A sexta temporada de The Walking Dead começa quando Rick (Andrew Lincoln) assume de vez o posto de "xerife" de Alexandria e, sob a benção de Deanna (Tovah Feldshuh), começa a dar as ordens.
Enquanto procura um lugar para enterrar o falecido Pete — o marido corno de Jessie —, Rick acaba descobrindo uma pedreira nos arredores da cidade protegida infestada de zumbis. Sem terem para onde ir e atraídos uns pelos outros, os milhares de seres perambulantes acabaram se acumulando no vale, o que representa um perigo iminente à comunidade caso resolvam sair do lugar.
Rick se vê obrigado a agir no intuito de afastar os zumbis dali o mais rápido possível, e junto dos fiéis amigos e dos ainda assustados — e despreparados — moradores de Alexandria, ele decide colocar um ousado plano em ação.
Desde o começo da série, desde que tenta liderar o grupo no intuito de mantê-lo a salvo, é muito comum ver Rick se excedendo e colocando o "carro na frente dos bois". Pra variar, apesar de a culpa não ser totalmente dele, não demora para que o seu plano de atrair os zumbis para longe — com Daryl (Norman Reedus), Abraham (Michael Cudlitz) e Sasha (Sonequa Martin-Green) liderando a comissão de frente da bateria de zumbis — dê errado.
Embora enfrente a desconfiança dos moradores mais antigos de Alexandria — afinal, ele matou Pete a sangue frio na frente de todo mundo —, tudo está correndo perfeitamente bem até que um som ensurdecedor vindo da região da cidade murada começa a atrair mais da metade dos zumbis justamente para o lugar de onde eles deviam se afastar.
Sem que Rick saiba, Alexandria está sendo atacada e nesse desvio de percurso dos "walkers", vários membros da comunidade de Deanna perdem suas vidas.
O ataque da matilha
Em busca de novos moradores para a sua comunidade, Aaron (Ross Marquand) pede a ajuda de Daryl para rastrear possíveis adeptos, confiando no julgamento do cara quanto a separar os bons dos maus.
Em uma de suas inspeções a lugares afastados, no entanto, a dupla acaba caindo na armadilha feita em uma parada de caminhões e, de repente, se vê cercada por centenas de zumbis presos em contêineres.
Sem alternativas e selados dentro de um carro, Daryl e Aaron acabam sendo salvos pela figura enigmática de Morgan (Lennie James), que já estava de olho naquele lugar há bastante tempo e que sabia sobre as armadilhas.
Em seu desespero, o pacato Aaron acaba largando a sua bolsa para trás e nela, posteriormente, são encontradas as fotos que ele usa para convencer as pessoas de que Alexandria é real e que o lugar é mesmo seguro de zumbis.
Essa aparente fortaleza acaba atraindo a atenção dos Lobos, uma gangue violenta que marca seus próprios membros com um "W" na testa (de Wolf) e que está determinada a "libertar" a sociedade dos muros que as prendem.
Não há muito significado nesse discursinho de Charles Manson dos líderes da gangue, mas a meu ver, o ataque brutal dos caras à cidade e a chacina que eles promovem nas ruas de Alexandria se assemelham e muito ao caso real da atriz Sharon Tate que foi brutalizada e morta junto dos seus amigos dentro de um condomínio em Los Angeles nos anos 60 apenas porque SIM.
Até em aparência os Lobos lembram bastante a "família" Manson – retratados mais recentemente em filmes como Era Uma Vez... em Hollywood do Tarantino e no terrível A Maldição de Sharon Tate —, mas se os Lobos são mesmo uma alusão aos hippies sanguinários de Manson, isso não ficou claro na série.
Desprovidos de seus maiores "guerreiros" e vulneráveis ao ataque violento dos Lobos, os moradores de Alexandria acabam tendo que se virar com quem ficou pra trás e é aí que surge o protagonismo de Carol (Melissa McBride).
O ataque inesperado acaba matando muitas pessoas inocentes e cabe a ela, a Carl (Chandler Riggs), Rosita (Christian Serratos) e Tara (Alanna Masterson) tentarem evitar o pior.
Em sua nova versão "guru espiritual" Morgan se recusa a matar qualquer pessoa que se meta em seu caminho, imbuído agora dos ensinamentos do Aikidô — que ele aprendeu num treinamento intensivo de alguns dias com um queijeiro, durante as suas viagens atrás do rastro de Rick — e isso acaba gerando grandes conflitos entre ele e Carol.
Ao se decidir poupar a vida de um dos Lobos com quem ele já havia se encontrado na estrada anteriormente, Morgan permite que o cara sequestre a pacífica médica Denise (Merritt Wever) e quase causa uma tragédia ainda maior.
