2019 foi um ano muito bem servido de lançamentos
cinematográficos, e como tirei uma espécie de “ano sabático” para recarregar as
baterias e recuperar um pouco da sanidade mental, foi possível ver muitos
desses filmes no cinema. Tirei da lista aqueles que já ganharam posts próprios
ou que já foram comentados no Blog anteriormente, por isso, esse Top 10 tem a
tarefa de fazer um resumão sobre o que esse não tão nobre escritor achou das
estreias desse ano que já está indo para vala! Sigam-me os bons!
Obs.: A ordem do TOP 10 NADA tem a ver com preferência
pessoal (qual é melhor ou pior) e segue as datas de lançamento no Brasil.
COMO TREINAR O SEU DRAGÃO 3
Eu sou incrivelmente apaixonado pelas animações da PIXAR e
consumo muito do que o estúdio de animações (hoje da Disney) lança, mas é muito
importante mencionar que nesse mercado tão competitivo a Dreamworks faz frente
à PIXAR de forma muito competente. Hoje a qualidade técnica do estúdio fundado
em 1994 por Steven Spielberg é de dar inveja a qualquer outro estúdio, e isso
fica muito nítido em TODA a trilogia de Como Treinar o seu Dragão. Claro que
para falar de Soluço, Banguela e companhia não dá só pra citar a parte técnica
da animação, que sim, é FANTÁSTICA, mas também é preciso falar de quão bem
feito são os personagens e como é emocionante acompanhar a saga desse povo
viking que DESISTE de caçar dragões e se alia a eles quando percebe o quão
amáveis os bichos que cospem fogo podem ser.
O terceiro filme pega firme em nosso emocional e não larga
mais até o fim, evoluindo a história de Soluço (agora como o Rei da bagaça, no
lugar de seu pai), fazendo-o casar com Astrid e dando uma parceira para o
Banguela, que achava que era o último dragão Fúria da Noite da Terra.
Ver as peripécias do simpático dragãozinho para conquistar o
coração da fúria da noite branca é um dos melhores momentos do filme, só
superado pela sequência que separa a antes inseparável dupla formada por Soluço
e Banguela, cada um seguindo seu caminho natural. Chorei e não foi pouco no
desfecho desse filme, quando os dois se reencontram depois de anos, agora cada
qual com sua família já formada. Como Treinar o seu Dragão 3 é filme pra ver
com toda a família reunida na sala e guardar de recordação como um dos mais
tocantes finais de saga que já vi em uma animação. Lindo demais.
O filme faturou US$ 520 milhões mundialmente e merece a indicação ao Oscar 2020, já que Como Treinar o seu Dragão 2 perdeu
INJUSTAMENTE o troféu de Melhor Animação em 2015 para o insosso Big Hero 6 da
Pixar.
JOHN WICK 3 – PARABElLUM
Quando surgiu na Netflix (confesso que nem sei se foi
lançado no cinema) De volta ao Jogo (2014) tinha a maior cara daqueles filmes B
que são lançados só para “Home Vídeo”, mas lembro que depois de assistir, eu
estava catando partes do meu cérebro no teto. Fazia muito tempo que eu não via
um filme de ação tão visceral e com cenas de tiroteio e pancadaria tão francas
e realistas, o que automaticamente me fez fã da franquia. À princípio, claro,
eu nem imaginava que John Wick seria uma franquia. Para mim o filme era
redondinho e acabava por ali. Um cara de passado misterioso é atacado dentro de
casa, tem o cãozinho que a esposa lhe deu, como um último presente antes de
falecer por doença, morto na sua frente e os bandidos além de lhe aplicarem uma
surra, ainda queimam sua casa e roubam seu carro. Carro aliás, que é o motivo
de toda essa sacanagem. Após esse ato covarde, o sujeito quer vingança e revive
seus melhores momentos de assassino de aluguel, caçando um a um os responsáveis
pelo que lhe aconteceu.
Dito assim parece um filme raso qualquer do Liam Neeson, mas
a grande vantagem de John Wick é a precisão com que as cenas de ação são
construídas, colocando o espectador para acompanhar tudo de perto e vendo cada
tiro sendo dado na cara dos inimigos. Em tempos de “bandido bom é bandido
morto” é até estranho dizer isso, mas É MUITO BOM!
