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21 de abril de 2024

X-MEN '97 - Episódio 3 e 4 - A rainha, os duendes e o Adversário

X-Men '97


 EPISÓDIO 3 - FIRE MADE FLESH

Depois da chegada da segunda Jean Grey à mansão X, todos os X-Men se veem abismados com o terrível mistério envolvendo a sua presença ali. Rapidamente, a mulher é levada para o laboratório do Fera onde o herói felpudo aplica um teste de DNA — RRRRRRRATINHO-OOOOOO — em ambas as “Jeans” para saber quem é quem.

Se constata então que, pasmem, a mãe de Nathan, e aquela que esteve ao lado dos mutantes em todos aqueles meses é um clone da original — a que chegou ferida e cansada aos portões da casa — e imediatamente um climão é instaurado entre a moça e o esposo, Scott, que se vê em um dilema moral muito grande. 

Afinal, quem poderia ter feito um clone de Jean Grey, e quando na cronologia da animação isso poderia ter acontecido?

Nos quadrinhos, essa dúvida de quem seria a verdadeira Jean nunca existiu, porque desde o seu surgimento, a Madelyne Pryor jamais chegou a ser tratada exatamente como um clone da Garota Marvel. Na época em que isso foi escrito pelo sempre presente Chris Claremont, a Jean Grey ainda estava morta após os eventos da saga da Fênix Negra e a nova ruiva foi tratada apenas como “alguém muito parecida com a Jean” e, por quem logo o Ciclope se apaixonou. 

X-Men '97


Integrada aos X-Men mesmo sendo, até então, uma humana comum, Madelyne continuou aparecendo regulamente nas histórias, até que o plot de que ela era, na verdade, um clone da Jean viesse à tona durante a Saga “Inferno”. Esse arco de histórias colocou a moça no centro dos acontecimentos e se desenrolou por inúmeros meses em uma quantidade gigantesca de títulos da Marvel.

X-Men '97
Madelyne Pryor durante a Saga Inferno


Na saga Inferno, Madelyne é raptada pelo Senhor Sinistro e o seu poder psíquico — até então contido — veio à tona com toda a força em uma cena muito bem escrita em que ela desperta dentro de um hospital. Enquanto demônios invadem Nova York liderados por uma criatura chamada Nastirth — que, claro, quer dominar o mundo e blá blá blá —, Madelyne acaba aceitando o seu destino como a Rainha dos Duendes, se tornando uma vilã a serviço do Cão, do Tinhoso, do Sete-Pele, do Mochila-de-Criança.

Algum tempo antes disso acontecer, o escritor e desenhista John Byrne havia trazido a verdadeira Jean Grey de volta da morte e, por isso, o Ciclope decidiu não só abandonar a esposa, Madelyne, como também o filho, Nathan, tudo para voltar com a ex ressuscitada.

Na ocasião, Byrne inventou uma desculpa fuleira de que o corpo da verdadeira Jean sempre estivera submerso no rio onde ocorreu o acidente com o ônibus espacial que trouxe os X-Men de volta à Terra, após uma aventura no espaço. A ideia era que a Fênix tinha criado um corpo artificial à imagem e semelhança de Jean, retendo, inclusive, todos os seus pensamentos — o que justificaria ela agir de maneira idêntica à ruiva e ninguém perceber a diferença. E foi esse corpo que os armamentos de Shi'ar destruíram na área azul da Lua, ao fim da Saga da Fênix Negra.

Jean Grey Renasce
O retorno de Jean Grey


Confuso, né? Pois é! Isso é X-Men, minha gente!

Em teoria, foi o abandono de Ciclope que acionou todos os gatilhos emocionais que fizeram de Pryor uma criatura maligna, mas todo mundo sabe que, na realidade, foi apenas a velha desculpa dos escritores de gibi da época de que se uma mulher nos quadrinhos ganha muito poder, ela automaticamente vai ficar maluca e sair matando geral por aí. Não foi assim com a própria Jean/Fênix e a Feiticeira Escarlate de Dinastia M?

Na animação, toda essa maluquice que nos quadrinhos levou meses para acontecer foi condensado em um único episódio de quarenta minutos, porém, o resultado foi bastante satisfatório. 



Longe de querer agradar as crianças que assistiam ao desenho na década de 90, Beau De Mayo — o roteirista —carrega o episódio inteiro em um clima de terror, onde os poderes psíquicos da falsa Jean criam alucinações em todos os moradores da mansão, uma mais terrível que a outra. Como que confrontados por seus mais íntimos medos, os X-Men se veem vítimas física e mentalmente de criaturas malignas que estão por toda parte.

X-Men '97
Beau De Mayo o roteirista de X-Men '97


Jubileu e Roberto são, de repente, importunados pelos personagens da TV que assistem na sala. Traumatizado internamente por não conseguir contar à mãe sobre a sua mutandade, o garoto brasileiro é atacado por uma criatura que se torna a sua mãe diante de seus olhos e que o acusa de ser uma aberração.

