3 de outubro de 2010

Urna e penico


É isso aí. Se o Brasil é o país do Pão e Circo, por que não colocar um palhaço na câmara dos deputados?
"Pior do que está não fica". Será mesmo, abestado?
NAMASTE!

14 de setembro de 2010

Política para quem precisa de Política

Dou aula de informática numa escola da Zona Oeste (há quem diga que não é Zona Oeste, mas tabém não é interior) e dia desses um aluno que estava ali apenas para imprimir um trabalho me perguntou se eu sabia o que era política do pão e circo. Isso não tem nada a ver com informática, claro, se fosse uma pergunta sobre Excel, Access ou PowerPoint eu até teria uma resposta na ponta da língua, mas não era o caso. Admiti minha ignorância sobre o termo e respondi que não sabia do que se tratava. Adquirindo um pouco de vergonha na cara mais tarde, fui até site de buscas (popularmente conhecido como Google mesmo) e inseri as palavras chaves. Eis o que descobri:

Na Roma antiga, a escravidão na zona rural fez com que vários camponeses perdessem o emprego e migrassem. O crescimento urbano acabou gerando problemas sociais e o Imperador, com medo que a população se revoltasse com a falta de emprego e exigisse melhores condições de vida, acabou criando a política "panem et circenses" (não, não é um dos encantamentos do Harry Potter!), a política do pão e circo. Este método consistia em todos os dias dar ao público lutas de gladiadores nos estádios (como o Coliseu) e durante esses eventos eram distribuídos alimentos ao povo. O objetivo era alcançado, já que ao mesmo tempo que a população se distraía e se alimentava, também esquecia os problemas e não pensava em se rebelar. Foram feitas tantas festas para manter a população entretida, que o calendário romano chegou a ter 175 feriados por ano (mais ou menos como o calendário baiano!), e isso claro, fez com que todos se regozijassem.
Pare um instante e leia de novo o trecho acima. Qualquer um com um pouco mais de argúcia irá perceber que há nessa história algo muito semelhante à realidade brasileira. Há exatos 8 anos o Brasil superficialmente vem vivendo uma reconfortante onda de calmaria. O desemprego caiu, a inflação se mantem controlada e o povo está feliz com os avanços, mesmo que pequenos, que vem conseguindo. Antes disso, só se tinha notícias de inflação nos picos, aumento de gasolina, do pão, da carne e até mesmo dos produtos primários que compõem a cesta básica. Era privatização pra lá, aumento de pedágios em rodovias para cá e sob as asas tucanas o Brasil parecia chafurdar-se em uma areia movediça cada vez mais funda. E então surgiu a estrela no horizonte, a estrela branca sobre o fundo vermelho, e todos se regozijaram.
Volte ao trecho da história dois parágrafos acima. Será que estou procurando cabelo em ovo ou realmente estamos vivendo há 8 anos numa política de pão e circo tupiniquim? Se trocarmos o pão pelo "Bolsa Família" e o Circo por Futebol, voilá! Temos exatamente a mesma coisa em terras brasilis. Não é que estamos vivendo numa onda de calmaria onde todos estão felizes e contentes, é que o pão que está sendo entregue de graça faz com que essa onda pareça melhor. Já foi pior? Com certeza, mas acho que passou o tempo de maquiarmos os problemas em vez de resolvê-los, passou o tempo de dar pão e circo para que a população distraída não veja que elas não saíram da areia movediça, apenas pararam de chafurdar nela.

Quantos problemas sociais graves ainda temos no Brasil sem que em nenhuma propaganda política se quer cheguem a ser mencionados? Assisto quase que diariamente o horário eleitoral obrigatório e observo em especial o programa de governo dos presidenciáveis. Nenhum deles até hoje mencionou o problema do tráfico de drogas nas favelas e nos bairros carentes, ou se quer citou os problemas que ainda existem no Nordeste do país, como falta de água, saneamento básico e energia elétrica, algo que num mundo como o atual, é item indispensável. O que vejo são apenas promessas de eleição muito superficiais ou apontamentos de problemas sem que se tenha uma solução no mínimo viável para eles. A população mais atenta está cansada de saber que existem problemas (quando não estão ocupadas no circo da Copa, do Campeonato Brasileiro, nas Olimpíadas...), mas o que sinto falta é de um programa político convincente, com propostas realistas que me tirem de casa no dia 3 de Outubro com a sensação de que estarei depositando na urna a certeza de um futuro melhor. Devo admitir que ainda não tenho um candidato escolhido, mas não porque estou em cima do muro, e sim porque nenhum deles se quer conseguiu me convencer de que irá enfrentar os problemas brasileiros com garra e verdade. Lulismo exacerbado e quebras de sigilos fiscais não me interessam, nem tampouco o comunismo de beira de estrada. Eu quero que apareça um candidato que mostre soluções para problemas que ninguém mais pensa e que resolva de uma vez cada um deles. Alguém que não só mantenha o que já está funcionando como também melhore o que precisa de reparos, e olhe que tem muita coisa!


11 Milhões de famílias brasileiras atualmente são beneficiadas pelo programa do governo "Bolsa Família". Traduzindo isso para o eleitorado teríamos quase que a mesma faixa de votos garantidos para o partido do governo, o que por si só significa que a população está satisfeita com o que tem atualmente. O pão que lhes é dado alimenta e o circo no palanque também não compromete, o que garante pelo menos para mais 4 anos o poder daqueles que o assumiram na intenção de favorecer os mais desfavorecidos, mas que não deixam os interesses próprios ajudarem mais. De fome o povo pelo menos não pode mais reclamar, mas já na educação o buraco é mais embaixo.

