25 de dezembro de 2010

Eu vi: Sherlock Holmes

Passei uma longa temporada sem ir ao cinema (e olhe que esse é meu passatempo favorito em dias de folga), e entre muitos filmes que entraram e saíram do circuito sem que eu tivesse visto está Sherlock Holmes de Guy Ritchie (de Snatch: Porcos e Diamantes, mas você deve conhecê-lo melhor como o ex-marido da Madonna).
É raro acontecer, mas senti aquela pontadinha de arrependimento por não ter visto o filme na tela grande enquanto assistia no sofá da sala de casa. Com certeza perdi um dos grandes filmes do ano, mas felizmente consegui reparar essa minha falha à tempo adquirindo o DVD.
Assim como vem acontecendo com personagens clássicos da literatura e também do cinema, Sherlock Holmes é uma reconstrução do que já se conhece do personagem, e poderíamos dizer que é o que Casino Royale de Martin Campbell fez com o nome do 007.
A visão apurada de Guy Ritchie cria um clima delicioso de mistério, ação e comédia para o filme do maior detetive do mundo (Chupa, Batman!), e não é que não vemos mais o velho Holmes na trama, ele está lá com seu método científico e sua dedução lógica, mas está envolto num invólucro chamado Robert Downey Jr. que de uns tempos pra cá tem incorporado tão bem os personagens que interpreta que em um dado momento parece que eles se mesclam.

O filme apresenta similaridades com Piratas do Caribe no tom cômico e aventureiro, por vezes tem um ritmo meio caricato tal qual Bater ou Correr (com Jackie Chan e Owen Wilson) e é impossível também não ver um quê de Tony Stark (o Homem de Ferro) no Holmes de Downey Jr., incluindo aí um pouco da arrogância do personagem e aquele ar de "eu sou foda e não me envergonho disso". Downey Jr. parece se sentir muito (muito mesmo) à vontade com esse tipo de papel, e se seu Sherlock não fosse um personagem extremamente cativante teríamos tanto ódio dele quanto seus adversários.
Sir Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes sempre descreveu seu detetive como uma pessoa arrogante, que está correta sobre inúmeros assuntos e com palpites certeiros. Costuma não demonstrar muitos traços de sentimentalismo, preferindo o lado racional de ser além de apresentar-se como alguém extremamente orgulhoso. Holmes possui também alguns hábitos peculiares como a prática de artes marciais, boxe, esgrima de armas brancas e de bengala, e quase todos esses traços de personalidade e aptidões físicas estão presentes durante as mais de duas horas do filme.
Até aí não há descaracterizações, exceto o fato de Downey Jr. ser americano e não possuir o sotaque inglês clássico (destoando e muito de seu colega de cena Jude Law, britânico legítimo). Poderíamos dizer que o Holmes que vemos em cena está "disfarçado de americano", tanto em hábitos quanto em suas falas, mas isso não é algo pungente, e de fato não chega a incomodar (pelo menos não como ver um inglês interpretar o Justiceiro, como comentei aqui).

O ritmo do filme é excelente e de cena em cena somos surpreendidos(assim como nos livros) com o poder dedutivo de Sherlock Holmes, brilhantemente enfatizado. Um dos fatos muito comentados nessa adaptação é que veríamos um Sherlock demonstrando mais aptidões físicas (como as já citadas) do que seu raciocínio lógico, e embora só metade dessa informação esteja correta, vemos sim o bom e velho detetive “botando para quebrar” com os inimigos, coisa que nunca tinha lido nas páginas de Conan Doyle (não que eu seja um perito, só li um livro até hoje do autor).
A descrição dos pontos do corpo do adversário que irá atingir e o estrago que tais golpes irão causar é fantástica, e isso acaba acrescendo bastante ao personagem, já que ele deve ser alguém com velocidade de raciocínio superior a um humano médio. Não faria sentido um detetive tão inteligente e argucioso se valer apenas de armas para resolver suas pendengas, e vale lembrar que essas características não foram inventadas, já que o próprio Doyle as menciona em suas histórias, embora nunca explique exatamente como Holmes aprendeu tudo que sabe. Há pelo menos duas cenas no filme de Ritchie em que Holmes explica o que irá fazer com o adversário usando golpes certeiros em pontos estratégicos com suas habilidades marciais, e em nenhum momento é necessário mostrar fraturas expostas ou o raio x de ossos se partindo (Lembra de Romeu tem que morrer?). Tudo é feito com a classe e elegância inglesa, como manda o figurino.