X-Men '97


Perto dali, preocupado em perder o amor da Vampira com a chegada do Magneto ao grupo, o Gambit flagra o casal a ponto de se fundir de tão unidos dentro do escritório. E o golpe da alucinação é ainda maior para o cajun quando a moça lhe diz que encontrou nos braços do Magneto “um homem melhor do que ele”.

X-Men '97


Nas palavras do próprio personagem assim que ele sai da sala, “o Gambit nunca mais vai conseguir esquecer isso!”.

Nos vestiários da mansão, após um treino intenso na Sala de Perigo, o Morfo decide tomar uma ducha seguindo o conselho do Wolverine, e lá, acaba sendo assombrado pela imagem do Senhor Sinistro, o real ativador da psique assassina do clone da Jean.

X-Men '97


Aqui nessa cena, no entanto, o vilão aparece em suas visões porque ele é um dos principais inimigos do próprio Morfo, o tendo torturado física e mentalmente por um longo período no passado. O mutante chegou a agir a favor de Sinistro por um tempo após uma lavagem cerebral que sofreu, mas conseguiu se recuperar mais tarde, embora com traumas. Isso foi mostrado na segunda temporada de X-Men The Animated Series.

Por conta da piadinha do Morfo — que nessa temporada assumiu o tom brincalhão típico dos personagens metamorfos das animações, vide o Mutano dos Titãs — sobre “alcançar as áreas não alcançáveis” da anatomia do Wolverine no banho, foi especulado que o personagem estaria a fim de iniciar um “lance” com o velho amigo Logan, o que causou certo alvoroço na internet.

O fato é que, antes mesmo da estreia de X-Men ‘97, o roteirista principal da animação, Beau De Mayo — que é gay — afirmou que o Morfo seria identificado nessa nova fase como um personagem não-binário — ou seja, pessoas que não se identificam nem 100% como homem, nem 100% como mulher —, o que seria perfeitamente natural dada a natureza de seus poderes que lhe permitem assumir a forma de qualquer pessoa, seja qual for o gênero. 

X-Men '97


Essa informação foi o suficiente para que até o dublador americano do personagem, J.P. Karliak, começasse a sofrer insultos nas redes sociais pela característica atual do Morfo, afirmando ainda mais a crítica que fiz no post anterior a respeito do tema principal de X-Men ser “aceitação ao que é diferente” e boa parte dos fãs simplesmente ignorar isso por pura ignorância.

Tanto nos diálogos quanto em suas atitudes, o Morfo ainda parece somente gostar muito da companhia do amigo de longa data Wolverine, não tendo, necessariamente, nenhum interesse sexual nele. E mesmo que tenha, isso não parece ser correspondido, visto que o Wolverine só tem um alvo romântico nessa trama que é a Jean Grey.

Desde a primeira temporada, o Morfo meio que assumiu a posição de amigão do Wolverine que, nas HQs, era ocupada pelo Noturno. E eles tem até um episódio inteiro só para resolver a questão de que os X-Men o teriam abandonado em campo de batalha após uma ferrenha batalha contra os Sentinelas (Morfo é abandonado no primeiro episódio da série, "A noite das sentinelas", e o acerto de contas com Logan acontece no episódio 2 da segunda temporada, "Até que a morte nos Separe"). Na ocasião, o Logan achava que o amigo estava morto.

Após um confronto fantástico entre a Jean controlada pelo Sinistro e os X-Men, onde as capacidades telecinéticas da moça são elevadas a ponto de ela tirar onda com os poderes magnéticos do Magneto, quem acaba entrando em ação depois de passar o episódio quase todo sedada é a Jean original, que trava um combate mental com a sua cópia. 

X-Men '97


Durante a briga psíquica, a verdadeira Jean mostra que o poder conquistado pela clone não é a coisa mais importante em sua existência e sim a vida que ela gerou com o seu marido, Scott.

Madelyne fodona


Ao ver o nascimento de Nathan em suas memórias, a duplicata finalmente vence o controle mental produzido pelo Sinistro e decide se juntar ao pai da criança para salvá-la.

X-Men '97


A batalha dentro da mansão mostra com riqueza de detalhes a evolução dos poderes de vários personagens, em especial, do Bishop — que deixou de ser só "o cara do trabuco" das temporadas anteriores — e da própria Madelyne. Ver a moça rivalizando com o Magneto dizendo que a sua telecinese dá muito mais vantagens em uma luta do que o magnetismo dele foi impressionante, o que serviu também para tirar um pouco daquela fragilidade que a Jean Grey sempre transmitiu nos desenhos anteriores. 

X-Men '97


Quando ela dá 100% de seu potencial, ninguém segura a ruiva!

Madelyne Pryor fodona


Aliás, poucos roteiristas fora dos quadrinhos conseguiram usar o poder da Jean Grey sem o Efeito Fênix de maneira adequada. Tanto nos cinemas quanto nas animações, a Fênix sempre foi usada de muleta para apresentar a moça, o que é meio irritante. É como se para os leigos, a Jean fosse totalmente dependente da Fênix para sequer existir.

