17 de fevereiro de 2012

O Espetacular Homem Aranha: Reboot? Prequel? Sequência?

Dia 3 de Julho de 2012 estreia o Espetacular Homem Aranha, filme que até agora não foi declarado como uma sequência da trilogia de Sam Raimi (com Tobey Maguire no papel título) e nem se assumiu como um reboot.
Mas afinal, o que vai ser esse novo longa?
Segundo Mark Webb, o diretor da bagaça, podemos entender o Espetacular Homem Aranha como um recomeço para o herói aracnídeo nos cinemas, e que a ideia por traz disso é não permitir que os direitos do personagem voltem para a Marvel e fazer mais dinheiro com uma nova franquia aproximar mais o personagem de seus jovens fãs, aqueles mesmo que Joe Quesada, o manda-chuva da editora, pensou quando aprovou o Pacto com o Mephisto.
E aí? Essa iniciativa de reiniciar a franquia do personagem no cinema com elenco e diretor novos me agradou?
Nem um pouco.

Eu sou um fã declarado dos dois primeiros filmes da trilogia iniciada em 2002 pelo diretor Sam Raimi, um cara que como eu, era um apaixonado pelo personagem desde criança e que também havia conhecido o personagem por um gibi de seu irmão.
Fui assistir ao primeiro filme no cinema e fora indescritível a sensação de estar vendo pela primeira vez meu herói de infância na telona, saltando pelos prédios, escalando paredes e soltando sua teia.

À princípio tudo era mágico. Vibrei junto com Peter Parker ao vê-lo subir pelas paredes pela primeira vez ao descobrir seus poderes, quando ele soltou sua teia e quando ele se deslocou pela cidade de Nova York em busca do assassino do Tio Ben.
Era como a realização de um sonho ver o Homem Aranha, enfim, no cinema em live action e essa forma de ver o primeiro filme é que acabou fazendo com que eu criasse um vínculo afetivo com ele, e o que me faz resistir à ideia de que tudo vai ter um novo começo e que vão mudar a história de novo.

O fato é que, a forma como o terceiro filme de Raimi fora conduzido (embora tenha sido o que mais faturou dos três), todos os problemas que ocorreram na produção, divergências de ideias entre o diretor e a produtora e a má recepção do público, impossibilitaram que houvesse um Homem Aranha 4, e a Sony (detentora dos direitos do personagem para o cinema) achou melhor demitir Raimi, Maguire e Kirsten Dunst e começar tudo de novo, do zero.
Por outro lado, na Warner/DC, ocorreu a mesma coisa com o Batman, que chegou ao fundo do poço qualitativamente falando com o sofrível Batman & Robin de Joel Schumacher mas que conseguiu renascer das cinzas com Christopher Nolan e seu Batman Begins, anos mais tarde.

Conseguirá Webb triunfar onde Raimi fracassou tal qual Nolan com relação a Schumacher?
Ainda é cedo pra dizer, mas a meu ver, O Espetacular Homem Aranha está tão subestimado por mim quanto estava Batman Begins na época de sua estreia.
As pressões do estúdio fizeram com que Raimi enxertasse vários elementos que ele, publicamente, já havia declarado que não gostava (Venom, por exemplo) e na busca obsessiva em fazer muitos milhões, a Sony não deixou que Homem Aranha 3 fosse como o diretor queria à princípio (pelo menos é nisso que todo mundo quer acreditar). O resultado?
Uma vergonha alheia de dar dó disfarçada de filme do Homem Aranha.
Em O Espetacular Homem Aranha, estrelado dessa vez por Andrew Garfield, ator de 28 anos, alguns conceitos serão reformulados, como a inserção dos velhos disparadores de teia (com Raimi a teia do Aranha era orgânica) e, aparentemente, uma participação mais palatável dos pais de Peter Parker na história.

Nos quadrinhos, Richard e Mary Parker eram espiões americanos que morreram em um acidente de avião, deixando o pequeno Peter para ser criado pelo irmão de Richard, Ben e sua esposa May.
Alguns anos mais tarde, chegou-se a utilizar o plot "espionagem" em retcons que fizeram com que os pais de Peter trabalhassem no passado até com Logan, antes dele se tornar Wolverine, em uma história desenhada pelo Romitão.
Pouco antes da Saga do Clone, Richard e Mary retornaram, alegando que a história de sua morte era um engano, porém, tudo não passava de um plano "muito bem" engendrado pelo Camaleão, a mando de Harry Osborn.

Como isso será retratado no novo filme, ainda é um mistério, mas vemos um vislumbre disso no trailer veiculado recentemente.
O vilão da vez é o Lagarto, cuja aparência ainda era um segredo, até que algumas imagens de bonecos (ou action figures) acabaram entregando o visual do personagem, que mais está parecendo o Crocodilo, vilão do Batman.

Curiosamente, a Sony e os roteiristas decidiram usar o vilão que era o mais óbvio da trilogia de Sam Raimi, já que o Doutor Connors (vivido pelo ator Dylan Baker) estava na história desde o primeiro filme e nunca fora usado como antagonista do Aranha. Dessa vez, Curt Connors será vivido por Rhys Ifans e cabe agora aos fãs aguardarem como será o desenvolvimento do personagem no filme.
Confesso que estava de má vontade com esse filme e nem estava muito preocupado em vê-lo nos cinemas (talvez esperasse ver em DVD), mas duas coisas me fizeram pensar melhor e resolvi dar uma chance.
A primeira, foi a participação de Andrew Garfield na Comic-Con de 2011, em que o ator surgiu no palco vestido com uma fantasia tosca de Homem Aranha e que se mostrou nervoso e emocionado em estar ali como mais um fã.


