27 de março de 2020

Pássaro Noturno - A Corporação Bastidores


No ano em que o Blog do Rodman comemora 10 anos de existência, o Pássaro Noturno está comemorando 25 anos. Não foi por acaso que decidi dar vida aos contos do herói nacional somente agora nessa época de comemorações, mas claro que gostaria de tê-lo feito antes, para que todo mundo pudesse conhecer Henrique Harone e seus incríveis amigos há mais tempo. 

Pássaro Noturno - A Corporação fecha a primeira trilogia que imaginei lááááá em 1995 e coloca o protetor de São Francisco d'Oeste (enfim) frente a frente contra seu principal rival, o magnata Edmundo Bispo



Para os dias atuais eu precisei fazer diversas alterações no que imaginava ser esse confronto final, mas acabei gostando da versão moderna. Na minha cabeça era algo mais épico com batalhas longas e demoradas contra um exército, findando com o desmoronamento do prédio da Xeque Mate, mas conforme ia escrevendo, percebi que isso não ia caber no roteiro. O Edmundo Bispo atual é mais um empresário com muita grana pra gastar do que um super-vilão clássico que dá risadas sarcásticas e parte ele mesmo para cima do herói. Escrevi Bispo mais como alguém inalcançável, por trás de paredes e mais paredes de burocracia, advogados e dinheiro do que alguém que dá para pular em cima e cobrir de porrada, e achei que assim fiz mais justiça ao que são os verdadeiros inimigos da sociedade atual.



Quanto ao Henrique Harone, o que muda nele nesse novo conto?



Bem, ele ainda é só um moleque de 15 anos com recursos tecnológicos, que erra e acaba sendo obrigado a aprender com esses erros, mas há uma grande evolução no personagem que vimos lá no primeiro conto. Cuidei para que sua evolução não fosse só física, como ele pensava no segundo conto, e ao final de "A Corporação" temos vislumbres do que o Pássaro Noturno vai se tornar no futuro, quando então ele se une a Legião Nacional (a equipe de super-heróis brasileiros que já tenho desenvolvida, mas não publicada).



O treinamento físico pesado que Henrique, Ricardo e Antônio fazem com Sebá mostra resultados nesse novo capítulo e embora nenhum deles possa ser considerado um mestre em artes marciais - algo que seria forçado até mesmo dentro do universo de super-heróis - eles começam a se virar melhor contra adversários físicos. Pelo menos bem melhor do que no desastre que foi sua primeira missão em campo no penúltimo capítulo de "Ataque Triplo". 

A escolha pelo uso do Fei Hok Phai surgiu quando escrevi um conto que já mostrava o futuro do Pássaro Noturno, já ao lado da Legião Nacional, e assim, decidi manter a existência dessa arte marcial em sua origem. Pelo que estudei, essa variação de Kung Fu foi difundida pelo Mestre Lope e adaptada no Brasil - possui até hoje uma academia na região de Santo André - e fez ainda mais sentido ser algo que Sebá, um capoeirista baiano, também dominasse, além da arte marcial de origem africana. À princípio, parece uma mistureba louca, mas não vi qualquer problema em tornar isso um elemento importante da origem do herói noturno. 



O traje de Pássaro Noturno também passa por uma modificação em A Corporação, ainda em consonância com o que acabei falando antes sobre o poder de adaptação de Henrique ao que ele necessite em campo de batalha. O capuz fechado e o sistema de refrigeração interna no uniforme acabam atendendo uma necessidade que ele observou quando enfrentou a gangue de Gerônimo Falcão. A máscara aberta no queixo (estilo "Demolidor") além de deixar visível sua boca, o deixava vulnerável a fumaça e gases letais, o que o levou a vedar a entrada e ainda instalar um sistema de refrigeração e um respirador, tudo possível graças ao CAD (seu supercomputador) e os equipamentos que materializam seus projetos (no caso seu "Sarcófago" e sua Matriz de Impressão). 