Na história escrita por Anthony Peckman, Holmes e seu fiel amigo, o Dr. Watson (vivido magistralmente por Jude Law) estão num hiato de investigações, e o detetive se vê tedioso após resolver seu último caso, levando à justiça o perigoso Blackwood (Mark Strong), um homem envolvido com rituais satânicos de magia. Sem um grande caso para trabalhar e sem ter o que ocupar sua mente, Holmes recebe a visita da única mulher que conseguiu enganá-lo em todo aquele tempo, a astuciosa Irene Adler (Rachel McAdams de Penetras bons de bico). Enquanto investiga o homem desaparecido que sua antiga amante lhe pede em missão, Holmes se vê as voltas com a impressionante ressurreição de Blackwood, o homem que ele ajudou a prender e que supostamente fora enforcado como punição. A trama se desenrola a partir desse ponto e Holmes é obrigado a usar toda seu poder dedutivo para resolver o mistério dos dois casos, que sem que ele saiba estão intimamente ligados.


O filme é excelente. Tem doses muito bem empregadas de todos os elementos cinematográficos que ajudam a fazer uma ótima produção, e vale muito a pena ser conferido por aquele que não tem medo de ser feliz. Holmes não é um detetive chato embora seja cheio de si, e as situações pelo qual ele passa (mesmo as de humor, que poderiam ser descartadas) fazem com que ele cresça a olhos vistos durante a película. O Dr. Watson, dividido em começar a viver uma vida sem investigações criminais ao lado da pretendente Mary (Kelly Reilly) e continuar ajudando o parceiro a resolver seus casos acaba se tornando um personagem bem interessante e rico, bem mais do que um mero coadjuvante. É o primeiro filme que vejo de Jude Law em que ele participa de cenas de ação, embora agora só me venham à mente dois que contam com sua presença, AI: Inteligência Artificial e Closer.

Mark Strong (que é as fuças do Andy Garcia) está perfeito como o vilão da história e é difícil imaginá-lo interpretando um personagem bonzinho devido aquela sua cara de pilantra. Ele já foi o gangster Frank Damico em Kick Ass e ano que vem estará na pele de Sinestro, o tutor de Hal Jordan nos cinemas, no aguardado Lanterna Verde.

Rachel McAdams que além de ser uma graça é excelente atriz, convence no papel da "Mulher Gato" da vida de Sherlock Holmes e suas cenas com Downey Jr. passam todo o realismo de alguém capaz de enganar o maior detetive do mundo. Aliás não há homem no mundo capaz de resistir ao charme de uma bela mulher, seja ele o mais inteligente do mundo ou o mais burro.
Indico Sherlock Holmes pra quem ainda não viu sem receio. Assista sem medo que as mudanças no personagem tenham sido radicais demais porque não são. Muita coisa foi alterada, mas o espírito do personagem ainda está lá mais vivaz do que nunca e isso é elementar, meu caro Watson.

NOTA: 9




Vale lembrar que a produção de Sherlock Holmes 2 já está em andamento, e o detetive enfrentará seu adversário mais clássico, o Profº Moriarty que já mexe seus pauzinhos nesse primeiro filme manipulando as ações de Irene.

NAMASTE!

KICK ASS - A análise


A história do filme Kick Ass é curiosa, uma vez que ele começou como uma produção de nível B, sem patrocinadores, sem estúdios interessados em levá-lo aos cinemas, com personagens desconhecidos e pouco atraentes para o grande público. O diretor Matthew Vaughn e Mark Millar, o criador da história original nas HQs, pareciam ser os únicos empolgados com as filmagens, até que o teaser foi apresentado na Comicon de San Diego e a recepção do público fez com que os estúdios se estapeassem para lançar o projeto.


Kick Ass - Quebrando Tudo não foi exatamente um boom nas bilheterias, tendo faturado apenas 95 milhões de dólares em todo o mundo, com um custo de produção de aproximadamente 30 milhões de verdinhas. Perto de mega-sucessos como Homem de Ferro, o herói blindado da Marvel, por exemplo, que rendeu mais de 100 milhões só no primeiro fim de semana de exibição em maio de 2008, Kick Ass teve um faturamento modesto, o que torna até injusta a comparação com outros medalhões da Casa das Ideias.

Assim como o Homem de Ferro, Kick Ass também é da Marvel, embora suas primeiras 8 edições tenham sido lançadas por um selo de títulos independentes chamado Icon, e seu criador se destaca por saber criar polêmicas em volta das revistas que escreve (entre outras coisas ele também escreveu Guerra Civil e Supremos na linha Ultimate).



O enredo tanto do filme quanto da HQ fala sobre a vida de Dave Lizewski, um adolescente comum que não é o gênio da sala, o atleta da sala ou o palhaço da sala. Como ele mesmo se descreve nos primeiros quadros do gibi “assim como outras pessoas da minha idade eu meramente existia” e isso cria uma certa identificação com o público, uma vez que a história se passa no mundo real, onde os super-heróis não existem e muitas pessoas se veem como perdedoras.