Muito do que ele disse diante do pessoal que o assistia fez com que eu me identificasse, e sua paixão pelo personagem ficou bem clara em suas palavras:
"Esse deve ser o dia mais incrível da minha vida. Eu sempre quis vir na Comic-Con, no Hall H, como Homem-Aranha. Esse sempre foi meu sonho. Então muito obrigado por me receberem. Vocês não tem idéia do que isso significa pra mim. Eu sempre quis vir aqui como um fã, e essa é a minha primeira vez, então aqui estou, como um fã. Eu só queria falar algumas coisas. Eu vou apresentar esse painel, de o Espetacular Homem-Aranha. Stan Lee disse que o motivo pelo qual o Aranha é tão popular é porque todo mundo consegue se identificar com ele, e eu concordo. Eu precisava do Aranha na minha vida quando eu era criança, e ele me deu esperança. Em cada quadrinho que eu lia, ele estava vivendo a minha fantasia e de todo moleque magrelo de ser forte, livre do corpo em que nasceu, e ter aquela sensação de praticamente voar. E ao receber o seu poder, ao invés de se corromper, ele o usou para o bem. E eu acho que todos nós queremos ter a coragem de nos defendermos, defender as pessoas que amamos, ou um estranho que está sendo maltratado, e Peter Parker me ensinou a ser mais forte. Ele me fez, Andrew, mais corajoso. Ele me fez acreditar que fazer a coisa certa vale a pena. Vale o esforço, a dor, até as lágrimas, machucados e o sangue.E , e, e eu não poderia estar aqui na frente de vocês hoje sem a sensação de que o Homem-Aranha está aqui, com a mão no meu ombro, me assegurando que eu não caia e me machuque. Ele inspirou inúmeras pessoas: garotos, garotas, homens, mulheres, todos nós e ele salvou vidas. Ele salvou a minha vida. E eu devo isso ao Cabeça de Teia, e ao Stan The Man...".


O cara citou Stan Lee, disse que espelhava sua vida na de Peter Parker e que o Aranha era o símbolo do que ele queria ser, e há muito de mim mesmo nessas palavras. Embora eu visse o Superman como o herói máximo, o símbolo da destreza e da força, era com o Aranha que eu me identificava mais na infância, por ser igualmente magrelo, tímido, fracassado nos esportes e desprovido de sorte. Nesse momento, Garfield ganhou muitos pontos comigo, embora suas primeiras fotos divulgadas como o personagem, com aqueles trajes meio de mendigo, corte de cabelo do PC Siqueira e skate tenham me criado uma visão negativa acerca do ator à primeira vista.



"Esse merda não tem nada de Peter Parker".
Na época do lançamento do primeiro filme eu achava Tobey Maguire a cara do personagem. Ele tinha feição de idiota, agia como idiota, mas passava firmeza quando seu Peter Parker precisava demonstrar uma atitude mais heróica (a cena do trem no 2º filme ainda é imbatível).
Hoje alguns acusam que Tobey Maguire estava "bombado" demais para ser o Aranha e que a versão mais filé de borboleta de Andrew Garfield faz mais jus ao personagem.


Eu discordo, até porque as primeiras versões que conheci do Aranha nos quadrinhos eram mais troncudas, desenhadas por John Romita Sr e depois imitadas por seu filho Romitinha. Claro que se pensarmos nos desenhos de Steve Ditko e mais tarde nos de Ron Frenz, realmente o Aranha devia ser um magricela mesmo, mas a meu ver, o físico de Maguire não o destoava tanto assim do personagem.
A segunda coisa que me fez pensar melhor sobre o novo filme, foi seu segundo trailer, que conseguiu me convencer a ver a bagaça na semana de estreia:

O trailer é bem movimentado, e a montagem deu aquele ar de aventura, que era tão característico nos filmes de Raimi, o que me despertou uma vontade, que até então não existia, em ver o filme.
Em Julho estarei lá para conferir a empreitada de Mark Webb, e voltarei aqui para resenhar o filme seja ele bom ou uma bomba a nível Elektra ou Motoqueiro Fantasma.
Além de Garfield e Rhys Ifans, também estão no elenco Martin Sheen como Tio Ben, Sally Field como Tia May e Emma Stone como Gwen Stacy.
E que Stan Lee nos proteja de mais uma vergonha alheia com o Aranha. O personagem já sofreu demais em mãos inescrupulosas, tomara que ele escape de mais uma!

NAMASTE!