Como Henrique destaca no texto, esse é seu quarto traje fabricado, sendo que o primeiro era apenas um protótipo nunca utilizado, o segundo foi o que ele utilizou ao cair do alto do prédio da Xeque Mate (em Origens) e o terceiro foi o que ele usou em Ataque Triplo



Em seu arsenal, Pássaro Noturno trocou as estrelas ninja que usou contra os capangas de "Belo" Falcão por boleadeiras e apresentou pela primeira vez seus discos metálicos de arremesso, armas que permitem que ele ataque seus adversários à distância. A Corporação marca também a estreia do Imã, sistema magnético capaz de disparar um campo que pode repelir um alvo de 80 kg pela distância de 10 metros com a força de até 7840 Joules (juro que fiz até um cálculo para chegar a esse valor, para tornar o equipamento mais verossímil! Desculpe se errei algo, professores de Física!). Como tinha destacado no primeiro post sobre meus contos, o Imã é a arma mais eficaz guardada no cinturão de Pássaro Noturno, e seu uso salva a vida do herói em mais de um caso nesse novo conto. 



Ferina

A adição da Ferina ao "Clube dos Otários" formada por Henrique, Ricardo e Antônio era só uma questão de tempo, já que ela vinha sendo rascunhada desde o primeiro conto e desde sempre em minha mente. Para quem achou uma surpresa que os perdedores do Ensino Fundamental conseguissem recrutar uma menina para seu clube de heróis, a meu ver, nunca foi algo distante de acontecer. Nos primórdios da criação do Pássaro Noturno sempre houve uma Ferina, o único ponto inédito foi sua origem, que desenvolvi inteira agora que tive essa chance. Como era costume naquela época - os anos 90 -, a Ferina era só uma parceirinha do herói forte e inteligente, e admito que ela era mais rasa que um prato. Eu nunca tinha pensado em aprofundar ela ou lhe dar uma origem, algo que senti necessidade agora.



Silmara Santoro foi apresentada logo no primeiro conto do Pássaro Noturno e ela foi o grande elemento de virada na vida de Henrique Harone, já que foi ela que deu algum propósito ao garoto. "Eu tenho um supercomputador embaixo da minha garagem e ele me dá vantagens técnicas. Vou me vestir de pássaro e sair por aí a noite". Esse era o Henrique Harone antes de se deparar com a realidade dura de Silmara e ver que as injustiças sociais estavam mais aprofundadas em sua cidade do que ele imaginava. Além dela inspirar seu codinome heroico, a garota serviu como um despertador da consciência de Henrique, que passou a ter um objetivo a cumprir depois disso. O problema de São Francisco d'Oeste não era somente um bando de aviõezinhos entregando drogas na calada da noite. A questão era imensamente maior e chegava aos altos escalões da cidade, passando pela prefeitura, fórum de justiça, delegacia e até mesmo a imprensa. Isso tudo enquanto a parcela mais pobre de São Francisco continuava sem acesso a serviços básicos de saneamento, saúde, informação e educação. Assim como no mundo real - e naquela música Bom Xibom Xibom Bombom - os ricos ficavam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, sem esquecer que a imprensa continuava noticiando apenas a evolução tecnológica pela qual a cidade passava, oferecida pelo "ilibado" empresário Edmundo Bispo. 



Silmara era uma garota marcada pela violência que passou nas mãos de "Belo" Falcão e seus capangas em sua infância e diferente de Henrique, ela entendia como funcionava o submundo do crime por estar em meio a ele desde pequena. Quando ela se junta a Pássaro Noturno, Thunderwing e Espião Negro, ela dá uma vantagem imprescindível ao time dos heróis, voltando a torná-los necessários na batalha contra a Corporação, após a derrota sofrida ao final de Ataque Triplo



Em minha mente, a Ferina (antes "Felina") era só uma cópia sem graça da Mulher Gato (ou da Gata Negra, com a qual eu tinha mais familiaridade), mas as mudanças a que me propus fazer com aquela que seria uma das personagens mais importantes de A Corporação exigia um pouco mais de esmero da minha parte. Para evitar novos problemas com direitos autorais (uma vez que já existe uma Felina na Marvel), modifiquei seu nome para Ferina e decidi deixar de lado seu visual de "gatinha" para algo que remetesse não só ao felinos como também a aves de rapina (nada a ver com o grupo da DC, estou falando de pássaros). Assim, a persona heroica de Silmara deixou de ser uma espécie de Hello Kitty das trevas para algo mais perto de uma coruja, ou pássaro noturno. 


