26 de novembro de 2020

A última temporada de Demolidor e Justiceiro



Para fazer e mente aquietar um pouco durante a pandemia — que para muita gente já até acabou! — eu tenho assistido muitos filmes e séries, mas se engana quem acha que é só coisa nova. Porra nenhuma! Eu tenho revisto muita coisa velha e até tenho aproveitado para consumir material que já foi lançado há algum tempo, mas que eu nunca tinha sentado para ver.

Nesse Combo Breaker nostálgico, vou falar minhas impressões sobre a terceira (e última) temporada do Demolidor da Netflix e a segunda temporada do Justiceiro.

SIGAM-ME OS BONS! 

DEMOLIDOR (Terceira Temporada)

Eu já tinha assistido a última temporada do Demolidor na época em que ela foi lançada, em 2018, mas foi como se o impacto do cancelamento da série só tivesse me atingido agora. Eu sou um grande fã do Demônio Audacioso de longa data — looonga mesmo! — e fiquei bastante empolgado quando surgiram os boatos que o personagem ia ganhar um seriado próprio lá por 2015. Escrevi alguns posts de expectativa, falei sobre as outras temporadas, mas acabei não tendo saco para falar sobre a última, que não deixa NADA a dever para as anteriores. 



O grande problema das séries Marvel/Netflix foi a quantidade exagerada de episódios que as tornou, em muitos casos, excessivamente arrastadas, e isso era uma questão grave para uma história que em seu cerne, deveria conter mais ação do que falação — dando mais uma vez o exemplo de Punho de Ferro, que com segurança é a pior da safra! No caso de Demolidor, no entanto, seja por ele ser meu personagem preferido de todos os que ganharam vida pela Netflix ou seja porque sua série era realmente melhor, eu veria tranquilamente mais 13 episódios, mesmo que Matt Murdock (Charlie Cox) aparecesse mais do que o Demolidor, como já acontece nessa season finale

Nessa terceira temporada, após os acontecimentos de Os Defensores (que eu resenhei aqui), Matt vai parar de volta ao orfanato onde cresceu depois do assassinato de seu pai, e lá, sob os cuidados da Irmã Maggie Grace e do Padre Paul Lantom (Peter McRobbie), ele enfrenta o peso das escolhas que fez em vida, começando a renegar sua antiga identidade do advogado cego Matthew Murdock.



Em doses excessivas de sua própria autopiedade e sendo alvo do sarcasmo da Irmã Maggie (Joanne Whalley em ótima atuação), que já havia cuidado dele quando criança, Matt vagarosamente tenta retomar sua vida de vigilante mascarado — desta vez sem usar o traje reforçado criado para ele por Melvin Potter — saindo à ruas noturnas de Hell's Kitchen e descobrindo que as coisas por ali não melhoraram em nada após o sumiço do Demolidor. 



Em paralelo à tentativa da retomada de "carreira" de Matt, nós acompanhamos a recuperação de Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio) a seu posto de o grande chefão do crime organizado, e mesmo preso — desde a primeira temporada — ele continua manipulando a tudo e a todos para alcançar seus objetivos, inclusive conseguir uma prisão domiciliar no topo de um dos prédios mais luxuosos das cidade — que é de sua propriedade. Longe das grades da penitenciária e com um sistema de vigilância próprio em sua nova "prisão", Fisk busca eliminar todos que o impedem de ascender ao topo do submundo como o Rei do Crime e isso inclui, óbvio, o herói da Cozinha do Inferno a quem ele dedica uma atenção especial — desta vez já sabendo que o advogado cego e o vigilante mascarado são a mesma pessoa. 



Um dos que são manipulados por ele é o agente do FBI Ray Nadeem (Jay Ali), que mesmo sem saber do quão está sendo manipulado por Fisk, acaba fazendo tudo que o chefão precisa para tornar sua vida melhor, caçando o Demolidor — que acaba se tornando o inimigo público nº 1 — e prendendo os demais chefes de gangue da cidade numa "delação premiada" que deixaria a Lava Jato brasileira com inveja! 



Nesse ínterim, um dos agentes do FBI que trabalha com Nadeem, chamado Benjamin Poindexter (Wilson Bethel), acaba sendo usado como bode expiatório depois que recorre à violência excessiva para abater os criminosos que tentaram matar Fisk durante seu transporte da penitenciária. O agente vê sua carreira ir para o buraco enquanto o Rei do Crime ganha cada vez mais regalias em sua prisão domiciliar fajuta, o que o desestabiliza emocionalmente. Fisk descobre que o homem que o salvou possui diversos problemas psiquiátricos originados ainda em sua infância, além de transtornos de ansiedade e problemas para controlar sua raiva. De maneira muito arguciosa, o chefão manipula esses fatos a seu favor e transforma o habilidoso Poindexter — que tem uma mira infalível! — em seu maior aliado, colocando-o contra seu pior adversário, o Demônio de Hell's Kitchen. 



A forma como toda essa trama é conectada desde o primeiro episódio é fantástica e o roteirista Drew Goddard nos coloca a roer as unhas enquanto o Demolidor vai se enrolando cada vez mais numa teia de intrigas e traições à medida que o Rei vai se aproximando para lhe dar o bote final. Eu assisti essa temporada duas vezes, com o intervalo que comentei no início do texto de dois anos, e nessa segunda vez foi como se eu estivesse vendo a primeira vez. Embora eu já soubesse o que acontecia nos pontos-chave da história, muito sobre a trama política que Wilson Fisk usa para se safar da justiça eu tinha esquecido completamente. A maneira como ele manipula Dex para que ele se torne seu parceiro é incrível e não soa como algo forçado, já que o personagem sofre de diversos problemas psiquiátricos graves que o tornam vulnerável a essa manipulação. Aliás, palmas para como o Mercenário foi trazido à vida na série. Além da ótima atuação do ator Wilson Bethel, seus traumas de infância, seu descontrole emocional — ao mesmo tempo contraposto com seu TOC — e a maneira como ele se treinou para ser fisicamente imbatível dão ao Ben Poindexter de Demolidor todas as condições para que ele seja o rival perfeito do personagem-título. Destaque para o primeiro embate entre os dois no prédio de O Boletim em que, trajado como o Demolidor, Dex usa artigos de papelaria para acertar Matt, transformando tesouras, clipes de papel e até um grampeador em armas mortais de arremesso! 



