24 de junho de 2019

REVIEW - Batman Ninja



Não há dúvidas que o Homem Morcego é o personagem mais popular e lucrativo da Warner/DC, por isso, o número de experimentações que o estúdio faz com o Batman é muito maior do que acontece com o Superman ou com a Mulher Maravilha, por exemplo. Nesses 80 anos, já vimos o Morcego em inimagináveis aventuras, das mais comuns às mais bizarras, e acho que esse é o caso de Batman Ninja, animação japonesa dirigida por Junpei Mizusaki, lançada em 2018.


Pra começo de conversa, é importante deixar claro que o problema desse filme não é nem de longe o seu visual, que é fantástico! Apesar de nunca ter sido muito fã de anime, eu me curvo à técnica japonesa de animação, que é a mais detalhada e empolgante do mundo, deixando no chinelo muito do que é produzido no Ocidente. Nos últimos anos, vimos a DC abandonar aos poucos o estilo ocidental de animação (saudades Bruce Timm!) para adotar algo mais próximo dos animes, o que tornou as batalhas entre heróis e vilões, de certo modo, ainda mais épicas nos desenhos produzidos. Sem falar no exagero! O ápice acredito ter sido A Morte do Superman, animação de 2018, que coloca o Homem de Aço para sair no braço com o Apocalypse em ritmo de Dragon Ball Z!


Batman Ninja tem um plot sensacional que é arrancar o Batman de seu habitat natural e jogá-lo séculos antes, no quase inóspito Japão feudal. Após um confronto rápido com o Gorila Grodd nas dependências do Asilo Arkham do presente, o herói é removido de seu tempo por um equipamento criado pelo vilão, e acaba parando no Japão feudal. 


Por um inexplicável efeito colateral do deslocamento temporal, todos os demais internos do Arkham, Grodd, a Mulher Gato e até mesmo seus aliados, chegaram lá muito antes do Morcego (dois anos antes), e quando ele chega, todos já estão estabelecidos e adaptados ao novo lar. Cabe então ao Batman se adaptar a sua nova realidade, sem sua tecnologia habitual e sendo obrigado a enfrentar todos seus principais vilões, que agora são líderes de províncias japonesas.


Essa ideia é sensacional! Lendo isso, quem é que não consegue imaginar batalhas épicas entre o Batman e samurais fazendo-o voltar as suas origens, quando ele treinou seu corpo para se tornar o melhor lutador marcial do mundo?


Pois é... É aí que os produtores Michael E. Uslan e Benjamin Melniker colocam tudo a perder e permitem a inserção de elementos que simplesmente não condizem em nada ao Japão feudal, que deveria ser o principal elemento de estranhamento ao Batman e a seus amigos. Seria bem mais interessante vê-los ter que se virar apenas com o que se tinha disponível naquele período de tempo, mas do nada, junto com o Batman, foram deslocados no tempo o Asilo Arkham inteiro, o Batmóvel (que vira a Batwing E a Batmoto!) e até o Alfred (com seu habitual uniforme de mordomo inglês e um coque samurai na cabeça!). Para completar a quizumba, o Coringa transforma sua casa de província numa espécie de monstro que destrói os veículos do Batman, deixando-o à mercê de um Bane sumô (!) e da Arlequina, que se finge de vítima indefesa para enganá-lo. 


Salvo por uma horda de ninjas-Batman, o Homem Morcego acaba descobrindo que o Asa Noturna, o Robin Vermelho, o Robin e o Capuz Vermelho estão agindo com esses tais ninjas-Batman e que eles pertencem a um clã que acredita em uma profecia sobre um salvador morcego.


Até aqui está ótimo o enredo, Rodman!

Ah, claro! Uma casa japonesa construída com tecnologia de séculos atrás que é capaz de destruir o Batmóvel. Uhun! Super-comum!