Um dos questionamentos a que a série nos permite é: Mesmo em um Apocalipse zumbi onde todo mundo vivo pode ser um inimigo, vale a pena apelar para a sua própria consciência e apostar na reintegração social daqueles que um dia te feriram?
Plano desfeito
A buzina do caminhão com que os Lobos tentaram arrombar os muros de Alexandria atrai mais da metade dos zumbis da estrada, e quando os mortos começam a andar sem controle em direção à cidade, o grupo de Rick se dispersa e se perde no caminho.
Michonne (Danai Gurira) e Glenn (Steven Yeun) acabam tendo que fazer a segurança de um grupo que se encontra ferido e cansado pela jornada percorrida, mas logo percebe que nem eles aguentariam mais alguns rounds contra os zumbis. Preso com os outros em um depósito e sem alternativas, o coreano decide aceitar a sugestão de Nicholas (Michael Traynor) de queimar um prédio a fim de atrair os mortos e os dois saem do local deixando a dona da katana como líder.
O plano, óbvio, não vinga, e ao mesmo tempo que Glenn e Nicholas são apanhados por uma horda de mortos-vivos, Michonne e seus colegas são obrigados a deixar o depósito, apenas para encontrar mais morte no caminho.
Enquanto Daryl decide se desprender de Abraham e Sasha na estrada para ajudar os outros, Rick corre sozinho de volta ao trailer móvel, apenas para também ser emboscado por remanescentes do ataque dos Lobos à Alexandria.
Ele está chegando
Sozinho com sua moto, Daryl acaba numa trilha de mata onde encontra rastros recentes de um incêndio. Como sempre acontece, ele acaba sendo surpreendido por um trio de fugitivos que lhe rendem e lhe roubam a mochila, a besta e os seus mantimentos.
Puto da cara por ter sido roubado, o Wolverine de The Walking Dead rastreia o sujeito junto das duas moças e recupera os seus bens. Daryl, então, descobre que uma das garotas é diabética e que precisa de doses de insulina pra se manter viva.
Quando um grupo armado surge na mata também seguindo a pista do trio, Daryl decide deixar o seu lado de bom-moço falar mais alto e oferece ajuda a Dwight (Austin Amelio), Tina (Liz E. Morgan) e Sherry (Christine Evangelista).
Num vacilo inacreditável, logo após receber a sua dosagem de insulina na veia, Tina é atacada por zumbis queimados — e, aparentemente, inertes no chão — e acaba sendo devorada.
Quando Daryl consegue deter os perseguidores de Dwight, no entanto, ele é traído novamente e tem todos os objetos — e a moto — roubados desta vez. Para a sua sorte — e um "roteirismo" absurdo a seu favor —, ele encontra um caminhão-tanque camuflado em meio à mata e parte para se juntar novamente à Sasha e Abraham.
Impressionante como o combustível continua farto nesse mundo pós-apocalíptico de The Walking Dead mesmo passado anos do Dia Z e da quase extinção dos seres humanos pensantes!
Depois de nos distrair com uma quest inútil que serve apenas para que Abraham consiga um lança-foguetes numa parada militar com Sasha, Daryl e seus dois companheiros estão retornando para casa, quando são parados num bloqueio de estrada por um grupo fortemente armado.
Prontos a levar tudo que há com eles dentro do caminhão e a matá-los no processo, o tal grupo diz responder a um tal de Negan e alega que está ali para defender seu território.
Enquanto eu me perguntava como que o Abraham no comando do caminhão não viu o comboio parado no meio da rua antes e por que eles já não desceram da cabine atirando, é o Daryl que surge com o lança-foguetes nos braços e despacha os inimigos numa das cenas mais surpreendentes da série.
É pra aplaudir de pé, igreja!
A paz volta a reinar… ou não!
Depois do ataque dos Lobos, mesmo cercados por todos os lados pelos zumbis da pedreira, Rick e seu grupo voltam a respirar um pouco mais aliviados, embora Glenn ainda esteja desaparecido.
Enquanto Maggie (Lauren Cohan) e Aaron armam uma maneira de deixar Alexandria pelo subsolo a fim de resgatar o marido da moça, Rick arranja um tempo para trocar uns beijos com a viúva de Pete, Jessie (Alexandra Breckenridge).
No dia seguinte, no entanto, enquanto eles pensam no que fazer para reforçar a segurança do lugar e impedir a entrada dos mortos, uma velha torre da cidade acaba ruindo e despenca bem em cima de uma parte do muro. Quase como se tivesse um capacho no chão escrito "bem-vindos", os zumbis, então, começam a invadir Alexandria e aí é um verdadeiro "barata voa".