Ao final dos 13 episódios, com o combate final entre Murdock, Fisk e Poindexter e com a restituição da firma de advocacia de Nelson e Murdock — e Page! — fica aquela sensação que cabia ali uma quarta temporada, além de um sentimento meio que de abandono. Por mais que se critique a forma meio covarde que a Marvel lidou com os personagens nas séries em parceria com a Netflix, falando que eles pertenciam ao MCU, mas ao mesmo tempo escondendo seus ovos de ouro, sem deixá-los ao menos serem citados nos episódios, é fato que mesmo isoladamente, Matt Murdock e todo o elenco de Demolidor funcionam muito bem e mereciam um melhor tratamento futuro. 

A parceria entre Marvel e Netflix foi encerrada por conta da criação do serviço de streaming próprio da Disney — o Disney+, que estreou recententemente no Brasil — e embora ainda possamos assistir Demolidor, Jessica Jones, Justiceiro, Punho de Ferro, Luke Cage e Os Defensores na locadora vermelha, é fato que nada mais acerca desses personagens vai ser criado para a marca. Gostaríamos muito que a própria Marvel ressuscitasse todos eles desta vez em sua própria casa — o Disney+ —, usando, quem sabe, até o mesmo elenco, mas é difícil dizer o quanto disso seria possível, já que envolve direitos de imagem, contratos vigentes e uma caralhada de coisas que entendemos tão pouco. Assim como aconteceu no período em que tanto o Demolidor quanto o Justiceiro estavam licenciados para a FOX — e sofreram com aqueles filmes merdas na era pré-MCU —, é necessário que se espere um tempo até que os personagens possam ser usados novamente em outras mídias e temo que nesse meio-tempo, os atores talvez não estejam mais disponíveis ou interessados em participar de um vindouro projeto de ressuscitação. 

Vincent D'Onofrio foi um dos que se posicionou sobre o fim da série e mencionou que gostaria de voltar ao papel de Wilson Fisk. Duvido que Charlie Cox, Deborah Ann Woll e Elden Henson não topassem voltar também, já que não fizeram nada de muito relevante depois de 2018.     

NOTA: 9

O JUSTICEIRO (segunda temporada)

Eu fui um daqueles caras que simplesmente largou as séries da Marvel/Netflix assim que foi anunciado que todas elas tinham sido canceladas, e confesso que não tinha visto a segunda temporada de O Justiceiro até esses dias. 

Eu tinha detestado a primeira temporada e fui um dos que critiquei fervorosamente o ritmo cansativo que a série própria do personagem tinha ganhado após sua excelente apresentação ainda na segunda temporada de Demolidor. Todo fã de quadrinho sabia o potencial que o Justiceiro tinha para ganhar um live-action decente e após três adaptações lamentáveis para os cinemas — duas dos quais eu destrinchei lá no início do Blog do Rodman — precisávamos de uma adaptação decente do personagem, e ela surgiu na pele do ótimo ator Jon Bernthal, que convenhamos, nasceu para ser Frank Castle!



A primeira temporada foi uma bosta, mas construiu todos os elementos que conduziram a segunda temporada, bem como também criou o principal adversário de Castle — seu ex-companheiro fuzileiro Billy Russo —, deu a ele um suporte importante dentro das forças da lei — a agente Dinah Madani (Amber Rose Revah) — e carta branca para começar uma vida nova, sob a identidade de Pete Castiglioni



Vagando pelos EUA de bar em bar, vemos agora Castle tentando levar uma vida pacata, longe dos problemas que o transformaram no Justiceiro. De passagem pela cidade, ele encontra a companhia da atendente de bar Beth Quinn (a maravilhosa Alexa Davalos) após defendê-la de uma tentativa de assédio, e essa é a primeira vez em muito tempo que vemos Frank tentando dar continuidade à sua vida, após o trauma de perder a esposa e os filhos — e com a alma lavada por acreditar que fez todos os culpados por seus assassinatos pagarem caro. 



Mas essa é uma série do Justiceiro, amigo, e como devia ter sido desde a primeira temporada, é claro que Frank Castle não encontra a paz que precisa e acaba se envolvendo até o pescoço numa trama política de chantagem, assassinatos e perseguições implacáveis que o fazem querer salvar a pele da jovem Amy (Giorgia Whigham) — que é atacada por combatentes fortemente armados — e fugir com ela não só do bar de Beth como também através do estado.  



Sem entender à princípio onde se meteu, Frank faz de tudo para manter a garota viva, enquanto um misterioso e habilidoso perseguidor contratado para matar Amy e recuperar as fotos comprometedoras de um senador que estão em sua posse, segue a dupla. O homem conhecido apenas como John (Josh Stewart) lidera uma equipe especial de agentes impiedosos e (quase) tão habilidosos quanto Frank e conforme os dois fogem do homem vestido feito um pastor de igreja, Castle vai descobrindo aos poucos os segredos de sua jovem parceira e o que, afinal, ela tem que tanto interessa aos criminosos, que não se importam de deixar um rastro de sangue por onde passam.