O primeiro filme teve direção de Chad Stahelski e supervisão
direta de David Leitch nas coreografias de luta. Como fez um relativo sucesso
(US$ 86 milhões) e graças ao carisma de seu protagonista Keanu Reeves, logo
John Wick 2 chegou aos cinemas, mostrando uma história que dava margem para uma
continuação. John Wick 3 – Parabellum, lançado em 2019, é
continuação direta do segundo filme (inclusive a cena inicial complementa a
última do John Wick 2) e coloca toda a confraternização de assassinos de
aluguel contra Wick, que está com a cabeça à prêmio.
A história soa tão
exagerada desde o início, que em poucos minutos de projeção já começamos a
duvidar que John conseguirá se safar, já que aparentemente toda a cidade faz
parte da organização secreta para a qual ele trabalhava antes de se aposentar.
Sério! Começa a sair caçador de recompensa até do esgoto para matar John e
qualquer pessoa andando na rua passa a ser uma ameaça. Desarmado e arrebentado
com os tiros, quedas e atropelamentos que sofreu no filme anterior, o cara faz
de tudo para escapar e põe à prova toda sua fama de Baba Yaga (que no filme
eles tratam como uma espécie de Bicho Papão, mas que nos contos eslavos faz
referência a uma espécie de bruxa).
Sabe aqueles filmes que chega um momento que você está
cansado de tanto ver cena de ação?
Esse é um retrato bom para Parabellum. Como é basicamente
isso que faz sucesso na franquia, o diretor Stahelski eleva a décima potência
esses elementos, colocando sequências de porradaria, perseguição de carro e
tiroteio intermináveis no filme. Ainda é bom de ver? Sim, claro, mas como a
história só se sustenta com isso, chegamos tão extenuados quanto Wick na última
cena de ação em que ele luta com dois peritos em artes marciais em uma
construção toda feita de vidro criada especialmente para o filme.
Em sua volta ao mundo de mercenário para tentar se redimir ante a
organização onde foi criado, e onde fez sua fama de Baba Yaga, John tenta
recorrer a alguns aliados, como a diretora da Máfia Russa vivida por Anjelica
Huston, Sofia (Halle Berry) e o Rei dos Mendigos (Laurence Fishburne), que já
tinha aparecido em John Wick 2. Para se salvar, Wick acaba tendo que enfrentar
o Berrada (Jerome Flynn, o Bronn de Game of Thrones) e Zero (Mark Dacascos),
como um ninja assassino da Alta Cúpula. A obsessão do personagem de Dacascos
com John Wick chega a ser hilária, e apesar dele ser obrigado a matar o cara, é
visível a imensa admiração que ele nutre por John. Há quanto tempo eu não via
Mark Dacascos em um filme no cinema!
A recepção do público foi excelente ao terceiro filme, que
teve como receita um total de US$ 326,7 milhões (quase o triplo de John Wick 2)
e claro, uma QUARTA parte confirmada, a estrear em 2021 com outro sucesso também
estrelado por Reeves: Matrix 4.
Parece que o desgaste
das cenas de ação aconteceu somente na minha cabeça, não é mesmo?
John Wick tem tudo para virar uma nova franquia popular (e
interminável) assim como Velozes e Furiosos e Missão Impossível. Keanu Reeves é
um grande entusiasta do projeto e se dedica bastante ao papel, tanto que no
primeiro filme, ele filmou 90% das cenas de pancadaria sem usar dublê. O
resultado disso é a tal franqueza que elogiei no começo do post.
P.S. – Eu ia me amarrar num encontro do John Wick com a
Atômica Blonde da Charlize Theron. Sei que algumas décadas separam os dois
personagens, mas já imaginaram que louco seria colocarem um CONTRA o outro num
filme de tiroteio e pancadaria sendo filmadas em plano sequência pelo David
Leitch?
ALADDIN
Confesso que nunca assisti o longa-metragem Aladdin da
Disney de 1992, mas tinha alguma simpatia pelo desenho animado que passava no
SBT. Tanto que foi lá que conheci os personagens que em 2019 vi trazidos para a
vida real (ou quase isso) para o filme em live action dirigido por Guy Ritchie.