Com os amigos, Dave levanta a questão de por que nunca ninguém tentou ser super-herói na vida real, e a resposta é sempre a mesma: Porque isso é algo impossível. Todos os dias acontecem assaltos nas grandes cidades, injustiças sociais e mesmo agressões sem que ninguém faça nada. Alguns até presenciam algumas dessas infrações, mas nada fazem seja por medo ou por covardia de se envolver. Dave então questiona os amigos de por que isso é impossível. “Colocar uma máscara é impossível?”. Citando Bruce Wayne, Dave levanta a questão de que não é preciso ter superpoderes para combater o mal e sim um pouco de coragem de fazer o que é certo, e é aí que Mark Millar ganha méritos por criar um enredo fantástico no qual acompanhamos o jovem medíocre em sua jornada para se tornar o primeiro herói da vida real, e também todas as consequências que tal ato sofreria se fosse em nosso mundo.




Quem leu a HQ e assistiu o filme viu o mesmo personagem em histórias muito diferentes. Ambas são recheadas de violência e situações absurdas, mas a linha que conduz as duas diferentes mídias é distinta.

Nos quadrinhos a riqueza de detalhes é muito maior, embora a história se desenrole de forma mais ágil. As sutilezas do roteiro bem como o desvendar de alguns mistérios se dão de forma adequada, surpreendendo o leitor a cada edição.




No filme, já vemos desde o início todas as portas dos mistérios abertas. Conhecemos o herói, conhecemos os vilões e não há qualquer surpresa com relação a isso. Matthew Vaughn também cria facilitações no roteiro, permitindo assim que a história se torne mais tragável em certos pontos. Damon Macready (Big Daddy) é um ex-policial de verdade e não um colecionador de gibis, Katie Deauxma dá mole para Dave e em certo ponto até namora o protagonista, ele conta pra ela que é o Kick Ass e ela aceita (!), o nome do gangster que serve como o vilão da história é Frank D’Amico e não John Genovese, e o final do filme é feliz para Dave. Para os bons observadores, não é preciso muito esforço para notar que nada disso acontece na HQ.

Já tivemos vários filmes em que nem sempre o mocinho se dá bem no final e decididamente não compreendo em que momento Vaughn decidiu modificar a história para que ela se tornasse mais palatável. A HQ é sim cruel e politicamente incorreta, só que esses detalhes não são maquiados no filme. Teria a história do Paizão sido modificada devido algum pedido pessoal de Nicolas Cage, seu intérprete? O público se identificaria mais com um herói que fica com a mocinha no fim?




Sendo Kick Ass a história de um personagem que vive num mundo real, a decisão mais acertada seria manter essas imperfeições de caráter, uma vez que ninguém é perfeito na realidade igual a super-heróis como Superman, Capitão América e tantos outros. Seja como for, essas alterações nas características básicas dos personagens e o final da história são as grandes diferenças entre a HQ e o filme, o que as tornam únicas.



Kick Ass possui um círculo restrito de personagens que se relacionam ao longo das HQs. Em princípio conhecemos Dave Lizewski, o “Chuta-Rabos” do título, seus dois amigos Marty e Todd, Katie Deauxma, o interesse romântico de Dave e o pai viúvo de Dave, o Sr. Lizewski. Apenas na 3ª edição é que somos apresentados a Genovese e sua gangue e mais tarde à Hit Girl e seu Paizão, personagens que são vistos por Dave como dois super-heróis legítimos.
No filme, já conhecemos Chris D’Amico (Chris Genovese na HQ) logo no início e não é segredo que ele é filho do maior gangster da cidade. Seu plano de se aproximar de Kick Ass para capturar Big Daddy (Paizão) e Hit Girl, que num dado momento fazem uma aliança contra o crime, é feita às claras, assim como a criação de sua identidade secreta, o Red Mist (Névoa Vermelha).
Todos os personagens possuem uma relação simples de entender.




Kick Ass decide combater o crime e fica famoso quando um vídeo seu defendendo um homem de um espancamento cai na Internet.

Big Daddy e Hit Girl também combatem o crime e decidem propor uma aliança (forçada) com Kick Ass ao ver o sucesso que o garoto está fazendo nas redes sociais.
Genovese (D’Amico) tem seus planos no tráfico de drogas atrapalhados pelas ações de Big Daddy e Hit Girl e decide liquidá-los achando que Kick Ass também tem algo a ver com as ações contra seus homens.

Red Mist, o filho de Genovese, inventa uma identidade secreta para si, ganha popularidade na Internet, assim como Kick Ass, se aproxima de Dave sugerindo uma aliança e trai o garoto quando este lhe indica o esconderijo de Bigg Daddy e Hit Girl.