Em paralelo a essa fuga desesperada de Frank e Amy, vemos que Billy Russo (Ben Barnes) não só sobreviveu a seu último encontro com Castle, como tem se recuperado lentamente no hospital, onde está sendo atendido pela psiquiatra Krista Dumont (Floriana Lima, a Maggie Sawyer de Supergirl). Enquanto a agente Dinah Madani — que foi atingida por um tiro disparado por Russo — faz marcação cerrada ao ex-amante no hospital, ela faz de tudo para desmascarar — não literalmente, é claro! — seu agressor, dizendo que ele está mentindo sobre sua condição de amnésico, e que ele se lembra SIM, de tudo que fez, tanto a ela quanto a Castle e sua família. 



Os destinos de Castle, Russo e Madani voltam a se cruzar mais pra frente na temporada, e a certo ponto da trama vai dando aquele cagaço de que os roteiristas da série (dentre eles o showrunner Steve Lightfoot) não saibam como amarrar todos os nós que vão sendo deixados soltos pela temporada. Eu cheguei a pensar que não teria como resolver as tramas isoladas de Billy Russo com a da perseguição de John Pilgrim a Frank numa mesma temporada, mas a maneira como tudo é amarrado em um conflito até bem direto me deixou descansado. 

Tudo que reclamei de The Punisher Season 1 virou passado com a excelente segunda temporada que soube equilibrar muito bem os momentos de diálogo com os de ação. Mesmo a trama meio chata do personagem John Pilgrim — que tem um passado envolvendo grupos supremacistas brancos — e sua devoção à religião enquanto mata pessoas a mando de Anderson Schultz — a quem ele está ligado por conta de uma dívida — é muito bem diluída na trama principal e não chega a comprometer o seu ritmo como um todo. Schultz (Corbin Bernsen) é o pai do senador a quem as fotos em posse de Amy comprometem — mostrando um caso homossexual do político — e sua esposa, vivida por Annette O'Toole (a mãe de Clark Kent em Smallville) está em posse da mulher doente — com câncer terminal —  e dos filhos de Pilgrim, fazendo assim com que o matador de aluguel fique à mercê dos criminosos em pele de cordeiro. 



A grande surpresa do elenco é mesmo a Amy de Giorgia Whigham (de 13 Reasons Why) que não só funciona muito bem como a parceira mirim do Justiceiro — e quem diria que um dia íamos dizer isso! — como também puxa nossa torcida inteira por ela, já que a garota é extremamente carismática. É inegável que depois que a salva das mãos da gangue de Pilgrim no bar de Beth, Castle acaba criando um laço paternal com a menina e isso se desenrola numa das mais bonitas relações de pai e filha que já vi nas séries da Marvel. Quando Castle diz a John que faria tudo por Amy enquanto ela está na mira de seu revólver, as lágrimas rolam nos olhos de Amy, nos de Castle e também em quem está assistindo. Porra! Que momento foda! 



Se alguém me dissesse de antemão que o Justiceiro ia ter a sua "Robin" nessa temporada, eu teria desacreditado completamente, mas essa parceria acabou sendo um dos pontos mais positivos da temporada toda, que contou também com ótimas atuações de Jason R. Moore como Curtis Hoyle — que é a consciência moral de Frank — e do próprio Ben Barnes, que deu a seu Billy Russo / Retalho um ar de psicopatia bastante interessante, já que ele realmente não sabia o que tinha feito à família do amigo Frank Castle, embora fosse atormentado noite após noite com a caveira símbolo do Justiceiro em seus pesadelos.



A caracterização da série só pecou em uma coisa: As cicatrizes de Russo!

Caralho! Como alguém que teve a cara esfregada em cacos de vidro fica tão bem apresentável assim depois de tudo? Olhando para sua cara, dá a impressão que Billy Russo só teve um entrevero sério com um gatinho de estimação, saindo um pouco arranhado, e não que teve o rosto moído em um espelho quebrado! 

Os cirurgiões plásticos que cuidaram do cara são bons demais! Séloko! 



Eu adorei essa segunda temporada e ela mal acabou e eu quase dei play no primeiro episódio de novo só para rever tudo com mais calma. Por um lado, até foi bom ter visto com esse intervalo entre o cancelamento da parceria Marvel/Netflix e a estreia da Disney+, assim pelo menos, eu me afastei do hate em que estava após ter detestado a primeira temporada. Agora eu até apoio uma terceira temporada e o próprio Jon Bernthal — o melhor Justiceiro EVER! — chegou a se pronunciar nas redes que não seria impossível uma continuação da saga de seu Frank Castle, agora pela Marvel. Vamos ver no que vai dar. 

NOTA: 9

Leiam também quais eram as minhas expectativas para a primeira temporada de Demolidor lá em 2015:



Minha crítica às modorrentas temporadas de Punho de Ferro e Luke Cage:



E o que achei sobre a primeira temporada de Justiceiro, a segunda temporada de Jessica Jones e o crossover entre eles, Os Defensores:



P.S.: E quando a gente achava que o assunto já estava morto e enterrado, às vésperas dos direitos de uso do Demolidor retornarem exclusivamente para a Marvel, começou a rolar uma petição para salvar a série e ninguém menos que o próprio Vincent D'Onofrio está participando, pedindo aos fãs que assinem. Uma hashtag também foi criada para mostrar aos executivos da Marvel o interesse das pessoas num possível retorno da série. Basta tweetar #SaveDaredevil e assinar a petição online aqui!  



NAMASTE! 

23 de novembro de 2020

Os Novos Mutantes - O Review

Embora parecesse fadado ao esquecimento após tantos adiamentos, Os Novos Mutantes acabou sendo lançado em meio à pandemia de Covid-19 e não recebeu nem de perto a mesma atenção que os demais filmes dos X-Men sempre tiveram nos cinemas. Com mais de 50% das salas de exibição ainda fechadas nos Estados Unidos por conta da pandemia, não parecia mesmo ser o destino da produção dirigida por Josh Boone ganhar a luz dos holofotes, e assim, sua divulgação acabou sendo bastante pífia, bem como a recepção que o filme teve. 

