pelo seu relacionamento.
O quê uma mulher quer e o quê ela fala, são coisas totalmente diferentes.
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