Tudo é muito bem conectado na HQ, e algumas situações são forçadas no filme para torná-lo mais verossímil, como a possível culpa de D’Amico no suicídio da esposa de Big Daddy e mais tarde também na prisão do mesmo, que estaria infiltrado na gangue do traficante para pegá-lo. A belíssima animação que mostra esse passado oculto de Big Daddy e sua filha é mostrada no filme com a arte de John Romita Jr., o mesmo autor dos desenhos da HQ, mas mesmo assim passa bem longe de sua origem real.



Por contar a história de adolescentes que resolvem combater o crime, Kick Ass – Quebrando tudo conta com um elenco bem jovem, e exatamente por isso meio inexperiente na arte de interpretar.




O protagonista da história vivido por Aaron Johnson não tem exatamente o tipo físico do Dave Lizewski da HQ e nem sua cara feiosa (se bem que Romita Jr. desenha todo mundo feioso), e sua atuação é apenas razoável, embora ele se esforce para dar credibilidade ao papel do nerd loser que interpreta.



Mark Strong como Frank D’Amico, o gangster que faz com que Kick Ass pense duas vezes se quer mesmo ser um herói, tem interpretação apenas burocrática, talvez por culpa do roteiro fraco e do personagem canastrão e clichê que lhe foi dado. Ele passa maldade em seus atos, mas por vezes parece mais uma caricatura (sem graça) dos velhos gângsteres do cinema do que um personagem novo e original. Longe de estar questionando a competência do ator, apenas afirmo que nesse papel ele não foi muito feliz, mesmo que tão pouco tenha sido exigido de sua veia artística.



Não tive a oportunidade de mencionar aqui no Blog ainda a cisma que tenho com o senhor Nicolas Cage e sua eterna cara de bunda que ele dá a todos os seus personagens, quase que sem exceção, mas devo dar o braço a torcer dessa vez, porque ele deu vida de forma competente ao Big Daddy.


Em nenhum momento Cage fica com aquele olhar idiota diante da câmera e ele parece até bem sisudo nos diálogos que tem com a pequena Chloe Moretz no filme, além de dar uma entonação mais grave ao personagem, que nas HQs parece do tipo parrudo. Me surpreendi ao ver Cage levando a sério o seu papel (diferente do que fez em Motoqueiro Fantasma) e o Big Daddy foi o mais próximo que ele conseguiu de viver um grande super-herói nas telas, já que ele perdeu o papel de Superman nos cinemas logo que o projeto “viajandão” de Tim Burton para o personagem foi para o vinagre (graças ao bom Deus) e depois dele ter ajudado a afundar aquela porcaria que foi Motoqueiro Fantasma.



Christopher Mintz-Plasse (o McLovin de SuperBad), com aparência bem mais velha do que o adolescente nerd que interpretou em SuperBad, não compromete no papel de Chris D’Amico e seu alter-ego Red Mist. Longe do tom engraçado e maconheiro que o personagem tem na HQ, seu Red Mist é menos verdadeiro e muito mais medroso. Quase não há diferença entre sua personalidade antes de trair Kick Ass e depois, e rola até uma cena de arrependimento quando Red Mist implora que os capangas do pai não machuquem o herói verde e amarelo.


Red Mist é bem mais sádico na HQ, e ele parece se divertir quando vê Kick Ass apanhando pra valer dos homens de Frank D’Amico. Outra amenização desnecessária, já que para o grande público, a luta final entre os dois teria muito mais impacto se Red Mist fosse um traíra de sangue ruim ao em vez de um babacão que se arrepende de seus atos.



Decididamente as melhores cenas do filme são protagonizadas pela pequena e fofíssima Chloe Grace Moretz (atualmente com 13 anos), que dá vida à Hit Girl (Garota Perigo??).


Embalada por músicas que parecem ter sido tiradas de animes japoneses, Chloe se deleita em cena esfaqueando, decapitando, mutilando e alvejando os capangas de D’Amico. Alguns de seus golpes só são possíveis graças ao “arame fu” hoje tão usado em Hollywood, mas em nenhum momento isso diminui o impacto da garota na tela, que protagoniza as melhores cenas de ação do filme todo.

Imagine uma pequena ninja de 11 anos tirada de algum desenho japonês, de peruca lilás e armada até os dentes. Misture-a com a inteligência e as técnicas de combate do Robin e você saberá exatamente o que é a personagem Hit Girl.


Por mais que a personagem seja um dos elementos mais absurdos de Kick Ass e que tire um pouco daquele caráter “verossímil” que tanto a HQ quanto o filme desejavam passar – querem que o público engula uma serial-killer de 11 anos que massacra um bando de marmanjos?- a Hit Girl dá o fôlego que a história precisa, uma vez que o personagem título é desprovido de qualquer treinamento físico. No filme também são delas as principais cenas chocantes e eu nunca tinha visto nada tão politicamente incorreto no cinema desde que o leão Alex espanca uma velhinha em Madagascar 2!


