5 de setembro de 2011

Review: Lanterna Verde (Acreditem! Eu vi!)

DESPERDÍCIO.

Antes de começar a escrever eu fiquei pensando numa forma de começar esse texto e não achei nenhum argumento forte o suficiente, exceto a palavra com o qual eu o iniciei. O filme do Lanterna Verde é um imenso desperdício de um conceito que tinha tudo para ser fenomenal, mas que ficou bem longe disso. Afastei qualquer preconceito criado anteriormente pelas críticas negativas que o filme recebeu mundo afora e o assisti, durante as duas horas, procurando criar meu próprio julgamento, fugindo das outras opiniões. Mesmo assim não adiantou. Pouca coisa se salva na película se imaginarmos o conjunto, e é uma pena.

Lanterna Verde conta a história de Hal Jordan, um piloto que, embora destemido na maior parte das vezes, esconde um grande trauma que é a morte do pai após um voo mal-sucedido. As lembranças do jato do pai explodindo o fazem crescer com um temor desproporcional à sua coragem de se arriscar pelos céus em um caça americano, e isso faz com que ele, na primeira meia hora do filme, seja obrigado a destruir um jato para se salvar, durante um treino em que os militares e a empresa Ferris testam um novo tipo de avião não tripulado com inteligência artificial.

Em primeiro lugar, é justo comentar que esse tal trauma é uma característica nova na personalidade de Hal Jordan, que antes da revitalização pelo qual o personagem passou pelas mãos do escritor Geoff Johns, era conhecido como o “homem sem medo” da DC. Agora, como é dito no filme, é esse temor que o faz digno de portar o anel de energia.

Lanterna Verde é escrito em conjunto por Greg Berlanti, Michael Green, Marc Guggenheim e Michael Goldenberg, dizem as más línguas que o filme também teve a supervisão do próprio Geoff Johns, além da direção do competente Martin Campbell, então onde foi que todos esses caras erraram para filmarem algo tão incoerente e inconstante?

É certo que em muitos momentos mais parece que estamos vendo uma enorme colcha de retalhos costurada às pressas, e imagino que tantas regravações e inserções de novas cenas, além de remendos digitais pelo qual o filme passou alguns meses antes de seu lançamento, tenham prejudicado e muito a história, que me pareceu apressada e não-linear. Falei aqui da dificuldade de se transportar toda a origem de um personagem e condensar tudo em duas horas na tela nos reviews de Thor e Capitão América, mas para que isso aconteça de forma eficiente é preciso que se tenha uma boa história por trás de tudo, ou pelo menos uma que se sustente, o que não acontece com Lanterna Verde.

Primeiramente o Jordan de apenas uma expressão de Ben Stiller Ryan Reynolds destrói um caça que vale milhões e age como se nada tivesse acontecido. Os conflitos criados pela petulância dele com relação à Carol Ferris (Blake Lively) não convencem e mais parecem briguinhas infantis. Se essa era a intenção, que os dois parecessem duas crianças birrentas, a direção acertou.

Em segundo lugar a forma como Hal Jordan é “atraído” até o local da queda da nave de Abin Sur (Temuera Morrison) , o Lanterna Verde que até ser atingido mortalmente no início do filme pela entidade Parallax, defendia o setor 2814, é no mínimo inusitada, mas se assemelha bastante à forma como o mesmo fato acontece na animação Primeiro Voo, que aliás, a meu ver, podia ser, sem tirar nem pôr, o roteiro do filme. O que me incomoda, no entanto, não é a forma como Hal chega até o moribundo Abin Sur e nem como vai descobrindo tudo que o anel é capaz de fazer, e sim como ele é deslocado da Terra até Oa, o planeta sede dos Lanternas Verdes, como se ele tivesse apertado acidentalmente um botão ejetor no anel! Tudo soa muito ridículo, incluindo a forma destrambelhada com que Hal é arrastado até o planeta, dando destaque a inexpressão de Reynolds. “Oh, meu Deus! Estou voando pelo espaço, mas continuo com minha cara de que nada está acontecendo.”

