Se eu pudesse descrever o filme O Hobbit com apenas uma
palavra, eu diria Grandioso.
E não. Não há nenhum trocadilho no que se refere à questão
da estatura de nosso diminuto herói de orelhas pontudas e pés peludos.
O Hobbit não era nem de longe o filme mais esperado por mim
no ano, eu também não estava contando os dias para sua estreia e tampouco criei
expectativas para assisti-lo. A meu ver, aquele seria apenas o reencontro com
os personagens que conheci lá no início dos anos 2000 e que, como todo mundo,
acabei me afeiçoando, mas não era um momento mágico ou especial. Era só mais um
filme.
O Hobbit - Uma Jornada Inesperada parecia que não ia ser nada demais, mas acabou "fondo".
Não é que fomos surpreendidos novamente??
Não é que fomos surpreendidos novamente??
Minha história com o Senhor dos Anéis não começou com os
livros de J.R.R. Tolkien, que eu nunca li (ok, podem me julgar!), e foi através
do primeiro filme de 2001 dirigido por Peter Jackson que conheci a Terra Média
e sua narrativa fantástica. Até então, não me lembrava de muitos filmes épicos
de capa e espada que tivessem feito a minha cabeça (Coração Valente, talvez), e a paixão por aquele
universo mágico criado por Tolkien, trazido à vida por Jackson, foi algo
imediato. Na época aluguei o filme em uma locadora (hoje “falecida”) única e exclusivamente por causa da presença de Liv Tyler (Ahhh, Liv Tyler!!) no elenco, e somente
nos anos subsequentes é que pude entender a importância que a série de livros do qual o filme era baseado tinha, e a real dimensão que a iniciativa de Peter Jackson iria tomar no mundo
pop.
Claro que os nerds que rolavam os dados em partidas de RPG e
que haviam lido os livros de J.R.R. Tolkien já tinham conhecimento desses seres
mágicos que habitavam o imaginário das terras medievais, mas depois da trilogia cinematográfica
O Senhor dos Anéis, trolls, goblins, orcs, elfos e anões se tornaram
personagens comuns em nossa cultura, e hoje muito mais gente reconhece esses
seres fantásticos em outras mídias como jogos e livros, por causa de O Senhor
dos Anéis. Se Tolkien criou a Bíblia da literatura fantástica lá nas décadas de
40 e 50, Peter Jackson foi o responsável pela revitalização dessa magia nos anos
2000.
Alguém discorda?
A história de O Hobbit é baseada no primeiro livro
(homônimo) escrito por Tolkien para representar a Terra Média, e Uma Jornada
Inesperada é a primeira parte de três filmes já programados paras os anos
seguintes, exatamente como aconteceu com o Senhor dos Anéis.
No enredo, voltamos ao passado de Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) e
desvendamos sua primeira aventura ao lado do velho amigo Gandalf (Sir Ian
McKellen) e de treze anões que tentam reaver o Reino de Erebor, as terras
tiradas de seus ancestrais devido a fúria de um poderoso dragão
conhecido como Smaug.
Pra quem não lembra, muitos detalhes das aventuras de Bilbo
em O Hobbit são citados em o Senhor dos Anéis (em especial no primeiro, A
Sociedade do Anel), incluindo aí a história do dragão Smaug e dos Trolls
petrificados. Além dos personagens que voltam a dar as caras, alguns objetos
são facilmente identificados, como a espada Ferroada de Bilbo, encontrada em uma
caverna de trolls. Embora estejamos no passado dos personagens, é como se estivéssemos
revisitando nossos velhos amigos de outrora, como Elrond (Hugo Weaving),
Galadriel (Cate Blanchett) e até mesmo Saruman (Christopher Lee), para entender
como o pacato hobbit tornou-se um aventureiro ao lado dos corajosos anões Balin
(Ken Stott), Dwalin (Graham McTavish), Bifur (William Kircher), Bofur (James
Nesbitt, o Black smoke de LOST), Bombur (Stephen Hunter), Fili (Dean O’Gorman),
Kili (Aidan Turner), Oin (John Callen), Gloin (Peter Hambleton), Nori (Jed
Brophy), Dori (Mark Hadlow) e Ori (Adam Brown), liderados por Thorin Escudo-de-Carvalho (Richard Armitage), o real herdeiro de Erebor.
O livro O Hobbit pertence à literatura infanto-juvenil, o
que faz com que o filme às vezes, também se transforme em um daqueles musicais
estilo Disney, mas nem isso nem as trapalhadas dos anões trazem qualquer
desmerecimento ao filme, ou o transformam em uma obra infantilóide. Pelo contrário.
Me recordo muito mais das cenas de tensão e ação do que das cenas
engraçadinhas, das quais, sim, eu ri!
O clima sombrio que envolve a história
conforme Gandalf, os anões e Bilbo vão mergulhando cada vez mais em sua
aventura é surpreendente, e nos segura à poltrona de uma forma impressionante,
absorvendo o enredo e esperando ansiosamente pelo que vem à seguir.
Os efeitos digitais do filme são extremamente bem cuidados e
vi um 3D espetacular, do qual já estava sentindo falta há muito tempo, desde
que assisti Thor. O efeito não é usado apenas e tão somente para nos jogar
alguma coisa na cara (literalmente), e além da profundidade das cenas e dos
enquadramentos, o 3D está ali para nos inserir dentro das cenas. Dessa forma,
estamos nas montanhas junto com a comitiva enquanto os diminutos personagens
tentam escapar de dois gigantes de pedra enfurecidos que digladiam, e também
estamos em cima das árvores enquanto wargs predadores tentam nos despedaçar.
