Bruna Surfistinha já foi engendrado como um filme polêmico. Em primeiro lugar, fala de um assunto polêmico. Prostituição. Segundo, retrata a vida de uma pessoa polêmica. Terceiro, a personagem é interpretada por uma atriz que querendo ou não, uma hora ou outra está estampada nas capas das revistas de fofoca envolvida em alguma polêmica.
Raquel (Deborah Secco) era uma jovem da classe média paulistana, que estudava num colégio tradicional da cidade. Um dia, sob certas pressões familiares, ela tomou uma decisão surpreendente: virar garota de programa. Com o codinome de Bruna Surfistinha, Raquel viveu diversas experiências "profissionais" e ganhou destaque nacional ao contar suas aventuras sexuais e afetivas num blog, que depois acabou virando um livro e tornou-se um best seller.
Antes que os vendedores sintam-se ofendidos, provavelmente o salário proveniente de programas é superior a qualquer profissão média remunerada, incluindo a minha! Isso faz a gente pensar nos caminhos escolhido, hein? Hoje em dia Presidentes são eleitos sem nenhum diploma, deputados precisam provar que sabem ler e garotas de programa faturam mais do que quem tem diploma universitário. Essa vida é muito fanfarrona!
Passado o choque em saber que Raquel tornou-se Bruna porque quis, mergulhamos de cabeça no mundo das garotas de programa. Ela e suas colegas nos mostram todas as facilidades e dificuldades da profissão e ao mesmo tempo nos faz pensar nos tipos de homens que frequentam esses lugares. Em sua grande maioria eles são solitários, e mesmo os pais de família e maridos devem ser aqueles tipos que não encontram em casa o que as "primas" podem e sabem oferecer. Incrível pensar como a indústria do sexo sabe angariar recursos sem grande esforço. O que nos faz pensar novamente nos caminhos que nós escolhemos! (Fala a verdade, você pensou!).
Particularmente eu não acho a verdadeira Raquel uma mulher bonita assim como é sua intérprete, mas imagino que com seus 18 anos ela devia ter seus atrativos, e isso por si só garantiu o seu destaque entre as demais. Como ela chegou lá? Com muito "trabalho", meu amigo.
Destaque para a cena em que Hudson (Cassio Gabus Mendes) tenta dissuadi-la de continuar naquela vida, mandando a frase:
"Quando você estiver trepando com aqueles caras, lembra da vida que você escolheu e como você tratou a única pessoa que já se importou com você."
Bom, da ascenção à queda é um pulo, e a vida de Bruna torna-se uma biografia de estrela do rock quando começa a se envolver com drogas, aspirando uma carreira (e não estou falando em almejar um emprego) atrás da outra compulsivamente. Na mesma medida em que ela é absorvida pelo próprio "sucesso profissional" e começa a se iludir pela vida de glamour que nunca tivera antes, ela mergulha fundo no mundo das drogas e permanece nesse fundo quando começa a perder tudo que conquistou de forma honesta.
Ué. Que foi?
Toda a crise de Bruna, sua queda e o fundo do poço em que ela atinge é a melhor parte do filme e rendem as melhores cenas em matéria de interpretação a Deborah Secco. Deborah, por sinal, faz com que tenhamos simpatia por Bruna e sua história (quando esquecemos o trabalho da personagem) durante todo o filme, e se não temos cenas primorosas durante a película, é porque a personagem também não é das mais profundas.
Todo o restante do elenco, em especial Cassio Gabus Mendes (Hudson, o primeiro cliente de Bruna) e Drica Moraes estão muito bem em cena, e não há aquele elo fraco que quase toda produção tem. Se tem também, a atenção do filme é totalmente desviada com cenas luxuriantes de sexo e depravação, portanto, não posso dizer que tenha percebido.
Bruna Surfistinha é um filme mediano. Embora tenha boas interpretações, vale mais (e unicamente) pelo tema polêmico, que assim como a Bruna real soube fazer com seu trabalho e o blog, vendeu-se por isso. Ponto.
Dizer que ele não nos leva a reflexões é mentira. Pensei o tempo todo o que eu ainda estou fazendo no meu trabalho se o caminho da grana é o sexo? Estou aqui por meio do meu blog convidando alguém pra ser meu sócio no Bordel da Luz Vermelha que abrirei em breve. Ah, também estou recrutando as "primas" para o trabalho pesado.
Caso essa empreitada não dê certo, já tenho o plano B, e eu mesmo lançarei minha carreira de Go Go Boy. Meninas interessadas, prometo postar aqui fotos e descrições fieis aos programas realizados. Quem sabe o blog não comece a bombar??
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