Logo em sua apresentação, Chloe leva um tiro no peito de Nicolas Cage. Depois ela insinua que quer um cachorrinho fofinho como presente de aniversário para desagrado do Paizão, para logo em seguida confessar que está zombando e que prefere um canivete suíço!

Ao entrar na casa do traficante Razul (Eddie Lomas na HQ), ela simplesmente empala, mutila e decapita os bandidos, e repete seus atos de crueldade ao invadir o prédio de D’Amico já na sequencia final do filme. Fico imaginando por quantos psicólogos a pequena Chloe precisou passar durante a gravação desse filme, porque o politicamente correto aí passou batido.

Me lembrou um filme tupiniquim que coloca uma arma nas mãos de um menor.



Mas todo mundo sabe que no Brasil isso é normal, né.




Chloe começou a atuar desde pequena , fez aparições na TV, na série The Guardian, no filme para a TV The Family Plan e já no cinema fez o filme The Amityville Horror (2005), no papel de Chelsea Lutz, co-estrelando com Ryan Reynolds e Melissa George. Por este papel, foi indicada para o Young Artist Award. Além desse filme participou de seriados de TV, incluindo dois episódios de Desperate Housewives e do filme Momma's House 2, no papel de Carrie Fuller.



Kick Ass ainda tem como destaque Garrett M. Brown como o Sr. Lizewski (que tem pouco destaque no filme), os amigos de Dave Todd e Marty (vividos respectivamente por Evan Peters e Clarke Duke) e a belíssima Lyndsy Fonseca que vive uma Katie Deauxma mais compreensiva e dócil do que sua contraparte das HQs, uma personagem muito mais escrota e intransigente.




Como já comentei aqui falando de outras adaptações de quadrinhos, é muito difícil exigir fidelidade visual nos trajes usados pelos heróis transpostos para as telas, em especial porque muita coisa dos quadrinhos é impraticável trazida para a vida real.


Absolutamente nenhum uniforme foi trazido fielmente à realidade. Kick Ass, Red Mist, Hit Girl e Big Daddy passaram por adaptações (algumas bem radicais) em seus visuais criados por Mark Millar e John Romita Jr.

Kick Ass ganhou uma boca em seu capuz, enquanto a Hit Girl ganhou uma peruca lisa e lilás no lugar da roxa e ondulada que ela usa na HQ. Quem usaria uma peruca que cai nos olhos durante uma luta??




O uniforme de Red Mist nada tem a ver com o original das HQs, e ele também usa uma peruca arrepiada além de uma máscara estilo Asa Noturna no lugar do capuz que cobre toda sua cabeça (apenas no final da HQ ele adota o cabelo para fora do capuz).



O Big Daddy teve a máscara invertida, uma vez que na HQ ela cobre todo o rosto e deixa os cabelos de fora e no filme cobre toda a cabeça e o rosto deixando o queixo de fora, como o Batman.

Aliás, o uniforme é bem inspirado no Batman de Tim Burton, passando pelo tom preto, cinturão amarelo e um volume na cabeça que se assemelha a uma orelha pontuda.


Se me pedissem para escolher uma entre as duas mídias em que Kick Ass foi representado eu escolheria a HQ, até porque a obra original sempre é melhor que suas adaptações.

Até colocar as mãos na HQ eu não me lembrava de já ter visto um ritmo tão alucinante de violência e palavrões numa história em Quadrinhos e aquilo me surpreendeu de forma positiva, além de ter me cativado. Mark Millar já havia chutado o balde no mundo dos quadrinhos ao escrever a excelente Supremos, que relançava os Vingadores para o mundo Ultimate criado por Joe Quesada. Millar chacoalhou o universo tradicional da Marvel colocando em lados opostos o Homem de Ferro e o Capitão América em Guerra Civil e nos presenteou com um ápice pra lá de chocante o embate entre os dois antigos amigos. (Confesso que lágrimas rolaram de meus olhos na edição 3 de guerra Civil, quando o Homem de Ferro tritura o Capitão).
Millar já havia provado que sabia narrar uma história em quadrinhos como poucos, e Kick Ass foi provavelmente a certificação de que é possível sim colocar um conteúdo atraente numa HQ sem precisar descambar para o ridículo.


Kick Ass tem elementos de humor, sadismo, sexo e de violência que casam bem no roteiro. Nosso mundo tem tudo isso, porque uma HQ que retrata essa realidade não poderia ter?

Ok, colocar uma menina de 11 anos para quebrar as fuças de marmanjos, fazer dela uma mini serial-killer desprovida de emoções e falar que um fanboy que vende HQs raras pelo Ebay teria potencial suficiente para bancar o Frank Castle do mundo real é um pouco forçado, mas a essência da história é mesmo mostrar o que aconteceria com uma pessoa normal que resolvesse combater o crime.