Uma vez no planeta, o tom “engraçadalho” que Reynolds (ou o infeliz que o convidou para o papel) quer imprimir ao filme fica claro quando o anel forja pela primeira vez o uniforme folha de bananeira verde e ele sai caminhando todo malandro vendo sua imagem refletida em um espelho. E eu que reclamei da dancinha tosca de Tobey Maguire em Homem Aranha 3!


Quando Tomar-Re, o Lanterna xudariano defensor do setor 2813 entra em cena dublado por Geofrey Rush e fazendo as vezes de anfitrião da “festa”, pela primeira vez tive um feeling de que o filme iria engrenar e que a partir dali eu teria certeza de que os críticos estavam errados e não haviam entendido o filme, apesar da frase, “Um peixe que fala!” de Reynolds. Tal qual o Chaves a narrar a história de uma brincadeira, comecei a pensar com meus botões: “Agora vai! O Tomar-Re vai apresentar o Hal ao Kilowog, aí o grandalhão vai chamá-lo de poozer (algo como o “aspira” de Tropa de Elite”) e depois vai ensiná-lo a usar o anel, aí depois aparece o Sinestro todo arrogante falando que o Hal é um inútil e que não passa de um humano, aí os Guardiões em pessoa chamam Hal a sua presença aí...”

Muita coisa acontece exatamente como descrito, mas não há emoção nas cenas e “todo o treinamento” de Hal se restringe a algumas poucas cenas em que ele já se vê em meio a uma crise onde um monstro denominado Parallax está destruindo vários setores da galáxia e matando Lanternas Verdes.

Não há tempo para que o público e o próprio personagem se acostumem com a ideia de que ele ganhou um anel de poder quase ilimitado e que ele não sabe o que fazer com isso. Em um minuto ele está sendo esculachado pelo Sinestro (Mark Strong), que o manda tirar aquele uniforme verde porque ele é moleque, e no outro minuto ele está na Terra, choramingando porque é medroso demais para encarar um desafio daquela magnitude. A transição rápida da Terra para o espaço não me fez acreditar na coerência da história e a meu ver os escritores se perderam em não se firmarem mais em um território do que em outro.


Ao tentar humanizar demais o personagem, dando-lhes bases para que ele mostrasse que era digno de usar o anel, fizeram parecer que ir ao espaço e ali na esquina tivesse a mesma distância, e pior ainda, o filme não se sustenta em nenhum dos dois lugares.
No espaço não vemos quase nada dos Guardiões ou da Tropa dos Lanternas, e na Terra perdem um tempo desnecessário dando ênfase a Hector Hammond (Peter Sarsgaard) que na trama é usado apenas como uma extensão dos poderes do Parallax, bem como personagens secundários como o senador (deputado, vereador...Whatever!!) vivido por Tim Robbins. Aliás... Que roubada em que se meteu Tim Robbins, hein!

Nos quadrinhos, Hector Hammond era um ladrãozinho que descobre uma espécie de meteorito que concede poderes mentais a quem se expõe a ele. Mais tarde, em contato com a pedra alienígena, Hammond ganha poderes psiônicos (levitar objetos, ler mentes, etc., etc.) e acaba entrando em conflito com o Lanterna Verde.


No filme, Hammond é um cientista pouco acreditado e que é visto como um merdão não só pelo próprio pai (o personagem de Tim Robbins) como também por todos a seu redor. Apaixonado desde a infância por Carol Ferris, cujo pai é parceiro de negócio do personagem de Robbins, ele vê Hal Jordan como um obstáculo entre ele e seu grande amor, e de alguma forma o fragmento do Parallax nas entranhas de Abin Sur é atraído por essa raiva (tá, essa parte eu é que cogitei!). Pela influência do pai, Hammond é levado até um laboratório (que na Marvel pertenceria a SHIELD, provavelmente) para examinar o corpo de Abin Sur, que é recolhido pelo exército pouco depois que ele entrega o anel e a bateria a Hal, e é durante os exames que o cientista é “contaminado” pela essência de Parallax. Mais tarde, por conta disso, Hammond começa a desenvolver poderes psiônicos, e todo aquele ódio reprimido vem à tona, fazendo com que ele haja como um vilão.