Visual anterior de Hello Kitty das trevas e o atual

Seja como for, Silmara não queria sair voando por aí como seus colegas de equipe. Sua ideia era mais possuir uma identidade que a permitisse agir na encolha e usar força física somente  quando fosse necessário. O traje camuflado que a torna invisível por alguns minutos foi uma ideia que criei direto para A Corporação e que eu nunca tinha pensado antes. Como funcionava para sua primeira missão em campo, decidi incrementar, embora não fosse uma ideia sua e sim um projeto que já existia nos bancos de dados do CAD. O soco inglês elétrico era uma escolha óbvia como sua arma primária, já que ela não tinha qualquer treinamento em arte marcial e precisava sair na porrada de vez em quando. 



A parte mais divertida em escrever Pássaro Noturno - A Corporação foi a possibilidade de desenvolver melhor os personagens que antes eram só ecos em minha mente e que nunca antes tinham sido usados de verdade. Não tem como dizer que isso não foi satisfatório. Toda a construção ao redor dos personagens centrais também foi um grande desafio e me levou a fazer uso do Evernote para anotações diversas, ligações entre cenários, personagens coadjuvantes, pesquisas e a subdivisão de capítulos desde Ataque Triplo. Sem essas anotações prévias, eu teria me perdido feio no meio da narrativa e o Evernote me ajudou a manter tudo minimamente organizado para contar a história. 



Realmente não dá mais vontade de parar de expandir esse universo a cada nova ideia que vai surgindo, mas assim como todo filho, chega uma hora que somos obrigados a deixá-lo partir e ganhar suas próprias asas.

Nesse período difícil que o mundo vem vivendo devido a pandemia da Covid-19, é quase egoísta falar de criações e personagens fictícios, esperando que as pessoas se divirtam lendo algo assim, mas se você não tiver nada mais importante para fazer, eu gostaria que pudesse ler e curtir o novo conto que já está DE GRAÇA lá no Wattpad. Não é financiamento coletivo, não é Kindle, Amazon nem nada disso, você só precisa ter um navegador da internet para ler.

Mas Rodman, eu nem sei do que você está falando. Eu não li os outros capítulos!

Tudo bem, jovem padawan perdido. Os dois capítulos anteriores também estão disponíveis DE GRAÇA na plataforma Wattpad. Comece por Pássaro Noturno - Origens:



Depois leia Pássaro Noturno - Ataque Triplo



E finalize a trilogia com Pássaro Noturno - A Corporação.



Eu queria poder preparar um projeto gráfico mais elaborado e mais bem cuidado com ilustrações e imagens, mas o Wattpad não permite esse tipo de tratamento. Por isso, deixo disponível para download a versão em PDF que pode ser lida com alguns extras em tablet, celular ou qualquer outro sistema tecnológico do século XXI.          

Para download, Clique aqui!

Espero que gostem e não esqueçam de dar aquele incentivo seguindo o autor lá no Wattpad, curtindo as postagens e claro, votando nos capítulos. Se cuidem! Lavem bem as mãos, evitem aglomerações desnecessárias e 

NAMASTE! 

11 de fevereiro de 2020

E o Oscar 2020 foi para...


No domingo rolou a 92ª edição da premiação mais importante do cinema e o que não faltou foi surpresa em algumas categorias. O excelente sul-coreano Parasita foi o filme mais premiado da noite e provavelmente a grande decepção ficou por conta de O Irlandês, que não levou nenhuma estatueta para casa. 



A cerimônia não contou com um apresentador fixo, como já aconteceu na edição anterior, mas teve uma abertura especial com os comediantes Steve Martin e Chris Rock. Longe de causar tanta polêmica quanto Rick Gervais na apresentação do Globo de Ouro de 2020, Martin e Rock se limitaram a criticar a óbvia falta de representatividade feminina nas principais categorias do Oscar (exceto as que envolviam atuação). Rock ainda fez uma piada sobre a presença (ou falta de) negros nas indicações desse ano, dizendo que, diferente de edições do século passado, esse ano havia UM negro indicado ao Oscar, se referindo a atriz e cantora Cynthia Erivo, que disputava o prêmio de Melhor Atriz por seu papel no filme Harriet


Cynthia Erivo

Para tentar compensar a falta de representatividade, tivemos esse ano um número grande de atores e atrizes negros apresentando os prêmios e anunciando os vencedores, e passaram pelo palco o ator Mahershala Ali (que ganhou duas vezes como Ator Coadjuvante em 2017 e 2019), a atriz Regina King (Melhor Atriz Coadjuvante em 2019), o diretor Spike Lee (vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado em 2019) entre outros. 