Tortura, humilhações, dilacerações e morte era o mínimo que se podia esperar de um enredo assim, e é o que acontece com Dave Lizewski e seus amigos quando eles ousam enfrentar John Genovese e seu bando.



Já comentei aqui o quanto sou fã de John Romita Jr. desde os tempos de Homem Aranha.

Seu traço não é o mais bonito de todos, tem uma infinidade de desenhistas cujos traços me atraem mais do que os de Romita, mas ele alcançou a excelência de seu atual desenho em Kick Ass.



Todos os personagens são feios e quadradões, mas isso não faz a menor diferença quando mergulhamos fundo na narrativa. Romitinha sabe contar uma história visualmente melhor do que ninguém, seus desenhos formam a sequencia necessária para se entender o que está acontecendo, ele utiliza de perspectivas como poucas vezes pude ver nos quadrinhos e as cenas de mortes e dilacerações feitas por ele são impressionantes. Seu talento é indiscutível. A única coisa que podemos questionar em sua arte é seu traço, preferindo esse ou aquele artista (particularmente gosto de desenhistas mais realistas), mas ele não deixa nada a dever em Kick Ass. Vida longa ao mestre.


Kick Ass – Quebrando tudo é um filme divertido que vale a pena ser visto por quem gosta de um bom filme de ação misturado com American Pie. As atuações não são lá grandes coisas, mas o enredo do filme é bem amarrado e não deixa pontas soltas. Não há muito o que se pensar e também não é necessário ter lido a HQ para entender o filme. Embora de forma diferente, tudo é explicado no próprio roteiro e é bem interessante acompanhar a jornada de Dave Lizewski na tentativa de se tornar um herói da vida real e da pequena Hit Girl fatiando capangas com cenas de encher os olhos.

A trilha sonora também é muito boa e incluem hits como “Crazy” de Gnarls Barkley, “Make me Wanna Die” do The Pretty Reckless e “Stand up” do Prodigy.

NOTA: 8

NAMASTE!

FELIZ NATAL


NAMASTE!

22 de dezembro de 2010

A arte de ensinar

Quando eu era mais novo, na minha tenra idade, nunca me imaginei diante de uma sala de aula explicando o que quer que fosse para alguém. Eu era do tipo calado, tímido, que se assustava com a mínima possibilidade de se apresentar um trabalho diante dos colegas da escola. O tempo e a experiência acabaram me ensinando que aquele medo inicial, nada mais era do que o pavor de falhar diante de terceiros, mas aprendi que nem sempre a falha é sinônimo de fracasso pessoal. Como diria um certo mordomo a seu patrão ilustre: “Por que caímos, patrão Bruce?”. Para aprender a se levantar.
Há mais ou menos cinco anos lido com a importante e às vezes extenuante missão de passar meu conhecimento a outras pessoas, e em todos esses anos descobri que o professor, mais até do que em outras profissões, aprende muito mais do que ensina todos os dias. Incontáveis vezes me vi em sala surpreendido por uma pergunta de algum aluno do qual eu não sabia a resposta e aquilo me forçou a sair em busca de mais conhecimento. Outras tantas vezes algum aluno me mostrava formas mais simples de fazer a mesma coisa que eu havia explicado e não raro me vi diante da minha própria ignorância, rindo dela e admitindo que eu não era o dono da verdade, portanto também era passível de erro.
Ensinar algo a alguém não é uma tarefa simples nem tampouco automática. Ensinar exige acima de conhecimento, paciência em lidar com as mais diversas situações que podem ocorrer dentro de uma sala de aula e também saber lidar com os mais diversos tipos de alunos (e olhe que são muitos tipos!). Por mais que o conteúdo da matéria já esteja na ponta da língua, e que você saiba exatamente como conduzir a aula, nunca uma é idêntica à outra. As situações mudam de uma turma para a seguinte e o clima também é outro completamente diferente. Alguns aprendem com certa facilidade, outras aprendem com um pouco mais de empenho e sempre existe aquele que não consegue aprender seja lá qual for o método que o professor utilize. Com o tempo, aprendemos que nossos métodos de ensinar também precisam ser renovados, e até mesmo aquele aluno mais preguiçoso precisa sair satisfeito da aula e te deixando a sensação de dever cumprido. Dar aula é aprender coisas novas todo dia.
Não é o salário, não é o material usado e não é a pressão do chefe que motiva um professor de verdade. A grande motivação de um educador é o aluno. É o prazer de saber que aquilo que foi ensinado valeu a pena, senão para todos, pelo menos para uma boa parte da turma. Passar conhecimento causa uma satisfação indescritível, em especial quando percebemos que aquilo que foi dito atingiu alguém de forma positiva. Não há sensação mais prazerosa do que essa, nem motivação maior também do que saber que você fez a diferença, que você deu o seu melhor e que alguém fez bom uso disso. Só por isso vale a pena.
Sei que em cinco anos enfrentei muitas provações, encarei infortúnios, caí muitas vezes até aprender que aquilo fazia parte do aprendizado. Quando não caía naturalmente, tinha muita gente para tentar derrubar, mas chego ao final dessa etapa um tanto quanto satisfeito, apesar dos percalços, e sei que isso se deve ao fato de que minha consciência diz que de um jeito ou de outro eu fiz a coisa certa. Ao fim desse ciclo que sinto se encerrar com o fim do ano, me vejo feliz por ter feito mais bem do que mal a todos os alunos que tive a honra de conhecer. Alguns são meus amigos até hoje, outros se afastaram naturalmente e outros tantos hoje passam quase que despercebidos pela rua, não pelo desleixo do professor, mas pela minha total incapacidade de lembrar de tantos rostos e nomes. Acredite, são muitos!
Fiz a minha parte. A cada dia tentei dar o melhor de mim. Tenho a consciência que falhei algumas vezes, mas ninguém pode me acusar de não ter tentado. Espero de coração ter feito a diferença para meus alunos e espero que a retribuição venha na forma do sucesso que eles alcancem. Alguns vejo com orgulho, freqüentando escolas técnicas, faculdades e empregados em bons trabalhos, e sei que sou parte, mesmo que de uma fração ínfima, desse sucesso. Aprender é algo essencial para a vida, mas ensinar é uma arte tão essencial quanto. Sou grato por ter tido a oportunidade de ter sido um educador durante esse período e sou grato mais ainda aos alunos que me ensinaram mais do que eu ousava saber.