Visualmente, a produção é um desbunde inacreditável tanto de cenários,
indumentárias e maquiagem, mas deixa bastante a desejar em alguns aspectos como
caracterização e interpretação. O tão comentado Gênio, interpretado agora por
Will Smith, é bem ruim, em especial quando ele está em sua forma azul de CGI.
Toda a fluidez e malícia que o personagem tinha na animação não conseguiu ser
transposta para a tela nessa adaptação e o personagem parece sempre muito
rígido e mal renderizado. Ao contrário de sua versão azul, Will Smith se sai
muito bem quando está em cena só como ele mesmo, porém, o mesmo não pode ser
dito de seus companheiros de elenco.
Tirando Naomi Scott que interpreta a princesa Jasmine, o
restante do elenco é bem mais fraco. A gente não se importa muito com o Aladdin
de Mena Massoud e MENOS AINDA com o Jafar de Marwan Kenzari que pouca
imponência nos passa em cena. Para um vilão, ele é bem pouco assustador e o que
ele não tem de carisma Massoud tem de canastrice. Claro que os números musicais
do filme e as sacadas engraçaralhas acobertam muito bem esses defeitos de
elenco, e o filme passa tão bem como um produto nostálgico quanto para um
lançamento para as crianças atuais. Em suma, Aladdin 2019 faturou mais de 1
bilhão mundialmente, e figura como um dos grandes sucessos da Disney desse ano,
junto com Vingadores Ultimato, O Rei Leão, Frozen 2 e Toy Story 4, todos tendo
faturado mais de 1 bilhão em renda. Vocês acham que o Mickey está feliz nesse fim
de ano ou não?
HOMENS DE PRETO – INTERNACIONAL
Eu não gosto muito da franquia MIB e tenho no máximo uma
simpatia pelo primeiro filme de 1997 que já assisti algumas vezes. Fui ao
cinema esperando que MIB – Homens de Preto Internacional fosse pelo menos divertido,
já que trazia em seu elenco Chris Hemsworth e Tessa Thompson, dupla que já
tirou muitos risos da plateia em Thor Ragnarok. Hemsworth em especial tem se
mostrado um ator de comédia muito melhor do que de drama nos últimos anos, e
além de Thor (que virou galhofa a partir de Ragnarok) o cara se deu muito bem
como o “loiro burro” do elenco de As Caça-Fantasmas (2016).
Pois é, né.
Dirigido por F. Gary Gray, MIB – Internacional fica só na
promessa de diversão e não consegue nos fazer esquecer do carisma de Will Smith
como o agente J dos filmes anteriores. A ideia era expandir a agência de
regulamentação alien para outros pontos do globo terrestre, algo como uma
franquia, mas a história de invasão alienígena do filme é tão genérica que não
consegue chamar a atenção. Juro que se eu tivesse em casa, e não tivesse pagado
caro para estar ali no cinema, eu puxaria o celular no meio da sessão e
entraria, sei lá, no Twitter, de tão desinteressante que é o enredo.
O pior é que tanto Hemworth quanto Thompson estão bem em
cena. É a história que é fraca mesmo. A única cena que vale mesmo a pena é a da
referência a Thor, quando o personagem de Hemsworth se vê desarmado e acha um
martelo de construção no chão para arremessar contra o alienígena e claro...
erra!
Fora isso, nota 5 e olhe lá.
O filme rendeu US$ 253 milhões mundialmente de um orçamento
de US$ 94 milhões. Quase deu prejú!
TOY STORY 4
A trilogia Toy Story não precisava de uma continuação e o
final de Toy Story 3, com o garoto Andy crescido passando para frente seus
queridos brinquedos, encerrava de forma gloriosa uma das franquias mais amadas
da Pixar. Eu perdi as contas de quantas vezes eu chorei assistindo esse filme,
relembrando minha própria infância com meus brinquedos velhos.
Aí a Pixar teve a infeliz ideia de fazer uma quarta parte,
prometendo que seria ainda mais emocionante.
Não foi.