Bem, se nos quadrinhos, por causa da influência do mesmo Parallax, o próprio Hal Jordan matou toda a Tropa dos Lanternas, acho que podemos perdoar Hector Hammond, não é mesmo? Afinal, o cara não era mal, ele só queria que a garota de seus sonhos lhe desse bola!

Hammond fica com um cabeção, destrói o laboratório, deixa o pai bem passado na chapa, faz Amanda Waller (a Nick Fury de saias da DC vivida por Angela Basset) levantar voo jogando-a contra uma vidraça, e faz com que Hal Jordan intervenha. O encontro entre os dois faz com que Jordan descubra os planos do Parallax para com a Terra, por intermédio dos pensamentos do monstro que comanda as ações de Hammond, e a partir de então ele descobre um propósito maior para continuar sendo um Lanterna Verde, já que ele havia desistido do cargo. Sabe como é, “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”.

Nesse ínterim, Sinestro, se apresenta diante dos Guardiões (criados com um CG muito do fuleiro) pedindo uma retaliação em detrimento da morte de seus amigos Lanternas pelas mãos de Parallax. Os homenzinhos azuis (que não são os Smurffs e muito menos o Blue Man Group) concedem tal permissão e então Sinestro parte com um pequeno grupo de Lanternas, que é escorraçado pelo Parallax, tudo isso em uns dois minutos no filme. O público nem chega a ver quem são os membros do grupo de Sinestro e as mortes nem chegam a comover. Aliás, quem parou um segundo pra bocejar perdeu essa cena!


Com o rabo entre as pernas, o Senhor Fodão Sinestro volta para junto dos Guardiões, e é aí que Hal Jordan ressurge (como eu disse, Oa é ali na esquina de Coast City) pedindo ajuda para impedir que Parallax destrua a Terra. Tanto os Guardiões quanto Sinestro defecam e caminham para o pedido, e deixam o cara se virar, respeitando sua vontade de se sacrificar.

Pensem comigo.

Parallax é uma fumaça negra imensa que às vezes mais parece uma avalanche de barro (ou coisa pior) e que é capaz de destruir civilizações inteiras sem o mínimo esforço. Além disso, a criatura come Lanternas Verdes no café da manhã sem nem bagunçar o cabelo.

Os Guardiões deveriam possuir uma inteligência acima da média, já que eles desenvolveram uma bateria de energia em um planeta remoto que é a fonte da força de vontade (representado pela cor verde), certo?

Como é que eles me mandam um cara que nem se formou ainda como Lanterna Verde e que mal sabe usar o anel para deter sozinho uma porra de um monstro que devora Lanternas Verdes??? COMO??

Esse foi o maior “se fode aí” que eu já vi na vida.

OK. Nosso herói nem pensa no assunto e parte sozinho para deter a ameaça que assola seu planeta. Uma vez em casa, ele percebe que o monte de barro está tocando o terror na sua vizinhança , sugando a essência dos transeuntes, atraído por seu medo (que é a fonte da sua energia). Hal tem a brilhante ideia de atrair Parallax para fora de seu planeta usando a mesma tática que usou para despistar os aviões com inteligência artificial no início do filme (na verdade não tem nada a ver com nada esse plano!!). Tudo funciona como ele queria, e então após incitar o avanço da criatura, ele se lembra do seu treinamento intensivo com Kilowog, em que o porco gigante com a voz do Michael Clarke Duncan o ensinou que buracos negros podem ser mortais no espaço. Tal qual um Cavaleiro do Zodíaco, Hal usa o aprendizado de seu treinamento dinâmico, e faz com que o vácuo do buraco negro sugue Parallax, dando fim a sua ameaça diabólica ao universo. Nosso herói fica inconsciente após o esforço fenomenal e é aí que Sinestro, Kilowog e Tomar-Re surgem de trás da cortina gritando: “Ráááá! Pegadinha do Malandroo!”. Eles impedem que o humano inútil seja sugado pelo buraco negro e o levam para Oa, onde ele é recebido como um verdadeiro herói, provando que na Tropa dos Lanternas Verdes só tem bucha. Se um merda de um aspira consegue deter um monstro que vivia matando Lanternas Verdes sem ter tido quase nenhum treinamento e sem nem saber usar o anel direito provando ser melhor que todos eles juntos, imagine o tipo de heróis que formam as fileiras dessa Tropa! Bem feito que quase nenhum deles deu as caras no filme tendo alguma relevância!