“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende".
(Guimarães Rosa)
Dedicado às turmas QE1B e QF1B de 2010 e a todas as outras que as antecederam.


NAMASTE!

21 de dezembro de 2010

Eu vi: The Walking Dead 1ª Temporada

Este post pode conter SPOILERS ocasionais
 
Baseado na HQ homônima, The Walking Dead conta a história de um grupo de humanos lutando por suas vidas após o que alguns conhecem como o Z-DAY (ou dia dos Zumbis).
A história tem como seu ponto central o personagem Rick Grimes (Andrew Lincoln), policial que entrou em coma após ser atingido por um tiro em uma ação de rotina da polícia. Enquanto ele está em coma os eventos que levam ao Z-Day ocorrem aparentemente em todo o mundo e ao acordar ele percebe que as coisas estão um tanto fora do normal, fazendo com que ele vá em busca de sua esposa Lori Grimes (Sarah Wayne Callies) e seu filho Carl Grimes (Chandler Riggs).
Nos EUA a série tem sido exibida pelo canal AMC e em outros países a distribuição é feita pelo canal FOX, chegando a 120 países.
O seriado é produzido e dirigido por Frank Darabont, o mesmo produtor de A Espera de um Milagre e apesar de contar com a supervisão do próprio Robert Kirkman, o escritor da HQ, a série apresenta boas diferenças do material original (do qual só li as três primeiras edições de 26 até então publicadas).


Gosto de filmes de zumbi em geral, me diverti bastante com A Madrugada dos Mortos (do "visionário" Zack Snyder) e o engraçadíssimo Zumbilândia (com Whoody Harrelson), comecei a acompanhar a série mais por curiosidade devido ao falatório geral que surgiu em torno dela, mas devo admitir que não achei essa "Coca Cola toda" que alardearam e explicarei por que.
The Walking Dead é uma série boa, bem dirigida e com um clima de suspense bem interessante. Apesar de conter em seu elenco uma porção de rostos desconhecidos, conta com boas atuações dramáticas, o que só contribui para o desenrolar da trama. Mesmo assim eu não senti o algo mais que me prendeu a LOST e a True Blood (que ainda não terminei de ver a 3ª temporada). 


A história focada no personagem de Andrew Lincoln conta com algumas reviravoltas interessantes apesar de possuir um ritmo muito mais rápido do que o da HQ, e assim como a maioria das adaptações de quadrinhos pra outra mídia, escancara o que é apenas sutilmente contado em sua origem. O envolvimento entre Shane (Jon Bernthal) e Lori que é apenas mencionado como uma suspeita nas primeiras edições da revista, por exemplo, já é mostrado explicitamente na série. Outros pontos são adicionados para aumentar a dramaticidade das cenas como o dia em que Rick foi alvejado e levado ao coma, e há sim um balanço importante entre a série e a história em quadrinhos, o que as tornam igualmente palatáveis, cada uma no seu estilo.

