ATENÇÃO! ESSE POST POSSUI SPOILERS!!
Quem acompanha o Blog do Rodman ou conhece seu dono e
proprietário sabe que o Homem Aranha é meu personagem preferido, e sabe também o quanto fiquei #xatiadu com O Espetacular
Homem Aranha, filme que resenhei aqui e do qual não tenho nenhum apreço.
Como até comentei no Podcast do A.I.Jovem não estava nem um
pouco a fim de ver a sequência desse filme, visto que nada no primeiro havia me
agradado e que, portanto, preconceituosamente já achava que nesse seria
semelhante. Pois bem. Apesar de todos os fatores contra, decidi ir ao cinema
para ver O Espetacular Homem Aranha 2 – A Ameaça de Electro, e apesar de não
achar essa Coca-Cola toda de que muita gente na mídia tem falado, confesso que esse
filme tem alguns fatores que me fizeram aumentar a nota para o esforço de Marc
Webb (oooooo diretor) em rebootar o Homem Aranha para a tela grande.
Pra começar, A ameaça de Electro tem atuações muito boas em
especial por parte de seu protagonista Andrew Garfield, de Sally Field que vive
a Tia May, de Emma Stone (Gwen Stacy) e de Dane DeHaan (Harry Osborn), que me
fizeram enxergar o lado humano em um universo em que pessoas andam pelas
paredes e soltam raios pelas mãos. Algumas cenas chegam a emocionar (sem
sacanagem!) tal é a veracidade com que os atores as vivem contracenando uns com
os outros, e de repente, me vi pensando “ué, não é que essa porra de filme é
legal!”. Sou péssimo em aceitar mudanças e ainda sou muito apegado aos antigos
filmes de Sam Raimi, que, embora hoje pareçam defasados devido a tecnologia de
CGI que avançou muito em pouco mais de dez anos, foi o grande estopim para a
invasão de super-heróis no cinema.
Eu nunca havia visto o Aranha se balançando
em sua teia numa tela grande, e pra época isso foi do caralho, algo que me
levou a fechar Homem Aranha 1 e 2 numa redoma onde ninguém poderia falar mal ou
achincalhar. Pois é. Mas o tempo passou, e tenho que admitir que em alguns
aspectos (e não estou falando de tudo), O Espetacular Homem Aranha 2 é SIM (oh,
Deus! Estou admitindo!) superior aos três primeiros filmes do aracnídeo, o que
não diminui em nada a emoção que vivi quando vi a população nova iorquina
defendendo o Aranha do Duende Verde ou dele freando um trem na marra após um
ataque do Dr. Octopus.
Garfield já está visivelmente velho pro papel, pelo menos no
que diz respeito as rugas, que saltam em seu rosto na cena em que ele mais
deveria parecer um moleque na formatura. As mesmas rugas que estão em sua cara,
estão nas minhas, o que levanta a questão de em quantos filmes mais ele ficaria
bem vestindo o pijama cheio de teias?
Seja como for, nada disso o impede de atuar com veracidade,
chegando a dar show na cena em que ele explica para a Tia May que o fato dele
querer saber mais sobre o passado de seu pai não o faz ser menos grato ao fato
dela ter cuidado dele desde os 6 anos. Porra, velho! A forma como ele fala
essas coisas para May chega a ser tocante.
A química entre Garfield e Emma Stone (que se pegam também
fora do cinema) é infinitamente maior do que a que (não) havia entre Tobey Maguire
e Kirsten Dunst. Enquanto o primeiro Peter Parker mais parecia um abestado
(como diria o Tiririca), morrendo de medo de se declarar para sua amada Mary Jane
(como todo bom Nerd), o Peter Parker de Garfield é mais malandro e decidido, e
as cenas em que ambos precisam demonstrar que se importam um com o outro são
autênticas, e nos fazem acreditar que Peter realmente ama Gwen, e vice-versa. Destaque
para a cena em que os dois estabelecem regras para o relacionamento deles agora
que são só “amigos”.