Efeitos Digitais

Desde o começo eu sabia que um filme todo baseado em efeitos digitais não daria certo. A menos que a direção fosse de James Cameron e que o mesmo tivesse empregado sua inovadora tecnologia 3D (usada em Avatar) para tornar críveis seus personagens digitais, bem como o realismo dos cenários, isso não podia dar certo.

Ultimamente eu tenho me tornado meio chato para aceitar filmes que usam efeitos digitais como muleta, e Lanterna Verde usa em demasia.

Embora eu saiba que a simples menção a um filme sobre um personagem que usa o poder da força de vontade para criar construtos de energia já remeta imediatamente a efeitos especiais, e que de outra forma seria impossível construir um filme assim, ficou bem claro que os efeitos não atingiram a expectativa.

A construção dos personagens digitais como Kilowog, Tomar-Re, alguns membros da Tropa (que só aparecem de longe, portanto não incomodam muito) e dos próprios Guardiões foi equivocada. Os Guardiões em nada se assemelhavam aos anõezinhos azuis das HQs, além disso, possuíam uma movimentação falha e muito mal feita, parecendo que pertenciam a algum filme dos anos 90, quando essa tecnologia digital ainda não era perfeita.

Kilowog ficou com uma aparência de troglodita (Dãã! Ele é um troglodita!!), mas um troglodita sem essência. Fizeram o possível para que ele parecesse um porco gigante com a os trejeitos do Michael Clarke Duncan, embora o personagem só tenha ganhado a voz do ator negro muito tempo depois, na pós-produção, e não deve ter sido por acaso que a pele do monstro de Bolovax também tenha sido escurecida nessa mesma pós-produção, já que ele tinha a cor do Gaguinho (P-P-Por hoje é só p-p-pessoal!) quando foi apresentado nas imagens de divulgação.


O que menos apresentou falhas na construção digital foi mesmo Tomar-Re, que em alguns momentos me fez lembrar do personagem Abe Sapien do filme Hellboy, interpretado pelo mímico Doug Jones. Sua movimentação suave e seus trejeitos pacíficos remetiam ao personagem anfíbio do filme de Guilhermo Del Toro, e fora o mais caprichado, apesar de possuir algumas falhas que podem passar despercebidas a olhos leigos.

Parallax. Meu Deus! Quem foi o designer responsável pelo visual desse personagem??

O cara deve ter parado em frente a seu tablet antes de desenhar e pensado: “Hmm, farei um Parallax mais assustador do que aquele lagarto super-crescido das HQs. Vou misturar o Galactus do filme do Quarteto Fantástico com a Black Smoke de Lost e voilá! Hah! Sou muito inteligente!”.

Na história, Parallax é um Guardião possuído pela impureza amarela (Aquela que os Lanternas Verdes temem) e por isso ele tem aquele rosto feioso em frente aos tentáculos de barro...
OK. A ideia por si só já é idiota, mas o design da criatura não é assustador e nem funcional. Me pareceu mais uma solução de última hora para que o orçamento do filme não estourasse mais do que já estava estourado (o filme custou 322 Milhões), e ficou bem de fundo de quintal. Por que nessas horas os caras desprezam tanto os conceitos criados pelos quadrinhos? Um lagarto gigante amarelo me convenceria muito mais do que aquele monte de barro tosco.