Glenn é salvo
A morte de Nicholas acaba servindo para mascarar a fuga de Glenn que se salva ao se meter embaixo de um caminhão. Desarmado e prestes a morrer de sede — ou comido pelos zumbis —, o coreano acaba recebendo a ajuda de Enid (Katelyn Nacon), a garota rebelde amiga de Carl que estava para fora dos portões de Alexandria logo que se deu o ataque dos Lobos.
Os dois juntos decidem voltar para casa sem saber o que se passou por lá, mas quando chegam, se deparam com a invasão zumbi. Glenn avista Maggie encurralada em cima de uma coluna cercada por mortos e pede a ajuda de Enid para salvar a sua esposa.
Além dos portões, Rick, Michonne e Carl tentam levar Jessie e seus filhos até o arsenal a fim de terem mais chances de expulsar os zumbis, mas o garoto mais novo, Sam, tem um ataque de pânico em meio aos monstros e acaba sendo devorado.
Desesperada, Jessie se vê sem ação ao presenciar a morte do filho e é comida viva em seguida. Frustrado por todas as mortes em sua família que ele acha ser culpa de Rick — e de certa forma é mesmo! —, Ron, o filho mais velho de Jessie, decide eliminar o xerife com a sua arma, mas enquanto é empalado por Michonne, ele atira e acaba acertando o olho de Carl.
Adeus, Denise.
Em The Walking Dead, coadjuvante que conta a sua história num determinado episódio e ganha algum destaque acaba morrendo logo em seguida e é o que acontece com a pobre Denise em "Duas vezes mais longe" (o 14º da 6ª temporada).
Ao revelar para Daryl e Rosita que há uma loja de departamento com uma farmácia em seu interior num ponto da cidade, a médica loira decide acompanhá-los em sua jornada, apesar da pouca experiência em campo.
Não dispostos a bancarem as babás e achando aquela uma péssima ideia, a dupla mais experiente, no entanto, aceita a companhia de Denise, que na volta, já com as suas mochilas abarrotadas dos remédios que eles encontraram, revela que, na verdade, deu a ideia do "passeio" porque Daryl a fazia se lembrar do seu irmão e porque Rosita estava se sentindo solitária após ser abandonada por Abraham.
Aliás, um parênteses aqui pra comentar a atitude babaca do Abraham em largar a Rosita após comentar que "eu só fiquei contigo porque eu achava que você era a última mulher do mundo, mas agora não é mais!". Tremendo pau no cu. Tudo isso porque ficou de fogo com a Sasha!
Voltando a Daryl, Denise e Rosita…
Durante o seu discurso, a pobre Denise é atingida por uma flecha e quando a câmera se volta para o seu agressor, o espectador descobre que é o mesmo sujeito que roubou as coisas de Daryl há algum tempo, Dwight, e ele está empunhando a sua besta.
O começo da merda toda
Salvos por Abraham que estava em outra quest com Eugene (Josh McDermitt), Daryl e Rosita lamentam a morte da única médica da cidade e, uma vez de volta à proteção dos muros, o arqueiro se vê inquieto por ter permitido que Dwight e seu bando escapassem.
Incapaz de deixar a morte de Denise sem punição, Daryl decide sair à caça do bando que os emboscou, o que obriga Glenn, Michonne e Rosita a irem atrás dele antes que ele faça uma cagada.
A essa altura, Rick já sabe que um grupo fortemente armado liderado por alguém chamado Negan os está espreitando e o xerife prevê as coisas terríveis que podem acontecer com os seus amigos.
Nesse ínterim, é a vez de Carol ter uma crise de consciência pelas mortes causadas por ela durante a invasão dos Lobos à Alexandria e também durante a investida de Rick a um dos QGs dos autointitulados "Salvadores" — o grupo de Negan —, e ela decide ir embora para não ter mais que lidar com nenhum dos problemas causados por se preocupar com a segurança de alguém.
Temeroso pela vida da "mãe de todos", Morgan decide sair em seu rastro e ele é acompanhado por Rick.
Hilltop
Depois de descobrirem por meio de Jesus (Tom Payne), um andarilho com quem Rick e Daryl toparam na estrada, sobre uma colônia farta em produtos de subsistência chamada Hilltop, Maggie decide assumir as negociações de troca mútua de benefícios com o chefão do lugar, o intransigente Gregory (Xander Berkeley).
Após conhecer o lugar que se assemelha a uma fazenda rica em alimentos agrícolas — afinal, o agro é pop! — e perceber que eles têm muito mais recursos que a já desgastada Alexandria, o grupo de Rick assume um compromisso com Gregory: metade da sua produção de comida em troca de livrar Hilltop das ameaças dos Salvadores, que como bons milicianos, ficam com quase tudo que a comunidade produz pela segurança do lugar.