15 de fevereiro de 2012

Galeria do Rodman #6

Na época em que eu desenhava com mais frequência, raramente eu fugia do filão personagens de quadrinhos, mas quando ousava, gostava de desenhar rostos de pessoas para praticar os detalhes como sombreamento, marcas de expressão (porque não dizer rugas também) e em especial os olhos. Eu sempre gostei de desenhar e pintar olhos.
Folheando uma edição velha de carros do meu irmão, certa vez, me deparei com uma foto de página inteira do campeão de Fórmula 1 Ayrton Senna e uma matéria sobre o acidente que o tirou das pistas para sempre no fatídico dia 1º de Maio de 1994. Na ocasião já se faziam dez anos de sua morte, e pensei porque não podia fazer uma homenagem àquele que foi o ídolo do esporte, assim como Pelé, para muitas pessoas, e cara que representava toda a determinação e garra que sempre fora necessário nesse tipo de profissão onde sua própria vida é arriscada a cada corrida. Realmente valia a pena fazer uma singela homenagem, e então comecei a desenhar.

Esse desenho, assim como os demais da Galeria, foi feito todo a mão, com lápis HB e 2B, sem hachuras ou qualquer outro acabamento. Gostava de fazer o detalhamento ainda com o lápis de cor preto, com o qual contornava algumas partes do rosto como os olhos e as sobrancelhas, e terminava primeiro os cabelos para só então começar a texturizar a pele.
Sombreamento pronto, eu passava uma camada bem leve de lápis de cor marrom e já trabalhava o volume do nariz, bochechas e pálpebras, forçando um pouco a ponta. Sempre detestei aquela cor de burro quando foge meio bege da caixa de lápis que o pessoal na escola costumava usar para pintar pele, então optava por aquele rosa salmão mais claro, misturando-o com o próprio marrom. Mais tarde só usava o rosa para aumentar o brilho das partes volumosas do rosto, e trabalhava o desenho quase todo com os tons de marrom da caixa de 36 cores.

Todo o trabalho de pintura costumava levar de dois a quatro dias para ser terminado. Desenhistas, mesmo os aspirantes e pretensos, costumam ficar aperfeiçoando sua arte, sempre mexendo em um retoque aqui ou ali, por isso, dá a impressão que a merda do desenho nunca fica pronto. Na verdade nós não teminamos NENHUM desenho, nós nos livramos dele quando achamos que se mexer mais vai acabar ficando pior do que já está.

Nessa época eu ainda não trabalhava com nanquim, portanto fazia alguns detalhes, como fios de cabelo, com caneta esferográfica mesmo.
No Photoshop só retoquei mesmo as sombras e alguns aspectos de brilho que me incomodavam, mas basicamente mantive como o original.

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Em 2014 já serão vinte anos da morte do ídolo das pistas, e será que até lá surgirá algum piloto brasileiro com a mesma garra e determinação que Senna tinha e com o qual ele conquistou três campeonatos?
Seu sobrinho Bruno Senna já segue seus passos, agora na equipe em que o tio faleceu, a Willians, quem sabe seja ele o responsável por honrar, enfim, o nome e o símbolo de Ayrton nos autódromos pelo mundo, e fazer tremular a bandeira do Brasil mais uma vez após as vitórias?
Fica a Torcida.

Toca o Tema da Vitória aí!!




Ayrton! Ayrton! Ayrton Senna do Brasil!!

NAMASTE!

8 de fevereiro de 2012

SOPA, PIPA, ACTA e a WWW (World War Web)

Quem diria que sobreviveríamos para presenciar em nossos browsers, diante de nossas telas de LCD aquilo que quase se tornou a primeira WWW (World War Web)!
Por muito pouco, dois projetos de lei criados nos Estados Unidos, o SOPA (Stop Online Piracy Act) e o PIPA (Protect IP Act) quase colocaram abaixo a Rede Mundial de Computadores durante as primeiras semanas de 2012, movimentando nerds e usuários regulares de Internet em todo o mundo a protestarem pelo direito de utilização livre da web. Se os projetos fossem aprovados, seria uma questão de tempo até que sites que disponibilizam conteúdo, digamos, não autorizado, estivessem fora do ar (incluindo este em que você está lendo isto!), impossibilitando milhões de usuários de fazer aquele download nosso de cada dia.

Pense naquela série que você assiste direto de seu computador, sentado confortavelmente em sua cadeira enquanto bebe sua Smirnoff Ice e come um Fandangos. Num belo dia você acordaria, ligaria seu PC e entraria naquele site onde você costuma baixar sua série favorita, e o que ia ver na tela, em vez daquela barrinha verde carregando seu arquivo gratuitamente para seu HD, seria uma imagem do FBI, alegando que o que você está tentando fazer infringe a lei de direitos autorais da indústria cinematográfica, televisiva ou o raio que o parta.

Seria algo como o fim do mundo, não?
Pois é. Foi mais ou menos isso que quase aconteceu.

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O primeiro golpe foi dado contra o site (que acabou se tornando um verdadeiro conglomerado) Megaupload (chamado de “Mega Conspiração” por seus detratores), de propriedade do alemão Kim Schmitz, preso na Nova Zelândia em sua própria casa por “crimes” de concessão de direitos autorais de terceiros. Segundo a divulgação do FBI, Schmitz possuía uma verdadeira fortaleza, onde ele guardava além de automóveis milionários, obras de arte e até armas, tudo isso graças a seu site e seus derivados.