Bom, pra não dizer que tudo ficou terrível, eu gostei bastante dos construtos criados por Hal Jordan e os demais Lanternas (tá, exceto aquela pista de corrida!), e os cenários de Oa, apesar de muito escuros, remetem a um cenário alienígena. Nessas horas vejo que poucos cineastas sabem trabalhar cenários de outros mundos tão bem quanto George Lucas. Nessa parte, a última Trilogia de Star Wars era um deleite aos olhos.
O uniforme folha de bananeira tão criticado acabou sendo uma das coisas mais legais do filme. Achei muito interessante a forma como a energia corre pelas fibras do uniforme toda vez que os Lanternas utilizam o anél, e achei uma solução criativa para dar um propósito à roupa espalhafatosa.

As cenas de voo ainda não convencem. Por que não usam a leveza de um Christopher Reeves voando em Superman 1 e 2?
Aiie, Rodman! Aqueles filmes são velhos e bobos.”
Sim, caro padawan, mas note como o realismo que algumas cenas do Superman voando nos filmes citados ainda hoje me fazem acreditar que o homem pode realmente voar.

Em Lanterna Verde todos os voos são durões e não possuem a sublimidade necessária para causar aquele efeito de “Uau! Que foda!”, por isso dou mais um ponto negativo ao filme por isso.

Atuações

O filme não tem quase nenhuma atuação de destaque por parte do time de atores e atrizes, mas esse, acho eu, é um mal que vem sofrendo a maioria dos filmes de super-heróis dos últimos tempos.

Apesar de rentáveis e estarem na crista da onda, os filmes desse gênero ainda são vistos como pura pirotecnia e cenas de ação vazias, o que fazem com que os atores atuem no piloto-automático, mais ou menos como fizeram Natalie Portman em Thor (atriz oscarizada que não fez mais do que uma boa atuação), Tommy Lee Jones em Capitão América e mesmo Anthony Hopkins na pele de Odin no filme Thor. Todos eles ligaram o automático e saíram atuando, sem fazerem nada de muito extraordinário como estão acostumados.


Em alguns casos, não há grande profundidade nos personagens ou nas cenas descritas pelos roteiristas, daí o motivo de tanta robotização por parte dos atores, mas filmes desse gênero não precisam ser assim, como bem provou Batman O Cavaleiro das Trevas com as brilhantes atuações de HeathWhy so seriousLedger e de Gary Oldman, que mesmo acostumado a papeis de vilões, se deu muito bem na pele de um bonzinho como o Comissário Gordon.

Talvez o maior destaque de Lanterna Verde seja mesmo Peter Sarsgaard com seu Hector Hammond, que consegue passar toda a angústia de ser alguém cuja competência todos desconfiam e que depois, quando ganha poderes, passa a ser alguém que consegue expor seu ódio reprimido de forma violenta.


Tim Robbins não tem muito espaço em cena para demonstrar seu talento e quem tem não aproveita, como é o caso do protagonista Ryan Reynolds que a meu ver, terá pra sempre aquela cara de Chris Bander, seu personagem gorducho da comédia Apenas Amigos cantando “I swear”.Ele não convence como um personagem sério, e nem seu Hal Jordan tem a pegada séria que consagrou o personagem a ser o segundo maior escoteirão da DC depois do Superman.

Após a revitalização de Geoff Johns ao personagem nos quadrinhos, Hal Jordan se tornou um cara arrogante e fanfarrão, mas na tela, Reynolds optou por ficar no meio do caminho, entre o escoteiro e o fanfarrão, e não convenceu em nenhum dos dois.

Chris Evans que possui quase o mesmo perfil que Reynolds (ator que só serve pra fazer comédia) convenceu bem mais na pele do super-soldado Capitão América, e embora não tenha dado um show de interpretação, conseguiu expressar suas reações em ao menos uma cena (a dos créditos finais quando Steve Rogers acorda no século XXI), Reynolds nem isso.