No Brasil, país com uma média de mortes por Coronavírus ainda elevada, a estreia de Os Novos Mutantes rendeu R$ 1 milhão em seu fim de semana de estreia e foi o filme mais visto nos cinemas do período. Globalmente, o filme já arrecadou cerca de US$ 30 milhões, valor bem abaixo de seu orçamento (US$ 80 milhões), mas algo a se pensar, já que embora estejamos enfrentando uma das piores pandemias mundiais, ainda tem gente saindo de casa para ir ao cinema. 


Em janeiro, eu me propus a falar um pouco sobre a expectativa para o lançamento da produção, que à época, iria estrear em abril — e teria acontecido, se não fosse a pandemia —, e no texto eu falei um pouco sobre as polêmicas envolvendo o filme e o que se esperava dele. Agora, após ter assistido, vou colocar aqui alguns pontos que considero positivos e negativos. Sigam-me os bons!


PONTOS POSITIVOS

O diretor Josh Boone (de A Culpa é das Estrelas) não pode ser culpabilizado por todos os perrengues que a produção de Os Novos Mutantes enfrentou para poder ser lançada — dentre os quais refilmagens e a compra da FOX pela Disney no meio do caminho —, por isso, ele fez até que um trabalho bem competente dentro daquilo que ele tinha de material para usar. O filme conta com um elenco jovem bastante promissor — destaque para Anya Taylor-Joy, protagonista de O Gâmbito da Rainha, série de sucesso na Netflix — e a direção de cenas não compromete o desenrolar da trama, que é até bem simples. 


Josh Boone trampando
Josh Boone dirigindo Anya Taylor-Joy e Charlie Heaton

O filme não tem grandes reviravoltas de roteiro ou cenas muito impactantes de ação, mas quando bota os personagens para se mexerem, mostra que dá para fazer bem mais do que a mesmice de cenas repetidas à exaustão na franquia X-Men de Simon Kinberg (e eu falei um pouco disse no post sobre X-Men - A Fênix Negra). 


Dando aquela espiadinha

O clima de terror imposto aos protagonistas pela vigilância incessante da Dra. Cecilia Reyes (Alice Braga) em sua sala de controle do hospital — que faria o Boninho do BBB ficar com inveja — e também por aparições inexplicáveis que começam a aterrorizar os adolescentes após a chegada de Dani Moonstar (Blu Hunt) ao local, cria ótimas sequências de susto e perseguição, o que diferencia o filme dos demais X-Men em sua essência. 

Dra. Reyes na sala de vigilância do BBB
A sala de vigilância de Boninho Reyes

Embora os demais personagens não saibam à princípio quando ela se junta ao grupo após um acidente que matou toda sua família, a jovem descendente da tribo Cheyenne possui o dom de trazer à realidade o maior medo das pessoas e isso causa um surto de visões e tortura psíquica à Illyanna (a já citada Anya Taylor-Joy), Rahne Sinclair (Maisie Williams), Roberto da Costa (Henry Zaga) e Sam (Charlie Heaton). 

Illyanna e Soraia Queimada
Illyanna assombrada pelos Homens Sorridentes e Soraia Queimada, a namorada de Beto

Todos estão ali internados por terem causado incidentes mortais à pessoas próximas deles com seus recém-descobertos poderes mutantes e a Dra. Reyes os está tratando para num futuro próximo indicá-los para aquele que ela chama de "meu Superior". 

Momento da ioga

As sequências de terror em que cada um dos cinco é atormentado por seu pior pesadelo são as mais bem elaboradas do filme todo, e embora o trauma dos jovens infratores não tenha chance de ser retratado com um aprofundamento mais digno — afinal, todos eles mataram pessoas com seus poderes! — Josh Boone consegue conduzir bem os momentos de tensão, tirando boas interpretações do elenco. 

Illyanna e os dedinhos
A pequena Illyanna e seu Lockheed

O destaque fica para as criaturas sem olhos — ou Homens Sorridentes — que tentaram raptar Illyanna quando ela ainda era criança e que a fez "inventar" o limbo para onde ela escapou com seu bichinho Lockheed

Homem Sorridente

A cena de ação em que os mutantes precisam enfrentar o Urso Místico trazido à vida pelo medo primal de Dani também é bastante empolgante, até porque põe os jovens mutantes para usarem seus poderes em grau máximo, mesmo que os efeitos visuais para demonstrá-los não sejam lá tão bons assim. 

Urso Místico

Os dons de Illyanna e Beto são aqueles que melhor são retratados no filme e se mostram bastante fieis aos quadrinhos. Nas histórias, ela é capaz de se teleportar — passando sempre pelo limbo que é infestado de criaturas demoníacas enquanto vai de um ponto a outro — além de materializar uma espada espiritual. 

Já o personagem brasileiro Mancha Solar é capaz de absorver energia solar e obter superforça. No filme, Beto segue as características com que o Mancha Solar é mais conhecido atualmente, o de incendiar o próprio corpo e queimar alvos, mas em sua criação, nos anos 80, o mutante se energizava mais para ganhar força bruta. 

Beto Mancha Solar éééé do Brasil!
Beto em sua forma de Mancha Solar, mais próxima das HQs

Essa forma física toda preta com que ele era retratado nessa época chega a aparecer no filme, tornando o seu visual bastante parecido às HQs. 