Enquanto os presidenciáveis (os da elite e também os do povo) arrotam no horário eleitoral sobre ETECs, FATECs e todo tipo de promessas a longo prazo a respeito de educação, esse mesmo índice vai descendo areia movediça abaixo. O Brasil ocupa a vergonhosa 88ª posição no ranking de desenvolvimento educacional, perdendo posições para países muito mais pobres da vizinhança latina como o Paraguai, Equador e a Bolívia. Em São Paulo temos uma boa distribuição de material escolar, o kit escolar inclui ótimas apostilas, livros e até mesmo o material mais básico como lápis, caneta e caderno, só quem em algumas escolas o kit chega com atraso o que prejudica o trabalho do já desmotivado professor de escola pública e aumenta o desinteresse do aluno. Num país em que tão poucas pessoas leem livros e jornais, onde a cultura não é incentivada e nem praticada e que o ensino anda tão combalido, não é difícil imaginar porque o pão e circo por aqui funciona tão bem. Tenho exemplos claros onde trabalho. Já me deparei com dezenas de alunos que em um exercício de aula confessaram que jamais haviam lido um livro na vida e que não sentem o menor interesse pela leitura, e imagino como esse tipo de situação deve se repetir por todo o Brasil. Hoje, em São Paulo, o governo distribui livros na rede pública, os alunos recebem livros de autores prestigiados como Clarice Lispector e Fernando Pessoa, mas não me surpreenderia se me dissessem o destino que tais obras recebem após a entrega. A realidade é triste, o governo faz pouco e o povo não se interessa nem por esse pouco e o resultado nas urnas em Outubro é previsível. Sobre educação, além do mais do mesmo sobre as Escolas Técnicas (que são sim um bom começo, mas não são a solução do problema) só se houve falar da inacreditável aprovação automática adotada nas escolas de São Paulo. Acabar com isso seria uma ótima medida para formar alunos mais capacitados e críticos, mas será um trabalho árduo para recuperar todos que já foram "beneficiados" por essa aprovação. Só resta rezar para que o próximo governante pense no 88º lugar no índice educacional e tome providências para melhorar essa realidade.

Não faço demagogia e nem sei fazer. Escrevo o que eu sinto, falo sobre o que me incomoda e torço para que o futuro decidido no próximo dia 3 seja o melhor para o país. Não interessa ser o Brasil que atinge altos índices de desenvolvimento econômico se os índices educacionais são os piores possíveis. Pessoas que não adquirem cultura que não buscam se informar sobre política (que eu concordo ser chata) não evoluem e nem tampouco tem o direito de cobrar o que quer que seja mais tarde. Esporte é bom, torcer é bacana, mas a Seleção de Futebol não vai mudar a realidade do povo nas favelas e das crianças seduzidas pelo tráfico. Nem o Corinthians nem o São Paulo irão colocar um prato de comida na sua mesa e nem o Palmeiras irá pagar a sua conta de luz. Eu gosto de futebol, torço em casa pelo meu time, mas sei que isso não passa de uma diversão passageira. O "circo" tupiniquim não deve nos cegar das realidades que nos assolam, não pode nos ensurdecer dos tiros de fuzil disparados na calada na noite e nem das pessoas que não tem nem energia elétrica em suas casas quanto mais um abajur para iluminar seus medos noturnos. Se o mundo não acabar em 2012, a Copa no Brasil em 2014 não será a salvação da lavoura e nem tampouco as Olimpíadas de 2016. Acorde e não deixe que os políticos (sejam eles os amigos da elite ou os companheiros de corruptos) enganem vocês com essa história de que sediar a Copa e as Olimpíadas será o orgulho do povo brasileiro. Orgulho será quando o Brasil deixar de ser um país de miseráveis e de analfabetos (funcionais ou intelectuais) mas por méritos próprios e não por vaidade desse ou daquele partido. O resto é "panem et circenses".


NAMASTE!

9 de setembro de 2010

Review: REC² - Possuídos

Minha vida social anda mais lenta do que o Windows 98, por isso só agora encontrei algo que valesse a pena compartilhar no meu já tão combalido Blog.
Em plena Segunda-Feira, véspera de feriado decidi encarar uma fila considerável no cinema para conferir a mais nova película de terror em cartaz, a tão aguardada sequencia do excelente REC, filme espanhol lançado em 2007.

Filme de terror só tem graça de se ver se for bem acompanhado, por isso levei minha namorada para pular na poltrona comigo com os sustos que eu esperava tomar durante a sessão. Estou esperando pelos sustos até agora.

Pra quem ainda não sabe, o primeiro filme conta a história de uma equipe de TV que acompanhando um dia ao lado do Corpo de Bombeiros da cidade acaba sendo levada até um prédio onde um estranho pedido de socorro é emitido. Enquanto atende a emergência, a equipe de TV se vê presa dentro do prédio junto aos Bombeiros sem entender exatamente que tipo de emergência ocorre por ali. Daí pra frente uma sequencia de fatos bizarros se sucedem levando os personagens e os espectadores a crerem que aquele pacato prédio está infestado de zumbis mortos-vivos.

De original (mas nem tanto assim) o filme trás principalmente a tomada em primeira pessoa. A câmera funciona como nossos olhos e isso faz com que os sustos tenham mais propriedade sempre que um zumbizão surge do nada diante da lente. Devo admitir que fui surpreendido várias vezes na sala de casa e que o suspense pela espera do que vai entrar por aqueles corredores escuros do prédio espanhol todas as vezes que a câmera se vira foi pra lá de interessante. Algo assim só tinha visto em A Bruxa de Blair, que também é um ótimo filme, mesmo que tenha um final em aberto que até hoje me intriga, e exatamente por isso criei uma expectativa alta para REC 2.