Sem muitas opções, o Batman é obrigado a formar uma aliança com o Gorila Grodd, que alega estar fazendo um experimento com os antigos moradores do Arkham, ali deslocados no tempo. Enquanto o Duas-Caras, o Pinguim, a Hera Venenosa e o Exterminador comandam cada um deles uma província, eles veem na figura do Coringa o perigo mais imediato, e partem para confrontá-lo, junto ao clã ninja. 


Ao final de tudo o barco onde eles estão explode (isso tudo após os soldados do Coringa usarem METRALHADORAS para tentar matar os ninjas), o Batman se fere, Grodd trai a confiança do Batman com a ajuda do Duas-Caras, a Mulher-Gato decide se aliar ao Grodd e o Coringa desaparece junto com a Arlequina.


Irado, Rodman!

Ah, sim! Claro! Em especial a parte das METRALHADORAS do Coringa no Japão feudal!


Enquanto se recupera, o Batman decide aceitar a dádiva dos ninjas e treina para se tornar um deles, sugerindo a seus amigos que façam o mesmo. Logo que o Capuz Vermelho descobre o paradeiro do Coringa, o ex-Robin parte para confrontá-lo e descobre que o palhaço e a Arlequina perderam a memória, vivendo agora como simples camponeses. O Batman convence Jason Todd a não matar o Coringa camponês, e eles partem para tentar deter os demais vilões e retornarem para Gotham City.


Quase totalmente adaptado a seu estilo Ninja, o Batman e seus aliados são confrontados pelos vilões, que partem para cima dele com seus castelos provincianos móveis (!) e no ápice da batalha o Coringa ressurge com seu Arkham móvel (!) e todos eles juntos formam UMA PORRA DE UM ROBÔ GIGANTE!   

  
POR QUE TÊM QUE ENFIAR ROBÔ GIGANTE EM TUDO, SATANÁS! POR QUE???

Enquanto eu controlo o nível de glicemia e meu ritmo cardíaco assistindo essa merda bela obra de arte, começo a me perguntar como o Batman e seus ninjas humanos irão derrotar aquelas máquinas gigantes. Eis então que o Gorila Grodd surge com a solução. Após ser derrotado em combate à bordo de seu meca gigante, o vilão símio dá ao Batman uma flauta que comanda o seu exército de macacos (!), e é Damian Wayne quem a toca e faz com que o exército de comedores de bananas ataque o Megazord Coringa.


Mas que chances têm simples macacos contra um robô gigante, Rodman?

Ah, jovem padawan, mas você não contava que os macacos iam se juntar e formar um MACACO GIGANTE! (Nem dá pra acreditar que alguém achou bacana esse roteiro!). Como é de se esperar, o macaco gigante não dá conta do MegaCoringa que começa a pulverizá-los com um lança-chamas. Vendo suas chances diminuírem cada vez mais, o Batman olha incrédulo para o horizonte quando uma nuvem negra alerta sobre a chegada de milhões de morcegos que se juntam ao macaco gigante e formam UM DEUS-BATMAN GIGANTE!

Sério, nessa hora eu já estava tão acostumado com os absurdos da animação que nada mais me surpreendia. É impressionante o que as mentes orientais são capazes de criar e mais ainda impressionante é o tipo de plot que a Warner/DC aprova sem nem questionar.


Ah, Rodman, mas é uma nova visão para o Batman. Como ele seria concebido visto pela ótica oriental. Deixe de ser pau no cu!

Então tá, né!

Ao longo dos anos como leitor de quadrinhos eu já li muita coisa absurda envolvendo o próprio Batman (como ele saindo no braço com o Darkseid!), mas com esse pezinho no oriente, as animações estão cada vez mais bizarras e inacreditáveis. Ainda bem que não é a mim que esses desenhos têm que agradar, não é mesmo?


Batman Ninja é uma tremenda ideia mal desenvolvida, mas deve agradar os millennials!

Nota: 4

NAMASTE!

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