Quem vê a série não necessariamente precisa conhecer os quadrinhos porque a história dita seu ritmo próprio. Mais curta que as demais de seu gênero, com apenas 6 episódios, Walking Dead condensa de forma competente toda a história e relacionamentos entre os personagens, mas perde o ritmo vertiginosamente a partir do 4º episódio, tornando-se meio cansativa. O 1º episódio é primoroso e nos apresenta as pessoas envolvidas na narrativa de forma clara e precisa, sem grandes enrolações. Há ainda um mistério por trás de tudo que ocorreu entre o início e o fim do coma de Rick e em especial o que alastrou a praga zumbi pelo mundo (respostas que só começamos a ter no 6º episódio).
Até então solitário, Rick reencontra os familiares e o amigo "fura-olha" Shane numa espécie de povoado em Atlanta, longe do centro da cidade, e então, após serem atacados por uma horda de mortos-vivos e tendo muitas baixas entre seus colegas, o policial decide partir em busca de ajuda e respostas para o que começou tudo aquilo. É interessante notar, que o até então deslocado Rick tem essa ideia de seguir rumo a uma base militar onde a praga parecia ser combatida do nada, como se ele estivesse estado ali desde sempre. A direção da série deve ter se esquecido que o cara estivera desacordado durante o Z-Day!!
Quando eles partem em busca da base de pesquisas encontram um único médico que lhes explica o que acontece com as pessoas infectadas, embora ele não saiba (ou finja que não) como aconteceu o primeiro caso. Em busca de proteção eles acabam apenas descobrindo alguns detalhes que não sabiam sobre os errantes, mas partem de novo quando o laboratório explode sem condições de continuar a ser usado pela falta de energia.

A série vale pelos momentos de tensão e mortes dramáticas que acontecem no seu decorrer, mas a primeira temporada terminou muito aquém de como começou. Pelo tanto de burburinho que gerou eu esperava mais e fico no aguardo da próxima temporada no longínquo Outubro de 2011 mesmo não tendo curtido tanto assim a 1ª.

NAMASTE!

17 de dezembro de 2010

Vote em mim em 2014!

O salário mínimo é uma merreca, a 1ª parcela do meu 13º já acabou faz tempo e quem ganhou o presente de Natal antecipado foram os parlamentares.
Essa semana foi aprovado o aumento de salário para deputados (comemora, Tiririca!), senadores e Presidente no Plenário da Câmara, e a votação, como era de se esperar, ocorreu de forma rápida. Quem dera a votação para leis fosse tão ágil quanto essas aprovações para aumento salarial!
A galera que mais sua no Brasil ganhou um reajuste considerável. Só os deputados vão receber um aumento de 61,8%, e seu salário passará dos míseros R$ 16,5 mil (dinheiro que gasto com a comida do cachorro) para R$ 26,7 mil (ver o gráfico comparativo abaixo).


Dilma, Martha e todo o bonde do PT também já entram com o pé de meia feito e já tramita na Câmara um novo pedido de aumento também para os ministros, que alegam querer uma espécie de emparelhamente salarial em todos os poderes: Judiciário, Executivo e Legislativo.
Nada mais justo que esses homens e mulheres que trabalham pelo povo recebam bem por isso. Eles representam os nossos interesses e precisam de conforto e estabilidade para executarem bem seus papéis.
Afinal quem estuda merece mesmo reconheci-- hã? O Tiririca é semi-analfabeto? Não terminou nem o primário? Opa! Desconsiderem as duas últimas linhas.

Para se ter uma ideia do novo poder aquisitivo da galera, com seis meses de salário de um Deputado e enconomizando um pouco (comprando um porquinho, sei lá) daria para comprar um Camaro à vista, agora que ele está à venda em terras tupiniquins, 9 Playstation 3 de 80 GB de capacidade, em torno de 18 Ipads wi-fi de 16 GB da Apple e mais ou menos 2400 Whoopers do Burger King!

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Com esse dinheiro todo e vendo que o mercado de Design Gráfico e de informática anda meio saturado eu tomei uma decisão: Lançarei minha campanha para Deputado Federal para 2014!!

É um cargo bom e rentável que não exige nem conhecimento e nem experiência, a carga horária é curta (tendo em vista que a câmara dos deputados vive às moscas), existem ótimos benefícios e ainda poderei empregar metade da minha família (nepotismo não existirá em meu dicionário). Aliás, dicionário? Não terei mais pobrema ninhum com a límgua purtugeza, pois farei questão de esquesse-la compretamente. Eçe negóssio só serve pra atrapaiá mesmo.

Preparem-se. Em 2014 (se o mundo chegar até lá) votem no cara certo. Prometo descobrir pra que serve um deputado muito antes do Tiririca e trarei a resposta para vocês.


Em 2014 vote em Rodrigo. Com Rodrigo não tem perigo!!

NAMASTE!

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