A história do segundo filme se passa 15 minutos após o fim do primeiro - é a sequencia mais imediata que já vi para um filme!- e as cenas iniciais só fazem sentido para quem assistiu ao primeiro filme. Quem estava na sala de projeção caído de paraquedas sem ter visto REC 1 provavelmente não entendeu nada, mas o desenrolar do enredo se torna até simplista demais posteriormente o que acaba descartando a necessidade de ter visto o anterior.

Nessa sequencia, de imediato, não vemos nenhum dos personagens já conhecidos na primeira parte da história e são inseridos novos elementos como um fiscal sanitário (que mais tarde descobrimos se tratar de um padre), três soldados de uma espécie de SWAT latina e o pai da pequena Jennifer (a menina que estava com amidalite), que nos é apresentada em REC 1. As câmeras que funcionam como nossos olhos agora, estão fixadas nos capacetes dos soldados que filmam tudo logo que entram no prédio a fim de descobrir porque perdeu-se o contato com os sobreviventes há quinze minutos (lembrando que no filme anterior já havia entrado no prédio um agente de saúde e que dizia-se que o isolamento do local havia sido pela desconfiança de uma contaminação que ocorria ali).

Não se passam nem 20 minutos de projeção e o mundo dos soldados vem abaixo quando eles descobrem que há naquele prédio muito mais do que contaram a eles antes de entrarem. Um deles é atacado e mordido por um "morto-vivo" e seguem-se cenas pra lá de entediantes com uma carga dramática bem falsa a nível novela mexicana por parte dos soldados canastrões. Os companheiros do infectado se desesperam e cobram o falso agente sanitário que enfim revela (de forma rápida e sem graça) qual é sua verdadeira missão ali: achar uma amostra de sangue original da primeira pessoa infectada para se criar um antivirus antes que ele (o vírus) saia daquele prédio.

Não há chance para que nos apeguemos a nenhum dos personagens principais, diferente do que acontece com a repórter vivida pela atriz Manuela Velasco em REC 1. O padre se mostra sensato em só sair dali com uma amostra de sangue do qual ele se incumbiu de apanhar, mas sua missão não o torna o mais simpático dos personagens. Na verdade em certo ponto a gente até torce para alguém matá-lo logo, já que sua presença ali é o que impede que os demais saiam do prédio cheio de zumbis possuídos. Os três soldados tampouco mostram qualquer carisma, o que igualmente nos faz desejar que alguém alivie logo seu sofrimento. Em certo momento eu mesmo proferi: "Esse filme não vai durar muito, eles vão morrer logo.", mas ele durou um pouco mais do que eu imaginei.

Pra resolver essa falta de personagens carismáticos, eis que surgem os elementos que nunca faltam em um filme de terror: adolescentes. Repentinamente começamos a ver um outro lado da história, o de fora para dentro, e três jovens curiosos entram no prédio por um local nada peculiar: o escoamento de esgoto. Munidos de uma câmera (REC ² não nos deixa de fora da ação nunca) eles adentram o prédio sem a menor noção do que se passa ali e são jogados imediatamente no fogo cruzado entre um bombeiro e os zumbis. Quando eles percebem no que se meteram já é tarde demais e eles assim como os demais "visitantes" começam a lutar por sobrevivência, tentando impedir que dentes infectados se cravem em seus pescoços.

As reviravoltas no roteiro são pequenas, mas a missão do filme que é causar medo não se cumpre mais como seu antecessor. Em nenhum momento me assustei com os possuídos e as únicas cenas impactantes do qual me lembro são os infanticídios cometidos pelo padre (amém!) no decorrer da fita. Algumas cenas são bem previsíveis até, os sustos quase podem ser antecipados um ou dois minutos antes e nem mesmo o efeito "câmera na mão" parece mais tão inovador. O filme se desenrola quase como um grande mais do mesmo, e fora a cena final, quase todo o resto já parece que foi visto anteriormente. Não chega a se tornar enfadonho, mas também não nos apresenta grandes novidades, exceto talvez, a morte de uma das antigas moradoras (a mãe da Jennifer, agora zumbi) com fogos de artifício e a própria origem dos zumbis, que na verdade não são zumbis, nem mortos-vivos. As pessoas "desestabilizadas emocionalmente e fora de si" (para não ofender) são na verdade possuídos, como o subtítulo do filme entrega. Por outro lado essa premissa é intrigante já que os criadores do filme, Jaume Balagueró (que também assina a direção) e Paco Plaza tentam nos passar de que não há infecção virótica. Se aquelas pessoas não estão infectadas por um vírus propriamente dito e sim "endemoniadas", como o padre diz precisar de uma amostra de sangue para criar um... antídoto? Eu diria que isso é um furo de roteiro.
De impressionante tanto nesse filme quanto em seu precursor eu acho a maquiagem da "menina" Medeiros, a primeira hospedeira do "vírus". Procurei por notícias de bastidores para saber se ela é gerada por computador, se é alguma animação ou se ela (ou ele, sei lá!) é mesmo daquela forma tão... magra! De repente pode ser também um efeito visual muito bem feito, mas se for o caso, acho que REC ² - Possuídos deve ser indicado e vencer o Oscar de melhor maquiagem ou o de efeitos visuais.
Fico no aguardo dos filmes que virão na sequencia (REC 3 - Genesis e REC 4 - Apocalipse), mesmo que esse já não tenha me empolgado tanto assim e espero que os roteiristas caprichem dessa vez para que a série REC não se perca pelo caminho como tantas outras séries de filme de terror que não nos mostram mais nada de novo. O cinema como um todo carece de novas ideias, remakes e requentamento de conceitos antigos já não nos satisfazem mais.
Nota: 7

Confiram o trailler de REC 2 - Possuídos.