Bora conferir os principais premiados do Oscar 2020?

Começando pelos prêmios técnicos, o filme Ford vs Ferrari (de James Mangold) abocanhou duas estatuetas, Melhor Montagem e Melhor Edição de Som, derrubando nessas categorias o favoritismo de 1917.



Falando no filme dirigido por Sam Mendes,1917 ganhou quase todos os demais prêmios técnicos, levando o de Melhor Mixagem de Som, Melhores Efeitos Visuais (derrotando Vingadores - Ultimato e Star Wars - A Ascensão Skywalker) e o de Melhor Fotografia, estátua entregue nas mãos do diretor Roger Deakins. O experiente diretor já tinha trabalhado anteriormente com Mendes em 007 - Operação Skyfall e chegou a ser indicado por seu trabalho de fotografia em outros filmes como Bravura Indômita, Blade Runner 2049 e Onde os Fracos Não Tem Vez.


Roger Deakins

O prêmio de Efeitos Visuais é curioso, já que 1917 não se pauta e nem usa o recurso como muleta para contar sua história. Era esperado que o Oscar fosse dado a um filme mais carregado de manipulações digitais, mas não foi dessa vez que um filme Marvel levou uma estatueta nessa categoria.  

Adoráveis Mulheres, cuja diretora Greta Gerwig nem sequer foi indicada na categoria Melhor Direção, levou apenas na categoria Figurino, o que é bem comum para filmes de época.


Greta Gerwig

O Escândalo, que também disputava Melhor Atriz (Charlize Theron) e Melhor Atriz Coadjuvante (Margot Robbie) levou apenas por Melhor Maquiagem, o que era justo, dado a trabalheira que deve ter sido modificar os rostos da própria Charlize, para se parecer mais com Megyn Kelly e John Lithgow, que se transformou em Roger Ailes. Era Uma Vez... Em Hollywood ganhou o prêmio de Direção de Arte, que ficou a cargo de Barbara Ling e Nancy Haigh.


John Lithgow e Charlize Theron caracterizados em O Escândalo

Na categoria Documentário, American Factory de Julia Reichert, Steven Bognart e Jeff Reichert superou o brasileiro Democracia em Vertigem, dirigido por Petra Costa, colocando o nosso país mais um ano na fila dos prêmios internacionais de cinema. Acusada pela Direita brasileira de ter usado o documentário de maneira a apaziguar em excesso a culpa do Partido dos Trabalhadores no processo de Impeachment da então Presidente em exercício, Petra Costa mostra de uma maneira até mesmo didática tudo que aconteceu no país desde os protestos dos 0,20 centavos, e como a Direita se fortaleceu nesse ínterim, pegando o vácuo de ódio criado pelo suposto "combate à corrupção", representada acima de tudo pelo governo do PT. Podia ter pesado mais na mão ao retratar Dilma, Lula e companhia? Podia. Mas não tem mentira nenhuma no documentário.


Petra Costa

O prêmio de Melhor Documentário em Curta-Metragem foi para "Learning Skateboard in a Warzone (If You're a Girl)" de Carol Dysinger, Melhor Curta-Metragem ficou com "The Neighbors' Window" de Marshall Curry e a Melhor Animação em Curta-Metragem foi para "Hair Love", uma simpática animação americana (da Sony Pictures Animation), dirigida por Matthew A. Cherry, Everett Downing Jr. e Bruce W. Smith, que fala sobre a aceitação dos cabelos afros. 



Concorrendo com Klaus (disponível na Netflix e que muita gente apostava ser o favorito), Como Treinar Seu Dragão 3 (a meu ver, muito superior ao vencedor) e o Link Perdido (que venceu na mesma categoria no Globo de Ouro), o apenas simpático Toy Story 4 acabou ficando com a estátua de Melhor Animação, mesmo após ter subvertido todo o conceito da trilogia inicial. Era um filme desnecessário, mas claro que sai mais prestigiado após levar o Oscar e de ter faturado muito bem nas bilheterias. 



