1 de maio de 2014

Wolverine: O Cabra que não Morre!


Eu não tive a oportunidade de escrever sobre Wolverine Imortal (The Wolverine) quando o filme estreou nos cinemas por aqui em terras tapuias, mas agora com o lançamento do Home-Video (DVD , Blu-Ray) essa chance retorna para a ponta dos meus dedos. Afinal, o que eu, que critiquei tanto o primeiro filme solo do Carcaju canadense (num dos primeiros posts aqui do Blog do Rodman), achei da segunda empreitada da FOX com o personagem?

Sigam-me os bons!


Em primeiro lugar devo ressaltar que The Wolverine me agradou bem mais que X-Men Origens: Wolverine. O filme é mais bem dirigido, possui um roteiro mais elaborado e cenas de ação muito melhor produzidas que seu antecessor. James Mangold (de Os Indomáveis com Russel Crowe e Johnny & June com Joaquim Phoenix), o diretor da bagaça, tinha um roteiro pronto com a HQ escrita por Chris Claremont e desenhada por Frank Miller em mãos (resenhada aqui por mim), mas como nem sempre tudo são flores, ele contou com a ajuda de Scott Frank (Minority Report) e Mark Bomback (O Vingador do Futuro com Colin Farrel) para fazer a adaptação da história em quadrinhos, e isso ocasionou o que podemos chamar de uma pequena pulga atrás da orelha não só para os fãs de Eu, Wolverine (a HQ), mas também para quem em geral é fã do personagem mutante.


O enredo se passa algum tempo depois de X-Men: The Last Stand, e após um flashback em que acompanhamos Wolverine (Hugh Jackman) em Nagazaki  salvando a vida de um jovem soldado chamado Yashida (Ken Yamamura) em plena Segunda Guerra Mundial, vemos que o Carcaju abandonou seus amigos mutantes e se isolou em uma caverna, atormentado pelo espírito de Jean Grey (Famke Jansen), a mulher que ele amava e que fora obrigado a matar. Inquieto com seus próprios demônios pessoais, Logan vive o grande drama que permeia toda a história de The Wolverine: Como pode ele suportar a dor de perder aqueles que ele ama enquanto seus dons fazem dele um ser imortal?


Disposto a ficar isolado, achando assim que pode afastar a dor das perdas, seu destino se altera quando ele é abordado por uma habilidosa jovem japonesa chamada Yukio (Rila Fukushima) que o convence a viajar para o Oriente a fim de se despedir do agora velho Yashida, o mesmo homem que ele salvara da explosão atômica de Nagazaki no passado. 


Uma vez no Japão, Logan descobre as reais intenções de Yashida (Hal Yamanouchi) e se vê tendo que escolher entre sua imortalidade e uma vida comum, sendo capaz de envelhecer e morrer como qualquer pessoa. 


Próximo do inevitável fim e convencido que Logan não lhe dará seu fator de cura de bom grado, Yashida coloca a vida de sua neta Mariko (Tao Okamoto) sob a proteção do herói canadense, alegando que forças maiores desejam liquidá-la tão logo ela se torne a herdeira de toda a fortuna da família. Decidido a ir embora, Wolverine volta a ser atormentado pelos pesadelos com Jean à noite, quando então ele recebe uma inesperada visita da oncologista que trata Yashida, a perigosa Víbora (Svetlana Khodchenkova). Após esse evento, Logan percebe que sua vida não será mais fácil como antes, e que ele agora goza da mais pura e simples mortalidade.


Parece um bom enredo, certo?

Pois é. Só parece.

É realmente incrível a capacidade que alguns roteiristas têm de transformar em merda uma linha de texto tão fácil de fazer dar certo, e após nos deleitarmos com ótimas cenas de ação em que Wolverine retalha os capangas da Yakuza mandados para acabarem com Mariko enquanto ele a protege, o filme embala numa ladeira sem fim, que só volta a subir lá por volta da cena pós-crédito, que aliás dá um gancho perfeito para X-men: Dias de um Futuro Esquecido.



Ai, Rodman! Mas o filme é massa!

Em certos aspectos concordo com você, jovem padawan, as cenas em que Wolverine utiliza livremente suas afiadas garras de adamantium para tirar do caminho os agentes da Yakuza são felomenais, parafraseando o grande Giovanni Improta, e embora não vejamos uma só gota de sangue, existem sequências bem agressivas no filme. O fato do poder de cura de Wolverine ser reduzido a zero também consegue tornar as suas situações heroicas bem interessantes, a medida que ele começa a ser alvejado de todos os lados tentando salvar a vida da herdeira do império Yashida e não se recupera com a mesma velocidade que antes. Porra! No começo do filme ele sobrevive a queimaduras de uma bomba atômica, e lá pela metade do mesmo ele sangra sem parar com um “tirinho” de doze bem na caixa dos peitos!