Com a queda do Megaupload e outros sites de compartilhamento de conteúdo, vieram os protestos daqueles que começaram a se sentir lesados, e o grupo Anonymous, famoso na rede por intervir contra o cerceamento da liberdade na web, acabou derrubando na noite do dia 18 de Janeiro o site do FBI, de empresas fonográficas como a Sony e de cartões de crédito como a VISA, através de acessos múltiplos conhecidos como DDoS (Distributed Denial-of-Service), algo como um ataque de negação de serviço que faz com que o servidor onde o site está hospedado ceda após vários acessos seguidos e saia do ar por algum tempo.


Na Internet, os caras do Anonymous aparecem em seus vídeos “institucionais” com a máscara do Guy Fawkes (a mesma usada em V de Vingança, a HQ de Alan Moore), que originalmente foi um revolucionário inglês que pretendia derrubar o rei protestante Jaime I explodindo o Parlamento do Reino Unido. Trocando em miúdos, quem usa essa máscara, assim como o personagem de Moore, está querendo “tocar o terror” em alguma organização grande, e quer causar anarquia em prol daquilo que acha que é certo. Quer causar revolução.


Na madrugada do dia 18, o grupo Anonymous postou várias mensagens no Twitter dizendo que aquela seria "uma noite divertida e engraçada", se referindo aos ataques aos sites do FBI, Sony e VISA, em retaliação à derrubada do Megaupload.

Peraí, Rodman. Então quer dizer que o Alan Moore é quem incitou os caras do Anonymous a atacarem o FBI e declarar guerra ao sistema totalitário e a autoritário estado-unidense? É isso?? Malditos Yankees!!

Não, sua mula! O escritor barbudo não tem nada a ver com esses ataques, e é importante separar ficção de realidade.

Mas Rodman, todo esse auê é só porque alguns usuários não vão mais poder baixar seus episódios de Fringe, Alcatraz ou Supernatural?

Na verdade, a ação do SOPA, do PIPA, do Europeu ACTA (Anti-Conterfeiting Trade Agreement) e da brasileira Lei Azeredo, começaria de mansinho, o que muitos acreditam que se tornaria um imenso e irreversível autoritarismo da web, que não ia nos permitir divulgar ou compartilhar nada que não fosse de nossa própria autoria em blogs, redes sociais ou sites de terceiros. Até mesmo aquele compartilhamento de piadinhas e memes pelo Facebook que tanto a molecada gosta de fazer, ou a indicação de links pelo Twitter, seria taxado como infração a um sem número de leis, o que tornaria inúteis as redes sociais.

Dá pra ir além. Se você quisesse compartilhar uma foto sua, tirada por sua câmera em seu quarto ou na cozinha, em frente ao espelho, e ao fundo aparecer alguma marca de televisão, de computador ou de, sei lá, geladeira, você não poderia postar essa foto. Dá pra acreditar?

Pois é.

Esses projetos de lei iam acabar engessando toda e qualquer ação que costumeiramente o usuário comum executa na web, como fazer uploads de arquivos, downloads de filmes, séries, músicas, programas utilitários e revistas. Seria impossível pegar qualquer conteúdo na Internet da forma como fazemos livremente hoje em dia, e se caso houvesse algum site que disponibilizasse esse tipo de arquivo digital, não seria gratuito, claro.

OK. Acho que o público médio, esse que consome realmente produtos como DVD, Blu-Ray, revistas e programas originais de computador podem sobreviver não podendo mais baixar nada de forma gratuita na Internet. Como colecionador, eu adoro comprar DVDs de meus filmes preferidos e ainda abarroto caixas de HQs, mas teria que abrir mão daquele filme de qualidade duvidosa que eu não compraria o DVD e nem tampouco veria na TV, uma vez que não poderia mais baixa-lo. Posso viver sem isso? Posso. Mas e quanto à privacidade na rede?

Ah, mas Rodman, no meu e-mail ninguém mexe. Ninguém sabe sobre aqueles e-mails com fotos da Playboy que meus colegas me mandam!!
Ledo engano, caro padawan.

Sabemos que hoje em dia os e-mails pessoais e nossos HDs são nossa única forma de privacidade no que se refere a conteúdo digital, já que todo o resto as pessoas costumam sair espalhando por aí pelo Facebook e pelo Orkut. Mas o que aconteceria se, esses mesmos caras que tentaram sancionar essas leis, tivessem total liberdade para invadir seu e-mail, hackear seu IP, controlar o tráfego de pacotes do que circula em seu computador e bloquear tudo o que fosse considerado “ilegal”, como acontece em países como a China, por exemplo?


Claro, não sou ingênuo de imaginar que isso já não possa acontecer hoje em dia, nesse momento, mas gosto da sensação de que tenho algo de particular guardado comigo como vídeos e fotos de família, e que ninguém tem o direito de invadir esse meu mundinho. OK. Eu sou um sonhador!
Com SOPA, PIPA, ACTA e a Lei Azeredo sancionadas e ativas, nada na Internet seria território seguro, e você estaria em um enorme Big Brother (não o programa da Globo, seu boçal), vigiado a cada passo que desse na “super rodovia da informação”, e censurado a cada tentativa de escapulir do regime ditatorial imposto por aqueles que não querem mais perder dinheiro com nossos downloads gratuitos.
É absurdo, mas seria assim.
Mas quem apoiou esses projetos de lei?