Com todo o elenco de volta, o enredo agora fala da
sazonalidade infantil da pequena Bonnie, com relação a seus brinquedos, se
apegando muito a eles por um período e logo trocando-o por outro. O brinquedo
da vez é o Garfinho, personagem que ela mesma cria em uma aula de artes na escola e com a qual se apega de forma apaixonante. Ao se aproximar
dos outros brinquedos de Bonnie, o Garfinho “cria consciência”, mas se nega a
aceitar que é um brinquedo, se vendo mais como um monte de... lixo. Nessa crise
de consciência, Garfinho faz de tudo para voltar para a lixeira, onde acredita
que pertence, e com essa ideia fixa acaba fazendo com que ele e o valente Xerife Woody se percam no meio do caminho, após um passeio de Bonnie com os
pais. Nessa aventura longe de casa e dos demais amigos, Woody acaba
reencontrando seu antigo amor Betty (a boneca pastora de porcelana) e junto
dela ele começa a questionar a sua importância como brinquedo de uma só
criança, querendo se tornar também um brinquedo de várias crianças.
Quer dizer... O Woody acabou mudando completamente o
pensamento que tinha nos demais filmes em que ele sempre fez de tudo para
voltar para o seu dono Andy, querendo agora se tornar um boneco de várias
crianças e abandonando o amigo Buzz, assim como os demais brinquedos. Final bem
melancólico para a série.
Eu chorei quando Woody prefere ficar com a Betty e os
brinquedos “de rua”, se separando para sempre de Buzz e companhia? Pra caralho!
Mas nada que se compare ao final de Toy Story 3. Taí um filme que não precisava
existir.
HOBBS AND SHAW
A treta entre The Rock e Vin Diesel nos bastidores de
Velozes e Furiosos 8 acabou gerando essa cisma entre o elenco, o que resultou
em anos mais tarde na criação de Hobbs & Shaw. Dirigido por David Leitch, o
filme tenta elevar AINDA MAIS os absurdos da franquia Velozes e Furiosos e
consegue!
Depois de deter um submarino russo (e apostar corrida com
ele em Velozes e Furiosos 8!), é hora de Hobbs e Shaw voltarem a trabalhar
juntos para deter uma nova organização que está usando tecnologia avançada para
aprimoramento cibernético de seres humanos e a disseminação de um vírus mortal.
Com ajuda da irmã de Shaw (a linda Vanessa Kirby), a dupla de brucutus investe
pesado contra a organização, mas acaba batendo de frente com o autodenominado “Super-Homem
Negro” vivido por Idris Elba, um ex-agente do serviço inglês que agora tem
super-força e vigor acima da média devido experimentos feitos em seu corpo.
Tal qual a franquia Velozes e Furiosos, Hobbs e Shaw é
repleto de cenas absurdas e pouco convincentes de ação, mas dessa vez nem o
talento de David Leitch de dirigir ótimas cenas de pancadaria salva o filme. A
química entre Dwayne Johnson e Jason Statham funciona muito bem, a inserção de
Vanessa Kirby ao elenco também é muito acertada, mas o roteiro do filme é um “pau
de dar em doido”. É uma loucura desenfreada que infelizmente não vale nem pelas
cenas de ação. Como o cara chama bilheteria, é mais um filme para mostrar The
Rock como o grande action hero da época, mas eu mesmo já estou bem farto de ver
o samoano gigante interpretando todas as vezes o mesmo papel.
Outro ponto positivo ao elenco é a carismática Eliana Su’a
que interpreta a filha de Luke Hobbs. A garota rouba a cena todas as vezes em
que aparece contracenando com The Rock, e faz uma ótima ponte também entre o
personagem dele e o de Ryan Reynolds, o contato da CIA que ajuda Hobbs com o
caso do Black Superman. Além de Su’a e Reynolds (que faz praticamente um papel
dele mesmo!) tem também a participação de Kevin Hart no filme.
O filme rendeu US$ 758 milhões e ficou bem abaixo de VF 8
que chegou a render mais de US$ 1 bilhão mundialmente, motivo mais do que claro
para que o ator Tyrese Gibson (o Roman) viesse fazer chacota na internet e
acusasse The Rock de “separar a família” Velozes e Furiosos.
IT – A COISA – PARTE 2
Muitas pessoas dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo
lugar... E no caso de It, realmente não cai não!