A maestrina Hildur Guðnadóttir foi a primeira mulher a ganhar na categoria Melhor Trilha Sonora do Oscar em 92 edições, e ao mesmo tempo anotou mais uma estátua para o filme Coringa.


Hildur Guðnadóttir

Sem constar em nenhuma outra categoria, o filme Rocketman, que conta a biografia do cantor Elton John, levou o de Melhor Canção Original por "(I'm Gonna) Love Me Again", numa performance executada pelo próprio Elton John na cerimônia.



Para não passar batido, Jojo Rabbit deu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado para o diretor Taika Waititi, e o cara usou seu espaço de agradecimentos para passar uma mensagem importante sobre pessoas "não brancas" não desistirem de seus sonhos, ele que é neozelandês e que interpreta Adolf Hitler, o amigo imaginário do menino Jojo do título.


Taika Waititi (Hitler) ao lado de Roman Griffin Davis (Jojo)

O Oscar de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante não teve grandes surpresas, já que repetiu as mesmas premiadas do Globo de Ouro. Laura Dern fez a rapa nos prêmios que disputou por sua atuação brilhante como a advogada da personagem de Scarlett Johansson em História de Um Casamento, já Renée Zellweger parece ter mesmo encantado a Academia ao interpretar a atriz Judy Garland em seus últimos anos de vida, após os problemas com drogas e bebida, no filme Judy. Renée andava sumida de Hollywood, mas decidiu voltar com tudo, no papel de sua vida.


Renée Zellweger e Laura Dern

As categorias Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante também repetiram as premiações do Globo de Ouro, e consagrou Joaquin Phoenix em seu papel magistral de Arthur Fleck, em Coringa e Brad Pitt por seu Cliff Booth de Era Uma Vez... Em Hollywood. Há quem diga que Pitt não fez nada demais como o coadjuvante de Leonardo DiCaprio (que merecia o prêmio de Melhor Ator... Se não tivesse existido a interpretação de Phoenix em Coringa), e que ele só representou ele mesmo em cena. Parece, no entanto, que Al Pacino e Joe Pesci (ambos por O Irlandês), Anthony Hopkins (Dois Papas) e Tom Hanks (A Beautiful Day in the Neighborhood) não fizeram um trabalho tão bom em seus filmes quanto o ex-galã! Talvez ainda tenham que comer muito feijão até chegar aos pés de Brad!


Joaquin Phoenix e Brad Pitt

Brincadeiras à parte, sabemos do talento de Pitt (que atuou muito melhor em Bastardos Inglórios, por exemplo), mas Cliff Booth não parecia ser o papel para levar Oscar.

Não vi as atuações de Hanks e Hopkins em seus respectivos filmes, mas parece absurdo a Academia premiar Brad Pitt em vez de Al Pacino ou Joe Pesci pelo que fizeram em O Irlandês. Ícones do cinema, os dois estão muito bem em cena, dirigidos pelo colega de anos Martin Scorsese, mas parece que premiar um filme da Netflix ainda é um tabu para os véi do Oscar. Assim como os filmes da Marvel (que não são cinema), Scorsese saiu de mãos abanando da festa, e ainda aproveitou pra tirar um cochilo durante a apresentação surpresa do Eminem.



Aliás... Qual foi o sentido da apresentação do rapper bem no meio da cerimônia? Mostrar que a superioridade branca funciona até no mundo do rap?



Bem... Aí veio Parasita, e a Academia se curvou ao talento inegável do diretor Bong Joon-Ho, dando-lhe não somente o prêmio de Melhor Direção (batendo Sam Mendes de 1917), como também o de Melhor Roteiro Original, Melhor Filme Estrangeiro (o que era barbada!) e o de Melhor Filme. Parasita é o primeiro filme de língua não-inglesa a vencer na categoria Melhor Filme e criou-se um marco em 2020 com sua vitória, abrindo um precedente que nunca antes tinha sido permitido em Hollywood.


Bong Joon-Ho e o elenco de Parasita

O filme, claro, tem todos os méritos por seu sucesso e Joon-Ho subiu ao palco quatro vezes, quase não acreditando que tinha vencido seus ídolos nas categorias. Em agradecimento, falando em coreano e sendo traduzido por uma intérprete, Joon-Ho chegou a citar uma frase de Scorsese em seu discurso e puxou uma salva de palmas no teatro ao diretor veterano, que agradeceu, lisonjeado. Momento bem emocionante da celebração.