Feliz, triste, temeroso ou com raiva, Reynolds não muda a sua expressão, e só agrada mesmo nas cenas que faz o que sabe fazer de melhor: causar risos.

Nem preciso dizer que ele ficou a cara do Ben Stiller com a máscara do Lanterna, né?


Outro ponto forte no filme é a interpretação de Mark Strong como Sinestro. Mesmo sob quilos de maquiagem, um bigodinho ridículo e um cabelo ainda mais ridículo, Strong conseguiu passar toda a frieza que o personagem exige. Sinestro é um militar fodão que acredita que a única forma de se manter a paz é imprimindo medo àqueles que a ameaçam, por isso ele não é um cara de sorrisinhos ou de gracinhas, comportamento que ele condena em Jordan nas HQs. Strong em seu papel nos passa essa seriedade, e se tivesse tido mais tempo em cena, ou um destaque maior na história, aposto que o personagem teria roubado a cena e muita gente estaria torcendo por ele no filme em vez de Jordan. Quem sabe isso aconteça no 2º filme, se é que a Warner gastará dinheiro com uma bomba dessas.

Em resumo (depois de um texto desse tamanho!) Lanterna Verde é um filme que deve atrair um público mais jovem que não se importe tanto com roteiro e afins. Como bem disse o artista brasileiro Ivan Reis, o filme não foi feito na intenção de agradar os marmanjos e sim um público mais jovem. Mesmo as cenas de ação não são tão empolgantes, na verdade não consigo me lembrar de nenhuma que eu tenha gostado pra valer, então não sei se uma criança também aprova o filme. O ponto mais alto talvez, tenha sido a luta entre Jordan e Kilowog e Jordan e Sinestro durante seu treinamento intensivo, o resto é um grande apanhado de equívocos cinematográficos.

Como eu bem disse, Lanterna Verde é um filme desperdiçado. A cada cena, a cada minuto nós fãs vemos que as possibilidades são muitas, mas a execução do filme nem se quer chega aos pés do que gostaríamos. A história fala sobre força de vontade e o poder que a vontade humana tem em mudar o rumo das coisas, mas poucas cenas nos fazem acreditar nisso.

Quando Hal Jordan declama seu juramento “No dia mais claro na noite mais densa o mal sucumbirá ante a minha presença” quase sendo esmagado por Parallax, juro que quase rolou uma lágrima, mas a atuação de Reynolds estragou tudo. Muita gente critica a atuação de Tobey Maguire nos filmes do Homem Aranha, mas ele me fez acreditar que o cabeça-de-teia estava fazendo um esforço descomunal para frear o trem que ameaçava despencar de uma ponte na segunda parte da Trilogia.

Se Reynolds fosse mesmo presenteado com um anel verde, duvido que ele conseguisse construir sequer uma caneta de energia.

Claro que o problema não é só o ator. Se a história fosse boa e não o roteiro remendado que acabou se tornando, talvez a atuação de Reynolds não fosse um problema, ou talvez o fosse isoladamente. Lanterna Verde podia ser grandioso, mas por falta de cuidado acabou sendo no máximo um filme bom para crianças, com um protagonista engraçadinho, um vilão feio , bobo, cara de melão, uma heroína irritante e um show de efeitos especiais malfeitos.

NOTA: 6

NAMASTE!

2 comentários:

  1. Buraco Negro? Pra mim parecia o SOL....

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  2. Não vi este "filme" Rodman.
    E depois de tudo o que você colocou aqui, nem quero ver.
    Uma pena que um personagem tão icônico tenha sido tão maltratado.
    Produtores gananciosos e diretores mercenários conseguem mesmo avacalhar com personagens decentes.
    Sorte que as boas hqs deles são imortais e passarão de geração em geração, diferente desta perda de tempo.
    Até mais.

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