PONTOS NEGATIVOS

Como foi dito, a personalidade dos cinco mutantes é apenas pincelada razoavelmente nas duas horas de filme e não dá tempo de nos afeiçoarmos a eles enquanto entramos de cabeça na história já bem movimentada desde o início. Sabemos que Illyanna matou vários homens que a tentavam capturar, que Sam acabou provocando um desabamento numa mina que matou seu próprio pai, que Beto "assou" a namorada sem querer quando manifestou seus poderes e que Rahne matou o padre que a espancava por considerá-la uma bruxa, mas esses traumas são citados apenas superficialmente, sem o aprofundamento que nos faria nos importar mais com eles. Há poucos flashbacks para mostrar o que houve em seu passado e na maior parte do tempo, só sabemos o que eles contam uns para os outros.

Sam Guthrie (Charlie Heaton)

A personalidade dos Novos Mutantes também não está muito bem delineada no filme e além de diferirem do que eles são nos gibis, nem no filme parece muito claro qual é a de cada um deles. A Rahne, que nos quadrinhos é extremamente tímida e medrosa, no filme apresenta uma postura mais conciliadora e embora seja um tanto insegura quanto à sua sexualidade, não tem medo de demonstrar seus sentimentos para Dani. As duas têm um relacionamento amoroso no filme, mas nas HQs, Rahne era apaixonadinha pelo Sam e vivia em conflito por não se achar atraente o suficiente como a namorada dele na época, a cantora de rock Lila Cheney

Rahne e Dani o casal

Maisie Williams, aliás, era fisicamente muito parecida com a Rahne das HQs na época das gravações do filme e teria sido interessante vê-la toda complexada com sua aparência física de uma menina que se transforma num lobo peludo, sempre se achando em desvantagem quanto às demais garotas da equipe. 

Lupina loba toda e meio-loba
Rahne em sua forma Lupina total e meia-loba

Na origem escrita por Chris Claremont, Rahne é a mais nova do grupo e seu complexo com sua aparência causa diversos conflitos de identidade que seriam interessantes de serem citados no filme. Em vez disso, optaram por uma abordagem mais de tortura religiosa à jovem Sinclair, bem como sua repressão sexual.  

Rahne nos quadrinhos
A Rahne dos quadrinhos

A homossexualidade de Rahne no filme é bem escancarada logo de início — já a botam para assistir um filme em que duas meninas se beijam logo de cara — e é nítido que a garota se encanta pela Dani assim que a garota Cheyenne chega ao "orfanato". 

Um filme que trata — ou que pelo menos deveria tratar — de aceitação e normatização do que é diferente, precisa mesmo de elementos que nos lembrem que, embora os mutantes não existam de verdade, há paralelos em nosso mundo real a essa aceitação do outro, colocando assim essa nova característica na personagem Lupina que não existe nas HQs. Eu só não sei dizer se isso foi bem feito. A mim me parece mais algo que foi forçado no roteiro e que não faz muito diferença à história. 

Voltando a falar de poderes, os que menos chamam a atenção são os do Sam Guthrie, que nos gibis é capaz de decolar feito um míssil ficando invulnerável enquanto está se projetando, mas que no filme não chega a ser tão bem representado pelos efeitos fracos usados para nos mostrar o que ele é capaz de fazer. 

Na luta contra o urso gigante, por exemplo, era esperado que ele usasse todo seu potencial "balístico" para tentar nocautear a fera, mas ele é o que menos causa danos no bicho. O fato dele também viver todo arrebentado no filme, mostra que ele não sabe pousar após decolar — assim como nos gibis —, mas em seu modo Míssil ele devia ser indestrutível, o que o tornaria um grande trunfo da equipe. Nos gibis, Sam chegava a nocautear os robôs Sentinelas sozinho, uma pena que não teremos chance de ver isso nas telas. 

Míssil indo pra cima dos Sentinelas

Quem prestou bem a atenção na história, deve ter percebido que a Dra. Reyes era a vilã do filme e que ela respondia a uma tal "Corporação Essex" que fazia testes com crianças mutantes num lugar ainda pior que o hospital onde os Novos Mutantes estavam. Pra quem não lembra, a Corporação Essex apareceu em X-Men - Apocalypse ao final do filme — recolhendo dados genéticos do Wolverine após sua fuga da Arma X — e ela também é citada em Deadpool 2. Outra referência à Essex nos é mostrada no futuro do filme Logan, onde o hospital onde os amigos da X-23 — e ela mesma — tem seus poderes desenvolvidos e são testados para se tornar armas vivas. Pelo que dá para entender, aliás, Laura foi criada com o material genético do Wolverine que foi colhido em Apocalypse e em Logan, o Professor Xavier (Patrick Stewart) conta ao Carcaju que Laura é sua filha por conta dessa ligação genética. 

A Dra. Reyes e o símbolo da Essex

A conexão entre Essex — que nas HQs é o nome do Sr. Sinistro, um vilão obcecado pela genética mutante —, Os Novos Mutantes e os demais filmes dos X-Men se perde completamente na história, já que, como sabemos, os jovens filhos do átomo não terão continuidade nos cinemas e nem tampouco serão reaproveitados pela Marvel, agora que fazem parte do catálogo do estúdio e da Disney. A referência a Essex no filme se torna apenas mais uma, vazia e sem sentido, assim como a cadeira de rodas em que Beto passeia pelo hospital — fazendo referência ao Professor X — e a menção aos próprios X-Men pelos alunos.       

Dentro de uma análise mais fria e mesmo levando em consideração os pontos negativos aqui levantados, Os Novos Mutantes não chega a ser um péssimo filme e pode ser equiparado muito bem aos dois últimos X-Men — desconsiderando Logan nessa equação, que é um ótimo filme — que são de medianos para ruins. As cenas de ação dirigidas por Boone são bem mais inspiradas do que as que Bryan Singer e Simon Kinberg dirigiram em Apocalypse e em Fênix Negra respectivamente, e a interação entre os jovens personagens de New Mutants também é bem mais interessante do que acontece nos filmes de Singer e Kinberg. 

