Confesso que não fui ver Vai que dá certo pela empolgação,
pelo “elenco estelar” de comediantes que atuam no filme e nem pela profundidade
da história. Eu estava a fim de zerar um pouco o QI devido as “correria” diária,
e escolhi vê-lo devido o calor do momento. Nada premeditado.
Dirigido por Maurício Farias (que entre outros longas também
dirigiu O Coronel e o Lobisomem e o filme da Grande Família) e com uma produção
de certa forma modesta (bancada, claro, pela Globo Filmes), a comédia
brasileira surpreende em alguns momentos enchendo o roteiro de referências
Nerds e fazendo graça com o que sabe criar melhor: Situações esdrúxulas.
Ora, mas do que podemos reclamar? O cinema estrangeiro vive
fazendo isso com Adam Sandler, Owen Wilson e Vince Vaughn. Acho válido que o
cinema nacional esteja, ao menos, mostrando indícios que quer sair da mesmice,
embora insista na velha fórmula do humor televisivo.
Mesmo usando e abusando de citações a elementos de filmes e
jogos estrangeiros, Vai que dá certo mostra bastante da realidade brasileira, e
não deixa o espectador entediado um só minuto. A todo momentos estamos caindo
na gargalhada, e a qualidade do elenco é um ponto fortíssimo a ser levantado,
já que a linha de roteiro fraca se segura o tempo todo por causa dos atores.
No enredo, um grupo de amigos trintões encabeçados por
Rodrigo (Danton Mello) decide assaltar um carro-forte cheio da grana, tendo o
serviço facilitado por Danilo (Lúcio Mauro Filho) que trabalha na firma de
segurança que faz o transporte de dinheiro de bancos. Claro que devido à
inexperiência dos caras no ramo criminoso nada dá certo, e o que faz a diversão
do público são justamente as situações criadas depois do assalto mal sucedido.
Cada vez mais enrolados com traficantes de armas e a Polícia, os caras vão de
uma medida desesperada a outra, lembrando bastante a narrativa do primeiro Se
Beber não Case. Numa dessas medidas, eles decidem recorrer ao único amigo que
parece ter se dado bem na vida, o político Paulo (Bruno Mazzeo).
Além das sacadas Nerds, uma vez que alguns dos amigos são
donos de uma loja de games e só falam disso quase que 100% do tempo, das
referências a filmes (a discussão sobre quem come mais mulher, se é o 007 ou o
Batman é hilária!), eu curti bastante o drama da vida pessoal dos caras. Na
casa dos trinta anos, nenhum deles possui um emprego estável ou qualquer
perspectiva de melhora na vida, o que reflete bastante a situação de muitos
brasileiros nessa mesma faixa etária. Rodrigo é um músico falido que por não
conseguir honrar seus compromissos acaba sendo demitido do bar onde toca piano,
e isso, consequentemente, faz com que ele seja abandonado pela esposa.
Literalmente na merda, ele decide considerar a ideia de seu primo Danilo para o
assalto, e para isso ele chama os amigos de infância para ajudá-lo na
empreitada. Vai que dá certo, né!
“Dizem que a vida começa aos quarenta, a nossa já acabou
antes dos trinta!”
Menos talentoso que o irmão Selton, Danton Mello não
compromete no papel principal, que também não exige muito de sua veia
artística. O restante do elenco, mais acostumado com o humor, deita e rola em
suas caracterizações, em especial Fabio Porchat que tem se tornado figurinha
carimbada em vídeos para Internet (Porta dos Fundos) e também na TV, em
programas do Multishow, na Zorra Total e até na Grande Família. Seu personagem
é um dos mais engraçados do filme, e serviu para mostrar que o cara tem tudo
para se tornar um astro da comédia brasileira, quem sabe nos cinemas.
O filme também dá destaque a outros atores acostumados com a
comédia, como o veterano Lúcio Mauro (Pai), Felipe Abib, Gregório Duvivier e
Natália Lage. A narrativa falha miseravelmente em seu desfecho, dando a aquela
impressão de “nhé” ao espectador nos minutos finais, mas até ali o público já
deu tanta risada com o humor bobo e fácil, que ninguém liga pra isso.
Vai que dá certo não vai mudar sua vida e nem ficará na sua
memória para sempre (15 minutos depois eu já tinha esquecido o filme), mas vale
o ingresso e as boas horas de diversão proporcionadas.
Nota: 7
Ps.: Durante o filme me lembrei que eu era apaixonado pela
Natália Lage em minha infância, quando ela interpretava a Tuca, filha da Vera
Fischer na novela Perigosas Peruas. E sim, estou denunciando minha idade com
esse comentário.
NAMASTE!
Fala Rodaman!
ResponderExcluirJá vou chegar reclamando: Nenhum post em abril, como assim???
O blog é minha revista sobre cultura nerd, necessito de atualizações, rsrs
Abraço!