O primeiro filme de 2017 foi um sucesso estrondoso e fez até
mesmo quem não gostava muito de palhaço ou que não gostava de filme de terror
ir para o cinema. Fiz a primeira crítica ao longa aqui, e sou um dos que adorou
o filme. A química entre as crianças do elenco funciona muito bem e nos remete
aquele clima “oitentista” de filmes de crianças como Goonies, Conta Comigo e
ET, do qual a série Stranger Things também bebe muito.
A segunda parte do filme, tal qual no livro escrito por
Stephen King, mostra os personagens Beverly (Jessica Chastain), Bill (James
McVoy), Richie (Bill Hader), Eddie (James Ransome), Ben (Jay Ryan) e Stanley
(Andy Bean) já adultos e longe da cidade de Derry. O único remanescente do
Clube dos Otários é Mike (Isaiah Mustafa), que jamais saiu da cidade e que por
isso, se lembra de todo o terror causado pelo palhaço Pennywise (Bill
Skarsgard) 27 anos atrás. Quando outra onda de assassinatos e desaparecimentos
começa a acontecer na cidade, Mike se vê na obrigação de convocar os amigos de
volta a Derry, e é lá que todos eles (com exceção de Stanley que comete
suicídio) revivem seus maiores traumas e medos de infância, enfrentando
novamente a loucura representada por Pennywise.
Assim como a primeira parte, It – A Coisa Parte 2 tinha tudo
para ser um excelente filme que fala de como o ser humano pode ser cruel e
perverso e que Pennywise só traz à tona toda essa podridão humana. Mas não
consegue. Com os personagens agora adultos, é hora de mostrar como a relação
entre eles e a cidade decadente de Derry na infância os tornou pessoas
inseguras e cheias de medo, mas o filme decide mesmo que quer chocar com cenas
repletas de CGI e fazer de tudo para causar um jump scare atrás de outro na
plateia. Temos ótimas nuances de como as escolhas feitas pelos personagens em
sua vida adulta refletem muito bem os traumas que eles tinham quando crianças
(Beverly se casa com um sujeito tão agressivo quanto seu pai), mas essas
nuances se perdem em meio aos efeitos especiais exagerados.
O filme ainda vale, para quem gostou da primeira parte, ver como a
evolução dos meninos aconteceu, e tem participação do elenco juvenil quase que
o tempo todo, nos mostrando momentos que não foram mostrados no filme anterior.
Arrastado e looooongo, o filme tem uma conclusão razoavelmente melhor que o
livro, mas não faz muito jus ao primeiro It.
CORINGA
Falando em palhaço...
O filme dirigido por Todd Phillips chegou com os dois pés na
porta de 2019 e arrastou uma multidão para o cinema. Com mais de um US$ 1
bilhão em bilheteria, Coringa foi um sucesso tanto de crítica quanto de público
e tornou ainda mais popular a história do grande adversário do Batman.
Aliás, Batman, Gotham e tudo que costuma acompanhar o
Palhaço do Crime se torna apenas elemento de pano de fundo enquanto mergulhamos
fundo na psique abalada do homem conhecido como Arthur Fleck. Diferente do que
se temia antes do lançamento do longa nos cinemas, a loucura de Fleck fica
clara desde o início da história, e não o vitimiza em nenhum momento. Quem
decide torcer por ele ao longo do filme o faz por pura falta de caráter, já que
Todd Phillips não tenta manipular ninguém em nenhum momento com sua direção.
Como já se previa, é dito sim que as circunstâncias de sua vida o levam à
loucura, e o ambiente doentio de uma Gotham falida potencializam essa loucura,
mas ele não é um homem são que é corrompido. Ele já é maluco desde o início.
Joaquim Phoenix está excelente em cena. Entrega um Coringa
como poucas vezes vimos na telona e é bem certo que ele vai papar algumas
estatuetas, seja de Globo de Ouro ou do Oscar. No Globo de Ouro, tanto o filme
quanto Phoenix estão indicados aos prêmios de Melhor Filme de Drama, Melhor
Trilha Sonora Original, Melhor Diretor (para Todd Phillips) e Melhor Ator de
Drama (Phoenix).