Durante as duas horas de filme, é perceptível que aquele enredo tem um potencial incrível e que a história individual de cada um dos protagonistas daria sozinha um episódio muito bom numa série talvez. O próprio filme com seu final em aberto, no entanto, nos faz desanimar quanto a isso, querendo que tudo acabe por ali mesmo e que ninguém mais fale sobre esse assunto. Como mencionado, uma série de pegada mais teen focada nos heróis adolescentes seria uma forma de aproveitar esse potencial que parece desperdiçado pela produção picotada da FOX, mas após tantos entreveros, duvido muito que algo assim aconteça.  

NOTA: 10, adorei!

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É zoeira, porra! Adorei coisa nenhuma! É uma notinha 6 e olhe lá! 

P.S. - Os Novos Mutantes tiveram fases muito boas nas HQs e o clima adolescente e a interação entre seus protagonistas sempre foi o charme das histórias. Uma das minhas personagens preferidas entre os cinco principais sempre foi a Illyanna e aqueles seus poderes místicos fodões. 

Confesso que meus olhos brilharam em vê-la materializando sua espada espiritual no filme, assim como ela se teleportando e fatiando os "homens sorridentes". Quando pensei que o Lockheed seria tratado apenas como um bichinho de pelúcia que a garota usava quando estava com medo de seus raptores, meio que fiquei broxado, mas ver o dragãozinho voando e cuspindo fogo num CGI até bem decente chegou a quase ressuscitar dentro de mim o jovem Rodman que lia os gibis dos Novos Mutantes na adolescência. 

Uma pena que não foi possível retratar o limbo para onde Illy se teleporta com grandes detalhes. Seria bacana ver o Sym ou o Belasco de fundo, nem que só de passagem.  

NAMASTE! 

13 de novembro de 2020

5 séries Marvel para ver no Disney +



O serviço de streaming exclusivo da Disney, o Disney +, está prestes a chegar ao Brasil e a Marvel já engatou a produção de não uma, não duas, mas 5 séries fantásticas que vão elevar ainda mais o já vasto acervo do canal que pretende bater de frente com outros grandes serviços como a Netflix e o Amazon Prime

WANDAVISION


Saídos diretamente das telas do cinema, após o estrondoso sucesso dos filmes Vingadores - Guerra Infinita e Vingadores - Ultimato, os personagens Feiticeira Escarlate e Visão serão os primeiros a estrearem sua própria série, que deve chegar ao Disney + já no início de 2021.

Ainda vividos respectivamente por Elizabeth Olsen e Paul Bettany, os dois heróis aparecerão vivendo juntos uma vida suburbana comum, aparentemente longe do mundo caótico de super poderes que criou os dois. As primeiras imagens disponibilizadas mostram Wanda e Visão num clima bem "I Love Lucy", como um casal dos anos 50 em sua casa simples e familiar, mostrando logo ao espectador — apesar desse contraste de "final feliz" — que algo de errado não está certo


Como todo mundo deve lembrar, o Visão MORREU — duas vezes! — em Guerra Infinita e ele estar vivo na série deve significar que sua namorada pode ter mexido seus pauzinhos místicos para não só ressuscitá-lo, como também para criar toda uma realidade paralela ao redor dos dois. 

De acordo com Kevin Feige — o dono da porra toda na Marvel Studios — a série vai ter ligação direta com os filmes vindouros do MCU e Elizabeth Olsen está escalada no elenco de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. Como o próprio título do segundo filme do Mago Supremo já entrega, o multiverso Marvel será o ponto principal da história e é bem provável que vejamos vislumbres dele na série WandaVision

Especulações à parte, muita gente se lembrou do que a personagem Feiticeira Escarlate causou no Universo Marvel dos gibis ao criar com seu poder de alterar as probabilidades toda a realidade alternativa da Dinastia M — onde os mutantes eram soberanos na Terra — e como logo depois ela decidiu extinguir seus iguais com a famosa frase "No more mutants" ao fim da saga. Wanda se tornou uma das principais vilãs da editora nesse período e levou um tempo para que ela recuperasse seu status de heroína e vingadora. 

A loucura de Wanda e a posterior Dinastia M foi ocasionada por um segredo referente à perda dos bebês gêmeos que a própria mutante conjurou para ter com o Visão, e algumas fotos da série já mostram Wanda grávida, o que nos leva a crer — e esperar com muita fé! — que o arco dos bebês e do Mestre Pandemônio — escrita por John Byrne nas HQs — seja ao menos delineada em WandaVision.

Wanda grávida e o Mestre Pandemônio
Wanda grávida na série e o vilão Mestre Pandemônio com os gêmeos

Além do casal protagonista, a série que vai ter 6 episódios contará também com o retorno de Kat Dennings (a Darcy dos dois primeiros filmes do Thor) e vai apresentar Teyonah Parris como (rufem os tambores!!) Monica Rambeau

Darcy de Thor e Monica Rambeau
Kat Dennings e Teyonah Parris

Para quem não sabe, a personagem é a VERDADEIRA Capitã Marvel nos quadrinhos e foi mostrada na infância no filme Capitã Marvel. O seu papel no enredo da série é ainda um mistério, mas esperamos que ela ganhe ao menos seus poderes de Fóton, já que dificilmente ela será chamada de Capitã Marvel, título que pertence a Carol Danvers no MCU.