Grandes corporações como a Disney (e aí podemos englobar os canais de TV por assinatura, os estúdios, a PIXAR e até a MARVEL!), Universal Music, Time Warner e CBS se mostraram a favor da criação de leis que limitassem o que se pode “consumir” na Internet. Algumas das empresas citadas até colaboraram com senadores e deputados americanos que desenvolveram esses projetos e o motivo é só um: Perda de grana.

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Quando baixamos um filme ou mesmo uma música em MP3, em geral não pensamos muito em como aquele ato pode estar prejudicando os responsáveis por criarem o material. Claro que as indústrias do entretenimento são bilionárias e você chega a pensar “Ah, o que um ‘downloadezinho’ vai fazer?”, mas agora pense em larga escala. Você, o seu vizinho, os vizinhos do vizinho, os vizinhos das cidades vizinhas, dos estados vizinhos e dos países vizinhos também estão fazendo a mesma coisa, e o que é pior (ou melhor, no nosso caso!), sem pagar nada por isso!
Ah, mas eu pago a minha Internet!”
Sim, mas quanto do que você paga pra ter Internet em casa você acha que é direcionado para a Disney, quando você baixou Enrolados ou pra Sony quando você fez o download de um CD inteiro da Beyoncé?

As empresas estão erradas em reivindicar os direitos de propriedade sobre o produto que eles lançam e que nós pegamos “de grátis” graças a caras como Kim Schmitz?
Não, não estão.
Kim Schmitz é o deus do download e nós devemos organizar uma força-tarefa para livrá-lo das garras malévolas do governo norte-americano e exaltá-lo em praça pública?
Não. O cara não é nenhum Messias da Informação e ninguém fica milionário dessa forma sem sujar um pouco das mãos.
Nós somos culpados, piratas sujos que nos apropriamos de bens alheios e que não queremos pagar por nada que consumimos?
Não exatamente. Há aqueles que mesmo depois de baixar um arquivo ainda fazem questão de ter o original por questão de coleção. Eu fiz isso com a sexta temporada de LOST. Baixei os episódios logo que eles eram colocados no ar, e quando a série acabou eu ainda comprei o box com todos os episódios na loja e tenho em minha coleção. Qual o problema?
Mas então quem está certo? Nós ou as grandes corporações?
Difícil dizer.

Devemos combater essas leis que ameaçam proibir tudo que fazemos livremente na Internet e não somente reclamar porque sua coleção de download daqueles filmes que você nem quer assistir vai ficar desfalcada. O buraco é muito mais embaixo, e ameaça até mesmo aquela privacidade que você acha que tem em sua casa e com o que você tem guardado em seu HD. Se SOPA, PIPA e ACTA passarem (lembrando que elas não foram extintas, só estão, segundo Lamar Smith, um dos idealistas do projeto, “suspensas até que haja um amplo acordo sobre uma solução”) nada mais será como antes, estaremos sob o controle das corporações que (acham que) mandam no mundo livre da Internet e uma vez aprovadas essas leis, não vai adiantar chorar pelo leite derramado ou rezar para que o Santo Anonymous nos livre desse mal.

* Se esses projetos de lei já tivessem sido aprovados, eu estaria sendo preso agora pela quantidade de imagens, referências e citações a obras e a imagem de terceiros que inseri nesse post.

NAMASTE!

6 de fevereiro de 2012

A Arte do Insulto dos Politicamente Incorretos

Passaram-se somente alguns meses desde que escrevi aqui no Blog do Rodman sobre o processo hipócrita de bundamolização pelo qual o Brasil vinha passando, e algum tempo depois, eis que esse processo continua em vias de concretização, condenando qualquer um que se sente no direito de falar o que quiser, não importando as consequências. Mas afinal, não estamos em um país democrático?

Desde Setembro de 2011 fora do ar por causa de uma piada infeliz sobre a cantora Wanessa Camargo e seu, na ocasião, vindouro filho, o comediante (humorista, “estandaper”) Rafinha Bastos, que na época aparecia duas vezes por semana na Band, na bancada do CQC e em uma pegada mais jornalística às terças-feiras no comando de A Liga, parece ainda estar vivendo seu inferno astral; Alvo de vários processos e ainda tendo seu DVD A Arte do Insulto, proibido de ser vendido em lojas em decorrência de uma piada (outra vez infeliz) sobre seu pênis e a APAE.


Sempre achei de mau gosto piadas ou brincadeirinhas sobre pessoas que apresentam algum tipo de doença genética ou deformidades físicas e/ou mentais, e acho que devo isso ao tipo de educação que tive na infância, ou o medo que me botavam quando ameaçava sacanear alguém visto como excepcional. “Não fala assim de quem tem Síndrome de Down. Deus castiga!” ou então a célebre “Um dia você vai ter filho. Vai que ele nasce assim também!”. Seja como for, isso se tornou uma verdade para mim, e desde então eu não faço brincadeiras com pessoas especiais e nem tampouco me sinto à vontade ouvindo alguém contar alguma piada sobre. E sim, eu me senti desconfortável com a piada do Rafinha quando assisti seu DVD, mas quem disse que só por isso eu posso me sentir no direito de processar o cara? Ninguém me obrigou a ver o vídeo!