Se o filme peca em alguns momentos é por querer dar foco demais para
a (inventada) relação entre Fleck e Thomas Wayne e para a família Wayne em si,
relembrando até mesmo o já surrado momento em que os pais do jovem Bruce são
assassinados. É filme autoral? Quer se afastar o máximo possível do Universo DC
pra não ser filme de heroizinho? Então esquece essa porra de Batman! Se eu
fosse o Phillips eu ainda daria um tiro na cara do Bruce Wayne no beco para
afastar o filme ainda mais do DCU. Wayne bom é Wayne morto.
EXTERMINADOR DO FUTURO – DESTINO SOMBRIO
A Paramount passou anos tentando revitalizar a franquia o
Exterminador do Futuro depois do terceiro filme (2003), e após inúmeras tentativas
frustradas (incluindo aí uma série de TV) James Cameron decidiu voltar ao mundo
dos androides futuristas, agora como produtor, para tornar a franquia relevante
novamente. E nem ele salvou o velho T-800.
A ideia de Cameron era ignorar completamente tudo que tinha
acontecido depois de Terminator 2 (último filme que dirigiu) e recomeçar a
porra toda, dando novos destinos tanto para Sarah Connor, John Connor e até
mesmo para o T-800. Até certo ponto a ideia funciona, mas aí a direção de Tim
Miller já MATA John Connor nos primeiros minutos do filme, mudando RADICALMENTE
tudo que se conhecia dos filmes até então. Um T-800 vindo do futuro para
(adivinha!) matar Connor encontra ele e sua mãe em uma praia caribenha e
executa seu último comando, mesmo sem existir uma SKYNET no futuro a qual obedecer.
Como tanto Sarah quanto John destruíram as possibilidades de existir uma Skynet
no futuro em 1997 (em T2), a morte de John no presente não modifica muita coisa
e a linha temporal segue naturalmente, até que outra empresa cria um outro
supercomputador do mal no futuro (chamado agora de Legião) e outro “messias”
precise ser criado para salvar a humanidade, agora na figura da mexicana Dani
Ramos (Natalia Reyes).
Assim como em todo filme de Exterminador do Futuro, um
androide de metal líquido (Gabriel Luna, o Motorista Fantasma de Agents of
SHIELD) é enviado ao passado para assassinar Dani, enquanto outra humana
aprimorada (Grace, vivida por Mackenzie Davis) é enviada para salvar Dani. No
meio dessa quizomba entre robôs e pessoas aprimoradas, surge Sarah Connor
(Linda Hamilton), que continua na ativa pronta para eliminar ameaças temporais
que surgem pelo mundo, agora não mais para salvar o filho ou ela mesmo. Sarah é
guiada por mensagens que recebe dizendo com precisão onde e quando as ameaças vão
aparecer no presente, e ao longo do filme descobrimos que quem manda essas
mensagens é o próprio T-800 (Arnold Schwarzenegger) que assassinou John em 1998, arrependido de seu
último ato e agora vivendo pacificamente entre os humanos casado e com filho.
Não sei até que ponto Cameron aprovou esse roteiro maluco,
mas as cenas de ação dirigidas por Miller são muito boas. Infelizmente estamos
em uma época em que qualquer filme meia-boca de super-herói entrega a mesma
coisa que vimos nesse filme e isso faz com que Terminator não tenha mais espaço
no cinema atual. Até mesmo se considerarmos somente a franquia Terminator,
tirando a morte de John Connor, Terminator 6 não traz nada de muito
inovador, e a recepção do público só prova que a franquia desgastou a um ponto
irreversível.
Terminator 6 (ou 3.1) rendeu apenas US$ 261 milhões de um
orçamento de quase US$ 196 milhões.
PS.: A cena inicial reconstruindo digitalmente Linda Hamilton, Edward Furlong e Arnold Schwarzenegger com suas aparências de 1992, ano em que Terminator 2 foi lançado, ficou excelente. Esses rejuvenescimentos digitais estão ficando cada vez mais populares no cinema e a qualidade técnica também está cada vez melhor.