Monica Rambeau como Fóton e arte de Bosslogic
Monica Rambeau como Fóton e arte de Bosslogic

Muita gente também especula que WandaVision vai ser a abertura para a chegada dos X-Men e os mutantes ao MCU, mas é cedo para afirmar qualquer coisa, já que a aquisição da Fox — antiga detentora dos direitos dos mutantes nos cinemas — é recente e provavelmente nem deu tempo para se pensar em incluir os Filhos do Átomo no universo dos Vingadores. Vale lembrar também que a Marvel já teve um "universo compartilhado" de séries de TV e cinema, e estamos esperando até hoje a interação de personagens grandes nos enfadonhos episódios de Agents of SHIELD (parceria com a ABC), Luke Cage e Punho de Ferro (ambas em parceria da Marvel com a Netflix). Vamos ver se agora vai! 

WandaVision é escrito por Jac Schaeffer (uma das roteiristas do filme da Viúva Negra e As Trapaceiras com Anne Hathaway) e dirigida por Matt Shakman (de Cut Bank com Liam Hemsworth e de alguns episódios da sétima temporada de Game of Thrones).


O FALCÃO E O SOLDADO INVERNAL

Adiada devido a pandemia de Covid-19, a produção da série The Falcon and The Winter Soldier foi retomada recentemente e os 6 episódios só devem chegar ao Disney + no próximo ano, após a estreia de WandaVision

A sinopse oficial não revela muita coisa acerca do enredo:

“Após os acontecimentos de Vingadores: Ultimato, Sam Wilson/Falcão e Bucky Barnes/Soldado Invernal se juntam em uma aventura global que testa suas habilidades – e sua paciência -, na série Falcão e Soldado Invernal.”

Apesar do "disse nada com coisa nenhuma" da sinopse, já foi revelado que o vilão Barão Zemo (Daniel Brühl) de Capitão América - Guerra Civil retorna à ativa, assim como a personagem Sharon Carter (Emily VanCamp), que nas HQs foi a parceira de longa data do velho Steve Rogers depois de descongelado, mas que no cinema não teve tempo de engatar um romance duradouro com ele. 

Barão Zemo de Daniel Brühl e Emily VanCamp
Barão Zemo de Daniel Brühl e Emily VanCamp

Quem vai ser apresentado na série, no entanto, será o personagem John Walker (vivido pelo ator Wyatt Russell) que nas HQs primeiro foi o Superpatriota — uma espécie de rival do Capitão América pelo título de símbolo americano — e que depois acabou tomando o lugar de Steve Rogers atrás do escudo de vibranium, até ser "morto" e secretamente se tornar o Agente Americano.

Wyatt Russell e um concept do traje do Agente Americano

O arco de Walker nos gibis é bem interessante por conta de seu envolvimento com o Mercador de Poder, uma espécie de traficante de superpoderes que tenta replicar o supersoro do supersoldado que criou o Capitão América nos anos 40 e acaba criando uma pá de superbombadões capazes de feitos incríveis — inclusive acabar com a autoestima de Rogers, que se vê inferiorizado e muito mais fraco que seus adversários. 

O Capitão tem dificuldade para encarar John Walker no mano a mano
O Capitão América enfrenta o Superpatriota em arco de Mark Gruenwald

Ao desafiar Rogers publicamente como o Superpatriota, Walker mostra que é capaz de surrar o Capitão numa briga justa, e pouco depois, ele acaba mesmo substituindo o herói de uniforme azul e vermelho. Esse arco de histórias escrito por Mark Gruenwald sozinho dá um bom pano de fundo para as aventuras do Falcão (Anthony Mackie) e do Soldado Invernal (Sebastian Stan) na série, mas vamos precisar de paciência para saber se algo disso vai ser utilizado ou se Walker vai ser usado apenas como um substituto genérico ao posto de Capitão América, que foi dado como morto em Homem Aranha - Longe de Casa

O Falcão e o Soldado Invernal é escrito por Malcolm Spellman (Nossa União, Muita Confusão de 2010) e dirigida por Kari Skogland (O Espião de 2008).   


MISS MARVEL

Criada nos gibis por Sana Amanat — entre outros autores — em 2013, a Miss Marvel Kamala Khan é considerada a primeira super-heroína muçulmana da Marvel e tem feito bastante sucesso entre os leitores desde então, visto a rapidez com que chegou ao live-action

A série solo da personagem foi anunciada nas mídias com bastante alarde e logo ganhou sua protagonista, a canadense Iman Vellani, que deve fazer sua estreia como atriz também na produção. 

Iman Vellani
Iman Vellani

Escritas com um clima bem teen, as histórias de Kamala Khan nos quadrinhos conquistaram o público por sua leveza e é justamente esse frescor que deve ser transportado para a "TV" no Disney +. Por lá, após ganhar seus poderes de alteração de forma entrando em contato com as névoas terrígenas dos Inumanos, Khan acaba herdando a alcunha "Miss Marvel" da própria Carol Danvers, que na mesma época subiu de patente adotou o nome Capitã Marvel, em homenagem ao herói Mar-Vell da qual seus poderes se originam. 

Segundo Kevin Feige, as séries serão a porta de entrada desses novos personagens ao MCU e a Miss Marvel deve ser a primeira entre os novatos a ganhar um filme posteriormente ao lançamento da produção. Do mesmo modo, assim como Anthony Mackie, Sebastian Stan, Elizabeth Olsen e Paul Bettany que fizeram o caminho inverso — do cinema para a TV —, outra que deve dar as caras na série da Miss Marvel é a atriz Brie Larson, cuja personagem — assim como nas HQs — deve inspirar a heroína muçulmana com seu nome.  

Brie Larson como Capitã Marvel / Carol Danvers
Brie Larson como Capitã Marvel / Carol Danvers

Falando em representatividade, Miss Marvel, além da própria protagonista, terá diretores, produtores e roteiristas de ascendência muçulmana. Bisha K. Ali (de Sex Education) será a showrunner, enquanto Adil El Arbi e Bilall Fallah (Bad Boys para Sempre), Sharmeen Obaid-Chinoy (oscarizada duas vezes na categoria de documentários em curta-metragem) e Meera Menon (The Walking Dead) serão alguns dos diretores dos episódios. 