Considerando que na época do lançamento de Eu, Wolverine o personagem ainda não era o imortal mothafucka que é hoje, e que ele apanhava de um tiozinho com uma espada de madeira e levava dias para se recuperar de um shuriken envenenado, é interessante a maneira com que Mangold e seus roteiristas encontraram para reduzir essa vantagem de Logan sobre seus adversários. Tirando isso e algumas cenas isoladas (como o “flechamento” ninja), não vemos muito mais da HQ no filme, e é aí que o roteiro peca.


Pra começar, o plano de Yashida para obter à força o fator de cura de Logan é algo digno de Dr. Evil!


Como uma criança mimada ele subjuga o herói e absorve seus dons (através das garras??), voltando a sua aparência juvenil da época da Segunda Guerra, e isso depois de utilizar uma técnica de vilão do Scooby-Doo de se fingir de morto e aparecer vivo ao final do episódio  ao ser desmascarado!


O grande vilão de Eu, Wolverine, o velho que espanca Wolverine com uma espada de madeira é rebaixado no filme a um pai invejoso que deseja a morte da filha para conseguir seu objetivo: A conquista! A conquistaaaa! 

Shingen (Hiroyuki Sanada) mais parece um homem “recalcado” com a própria falta de talento para os negócios da família do que necessariamente um vilão, e embora seu combate final com Wolverine seja fotograficamente muito bem produzido, toda a linha narrativa do personagem é desnecessária na trama, já que ele não passa de um invejosinho de merda cujo pai (Yashida) preferiu deixar o controle dos negócios para sua neta (Mariko) em vez dele.


A personagem Víbora, que além do colante verde em mais nada se parece com a Víbora (Madame Hidra) dos quadrinhos, é uma boa vilã, mas seus nojentos poderes de serpente a descaracterizam completamente, deixando-a longe da mulher que chegou a casar com Wolverine nas HQs. Tudo bem que ela era uma mercenária, mas qual seria seu real ganho com a conquista de Yashida? Em nenhum momento seu verdadeiro objetivo fica claro para o espectador, e parece que ela é má, apenas por querer ser assim.


Outro desperdício completo é o personagem Kenuichio Harada (Will Yun Lee) que no filme sofre de uma bipolaridade foda, mudando de lado na batalha como um barco à vela conduzido pelo vento. Nas HQs, Harada é o homem que veste a armadura do Samurai de Prata e que chefia uma facção da Yakuza. Por lá, ele é meio-irmão de Mariko e no filme os dois tiveram um interesse romântico na juventude, o que o torna obcecado em protegê-la. Apesar disso, ele não pestaneja em se aliar a Víbora para raptar a moça sabendo que ela será morta, e mais rápido ainda ele se volta contra a vilã enquanto o Samurai de Prata (que não é ele!!) ameaça cortar Wolverine em dois, matando Mariko também no processo. Por que colocar Harada no filme se ele não é o Samurai de Prata? E pra que desperdiçar o personagem com essa bipolaridade e falta total de caráter?


Toda essa confusão e suposta ganância familiar cria um quiproquó generalizado no ato final do filme, manchando o que até então era uma história bacana de um ronin que procura seu caminho enquanto reaprende a viver com sua maldição.


Como um filme de samurais, The Wolverine é bem interessante, tem ótimas referências à cultura japonesa, há nuances da disciplina oriental da Terra do Sol Nascente em alguns personagens, tem ótimas tomadas de cenários tipicamente japoneses e uma fotografia muito bonita devido esse cuidado em representar o país. Infelizmente isso não segura sozinho o filme, e mais uma vez a ânsia dos produtores de encher a história com personagens acaba tornando vários deles vazios e desnecessários para o enredo. Mais uma vez uma pena. Quem sabe eles não acertem no terceiro filme (se houver um), o que promete ser o último de Hugh Jackman na pele do Wolverine, agora que o ator já anuncia sua provável aposentadoria do herói. Apesar do físico invejável, Jackman que está com 45 anos já apresenta algum desgaste nas cenas de ação e infelizmente ele não possui o fator de cura de seu personagem.



Extras

Vale a pena dar uma conferida nos extras do DVD de Wolverine Imortal. Enquanto rolam algumas cenas de bastidores (incluindo algumas delas sem os efeitos especiais e Chroma-Key) os atores, diretores e produtores dissertam sobre a ótica do filme sobre o personagem Wolverine. O próprio Chris Claremont, escritor da HQ que inspirou o roteiro do filme, explica de onde surgiu sua parceria com Frank Miller e sua visão peculiar sobre o Carcaju canadense. Claremont acrescenta que, apesar de Hugh Jackman ter quase um metro e noventa de altura, ele sempre representou a essência do Wolverine das HQs no cinema, o que o tornou apto ao papel desde o início. Realmente carisma nunca faltou a Jackman à frente do personagem, e apesar de ser um Wolverine muito mais brando na telona daquele que estamos acostumados a ver nos quadrinhos, ele merece sim nosso respeito pelo que fez até hoje na franquia X.


Basta saber, quem será o próximo a assumir as garras de adamantium no cinema. Vocês têm alguma aposta?

NOTA: 7,5

NAMASTE!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...