ZUMBILÂNDIA 2 - ATIRE DUAS VEZES
Eu adoro o primeiro Zumbilândia de 2010, e se eu fizesse uma
lista de melhores comédias de todos os tempos, com certeza ele estaria nas
primeiras posições. Novamente dirigido por Ruben Fleischer, Zumbilândia 2 –
Atire Duas Vezes dá seguimento nas aventuras do grupo formado por Tallahassee
(Woody Harrelson), Wichita (Emma Stone), Columbus (Jesse Eisenberg) e Little
Rock (Abigail Breslin) atravessando um Estados Unidos tomado por uma praga
zumbi. Já acostumados a sua rotina de matar zumbis, seguindo as regras de
Columbus, os viajantes agora encontram novos sobreviventes pelo caminho,
incluindo uma dupla que é uma espécie de cópia de Tallahasse e Columbus,
vividos por Luke Wilson e Thomas Middleditch, um novo amor para Tallahasse
vivido por Rosario Dawson e uma pretendente ao coração de Columbus, a engraçadíssima
patricinha Madison (Zoey Deutch), que sobreviveu tanto tempo na praga zumbi por
puro acaso.
O filme é tão hilário quanto o primeiro e é um daqueles
casos de sequência que vale muito a pena ser feita. Todos no elenco estão tão
afiados quanto na primeira parte, e é difícil não cair na gargalhada em alguns
momentos.
TOP EXTRA 1 – FORD VS FERRARI
Dirigido por James Mangold (de Wolverine Imortal e Logan) o
filme mostra a história real em que o dono da Ford na época da história (1966)
se vê desafiado a criar um carro de corrida tão competitivo quanto o da Ferrari
para o clássico circuito de Le Mans. Após comentários de que os carros que
produz são feios e sem estilo pelo chefão da Ferrari Enzo, o herdeiro de Henry
Ford forma uma equipe capaz de elevar o nome da montadora em disputas pelo
mundo.
Assim, Carroll Shelby (Matt Damon) fica encarregado de criar o melhor
carro de corrida de todos os tempos, contando com a ajuda do colega piloto e
mecânico Ken Miles (Christian Bale) e lutando para a equipe de marketing
liderada por Lee Lacocca (Jon Bernthal) não estragar seus planos.
O filme é emoção pura e não tem como não mergulhar fundo na
história desses dois caras vividos brilhantemente por Damon e Bale. Ford vs.
Ferrari é um daqueles raros filmes que te ganham logo pelo cartaz de divulgação
e eu tinha certeza que veria um enredo brilhante quando comprei o ingresso.
Bale está incrível em cena e sua interpretação magistral como o piloto rabugento
foi indicada ao Globo de Ouro 2020 como Melhor Ator de Drama (o que vai colocar
Batman e Coringa um contra o outro novamente na disputa pela estátua!). O filme está na minha lista de
melhores do ano com certeza!
TOP EXTRA 2 – BACURAU
“Quem nasce em Bacurau é o que?”
“Gente!”
A grande surpresa do cinema nacional de 2019 com certeza foi
o premiado Bacurau, filme que venceu o prêmio do júri do Festival de Cannes e
que é dirigido pela dupla Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. A história
gira em torno de uma cidade fictícia do sertão do nordeste brasileiro que da
noite para o dia desaparece dos mapas. Enquanto drones disfarçados de disco
voador sobrevoam a cidade, alguns moradores começar a ser atacados
misteriosamente, colocando em alerta os defensores do povoado que se juntam
para deter uma invasão estrangeira que visa eliminá-los.
O filme é uma porrada na cara de quem se acha superior a
outras pessoas só por causa da cor da pele e da região do país onde mora, e
funciona como uma crítica social excelente, além de apresentar cenas de ação e
tiroteio muito bem filmadas e editadas. Por ser regional demais (apesar de
mostrar americanos invasores) Bacurau não tinha muita chance de disputar o
Oscar como filme estrangeiro, mas a história fala muito com quem sempre se viu
como minoria seja lá onde mora, fazendo sua crítica valer além-filme, independente de prêmios que a produção ganhe. Num país onde
atualmente se caga para cinema nacional e que tem um governo que segue firme na
batalha contra a cultura, extinguindo até mesmo a Ancine, Bacurau é um exemplo
perfeito de como ainda se pode contar ótimas histórias no cinema do Brasil. Quer o
governo queira ou não!
Bacurau faturou 3,277 milhões em bilheteria.
NAMASTE!