Miss Marvel deve chegar ao Disney + em 2022.


MULHER-HULK

Celebrada até por seu próprio "primo" Mark Ruffalo no Twitter, a escolha de Tatiana Maslany (de Orphan Black) para viver Jennifer Walters / She-Hulk para a série homônima foi um dos assuntos mais comentados nas redes nos últimos meses e levantou várias questões acerca do tom que seus episódios devem receber.

Tatiana Maslany
Tatiana Maslany

Comédia ou drama?

Para quem leu qualquer coisa da verdona nos quadrinhos, é bem óbvio que o tom de comédia cabe muito melhor à personagem do que seus momentos dramáticos e introspectivos, algo que pelo contrário, funciona mais com Bruce Banner / Hulk, seu primo nas HQs. A Mulher-Hulk é um dos poucos casos de personagens femininos criados para emular suas versões masculinas que acaba escapando quase que completamente da proposta inicial de ser apenas o mesmo herói, só que sensual e de saias. 

Criada no início dos anos 80 por Stan Lee e John Buscema, a advogada Jennifer Walters viveu mesmo seus anos dourados na década seguinte, quando John Byrne — que se declarava apaixonado pela personagem — criou praticamente o primeiro avatar da quebra da quarta parede nas HQs — hoje popular em personagens como Deadpool e a Arlequina da DC —, colocando a verdona em meio às situações mais cômicas e estapafúrdias possíveis, enquanto ela conversava diretamente com o leitor.

Mulher-Hulk no traço de John Buscema, roteirizada e desenhada por John Byrne e roteirizada por Dan Slott

Na década seguinte foi a vez do escritor Dan Slott popularizar ainda mais o lado cômico da personagem, a colocando nos mais insólitos casos judiciais com diversos personagens da Marvel, de seu colega vingador Eros — o irmão do Thanos — ao Homem Aranha — que decide processar J. J. Jameson por todas as calúnias publicadas sobre ele no Clarim Diário —, que contratam Jennifer como sua advogada. Se eu tivesse que escolher entre a fase séria de John Buscema, a descerebrada de Byrne ou a divertidíssima de Slott para dar forma à série da Disney +, com certeza eu ficaria com a última, já que ver a personagem exercendo sua profissão de advogada mesmo em sua pele verde, entre uma pancadaria e outra, deve render momentos icônicos na TV.

A série tem um potencial incrível para ser uma das melhores entre as 5 anunciadas se não economizar nos gastos — em especial de CGI —, principalmente se trouxer outros personagens Marvel para dentro de seu universo próprio. Vamos ver como será a adaptação da personagem mais carismática dos quadrinhos da Marvel para o live-action. Já fazia tempo que ela merecia um espaço especial na tela, ficamos na torcida para que deem uma caprichada e que saia algo melhor do que aquele paspalho "Professor Hulk" de Vingadores - Ultimato

Aliás, se Mark Ruffalo não fizer uma participação no primeiro episódio pelo menos como Banner, já vão começar bem errado! 

A direção vai ficar por conta de Kat Coiro, que por seu histórico atrás das câmeras, parece ter experiência com o humor. Coiro já assinou episódios de Disque Amiga Para Matar, Modern Family e Brooklyn Nine-Nine.

She-Hulk está marcada para estrear só em 2022. 


CAVALEIRO DA LUA


Considerado por muitos apenas uma das inúmeras cópias do Batman da DC na Marvel, o Cavaleiro da Lua foi criado nas HQs em 1975 pela dupla Doug Moench e Don Perlin, e logo se estabeleceu como um dos personagens de origem mística da editora, se distanciando em essência do morcego da concorrente. 



Pouco se sabe sobre a série até o momento, mas material para explorar os quadrinhos tem de monte, já que o alter-ego do Cavaleiro Marc Spector sofre de múltiplas personalidades, o que nas mãos de um ator competente pode render ótimos momentos de interpretação na série, dando um tom diferente a cada personalidade de Spector. 

Algumas das outras personalidades de Marc Spector
Algumas das outras personalidades de Marc Spector

Ainda segundo Kevin Feige, Moon Knight será a mais sombria das cinco séries já anunciadas e pretende fugir do clima engraçaralho com a qual a Marvel e o MCU ficou famosa na tela grande. Nos quadrinhos, o ex-mercenário que serve como um canal para o deus egípcio da lua Konshu se envolve em histórias repletas de espionagem e violência, o que por si só já deve ser um prato cheio para uma série estilo a do Demolidor da Netflix. 

O último boato referente a Moon Knight é que a Marvel estava em negociação com o ator Oscar Isaac para assumir o personagem, o que foi bem recebido por uns e terrivelmente criticado por outros, visto que Isaac já deu vida a um personagem da Marvel nos cinemas e não foi muito feliz. 

Oscar Isaac
Oscar Isaac seria um bom Marc Spector?

Um ex-mercenário versado em artes marciais que cai na porrada com seus adversários e ainda tem um traje estilosão, no entanto, deve ser bem mais atraente a um ator do que aquele boneco azul escroto cheio de látex na cara que Isaac interpretou em X-Men - Apocalipse

Jeremy Slater que assinou a adaptação da HQ Umbrella Academy para a série da Netflix está a cargo do roteiro e até o fechamento desse post, ainda não tinha sido definido quem estaria na direção dos episódios, que devem chegar ao serviço de streaming da Disney em 2022 com Miss Marvel e She-Hulk.

E aí? Qual a série que você mais está esperando? 

NAMASTE!

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