Entre comer a mãe e seu bebê e usar camisinhas retardantes, está novamente o politicamente correto, um fantasma que, disfarçado de “defensor da moral e dos bons costumes” vem assombrando a maioria dos humoristas, engessando-os e fazendo com eles tomem mais cuidado com o que falam na TV, nas redes sociais e até mesmo em seus shows fechados, temerosos de tomar um processo nas costas. Processos, aliás, que devem estar deixando a comunidade de advogados em polvorosa, vendo a fonte mais do que rentável que podem ter em mãos.

No caso de Wanessa, seu bebê, Rafinha e seu afastamento da TV, o que rolou foi mais uma sucessão de interesses envolvendo patrocinadores do programa CQC, o Sr. Ronaldo Nazário e o marido da cantora, o empresário Marcus Buaiz, amigo pessoal de Ronaldo e parceiro de negócios. Claro (e aqui o trocadilho da palavra não foi proposital!) que a corda acabou arrebentando para o lado do mais fraco. Rafinha saiu do CQC e meu interesse (e o de muitos fãs por aí) pelo programa também diminuiu, não somente por sua saída, mas pela prova de que afinal, os interesses financeiros acabaram vindo em primeiro lugar, em vez do humor livre.

Dos colegas de CQC, o único que saiu em defesa de Rafinha Bastos publicamente foi Danilo Gentili, outro que tem sido alvo dos politicamente corretos já há algum tempo devido a suas piadas ácidas e sagazes. Seu DVD, chamado de Politicamente Incorreto (não curiosamente) ainda não foi censurado como o de Rafinha, mas algumas de suas piadas já foram alvo de críticas, como a do gorila King Kong que se acha jogador de futebol.

Por causa da piada e das críticas de racismo (da outra vez ele foi citado como antissemita), Danilo redigiu um texto (que não faz muito tempo, circulou pelo Facebook) sobre o assunto e alegou que o racismo, na verdade, está na cabeça de quem leu a piada. Segue um trecho escrito pelo humorista:

"Alguém pode me dar uma explicação razoável por que posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa, mas nunca um negro de macaco?

Na piada do King Kong, não disse a cor do jogador. Disse que a loira saiu com o cara porque é famoso. A cabeça de vocês é que têm preconceito."

Mostrando um desprendimento grande além de um jogo de cintura incrível, apesar de às vezes fazer uma ou outra piada de cunho “politicamente incorreto”, o humorista deu uma aula sobre racismo e como a sociedade realmente enxerga (errôneamente) esse problema:

"Se você me disser que é da raça negra, preciso dizer que você também é racista, pois, assim como os criadores de cachorros, acredita que somos separados por raças. E se acredita nisso vai ter que confessar que uma raça é melhor ou pior que a outra, pois, se todas as raças são iguais, então a divisão por raça é estúpida e desnecessária. Pra que perder tempo separando algo se no fundo dá tudo no mesmo?

Quem propagou a ideia que ‘negro’ é uma raça foram os escravagistas. Eles usaram isso como desculpa para vender os pretos como escravos: ‘Podemos tratá-los como animais, afinal eles são de uma outra raça que não é a nossa. Eles são da raça negra’.

Então quando vejo um cara dizendo que tem orgulho de ser da raça negra, eu juro que nem me passa pela cabeça chamá-lo de macaco, MAS SIM DE BURRO.

Falando em burro, cresci ouvindo que eu sou uma girafa. E também cresci chamando um dos meus melhores amigos de elefante. Já ouvi muita gente chamar loira caucasiana de burra, gay de v***** e ruivo de salsicha, que nada mais é do que ser chamado de restos de porco e boi misturados.

Mas se alguém chama um preto de macaco é crucificado. E isso pra mim não faz sentido. Qual o preconceito com o macaco? Imagina no zoológico como o macaco não deve se sentir triste quando ouve os outros animais comentando:

- O macaco é o pior de todos. Quando um humano se xinga de burro ou elefante dão risada. Mas quando xingam de macaco vão presos. Ser macaco é uma coisa terrível. Graças a Deus não somos macacos.

Mas o que quero dizer é que na verdade não sei qual o problema em chamar um preto de preto. Esse é o nome da cor não é? Eu sou um ser humano da cor branca. O japonês da cor amarela. O índio da cor vermelha. O africano da cor preta. Se querem igualdade deveriam assumir o termo ‘preto’ pois esse é o nome da cor. Não fica destoante isso: ‘Branco, Amarelo, Vermelho, Negro’?. O Darth Vader pra mim é negro. Mas o Bill Cosby, Richard Pryor e Eddie Murphy que inspiram meu trabalho, não. Mas se gostam tanto assim do termo negro, ok, eu uso, não vejo problemas. No fim das contas, é só uma palavra. E embora o dicionário seja um dos livros mais vendidos do mundo, penso que palavras não definem muitas coisas e sim atitudes”.


No ar com seu programa Agora é Tarde, uma espécie de Talk Show com participações especiais de outros humoristas de Stand-Up como Marcelo Mansfield, Gentili tem provado que seu senso crítico (Aquele mesmo que o faz ser visto como arruaceiro, bocudo ou politicamente incorreto) é a principal característica de seu humor, e é exatamente isso que incomoda os facilmente melindráveis.