Os cenários devem ser citados à parte.
Eu não me lembro de ter visto no cinema cenários tão ricos
em detalhe quanto os de O Hobbit, e as primeiras tomadas, mostrando o Reino de
Erebor são tão perfeitas que conseguimos ter a noção exata de o quão rico é o
soberano dos anões, além de o quão grandiosas são suas terras. A viagem ao
interior de Erebor e posteriormente a destruição causada por Smaug duram apenas
alguns minutos, seguindo a narrativa de Bilbo Bolseiro (ainda como Ian Holm) que
escreve o livro sobre suas aventuras para o sobrinho Frodo (Elijah Wood), mas
foi uma das cenas mais marcantes do filme inteiro.
Desacreditado durante todo o caminho pelo líder dos anões,
Bilbo se vê em desvantagem com relação a seus companheiros, alguns deles guerreiros natos, porém, segundo Gandalf, sua força não está em sua
habilidade de manusear armas ou em batalhar, e sim em algo muito mais puro e
terno, que é sua coragem e determinação (além de uma boa dose de lábia, claro!).
Levado a reinos nunca antes desvendados por um hobbit do Condado, Bilbo acompanha seus colegas com bravura, sempre tendo sua força de vontade testada, até o momento em que ele conhece a criatura que irá mudar a sua vida para sempre, o sinistro Gollum e um certo artefato dourado que ele guarda no bolso.
Graças aos movimentos de Andy Serkis, o dublê corporal das criaturas digitais mais famosas do cinema moderno, o Gollum mostra que mesmo mais de dez anos depois de seu surgimento no cinema, ele ainda é o ser digital mais perfeito de todos. Em alguns momentos esquecemos que ele é gerado por CG e tanto suas expressões quanto seus movimentos são dignos de nota, e nota 10!
Levado a reinos nunca antes desvendados por um hobbit do Condado, Bilbo acompanha seus colegas com bravura, sempre tendo sua força de vontade testada, até o momento em que ele conhece a criatura que irá mudar a sua vida para sempre, o sinistro Gollum e um certo artefato dourado que ele guarda no bolso.
Graças aos movimentos de Andy Serkis, o dublê corporal das criaturas digitais mais famosas do cinema moderno, o Gollum mostra que mesmo mais de dez anos depois de seu surgimento no cinema, ele ainda é o ser digital mais perfeito de todos. Em alguns momentos esquecemos que ele é gerado por CG e tanto suas expressões quanto seus movimentos são dignos de nota, e nota 10!
É muito interessante entender e acompanhar como foi o
primeiro encontro entre Bilbo e o Gollum, e o conflito cheio de tensão de ambos
no “concurso de charadas” é extarordinário. Ver o Gollum em cena é um deleite,
e uma prova de que o CG bem utilizado pode fazer parte dos grandes momentos de
um filme, e não apenas ser usado como uma muleta desnecessária.
Pouca coisa me desagradou em Uma Jornada Inesperada, e como
disse, tenho muito mais pontos positivos a enaltecer do que negativos a mencionar. Por ser
uma história fantástica, repleta de magia, consigo relevar o fato de que os
anões parecem feitos de aço tal qual sua resistência em cair de alturas
inimagináveis ou serem esmagados por rochas e continuarem vivos e sem qualquer arranhão, mas algumas
criaturas digitais e suas movimentações, ainda não conseguem convencer, em
especial quando a cena é à luz do dia. As terríveis wargs cavalgadas por orcs
ainda não passam no teste, as criaturas digitais não parecem ter peso e se
movimentam um tanto quanto desengonçadas pelos campos. No caso dos trolls, seus
movimentos conseguem ter alguma lentidão típica de seres tão grandes, mas eles
parecem feitos de borracha se observados por muito tempo, não nos passando
credibilidade de sua existência física como o Gollum, por exemplo. Sem falar em suas
atitudes de “Os Três Patetas”!
Tirando esses pequenos detalhes, o filme é espetacular. Empolga
na maioria das cenas e não nos deixa tirar os olhos da tela, nem mesmo quando
sua namorada tenta te distrair a seu lado. Saí da sessão maluco pra rever a trilogia do anel e pegar as referências de O Hobbit.
Destaque para Azog, o gigantesco orc branco que é o grande
vilão do primeiro filme e que nos faz acreditar que, afinal, os Uruk Hai de o
Senhor dos Anéis não eram tão badass mothafuckers assim. A Terra Média esconde
criaturas bem mais terríveis que os lambe-botas do mago Saruman!
E quem podia imaginar que um anão (depois de Tyrion Lannister!!) balançaria os corações das
moçoilas?
Eram só suspiros no cinema quando o anão gatão Kili (vivido
por Aidan Turner) aparecia em cena. Nem o Escudo-de-Carvalho, que dos treze, é o anão mais versado na arte da fodacidade conseguiu mexer tanto com os corações
femininos. Tempos modernos. Os heróis agora são outros.
O Hobbit – Uma jornada Inesperada custou a bagatela de 270
Milhões de Doletas e na segunda semana após sua estreia, já tinha batido a marca de US$
36.7 Milhões só nos Estados Unidos e no Canadá, e a meu ver, valeu cada
centavo. Entretenimento puro e satisfação garantida.
NOTA: 9,5
NAMASTE!
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