NAMASTE!

22 de agosto de 2010

Os Mercenários do Stallone

Eu não fui criado apreciando belas obras cinematográficas como os filmes do Almodóvar, não sou fanático pelo Bertolucci, não me ligo em filmes franceses (até hoje só vi Amelie Poulain) e nunca na vida assisti a um filme iraniano. Cresci vendo filmes de ação e fui doutrinado na escola da voadora e dos dois pés no peito. Sim, estou falando de como passei minha doce e saudosa infância e de como o cinema de ação (sobretudo o Brucutu) marcou minha vida.

Já comentei aqui sobre minha expectativa para ver aquele que eu esperava ser o melhor filme de ação do ano, Os Mercenários de Sylvester Stallone, e como a maioria da galera que eu conheço (os machões principalmente) estava empolgada com a ideia da reunião dos maiores ícones do cinema porradaria num mesmo filme. As expectativas estavam lá em cima, uma vez que algo desse gênero jamais havia acontecido, e seria uma espécie de celebração pelos anos dourados (fim dos anos 80 e início dos 90), onde os maiores nomes do cinema ainda eram Schwarzenegger, Stallone e Van Damme. Da expectativa para a realidade há uma grande diferença, mas há compensações.

O cinema não estava tão cheio, e na sala havia um público variado de jovens (provavelmente assim como eu, fã dos brucutus), senhores e até mesmo meninas (uns 3% que não devem curtir muito Vampiros Cintilantes e 97% que deveriam estar ali só acompanhando os namorados). Havia uma certa empolgação na fila antes da entrada, porém ela era discreta. Não era nada como se vê em grandes produções que saem em cartaz, mas também não era aquele clima “não estou esperando nada desse filme”. Acho que todo mundo ali aguardava para ver um grande filme.


Os Mercenários não é brilhante e tampouco inteligente. Tem um roteiro fechado de fácil digestão. Fácil até demais, tanto que dá a sensação de já se ter visto aquilo pelo menos umas 10 vezes antes. Ditadorzinho de um país de Terceiro Mundo subdesenvolvido (lembram que metade das filmagens aconteceram no Brasil??) trata a população como lixo e se beneficia disso. Mocinha é seqüestrada fazendo o mocinho ir resgatá-la nem que pra isso ele tenha que botar o país inteiro abaixo. Tiroteio, o vilão morre. Fim. Já viu isso em algum lugar? Eu já.
As atuações chegam a ser torturantes às vezes, pra não dizer sofríveis, salvo Jason Statham, que é o segundo nome mais importante do filme e o grande parceiro do personagem de Stallone, Mickey Rourke (que já tinha dado show em Homem de Ferro 2), Terry Crews e Erick Roberts, que outra vez é vilão. Statham, apesar de porradeiro, se sai melhor que os colegas no quesito interpretação, mas sozinho não salva o filme. Stallone até tenta fazer algumas caras e bocas, tenta fazer algumas expressões faciais e até tenta emocionar (indo quase às lágrimas numa determinada cena com Rourke), mas ainda assim é algo longe do que ele consegue em Rocky, no auge de sua carreira. Não sei se por causa do seu personagem ser meio ogro (bem, todos ali são, mas nesse caso mais ogro), Dolph Lundgren por vezes parece meio retardado (ou drogado) em cena e sua interpretação se assemelha muito ao que ele conseguiu em Soldado Universal, ao lado de Jean Claude Van Damme. Ao menos lá, ele estava interpretando uma espécie de morto-vivo sem emoções...
Jet Li, que embora tenha participado de grandes produções como Herói e A Múmia 3 – A Tumba do Imperador Dragão, ainda tem dificuldades de interpretação, seja por seu inglês com sotaque ou pelo talento reduzido. Em Cão de Briga, que é um filme de mais tensão emocional do que seus outros filmes, por exemplo, ele se saiu bem melhor.
Randy Couture que é um lutador de MMA além de ator (?) não compromete no papel, até por ser um dos de menor destaque no quesito interpretação (ele quase não fala no filme). Terry “Pai do Chris” Crews, no entanto, junto com Statham é um dos que fazem a diferença em cena e mesmo não sendo tão engraçado como estamos acostumados (Todo Mundo Odeia o Chris, As Branquelas...) rouba a cena em alguns momentos-chave da película. Mickey Rourke que interpreta um ex-mercenário que busca a redenção pelos seus atos parece ser o único realmente gabaritado para o papel, e faz o que já havia conseguido fazer no filme O Lutador, emocionar.
Gisele Itié, mais uma brasileira (meio mexicana) a entrar no mercado internacional aparece o filme todo e é a motivação para que as ações heróicas do filme aconteçam. Seu inglês parece meio decorado demais o tempo todo, mas ela não atua mal fazendo seu papel de donzela em perigo. Na história ela é filha do ditador que se alia ao personagem de Erick Roberts, e é seqüestrada para delatar o real motivo da breve excursão dos Mercenários em seu país.
É natural se exigir sempre boas atuações num filme que você está pagando para ver, mas falar de interpretações num filme que foi vendido para ser nitroglicerina pura é sacanagem!