Os engravatados do Planalto foram os principais alvos do humorista quando ele esteve à frente do quadro Controle de Qualidade do CQC, onde os repórteres de preto cobravam os políticos abertamente sobre falcatruas, esqueletos de seus armários ou colocavam no ar alguma declaração comprometedora de nossos excelentíssimos representantes. Programas como esse, que deixam nossos políticos em saia justa, logo eles que estão acostumados a acharem que seus eleitores é que são palhaços, não são costumeiros em nosso país, e por gostar tanto do programa é que eu me senti ofendido com o afastamento de Rafinha Bastos por uma questão que eles mesmos defendiam: A liberdade de expressão. No final das contas o dinheiro falou mais alto, e só o público perdeu com isso. Que me desculpem Felipe Andreoli e Mônica Iozzi, dois dos integrantes do programa que igualmente admiro, mas o CQC não é o mesmo sem o Rafinha e o Danilo. Quadros como o Proteste Já (onde Danilo levou muita porrada), por exemplo, nunca mais tiveram a mesma credibilidade sem eles no comando.


Seja como for, esse avanço gradativo do cerceamento ao humor livre é preocupante, e não é de hoje que falo sobre esse assunto, vendo o quão chato tem se tornado o Brasil e seu povo (em especial uma ou outra organização) altamente suscetível a piadas, sejam de mau gosto ou não. Um país onde as leis costumam ser mais rígidas com quem faz piada, obrigando-os a pagarem indenizações gordas, do que com quem comete crimes mais graves, não deve ser levado a sério. O Brasil por si só é uma enorme piada, e de muito mau gosto. Se a questão é fazer com que nos paguem em dinheiro aqueles que não têm respeito por nós e nos transformam em piada, e aí? Quem vai nos indenizar pelo nariz de palhaço que colocam em nossos rostos desde sempre nesse país de bunda-moles?


Não gostar de uma piada de mau gosto é direito de qualquer cidadão, mas proibir que piadas, sejam sobre qualquer assunto, sequer venham à público faz parte de um autoritarismo, que se não me engano, foi banido junto com a Ditadura Militar. Enquanto a hipocrisia de quem se revolta com piadas for maior do que a indignação com os reais problemas do Brasil, esse país continuará conhecido como aquele que leva piada à sério e que trata como piada os assuntos sérios.

NAMASTE!

19 de janeiro de 2012

Review de Quadrinhos - Os Poderosos Vingadores

Antes do anúncio do aguardado filme dos Maiores Heróis da Terra, os Vingadores já tinham mais equipes espalhadas pelo mundo nos quadrinhos do que eu podia contar, agora então, com o filme estreando ainda esse ano, assim como aconteceu com os mutantes na época de lançamento dos filmes dos X-Men, está quase impossível contabilizar o número de vingadores oficiais, não-oficiais, reservas ou em treinamento existentes no universo Marvel.
Curiosamente, a maioria das equipes está sob a batuta do inoxidável Brian Michael Bendis. O careca escreve também aquela que é chamada de a equipe principal, e após o Reinado Sombrio e começo da Era Heroica, quem assumiu o lápis foi ninguém menos do que o polivalente John Romita Jr.

Após a dissolução dos Vingadores Sombrios e da prisão de Norman Osborn, Steve Rogers, a pedido do Presidente, passou a dirigir tanto a SHIELD quanto os Vingadores, e o cara dividiu a equipe em três principais: A comandada por ele (que eu comentei aqui), Os Novos Vingadores do Luke Cage (com a formação clássica de antes da Era Heroica, com ele, Miss Marvel, Punho de Ferro, Harpia, Homem Aranha, Wolverine, Jessica Jones e o reforço do Coisa) e a equipe mais cascuda, composta por Homem de Ferro, Thor, Mulher Aranha, Homem Aranha (ué, mas ele não está na equipe do Cage?), Gavião Arqueiro (De volta a seu uniforme tradicional depois de sua temporada como Ronin), Wolverine (ué, mas ele não está nos X-Men, na X-Force, no Quarteto Fantástico, no Quarteto Futuro, Agentes de Atlas e nos Vingadores do Cage??) e mais o ex-Marvel Boy Noh-Varr.
As novas aventuras dos novos Vingadores da última semana começam com um ligeiro vislumbre de um futuro alternativo, onde os filhos dos Vingadores (aqueles mesmos mostrados na animação Next Avengers) dão cabo do vilão temporal Immortus, também conhecido como Kang, sem maiores explicações.

Oh, Deus! Teriam os heroizinhos passado para o lado do mal?
Será mais um plano diabólico do próprio Kang?

Nada fica claro de início, e então eis que o próprio Kang surge do futuro diante dos Vingadores bem na hora da reunião em que Steve Rogers anuncia as novas equipes.

Sem pestanejar, o Deus do Trovão dispara uma rajada mística do Mjolnir, mandando o vilão para fora da torre dos Vingadores, e quando os heróis estão prontos a interrogá-lo sobre sua presença surpresa naquela realidade, ele os surpreende mostrando uma espécie de ovo que faz o Homem de Ferro se borrar de medo:
Pra trás! Eu tenho uma arma do juízo final e não tenho medo de usá-la!”
O dispositivo é uma invenção que Tony Stark nem chegou a construir no presente, mas que ele já havia planejado. Sabendo o poder que aquela arma possui (um tipo de gerador de matéria escura), ele pede que seus amigos recuem.