"Quanto mais pessoal, mais criativo". Joon Ho citando Scorsese em seu discurso

O resumo é bem positivo ao final da premiação. Se os representantes da Academia ainda precisam aprender bastante sobre representatividade étnica ou de gênero, indicando mais artistas de outras etnias bem como mais mulheres às categorias principais, pelo menos teve a quebra de paradigma representada pela vitória de um filme sul-coreano à principal categoria da noite. Dá se a impressão que as coisas estão evoluindo no cinema, mesmo que à passos de tartaruga.

P.S. - O que foi o momento em que Brie Larson e Gal Gadot se juntaram no palco para homenagear uma das primeiras heroínas do cinema de ação, interpretada pela atriz Sigourney Weaver? Capitã Marvel, Ripley e Mulher Maravilha pisando no mesmo terreno, o palco chegou a tremer.



P.S. 2 - O Martin Scorsese dormindo durante a apresentação do Eminem me representa nas três primeiras vezes que tentei assistir O Irlandês! Só consegui ir até o final na quarta, mas gostei bastante das atuações e da direção dessa série de quatro episódios. Al Pacino, DeNiro (esnobado no Oscar!) e Joe Pesci mostram porque são monstros consagrados do cinema.



P.S. 3 - História de um Casamento é um ótimo filme de diálogo e com um final muito comovente. Tanto Scarlett Johansson quanto Adam Driver mostram que são muito mais que atores de parques de diversão, e que dão conta da interpretação séria e adulta com um roteiro mais inteligente. Apesar disso, Driver não tinha muita chance contra a loucura colocada pra fora por Joaquin Phoenix em Coringa, mas num futuro próximo, acredito que o cara vai fazer uma carreira premiada.



NAMASTE!

9 de fevereiro de 2020

Os bastidores de Pássaro Noturno - Ataque Triplo


Quando comecei a contar a origem do Pássaro Noturno, eu já tinha em mente que seria uma trilogia de contos e tudo que precisei fazer foi dividir o texto em três grandes atos. O primeiro ato, vocês conheceram em Pássaro Noturno - Origens (e se não conheceu ainda, faça o favor de clicar nesse link!), contando quem é Henrique Harone e de onde surge sua personalidade heroica. O segundo ato, que acabou de ser publicado, já expande a missão de Pássaro Noturno em deter A Corporação para novos horizontes, incorporando dois novos elementos à equação: Thunderwing e Espião Negro

Já contei aqui no Blog que eu tive dois grandes amigos na época do Ensino Fundamental e foi com eles que, pela primeira vez na vida, eu pude dividir um pouco do fascínio que eu tinha por histórias em quadrinhos. Estamos falando dos anos 90, e nessa época não era legal ser nerd. Na verdade, para as demais pessoas, devia ser bem estranho alguém sem tato social quase nenhum, que vivia metido atrás de um gibi, lendo histórias que, em teoria, eram escritas para crianças. Bem... Esse era eu em minha adolescência. Ninguém mais na sala de aula curtia esse lance de super-heróis - ou mesmo qualquer outro tipo de quadrinho - e eu acabai arrastando meus amigos Rodrigo e Antônio para esse mundo comigo. Por um bom tempo nós passamos a colecionar juntos a polêmica saga Queda do Morcego protagonizada pelo Batman, mas sempre que o dinheiro permitia (e olhe que na época um gibi custava uns R$ 3,00 no máximo!) a gente conferia alguma coisa dos X-Men, do Superman e do Homem Aranha também. 



Rodrigo e Antônio serviram como base para a criação do Thunderwing e do Espião Negro, e isso desde aquela época. Quando eu criei o Pássaro Noturno, eu já tinha essa vontade de usar pessoas reais como base para desenvolver os personagens coadjuvantes, e nada mais justo que os melhores amigos do Henrique Harone fossem também os meus melhores amigos da época de escola. 