Por alguns momentos, confortável lá em minha poltrona, degustando a minha pipoquinha, pensei estar vendo um filme do Michael Bay de tantas explosões que haviam por segundo de fita. Sério! É inacreditável o quanto eles explodem de coisas durante o filme todo. Deu até para imaginar os brasileiros aplaudindo em volta do set a cada detonação! “Viva!” “Manda ver, Stallone!” “Explode tudo!”
OK, não dava para esperar um filme cabeça com essa quantidade de atores porradeiros envolvidos, mas isso torna Os Mercenários um filme ruim? De jeito nenhum. Eu gostei muito do filme. Desliguei meu cérebro durante duas horas e vibrei a cada combate e a cada perseguição. Curti muito o encontro dos três pesos pesados na tão comentada cena que aparece nos traillers, onde Stallone e Schwarzenegger são convocados por Bruce Willis (o agente Church da CIA) para a missão de ir lá no país de Terceiro Mundo e eliminar o ex-agente da CIA que comandava o cartel de drogas.

O diálogo entre eles é breve, porém inesquecível. Rola até uma zoação sobre os quilos a mais do Governador da Califórnia e sobre a inteligência do personagem de Stallone. “Você devia ler mais!”. A cena não deve durar mais do que 5 minutos, mas é com certeza uma das mais memoráveis. A intimação que Church faz no final para o personagem de Stallone também é de arrepiar, e deixa o público imaginando uma sequencia em que ambos se confrontam. Seria foda demais!

Já vi muito filme de ação, mas o grau de violência de os Mercenários atinge os picos mais altos com certeza. É importante notar a quantidade de soldados buchas (aqueles que só aparecem para morrer) que se proliferam do nada enquanto os protagonistas se deleitam esfaqueando, atirando e socando. Statham é o especialista em facas, Jet Li o cara do kung fu (embora ele utilize pouco no filme), Couture a força bruta (seus golpes de MMA são excelentes) e Crews o detonador. Sobraria para Stallone a parte do cérebro da equipe, mas não vamos exagerar!
Podemos acusar Stallone de tudo, menos de ter uma sensibilidade ótima para o que o público quer ver. As cenas de ação são de tirar o fôlego, as lutas são grosseiras e espetaculares, e não deixa nada a desejar a quem está ali justamente para isso: ver muito sangue e dilacerações. Esse papel o filme cumpriu e bem.
Nota: 8

Seja lá qual for o sucesso do boicote que alguns brasileiros chegaram a veicular na Internet que seria feito ao filme por aqui, ou qual seja o resultado das bilheterias em todo o mundo, a sequencia para esse filme é quase uma certeza e esperamos uma dose maior ainda de testosterona caso os nomes sugeridos desde o primeiro sejam inseridos num novo projeto. Ver Van Damme, Steven Seagal (embora eu não goste dele), Chucky Norris (se ele estiver vivo até lá) ou talvez Wesley Snipes, Vin Diesel e The Rock junto com a galera do primeiro filme ia ser algo sobrenatural. Quem sabe os egos se acalmem até lá e esses atores (a maioria em péssima fase) percebam que eles estarão fazendo história e proporcionando um espetáculo para um público, que embora cada vez menor, ainda se mantém fiel aos bons e velhos filmes de ação estilo anos 80.

Que venha Os Mercenários 2, e que o Brasil aprenda que a imagem que temos lá fora é a imagem que nós mesmo construímos aqui, a de um país em que tudo é liberado, onde só se pensa em Carnaval e em futebol e que o povo morre de fome enquanto assiste a Copa do Mundo e seus milhões gastos a toa. Se podemos adorar esses pernas de pau que se vendem para entregar um campeonato de futebol, porque não adorar Stallone e sua trupe? Mercenário por mercenário ainda prefiro ir ao cinema e me divertir nem que seja por duas horas.

Nota: O filme é do caramba, mas no Metrô na viagem de volta já tinha me esquecido da maioria das cenas.

Nota 2: No trailler antes do filme foi exibido Tropa de Elite 2, filme nacional que mostra a realidade da violência no Rio de Janeiro, algo pelo qual a maioria dos governantes fecha os olhos, preferindo o Carnaval e o futebol. Essa é nossa realidade.
NAMASTE!

12 de agosto de 2010

Batman contra o Capuz Vermelho


Há algum tempo atrás, uns três anos no máximo, comecei a ouvir boatos de que Jason Todd, o segundo Robin a assumir o cargo, iria retornar dos mortos de forma misteriosa. O que? Você não sabia que o Robin já havia morrido? Pois é. Aconteceu na saga “Morte em Família”, título que ainda falta na minha coleção, mas do qual já li vários artigos relacionados. O retorno de Todd que ocorreu num passado não muito longínquo é retratado de forma bem similar ao da HQ no longa animado Batman contra o Capuz Vermelho, onde o antigo menino prodígio (ou rodízio, como diria o Coringa) volta da tumba na pele do misterioso Capuz Vermelho, um bandidão que almeja controlar o crime organizado de Gotham City utilizando meios bem persuasivos.


Gostei muito do clima do filme e do enredo, só que dessa vez devo comentar que a animação deixou um pouco a desejar em relação a outros longas animados recentes como Crise nas Duas Terras (que eu já fiz o Review aqui), Mulher Maravilha e do Lanterna Verde: Primeiro voo. A movimentação dos desenhos acontece de forma meio apressada e desajeitada, o que prejudica um pouco durante as cenas de ação. Assim como vem acontecendo nos últimos filmes da DC como Superman/Batman Inimigos Públicos e no ainda inédito Superman/Batman Apocalypse, os desenhos de Batman contra o Capuz Vermelho são inspirados nos traços do desenhista da obra original, nesse caso os do artista Doug Mahnke, que rabiscou a HQ que mostrou a ascensão de Jason Todd. De qualquer forma, exceto esse pequeno probleminha técnico de movimentação, a animação é bem empolgante, sendo seu forte os diálogos afiados, em vez das cenas de ação.