O vilão alerta os Vingadores que o tecido do tempo foi rompido e que somente eles podem deter os causadores de uma grande catástrofe no continuum espaço/tempo: Seus próprios filhos.
Pra quem não viu a animação Next Avengers, que é bem bacaninha por sinal, vale a pena mencionar que ela conta a história dos filhos dos Vingadores em um futuro não tão distante. Nele, os Vingadores foram dizimados pela Inteligência artificial conhecida como Ultron e o mundo caiu em desgraça depois disso, subjugado pela criatura metálica.

Na tentativa de salvar seus filhos, vendo que não havia qualquer chance de vencer Ultron, os Vingadores pedem que Tony Stark leve as crianças para longe dali, para um local onde nem mesmo Ultron as pudesse detectar. Dessa forma, James Rogers (filho do Capitão América com a Viúva Negra), Torunn (filha do Thor), Azari (filho do Pantera Negra com a Tempestade) e Henry Pym (filho do Gigante com a Vespa) são criados em uma espécie de “Show de Truman” (ou como no Mágico de Oz, presos num mundo que eles não criaram), onde eles são treinados para um dia substituírem seus pais, mortos em combate.

Na animação, após descobrirem toda a verdade sobre seus pais e encontrarem o filho perdido do Gavião Arqueiro, da mesma idade que eles, os pequenos Vingadores enfrentam corajosamente o robô Ultron com a ajuda do velho Homem de Ferro e do Hulk, que ainda está vivo nessa época.

Por que eu contei isso?
Porque o roteiro de Brian Bendis tem muito a ver com a animação, inclusive os personagens que aparecem nela. Fica bem claro, no entanto, que essa linha temporal onde vivem os pequenos Vingadores é apenas mais uma delas, e não a definitiva. Ao vislumbrarem esses possíveis futuros através de um equipamento criado por Noh-Varr com sua tecnologia Kree, é interessante notar que aparecem de relance vários futuros já retratados pela Marvel, incluindo a Era do Apocalipse, o futuro do Cable, o futuro da Garota Aranha (May Parker, a filha do Aranha) e até a era 2099.

Ao ler sobre viagens no tempo, paradoxos, possíveis rompimentos no espaço/tempo e modificações no fluxo temporal é bem comum ficar confuso, e apesar de conter uma narrativa simples, eu me perdi às vezes no texto de Bendis. O legal é que ele mesmo brinca com isso, colocando sempre os personagens menos cultos da equipe para falarem alguma merda que, sei lá, se eu ou você estivéssemos lá falaríamos. Nesse quesito, o Gavião Arqueiro e o Homem Aranha se saem muito bem, fazendo o papel do leitor (perdido) enquanto o Thor reage com grosseria e o Homem de Ferro e o Wolverine (quem diria) agem de forma mais cerebral.

No final do arco, descobrimos, afinal, que a ação dos Vingadores que viajam para a linha temporal dos pequenos Vingadores serve apenas para consertar o fluxo do tempo, que começava a apresentar instabilidades, misturando seres de várias épocas diferentes como dinossauros, neandertais, soldados da guerra civil e até o Galactus!

OK. Não há nada de novo nisso. Kurt Busiek, por exemplo, trabalhou isso magistralmente na junção dos Vingadores com a Liga da Justiça, fazendo os universos Marvel e DC se misturarem em várias épocas diferentes. Os desenhos de John Romita Jr., desenhista do qual sou fã, como já falei aqui, estão bem irregulares ao longo do primeiro arco. Seus desenhos nas duas primeiras edições (do arco de 4) lembram muito o relaxo característico de Frank Miller em Cavaleiro das Trevas 2. Claro que não chega àquele desastre, mas ao observar bem me parecem que foram feitos nas coxas às pressas, o que causa um certo desinteresse na leitura, apesar do texto muito divertido de Bendis, como de costume.

Pendenga temporal resolvida, os Vingadores voltam para casa após um acordo com Ultron, que se deixa ser derrotado por Kang para que as linhas temporais sobrevivam (uma vez que a derrota contínua de Kang para o robô é que estava acarretando a destruição do fluxo temporal).

Mostrando-se realmente um homem em quem não se pode confiar, Kang, mesmo aparentemente sob o jugo do Maestro (o velho Hulk) e do velho Tony Stark, dá cabo da dupla e acaba sendo morto pelos pequenos Vingadores, criando um novo paradoxo que nem mesmo a presença passageira dos Vingadores consegue impedir.

É importante lembrar a conversa que o velho Tony Stark do futuro tem com sua versão mais jovem. Nela o velho fala que, apesar da presença deles ali e sua vitória momentânea, o Holocausto Ultron irá acontecer de qualquer jeito (será isso que causará o fim do mundo em 2012??) e que cabe a Tony (o mais novo) impedir que isso aconteça. O Stark velho então lhe dá “de presente” a arma conhecida como dispositivo do juízo final e pede que ele faça qualquer coisa para impedir que Ultron vença a guerra.

Tenso.
Dou nota 7 para essa aventura. Apesar da união do universo 616 da Marvel com o da animação Next Avengers e da interação sempre carismática entre os Vingadores do Bendis, o resultado ficou meio aquém da capacidade do escritor, e os desenhos do Romitinha também podiam ter ficado melhores. Esse papo de fluxo temporal, viagens no tempo e afins já foi bastante abordado, e meio que já cansou. Eu esperava mais desse arco.

NAMASTE!

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