O namoro naturalmente se desenvolve desde o primeiro filme,
e em nenhum momento vemos que Gwen está com Peter por ele ser o Homem Aranha,
como a Mary Jane de Kirsten Dunst transparece a torto e a direito nos filmes de
Sam Raimi. Diferente da MJ biscateira que não sabe se fica com o herói ou com o
milionário, Gwen é sincera com Peter e até chega a tomar as rédeas quando ele
fica com a famosa lenga-lenga de “se eu ficar com você estarei arriscando a sua
vida. Se algum vilão descobrir que a amo bláblábláblá”. Foda-se, meu filho! Todos
os vilões dos filmes do Homem Aranha descobrem que ele é na verdade Peter
Parker, então relaxa.
Sei que é uma bosta ficar comparando, mas Dane DeHaan é um
Harry Osborn muito melhor do que James Franco, e principalmente no quesito
obsessão e sangue no zóio. Eu não conhecia esse ator, mas gostei muito do que
ele fez com seu Harry Osborn, dando-lhe um caráter muito mais assustador e
obsessivo, que combina bastante com a fase do personagem nos quadrinhos em que
ele, enfim, descobre que seu melhor amigo era na verdade o Escalador de Paredes
(não disse que todo mundo sabe?) e o culpa pela “morte” de seu pai Norman
Osborn.
Em Ameaça de Electro, não existe essa de “você matou meu
papai e vou fazê-lo pagar”, na verdade o velho Osborn morre sozinho de uma
doença (pelo que entendi) hereditária, e a razão de Harry depois querer a
morte do amigo de infância é exatamente essa: Querer seu sangue para curar a si próprio da
tal doença. Tá, eu sei. A razão é uma bosta, mas a interpretação de DeHaan é
impressionante, o que o faz ficar ainda mais assustador com aqueles olhos azuis
hipnotizantes. Lembrando que tudo que estou citando aqui é antes dele virar o
Duende Verde no filme, porque depois... Tsc! Tsc!
Dessa vez não temos Peter Parker treinando os poderes ao som
de Coldplay, mas a ação é desenfreada, o que infelizmente não justifica o 3D,
que é outra merda. Marc Webb dessa vez abusou nos efeitos digitais, e aquilo
que elogiei no primeiro filme ficou de fora, que foi ver mais Homem
Aranha feito de carne e osso na tela. O Aranha digital está presente o tempo
todo (mais do que o necessário) e embora muito melhor do que aquele bonequinho
de borracha de Homem Aranha 1 e 2, ainda não convence quando quer passar
naturalidade. Notem o Aranha subindo na torre próximo da sequência final do
filme. Tsc! Tsc! Um fiasco!
Outra coisa que me incomodou (pra caralho) no filme foi o
exagero nas cenas de ação. Uma história que se sustenta inteira na pirotecnia
já não me agrada (aconteceu em Homem de Ferro 3 da Marvel) e chega até a entediar, o que acontece em TODAS as cenas de pancadaria entre o Aranha e o
Electro (Jamie Foxx). Webb deve ter tido algumas aulinhas de filmagem em
slow-motion com Zack Snyder, porque o recurso é usado a exaustão durante o
filme, tornando as sequências lentas, longas e até mesmo previsíveis. A última luta
entre os dois parece uma PORRA DE UMA ENORME CUTSCENE DE VIDEOGAME sem nenhuma
graça e nenhuma emoção. Eu poderia estar jogando aquela merda num Xbox em vez
de estar sentado assistindo. Nesse momento eu não torci para o Aranha e nem para
o Electro, só queria ver logo o desfecho daquilo para levantar e ir embora.
O que dizer também do Homem Aranha se movendo na velocidade
da luz para salvar as pessoas na cena da escadaria? Seria Webb antevendo um novo seriado do Flash por aí? Não sei, talvez!
Deixei para o final para falar do grande vilão do filme, que
a meu ver deixou bastante a desejar, não pelos efeitos especiais que são
grandiosos, impressionantes e nos fazem crer realmente que o Electro é um
grande inimigo (o que nunca foi nos quadrinhos), mas pela atuação (pasmem) do
oscarizado Jamie Foxx. Bem, em primeiro lugar é bom acrescentar que o roteiro
nem exige uma grande atuação do Sr. Foxx, dando-lhe o papel de um Max Dillon
bobalhão e fracassado do qual sentimos mais pena do que achamos graça. Toda a
frustração de sua vida de ser um eterno “homem-invisível” parece realmente se
potencializar quando ele sofre o acidente na Oscorp que o transforma no Electro,
mas o problema é realmente esse. Dillon desaparece muito rápido quando os
poderes elétricos começam a se manifestar, e o sujeito fraco e bobo dá lugar a
um homem amargurado e cruel sem nos darmos tempo de assimilar isso. Não funciona
bem como um reprimido Bruce Banner que se torna um monstro selvagem na pele do
Hulk, é mais como se a eletricidade desse curto em seu cérebro e o fizesse
distorcer as coisas. O Aranha nunca foi seu inimigo antes, porque ele se torna
depois, segundo sua visão?