Foram muitas as vezes que passamos a hora do intervalo inventando histórias fantásticas, falando de videogame e de filmes. Foi com eles que descobri as emoções dos fliperamas, onde passávamos horas jogando Mortal Kombat, Street Fighter ou Cadillacs e Dinossauros, e até tentamos uma vez enveredar pelo mundo dos quadrinhos, onde cada um criou seu personagem fictício para dar início a uma geração nova de heróis. O meu era o infame "Reathlock", que mais tarde eu rebatizei de Dragão Vermelho e hoje faz parte da minha Legião Nacional, que pretendo apresentar mais para frente. Era uma época boa.


O antigo Reathlok e atual Dragão Vermelho

E os outros personagens de Ataque Triplo, Rodman? Eles também existem na vida real?

A maioria dos coadjuvantes de Ataque Triplo (e também de Origens) é baseado em uma pessoa real da época da escola e isso faz justiça ao que eu tinha imaginado no começo, quando desenvolvi o personagem. Entre a 5ª série e a 6ª, nossa turma foi inteira separada em três salas e muitos de nossos amigos acabaram caindo na concorrida 6ª C. Eu e Rodrigo ficamos na 6ª B e ali, mais tarde, acabamos conhecendo o Antônio. Em algum momento ocorreu uma ruptura entre as salas, e uma série de fofocas e conversas desviadas acabou fazendo com que se criasse uma rixa idiota entre todos nós, separando de vez as amizades da antiga 5ª A. Nesse clima de inimizade, já em 1995, eu criei o Pássaro Noturno e os principais adversários de meu personagem eram meus ex-amigos da 6ª C.

Sim! É ridículo! Mas uma briguinha tonta entre adolescentes acabou motivando minha criatividade.

O Quinteto Macabro citado no conto Ataque Triplo é baseado em pessoas reais. O Carlos Castellini, o moleque que pratica bullying com nosso trio de heróis, foi baseado no Carlos Castelucci (que era meu melhor amigo da 5ª série). Os seus ajudantes escrotos são baseados em outros alunos da minha escola também: O Régis, que é o bonitão conquistador e atlético no conto, é baseado no Rogério Paranhos, que na escola sempre fez parte do grupo dos atletas e que conquistou boa parte das meninas da escola DE VERDADE! O Alexandre Kostick é homônimo a um dos melhores amigos do Carlos da vida real naquela época, e era vizinho do mesmo também. Sua persona no conto tem pouco a ver com o verdadeiro Alexandre, mas por alguma razão, eu sempre quis colocá-lo como o braço direito do arqui-inimigo do Pássaro Noturno. O Robson, que é descrito como o grandalhão do grupo, é na verdade baseado no Rovilson, que nem era da 6ª C naquele período - ele estudava comigo, Rodrigo e Antônio na 6ª B - e que nem sequer tinha entrado na briga entre classes. 

As meninas da história também são baseadas livremente em pessoas reais. A Daniela, que é o grande amor adolescente do Henrique, é na verdade a Thais, pela qual fui realmente apaixonado na 5ª série, até ela mudar de escola. O interesse romântico do Antônio na história é a Adriana, que foi mesmo uma aluna que entrou na escola à partir da 6ª, descrita exatamente como ela era, loira de olhos verdes. A Simone que é interesse romântico do Ricardo, é na verdade a Daniela Chaves, que também entrou em nossa escola depois de um tempo e fazia mesmo o tipo popular e festeira. Por alguma razão que nunca soube, ela me chamava de "Corujinha" e o Antônio passou a ser o "Coelhinho", apelido pelo qual ele foi conhecido por um longo tempo. 



É importante frisar que, apesar de ter havido uma rixa real entre os dois grupos na minha época da escola, nem de longe as cenas de agressão e bullying descritas na história chegaram a acontecer. Essa é a parte fantasiosa do enredo, até porque nossa vida real não foi tão empolgante assim para render um conto de super-herói! O único personagem pertencente ao Quinteto Macabro que era realmente um babaca também na vida real é o "Claudio", mas esse nem merece ser citado aqui. 

Hoje em dia, dos que tenho contato, todos se tornaram ótimas pessoas, pais e mães de família zelosos e muito bem inseridos na sociedade. Nada de "Corporação" nem bullying e nem nada parecido. Não sei se serve de homenagem a eles - acho que não! Hehehe! - mas fica aí pelo menos a citação.  