Em sua arrogância — e realmente pensando na subsistência do seu pessoal — Rick assume o compromisso de atacar os Salvadores em uma de duas bases achando que pode lidar facilmente com a coisa, e tudo está correndo bem até que Maggie e Carol são feitas de refém logo depois deles passarem geral dentro da instalação.
Num episódio carregado de emoção com o foco nas mulheres dos dois grupos, as duas aliadas de Alexandria acabam tendo que se virar sozinhas enquanto Rick e Glenn procuram chegar até elas.
É após esses eventos — em que ela se vê obrigada a implorar pela vida de Maggie e do bebê em seu ventre — que Carol chega ao seu limite e decide abandonar o grupo.
Negan
São muitos os altos e baixos que The Walking Dead sofre a partir da quarta temporada e confesso que o que mais me cansava na série era o fato de ela viver dos mesmos clichês de sempre em looping como "eles ficam cercados por zumbis"; "eles acham um lugar seguro"; "eles perdem o lugar seguro"; "eles caem na estrada"; "eles acham outro lugar seguro". Mas o que mais me incomodava mesmo era a questão de eles irem topando com "chefões" cada vez mais poderosos no caminho.
Como em Dragon Ball ou em qualquer jogo de videogame, o próximo chefe é sempre o mais perigoso… E Negan (Jeffrey Dean Morgan) parece ser a personificação desse chefe mais cabuloso de fase. É aí que dá pra sentir um crescente no roteiro dos episódios.
Depois de Daryl explodir seus comparsas na estrada com um lança-foguetes, de Rick e seu grupo matarem seus amigos no QG dos Salvadores e de Maggie e Carol assassinaram as mulheres "salvadoras" num dos seus esconderijos, Negan, enfim, percebe que pode ter um problema com o xerife de Alexandria, e decide mostrar a ele porque é dono de metade das comunidades ainda existentes na Terra — diga-se o estado da Geórgia nos EUA.
Quando Maggie começa a passar mal por conta do bebê e eles se veem sem um médico a bordo, cabe a Rick e seus melhores "guerreiros" seguirem para Hilltop onde um obstetra — o doutor Carson — que já tratou da moça pode atendê-la.
Enquanto eles viajam no trailer pelas estradas que vão conduzi-los até a fazenda de Gregory e Jesus, o grupo se vê impedido de passar por comboios armados que falam em nome de Negan.
Por mais que tentem fugir, eles se veem cada vez mais sem saída e com Maggie cada vez pior de saúde na parte de trás do motorizado.
Não querendo arriscar um conflito armado e nem pôr a vida da esposa de Glenn em risco, Rick tenta uma última cartada que é seguir a pé pela mata levando Maggie em uma maca, enquanto Eugene atrai a atenção dos Salvadores com o caminhão pela estrada.
Provando ser onipresente e deixando bem claro que conhece muito melhor a região do que o grupo de Rick, os homens de Negan empurram os moradores de Alexandria até uma clareira onde os cercam e os deixam à mercê de seu numeroso exército.
Eu voltei a acompanhar TWD na época apenas para assistir a esse episódio específico quando ele foi veiculado pela primeira vez na TV — e sim, também atraído pelo que já tinha de informação das HQs. Muita coisa tinha se apagado da minha mente, mas eu não me lembro de ter sentido tanta revolta e tanto ódio por um personagem como senti de Negan por tudo que ele faz em "O último dia na Terra" (16º da 6ª temporada).
Eu acompanhei Game of Thrones em seu ápice e nem os episódios do Casamento Vermelho e a morte do Ned Stark me deixaram tão abalado emocionalmente.
O joguinho de "uni dune tê", a crueldade com que o personagem abate um dos amigos de Rick e a maneira humilhante com que ele quebra o psicológico do xerife é de uma violência gráfica que eu nunca vi igual em uma série.
Podem falar o que quiser de TWD, mas se tem algo que, muito provavelmente, The Last Of Us jamais vai chegar perto é desse poder de chocar o público que a série baseada nas HQs de Robert Kirkman é capaz.
Eu não sei de onde vem esse desejo insano de acabar com o psicológico dos espectadores que estão torcendo pelos seus personagens mais queridos, mas nesse ponto esses caras estão de parabéns. Que filhos da puta! Passei mais da metade dos episódios quase que literalmente com o cu na mão de aflição.
Na sexta temporada, a máxima de que os zumbis nem de longe são a verdadeira ameaça do mundo pós-apocalíptico é elevada à décima potência com a chegada de Negan e seus asseclas. Que personagem desgraçado!
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