Ai, Rodman! Você é burro! A cena do telão mostra muito bem
isso aí que cê disse!
Não mostra não. Ali mais parece que Dillon foi seduzido pelo
Lado Negro da Força do que perdeu sua personalidade frágil de um homem abobalhado que
cansou de sofrer bullyng. É tão Star Wars que ele usa capuz, solta raios pelas
mãos e ainda ouve vozes!
Depois que ele se torna Electro não é mais necessário uma
grande atuação de Jamie Foxx, porque o personagem se torna um estereótipo do típico
vilão pau- mandado, que vive recebendo ordens de Harry Osborn, mais
ou menos como o Homem Areia no terceiro filme do Sam Raimi. Assim sendo,
qualquer ator mais meia-boca (e mais barato) justificaria a presença de
Electro, não precisando necessariamente de Jamie Foxx para o papel.
Continuo achando toda essa história do passado secreto de
Richard Parker uma besteira sem fim. Sei que é mais ou menos assim que as
coisas funcionam no Universo Ultimate da Marvel e que o pai de Peter tem mais
relevância na história do que o tem no Universo tradicional 616 (exceto que ele
era um agente secreto!), mas continuo achando forçação de barra pura levar
isso a enésima potência, em vez de apenas considerar que os inimigos de seu
filho surgem naturalmente, seja por suas próprias ambições ou por quererem
rivalizar com ele.
Achei as motivações dos dois vilões principais terrivelmente
fracas e tênues, e se o novo Harry Osborn esbanja atitude e maldade por um
lado, por outro lado seu Duende Verde nada mais é do que uma criatura que age
por impulso e totalmente descerebrada, mesmo tendo pouco tempo de participação
na tela. O Duende Verde Curupira (admita que parece, vai!) não serve para mais nada além
de MATAR GWEN STACY, e a razão pelo qual ele faz isso não é plausível. A amizade
entre Peter e Harry nem nos convence tanto assim para nos causar aquela comoção
de ver dois amigos saindo na porrada, como acontece nos filmes de Raimi, e isso
enfraquece bastante o filme, apesar do desfecho explodir a cabeça de qualquer
um.
Ver Gwen despencando da torre em
câmera lenta (aí sim esse recurso se justifica), a teia lentamente tentando
alcançá-la e seu corpo batendo violentamente no chão antes da teia amortecer
foi de partir o coração. Valeu pela referência a cor da roupa de Gwen, que é
idêntica a que ela usava nos quadrinhos quando morreu. As frases de Peter
quando percebe que ela está morta também são parecidas com as que ele diz no
gibi, e confesso que deixei algumas lágrimas rolarem por conta dessa cena.
Apesar dos erros e dos exageros, O Espetacular Homem Aranha –
A Ameaça do Electro (nome grande da porra!) é sim um bom veículo de
entretenimento, melhor que o primeiro e alguns pontos acima da trilogia de Sam
Raimi, em especial pela personalidade do Homem Aranha, o deixando mais
engraçado e sarcástico (a cena inicial em que ele dá uma zoada no Aleksei Sytsevich
vivido por Paul Giamatti é hilária). Seja como for, ainda prefiro o Peter
Parker menos malandrão e mais Nerd, o que justifica que o Aranha seja piadista
e infame.
Até aqui a Oscorp (com alguns projetos de Richard Parker) já
criaram o Lagarto, o Electro, o Rino e o Duende Verde, já temos uma assistente
chamada “Felícia” (a Gata Negra das HQs) que pode vir a substituir o lugar de Gwen no coração de Peter
para o terceiro filme e temos um sujeito de chapéu cuja identidade continua
oculta desde o primeiro filme. Qual outro vilão gostaríamos de ver na telona?
Eu aposto em McGargan, como Escorpião ou como Venom.
NOTA: 8
NAMASTE!