Claro que o foco do enredo não é somente os desentendimentos de Henrique, Ricardo e Antônio com o Quinteto Macabro. Enquanto eles tentam sobreviver ao último ano do ensino fundamental, A Corporação continua enredando sua teia ao redor de São Francisco d'Oeste, atingindo todas as áreas mais importantes da cidade e cravando fundo suas presas. Não há mais tempo para amadorismo e Henrique Harone começa a perceber isso da pior forma possível. 


Thunderwing e Espião Negro

Em meados de 1995 e 1996 eu desenhei - toscamente - um gibi do Pássaro Noturno e nele eu inseri o momento em que Henrique Harone mostra seu esconderijo subterrâneo aos dois amigos Ricardo e Antônio. Na época, eu criei um visual para os dois heróis, mas tinha poucas lembranças dos detalhes, uma vez que descartei esse gibi há alguns anos. De memória, eu sabia que o "Thunderbird" tinha uma máscara metálica parecida com a do Jason Vorhees de Sexta-Feira 13 e que ele usava uma armadura pesadona com uma capa nas costas. Estávamos nos anos 90, e claro que seu desenho era todo cheio de "garras" e "pontas," e ao recriar agora o personagem, decidi manter isso, em homenagem ao original. Naquele tempo o Batman/Bruce Wayne estava sendo substituído nos gibis pelo Jean-Paul Valley, o Azrael, que adivinha, tinha o traje cheio de garras, pontas, usava uma armadura e tinha uma capa longa. Coincidências? Duvido. 


O Batman Azrael e o Destruidor das Tartarugas Ninja

Embora não tenha me baseado nele, depois que acabei o rascunho e a pintura digital, percebi que o Thunderwing ficou bem parecido também com o Destruidor, inimigo das Tartarugas Ninja, mas aí devo admitir que não foi proposital. Se levarmos em consideração que Ricardo Costa era um moleque de 14 anos quando inventou seu traje, é bem comum que ele tenha usado referências como o Destruidor e o Azrael na hora de confeccionar, não é mesmo?



A brincadeira que rola num diálogo sobre Ricardo querer se chamar "Thunderbird" num primeiro momento é em relação ao antigo nome com o qual batizei o personagem nos anos 90. Claro que naquela época eu não ligava muito para coisas como direitos autorais ou direito de imagem, e pra mim, usar um nome que já era amplamente utilizado em diversos outros lugares, não dava nada. Até porque eu nem tinha pretensões de apresentar meus personagens para o mundo. Hoje no entanto, usar "Thunderbird" seria até criminoso, por isso modifiquei para algo semelhante. Que tal Thunderwing?

O Espião Negro é o elemento furtivo da equipe. Conforme eu o ia escrevendo, ele ia ganhando mais ainda ares de o geek do grupo, o que não significava que ele estaria no conforto do esconderijo enquanto os outros dois saíam em missão. Por ser o mais inteligente dos três, ele também desenvolveu o uniforme mais ágil, além do mais seguro do trio. Dotado de um capacete hi-tech com filtros de ar e visão noturna, ele ainda usa uma couraça à prova de balas, bem como o kit básico de ferramentas para invasão e espionagem nos bolsos do cinturão. Como armas, acabei escolhendo um conjunto de kunais ninja que não só perfuram como também explodem os alvos. E claro, o bastão retrátil, a meu ver, uma das armas mais úteis em combate. 



O Espião Negro original era bem mais simples e parecia uma versão cospobre do Robin (o Tim Drake). Não havia capacete, nem kunais, e ele usava uma máscara que só cobria os olhos. 


O Robin Tim Drake

Num mundo minimamente real, é claro que essa não seria a roupa mais adequada para um combatente do crime inteligente e então recriei todo o conceito do Espião Negro. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que assim que o colori, ele ficou parecido com um dos visuais do Daft Punk! Droga! E eu tinha mirado nos Metal Heroes das séries Tokusatsus!  



Se Pássaro Noturno - Origens fala de começo, Ataque Triplo fala de amadurecimento e prepara o herói e seus amigos para o grande confronto final contra A Corporação de Edmundo Bispo

Pássaro Noturno - Ataque Triplo já está disponível na plataforma Wattpad. É gratuito e super acessível. Não esqueça de seguir o autor, votar nos capítulos e compartilhar. Em breve o último conto da primeira trilogia também estará no ar.



NAMASTE! 

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