Na versão original, Bruce Greenwood emprestou sua voz ao Batman, enquanto Jensen Ackles (um dos irmãos Winchester da série Supernatural) dubla Jason Todd. No Brasil, Mauro Ramos, conhecidíssimo por dublar o Pumba, o Shrek, o Sulley de Monstros SA e a maioria dos personagens grandalhões do cinema, recebeu a missão de dublar o Coringa, e se saiu muito bem, como sempre. Já o outro vilão da história, o Máscara Negra foi dublado pelo lendário Isaac Bardavid, que no passado já dublou o Esqueleto do He-Man e é mais conhecido por dublar o Wolverine tanto na primeira série animada dos X-Men quanto nos filmes. Sua interpretação pessoal deixou o Máscara Negra ainda mais engraçado, uma vez que ele apesar de mal, é um dos alívios cômicos do desenho. Por alguns momentos pude me lembrar daqueles chiliques que o Esqueleto dava sempre quando He-Man estragava seus planos, e a voz de Bardavid é inconfundível, combinando bem com a cara cadavérica do Máscara Negra. Nota 10 para a dublagem.



Para escrever esse post tive que dar uma revirada nas minhas HQs do Batman da época do retorno de Jason Todd e notei algumas diferenças em relação ao longa animado, o que sempre ocorre numa adaptação. Nunca essa transição do papel para a tela acontece de forma 100% fiel. As alterações amenizam um pouco a carga dramática que envolve o que o próprio Batman considera como sua maior falha, e quando ele se vê assombrado por fantasmas do passado ele começa a questionar sua verdadeira culpa em relação à morte do Robin pelas mãos do Coringa.


Nas HQs, sempre que um personagem volta da morte sem que isso seja tratado de forma competente pelo roteirista, é quase como se as editoras de quadrinhos estivessem carimbando “idiota” em nossas testas. Dificilmente eu vi uma ressurreição feita com tanto cuidado como Ed Brubaker fez com o Bucky, nas histórias do Capitão América. Ele trouxe de volta o personagem, que teoricamente teria morrido na época da 2 ª Guerra, de forma gradativa e adicionou uma porção de retcons (eventos inseridos posteriormente na cronologia) à história do Capitão para que isso fizesse sentido. E fez. No caso de Jason Todd, o trouxeram de volta quase que como num “passe de mágica” (mais ou menos como apagaram mais de 20 anos da história do Homem Aranha também). Jason foi trazido de volta à vida, seis meses após sua morte (na cronologia normal) quando o Superboy da Terra Prime (na teoria, a primeira Terra, onde os super-heróis não existem de verdade) golpeou as “paredes da realidade” para que ele pudesse escapar de sua prisão. Isso acarretou uma “onda” de acontecimentos em nosso mundo, o que acabou ocasionando a ressurreição de Todd.
Faz algum sentido pra você? Pra mim também não. Foi uma das desculpas mais fracas do qual já ouvi falar para trazer de volta um personagem, porém serviu para gerar ótimas histórias com um enredo bastante intrigante: O que o Batman faria se sua maior falha retornasse para tocar-lhe a ferida? Na animação, quem o traz de volta à vida é um dos Poços de Lázaro de Ra’s Al Ghul, que o vilão usa para rejuvenescer. Jason não só é trazido à vida como também se torna mais vigoroso, e após escapar começa sua peregrinação para se tornar o Capuz Vermelho. Desfecho digno para um início pífio.


Enquanto para o Batman a dor de sua perda é seu maior problema, para Jason a questão é mais profunda: Por que Batman jamais se vingou daquele que o matou? Por que ele deixou o Coringa vivo, permitindo que ele continuasse sua onda de crimes, escapando do Arkham a toda hora e manchando Gotham de sangue? Por que Batman jamais eliminou aquele que matou o Robin?

Esse questionamento torna Jason um adversário de seu mestre, levando o garoto a combater o crime da sua maneira. Por que destruir o crime se é mais fácil controlá-lo? Dessa forma, assumindo o manto do Capuz Vermelho, Todd passa a dominar o submundo tomando-lhe de assalto e deixando a maioria dos criminosos da cidade de olho em suas ações, e preocupados com elas. O Máscara Negra é o primeiro a ser atingido pessoalmente quando seu comando do crime começa a ser ameaçado, e ele tenta de tudo para se livrar de seu inimigo incluindo contratar vilões superpoderosos (na HQ ele usa o Mr. Freeze). No entanto, fica claro que só o Batman pode enfrentar o habilidoso Capuz Vermelho e é interessante notar que ele acaba se tornando uma versão mais jovem e melhorada de Bruce Wayne, tendo inclusive, treinado ao redor do mundo durante os anos em que esteve desaparecido, assim como seu mentor. Jason acaba por vezes superando Batman em combate, mas isso fica claro que é por causa do abalo emocional que o Homem Morcego sofre quando percebe que seu oponente é o Robin que ele deixou morrer.


A mim agrada muito a ideia de ver Batman enfrentando alguém que conhece seus truques e que ele mesmo ensinou, acabando um pouco com essa "pose de invencível" que ele tem. O que aconteceria se o Asa Noturna ou o Robin Tim Drake se voltassem contra ele? O Resultado seria parecido. De tempos em tempos surge uma versão “melhorada” de algum herói, mas no final, sempre o original prevalece, se mostrando com mais escrúpulos do que seu predecessor. No caso de Jason, ele mesmo admite que é um Batman melhor que Wayne por não ter tanto pudor em matar em nome do que ele acha certo, mas por fim, o heroísmo prevalece. O final da história na animação também é alterado e se torna menos dramático que o original. Batman é confrontado diretamente, é questionado de o porquê deixou o Coringa vivo mesmo depois de tudo que ele fez, e sempre aquele código de honra vem à tona: Se o Batman o matasse, ele se igualaria a seu inimigo, e isso não o tornaria melhor e sim pior. Matar o Coringa em vez de entregá-lo à justiça mancharia aquilo que o Batman representa, e ele jamais conseguiria conviver com isso. Para Jason, no entanto, essa atitude o torna fraco, e prova que o Batman não tem coragem de vencer seus limites para vingar nem mesmo um filho morto.


