18 de janeiro de 2015

Review - Uma Noite no Museu 3


Eu tenho que estar muito bem acompanhado para topar assistir uma comédia no cinema, mas quando acontece, isso acaba sendo gratificante, já que saio um pouco do lugar comum que é ver filmes de ação, aventura ou terror. Eu vi o segundo Uma Noite no Museu acompanhado de uma amiga de faculdade, na época, e apesar de ter me divertido bastante, nunca achei que a continuação chegasse sequer perto do original, que havia sido muito bom, com um roteiro redondo, efeitos visuais de qualidade e principalmente momentos hilariantes, coisa que não é sempre que Ben Stiller consegue fazer. A meu ver, o primeiro Uma Noite no Museu já bastava. O filme tinha começo, meio e fim, e nada parecia justificar uma continuação, talvez por isso o segundo filme tenha parecido um material requentado, e não ter tido a mesma graça que seu antecessor. Bom, aí veio a ideia de uma terceira parte...


Quando a notícia saiu, eu me importei bem pouco, porque já havia achado a segunda parte desnecessária e com certeza não gastaria dinheiro para ver uma terceira. No final de 2014, no entanto, todos os seus fãs foram pegos de surpresa com a notícia da morte de Robin Williams, o ator que fez parte da nossa infância com seus filmes sempre tão divertidos e emocionantes, e ele era membro integrante do elenco de Uma Noite no Museu desde a primeira parte. Aquele tendia a ser o último filme de Williams, e era necessário prestar uma homenagem a ele. 

Dirigido pelo canadense Shawn Levy (Gigantes de Aço, Os Estagiários e Uma Noite no Museu 2), o filme tem um roteiro pra lá de simplório, o que nos faz dispender nossas atenções mesmo para as situações cômicas (que são muitas!!) com os personagens, já que o desfecho da trama é pra lá de previsível. Num prólogo muito bem executado, que nos faz lembrar de filmes como Indiana Jones e A Múmia, conhecemos o passado de Cecil (Dick Van Dyke) e de como o seu pai foi o responsável por resgatar a placa de Ankmenrah de uma escavação no Egito. A mesma placa, que todas as noites traz à vida os seres do Museu de Arte onde Larry Daley (Ben Stiller) trabalha como vigia noturno, está perdendo as forças, e enquanto ela parece ser corroída pelo próprio tempo, os personagens do museu começam a agir de forma imprevisível, fazendo com que Larry tema pela segurança dos visitantes do museu. 


Em uma conversa com o faraó Ankmenrah (Rami Malek), Larry descobre que os segredos da placa, e o que está causando a sua corrosão, só podem ser melhor explicados por seu pai, que era o dono original da peça, o que o faz iniciar uma corrida contra o tempo (mais precisamente até o Museu de Arte Britânico) para tentar salvar seus amigos de cera antes que a placa seja corroída completamente. 


Tendo problemas para lidar com o crescimento do filho Nick (Skyler Gisondo) e não sabendo o que fazer para ajudá-lo a encontrar seu próprio caminho como um adulto, Larry vai com o filho até a Inglaterra, onde um encontro entre Ankmenrah e seu pai Merenkahre (Ben Kingsley), exposto no museu, se faz necessário para entender o que há de errado com a placa. 


O enredo não nos faz duvidar em nenhum momento  que o que deve ser feito para restaurar a placa VAI ACONTECER, mas é bem divertido acompanhar a jornada de Larry, Nick, Teddy Roosevelt (Robin Williams), Sacajawea (Mizuo Peck), Jedidiah (Owen Wilson), Octave (Steve Coogan), Átila (Patrick Gallagher), o macaquinho Dexter e o neandertal Laaa, vivido também por Ben Stiller (que é dono das partes mais engraçadas do filme) até o desfecho da narrativa. 


A adição do personagem Lancelot, um guerreiro garboso dentro de uma armadura medieval vivido pelo ator Dan Stevens, incorporou o elemento ação que o filme necessitava, já que Lancelot, o mesmo das histórias da Távola Redonda, não hesita em entrar em combate sempre que necessário. Seja contra um triceratops de osso gigante, ou uma serpente animada de várias cabeças, o cavaleiro se lança ao desafio sem medo, o que faz com que ele ganhe a confiança do filho de Larry, que começa a enxergá-lo com uma figura heroica. O lado ambicioso do cavaleiro logo é demonstrado, no entanto, quando ele começa a cobiçar a placa de Ankmenrah e seu aspecto mágico. 


Quando ele finalmente rouba o artefato, procurando voltar para Avalon e para sua amada Guinevere, o filme rende uma das participações mais hilárias, a do ator Hugh Jackman, que no filme interpreta ele mesmo no teatro, fazendo o papel do Rei Arthur. 


As gargalhadas são espontâneas nessa parte do filme, com direito a citação ao personagem mais famoso de Jackman, o Wolverine!


As cenas da personagem de Rebel Wilson, que interpreta a vigia do Museu Britânico gordinha chamada Tilly, também são de cair o cu da bunda de tanto rir. Além de muito carismática, a personagem é bem engraçada, e enquanto ela relata o tédio que é ser uma vigia em Londres, nós do lado de cá nos divertimos com seus trejeitos, o que só melhora quando ela se apaixona pelo neandertal Laaa, protagonizando uma cena de dança A la Dirty Dancing na sequência final.


Nunca achei que o talento de Robin Williams tenha sido aproveitado ao máximo na franquia Uma Noite no Museu, embora ele tenha usado parte de seu repertório de imitações e dublagem nos três filmes. Para alguém que protagonizou seus próprios filmes ao longo de toda a carreira, terminar seus dias como uma sombra de Ben Stiller é bem constrangedor. Seja como for, Uma Noite no Museu 3 serve sim como uma espantosa despedida do ator para com o seu público, já que a sequência final indica que não haverá uma quarta parte, pelo menos até certo ponto. 


Se Teddy Roosevelt não tem muita importância no decorrer da trama, exceto quando ele age meio que como a consciência de Larry, por outro lado, para nós fãs, sabendo que aquele é o último filme de Robin, sempre bate uma tristeza, além de uma esperança fora do comum que ele nos surpreenda em cena, nos presenteando com seu talento inigualável, aquilo que foi sempre sua marca registrada. De qualquer forma, ele nos surpreende sim, numa cena pra lá de tocante em que ele se despede de Larry, sabendo que com a placa de Ankmenrah em Londres, ele e seus amigos de cera nunca mais voltarão a vida em Nova York. Quando ele diz "adeus, Larry" de cima de seu cavalo, é como se o próprio Robin estivesse se despedindo de nós espectadores, e não tem como não se emocionar nesse momento. 


Robin Williams se suicidou em Agosto de 2014 em sua casa aos 63 anos. Ele tinha um histórico de dependência química e de álcool, e lutava com uma depressão, o que fez com que sua carreira artística declinasse na década de 2000, depois dos inúmeros sucessos das décadas anteriores. Eu sempre vou me lembrar de seus filmes com grande carinho, e claro que a partir de agora Uma Noite no Museu 3  - O Segredo da Tumba fará parte desse hall de obras primas, mesmo não sendo mais do que um filme nota 8, pela simples despedida de Williams das telas. 


Apesar do roteiro simples (eu diria bobo até), Uma Noite no Museu 3 vale por alguns momentos engraçados que possui. Pra quem gosta de um besteirol de vez em quando, vale bastante a pena os quase 90 minutos de projeção, não há do que se arrepender. 

NAMASTE!      

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