Tenso, não é mesmo?

No desenho vemos um resumão da história toda, temos a presença do ex-Robin Asa Noturna ajudando Batman contra o andróide Amazo (como na HQ), temos o envolvimento de Ra's Al Ghul no ressurgimento de Todd, temos o Coringa intermediando o momento de tensão entre Wayne e Todd e temos também o Alfred, com a mesma dublagem do desenho animado do Batman da década de 90. Tudo isso culmina no final que é alterado para se tornar menos chocante (eu mesmo discordei da atitude que Batman tem nas HQs ao ter que decidir entre Jason e o Coringa), mas nada que afete a animação. Judd Winick, o roteirista da HQ foi muito feliz ao criar essa narrativa envolvendo Jason Todd, mas a forma como ele foi trazido de volta e o que ele se tornou depois do confronto com o Batman deixou bastante a desejar. Foi mais ou menos o que aconteceu com o Bane no Batman e com o Apocalypse no Superman: Dois vilões que vieram com tudo, destruíram seus adversários, mas que atualmente não passam de figurantes sem brilho. Assim como os personagens citados, Jason Todd só funcionou com esse propósito, o de ser um desafio à altura para o protagonista, mas esticar sua participação na trama torna seu conceito inicial bastante desgastado. Pena que os produtores de quadrinhos não ligam muito para isso. Batman contra o Capuz Vermelho é uma ótima opção de divertimento, e pra quem não está muito ligado no que acontece na HQ tudo é bem mastigado durante uma hora e meia, só que como eu disse, de forma diferente à sua origem. Nota: 8


NAMASTE!

4 de agosto de 2010

Super Herói Preguiçoso

Sabem aqueles dias que você não está muito a fim de ter responsalidades?

Clique para ampliar



Grandes poderes trazem grandes responsabilidades... Que saco!!



NAMASTE!

31 de julho de 2010

Top Blog 2010

E não esqueçam de votar no Blog do Rodman para a categoria Blog Pessoal. É rápido e fácil, você só precisa clicar no link de votação no canto superior direito da tela (do próprio Blog) e votar. Logo que a mensagem de conclusão surgir, você deve confirmar seu voto em outro link que será enviado a seu e-mail de cadastro. Ah, e você não paga nada por isso!


Prometo uma bala de tamarindo a todos que votarem no meu Blog!!




NAMASTE!

28 de julho de 2010

Sangue Fresco

Imagine acordar em uma manhã, ligar a TV e entrar um plantão extraordinário, daqueles que gelam a espinha sempre que surgem, falando sobre a criação de um sangue sintético. Sua reação até então não seria das mais fortes, certo? Agora imagine que logo em seguida, surgissem vampiros por todas as partes do mundo que agora não tem mais porque se esconder, já que o tal sangue sintético (o Tru Blood) veio para resolver o seu "pequeno problema" de alimentação. Esse é o mote principal da série True Blood, que já está na sua 3ª Temporada no canal HBO, mas que eu descobri há menos de um mês.

O criador da série é Alan Ball, que já havia desenvolvido a série Six Feet Under, e ele se interessou pelo assunto vampiros depois que leu os livros de Charlaine Harris, fonte inspiradora para sua obra. Harris, diferente de uma tal de Meyer, trata os vampiros como eles realmente deveriam ser, e como eles sempre foram retratados, sem muitas frescuras. A maioria deles é má, é perversa e atendem facilmente a seus instintos de sobrevivência, mas precisam aprender a viver com os humanos que não deixaram de temê-los agora que sabem que eles existem de verdade.

Anna Paquin (a Vampira insossa dos 3 filmes dos X-Men) está perfeita no papel da garçonete telepata Sookie Stackhouse, e além dela, a série tem o foco principal no vampiro Bill Compton (Stephen Moyer), Jason Stackhouse o irmão de Sookie (Ryan Kwanten), Sam Merlotte (Sam Trammel) e Tara Thornton (Rutina Wesley). Todos eles vivem em Bon Temps, cidade ficctícia situada na Louisiana e que como todo o resto do país, passa agora pelos contratempos de ter vizinhos sugadores de sangue. A pequena população da cidade se divide entre aqueles que simpatizam com o fato de viver com vampiros e aqueles que abominam a ideia, e essa divisão de pensamentos e atitudes é que tornam a série interessante. Dá para se pensar em algo semelhante na vida real se os vampiros saíssem da escuridão e viessem à tona de verdade.

Não dá para assistir True Blood e não comparar com a série começada com Crepúsculo. Por mais que esteja claro que Stephanie Meyer tenha escrito seus livros pensando em adolescentes sentimentais e apaixonadas, e que os filmes tenham sido desenvolvidos para esse mesmo público, é vergonhoso lembrar como os vampiros são tratados pela escritora. É como se a verdadeira essência das criaturas não estivesse ali. Em True Blood, apesar de vermos também um vampiro todo apaixonadão pela protagonista, todo o restante continua sendo guiado pelos instintos primitivos, o que os tornam perigosos e nunca EMOs. Diferente de Crepúsculo, há muito mais elementos que atraem a atenção masculina para a série, há cenas violentas, há cenas de sexo, mulheres nuas e sangue, muito sangue. Vi os dois primeiros filmes da série de Meyer para acompanhar minha namorada e para tentar entender todo esse fascínio repentino por vampiros, e tive muito sono enquanto via. Não há nada ali que prenda a atenção, só romance insosso e interpretações mais insossas ainda.


Logo que acabou LOST meio que me senti orfão de uma boa série que desse vontade de seguir. Tentei Fringe, tentei Flashforward (já finada), ainda tento ver V, mas nenhuma conseguiu me deixar curioso para ver o capítulo seguinte, como LOST sempre fez. Acompanhei a primeira temporada inteira de True Blood (12 episódios) quase sem pausas, mais de um episódio às vezes por dia, e ainda me sinto interessado e curioso para ver o próximo da 2ª temporada. Os elementos instigantes que a série tem estimulam alguns questionamentos simplistas como "o que eu faria se os vampiros surgissem mesmo?" ou outros mais complexos como "mas não é exatamente isso que vemos hoje em dia? Preconceito com pessoas diferentes?". Claro que não se trata de ninguém que pudesse saltar no seu pescoço e te dar uma dentada, é lógico, por isso esses questionamentos ficam só na base das especulações.
A série começou mostrando um ambiente bem reduzido, poucos personagens principais, com uma trama bem desenvolvida e simples de entender. As altas dosagens de sexo são mostradas desde o 1º capítulo e envolve o relacionamento de mulheres (na série, tratadas como fode-presas)da pacata Bon Temps com vampiros. Sabemos desde sempre que vampiros tem uma lascívia acima do normal e que eles podem induzir suas "vítimas" a fazerem o que eles querem, dessa forma não é difícil imaginar um certo fascínio que isso causa em algumas pessoas. Na série, é dito mais de uma vez que a forma meio "animalesca" com que os vampiros agem na "hora H" é um atrativo à parte para esse tal fascínio e aí entra a busca por esse "algo mais" que os vampiros tem. Humanos normais começam a matar vampiros e traficar seu sangue, que passa a ser conhecido como V ou V Juice. Surgem então viciados na nova droga que querem beber da fonte e ter para si todas as propriedades curativas e afrodisíacas de um bom e fresco sangue de vampiro. Bizarro, e acredito eu, inédito até então.

A série conta ainda com outros personagens secundários, porém igualmente interessantes como Lafayette (Nelsan Ellis) que faz de tudo um pouco para sobreviver em Bon Temps, desde cozinhar para o Bar de Sam Merlotte à traficar V. Gay assumido, arruma briga com qualquer um que o trata com preconceito, e não vê nenhum problema em se relacionar com vampiros, fazendo até programas com eles. Ellis manda muito bem no papel, e em alguns momentos ele é bem divertido, principalmente por seus diálogos afiados com a prima Tara. Apesar de coadjuvante, Lafayette tem grande destaque na trama.

Até vampiros tem chefes, e Eric Nothman (Alexander Skarsgard) é o chamado Xerife da Área 5, onde vive Bill Compton. Bill é subordinado a Eric, e tem que proteger Sookie do desejo do chefe, que se interessa pelos poderes paranormais da garota. Na época de escolha do elenco para o filme do Thor, Skarsgard (até o nome se assemelha com a cidade de Thor) foi um dos cotados para viver o Deus do Trovão, papel que ficou mesmo com Chris Hemsworth.

Arlene (Carrie Preston) também é uma das garçonetes do Bar Merlotte, é mãe de um casal de filhos pequenos e acaba tendo um caso com o misterioso Rene Lenier (Michael Raymond James), um sujeito que esconde um passado terrível e se aproveita da amizade com Jason, irmão de Sookie, para obter informações preciosas sobre pessoas próximas ao rapaz.

Além dos coadjuvantes e fora os problemas de Tara com a mãe alcóolatra Lettie Mae Thornton (Adina Porter), os mistérios também envolvem o passado de Sam Merlotte, o dono do bar onde fatos importantes se desenrolam. Ninguém sabe de onde ele veio ou se tem família, e quando ele começa a se comportar de maneira estranha, começamos a descobrir qual sua real natureza, e ela é assustadora.

A abertura da série é uma das melhores que já vi em todos os tempos, possui imagens fortes além do tema empolgante "Bad things" cantada por Jace Everett . Quando assistimos aquelas cenas bizzaras cortadas secamente sem conseguirmos nos prender nos detalhes, entendemos quase que completamente do que a série trata. Não só vampiros, vemos imagens de religião, pessoas simples de interior, animais, fanatismo e possessões, além claro, de muitas cenas sensuais o que lembra que o sexo as vezes pode despertar a animalidade que existe em cada um. Nota 10.





Não tente ver True Blood no sofá da sala com a mamãe e o papai, ela não é uma série família. Ela não trata de assuntos fáceis de se digerir, fala de drogas, sexo e muito sangue, e por isso tudo mesmo é boa, ganhando um enfoque muito intimista. Allan Ball cuidou para que os elementos certos fossem inseridos em cada capítulo e não é qualquer um que tem estômago para assisti-la. Conheço umas duas ou três pessoas que diriam "ai, que série nojenta", mas a meu gosto, até então, tem agradado bastante. Os mistérios que são criados dão um toque a mais, sem falar no interessante triângulo amoroso que acaba acontecendo entre Sookie, Bill e Sam. Receita para mais umas três temporadas. Seria True Blood um "Crepúsculo" com cenas de sexo e violência? Não mesmo. Vai muito além disso.


Postarei mais detalhes sobre a série logo que terminar de ver a 2ª Temporada.



Acho que enfim encontrei a substituta de LOST.




NAMASTE ou I Wanna do bad things with you.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...