Madelyne provando que os poderes psíquicos de Jean Grey vão além da Fênix


Dito isso, adivinhe quem está voltando a ser a Fênix nos quadrinhos nesse momento? Kkkkkkkkk!

Jean Grey voltou a ser a Fênix??
Jean Grey volta a ser a Fênix nas HQs em 2024


Após raptar Nathan se aproveitando da confusão instaurada por sua aliada entre os X-Men, o Senhor Sinistro decide fazer um de seus experimentos genéticos com a criança, a mergulhando em uma solução onde um vírus tecnorgânico será inoculado nele e, teoricamente, torná-lo imbatível.


Sinistro rapta Nathan


A fixação de Sinistro pelo casal Jean e Scott sempre foi foco das ações do vilão nas primeiras temporadas de X-Men, e várias situações o conectam intimamente a eles, em especial, o fato de somente a rajada ótica do Ciclope afetar a estrutura física do cara. No meio disso tudo, ele ter clonado Jean não chega a ser uma surpresa, menos ainda de ele requerer a criança nascida da relação dos dois para os seus estudos genéticos. 

Scott e Madelyne enfrentam o Sr. Sinistro


Após uma batalha contra o vilão, o casal Summers consegue reaver a criança, mas é tarde demais para impedir que o vírus se prolifere em seu organismo. Adoecido e sem chances de se recuperar no presente, o bebê precisa de uma alternativa para sobreviver, e cabe ao Bishop viajar de volta para o futuro a fim de salvá-lo. Lá, segundo o soldado, existe alguém capaz de consertar tudo e que com certeza pode conseguir uma cura para Nathan — ele está se referindo ao Forge, que é o seu parceiro no futuro da animação.

o bebê Nathan e o vírus tecnorgânico


Se batizando de Madelyne Pryor e após se despedir emocionadamente do filho, a clone decide ir embora da mansão. Ela tem uma última conversa com Jean para acertar os ponteiros e o futuro da personagem se torna incerto... pelo menos até o episódio 5 da série.

EPISÓDIO 4 - MOTENDO 

O episódio 4 é duplo e, em sua primeira parte, mostra o retorno do vilão interdimensional Mojo, que rapta a Jubileu e o Roberto para dentro do seu novo jogo de videogame, o “Motendo” do título.

Motendo com a capa do jogo X-Men Mutant Apocalypse


Em suma, o episódio foca nas ações desesperadas da dupla de adolescentes para tentar sobreviver ao jogo que transporta a ambos para cenários conhecidos dos fãs como o shopping onde a Jubileu fez a sua estreia na primeira temporada (no episódio "A Noite das Sentinelas") e para Genosha, para onde ele foi raptada há algum tempo ao lado da Tempestade e do Gambit (no episódio 7 da temporada 1, "Ilha de Escravos").

Jubileu em 16 bits


Em cada cenário, como num jogo clássico dos anos 90, Jubileu e Roberto precisam enfrentar vários inimigos, incluindo os chefões de fase, Magneto e o próprio Mojo, que decide intervir quando percebe que alguém inesperado está ajudando a menina a se salvar das armadilhas criadas por ele. 

Jubileu e Mojo


Esse alguém logo se mostra ser uma versão mais poderosa e experiente da própria Jubileu que, colocada ali para testar a funcionalidade do game, acabou se tornando uma espécie de “fantasma da máquina”.

Jubileu encontr a Jubileu do futuro

Jubileu encontr a Jubileu do futuro


O episódio em si é no máximo divertidinho, e serve para mostrar uma versão muito caprichada em 16 bits do que seria um jogo de X-Men criado naquela época e para causar uma nostalgia imensa nos velhos que, assim como eu, jogaram X-Men - Mutant Apocalypse nos fliperamas (no meu caso, no SuperNES da Nintendo).

X-Men Mutant Apocalypse, o jogo
X-Men Mutant Apocalypse, o jogo da Capcom


Na animação, os ataques do Magneto são baseados no jogo da Capcom — com ele arremessando objetos de metal enquanto flutua no alto da tela — e funcionam de maneira muito parecida, inclusive, pela falha de estratégia que a própria Jubileu encontra para vencer o Mestre do Magnetismo.

Jubileu x Magneto em Motendo

Bom demais!

LIFEDEATH PART 1

Sem os seus poderes, a Tempestade decide ir para uma área afastada dos Estados Unidos e em um bar, acaba sendo abordada pelo misterioso Forge, um mutante gênio que se diz “amigo de Xavier”.

Tempestade e Forge


Para quem não lembra, sem ser nas cenas de futuro do Bishop, onde ele está em sua versão idosa, o Forge teve uma aparição quase relâmpago liderando o X-Factor, em um episódio quase inteiro focado na Jubileu e no Homem-de-Gelo da terceira temporada (episódio 15, "Fria Revolta"). Na época, é citado que o membro fundador dos X-Men, Robert Drake, saiu brigado do grupo e que, posteriormente, ele acabou engatando um romance com Lorna Dane, a Polaris

Forge e o Homem-de-Gelo


Lorna, depois, encontra companhia nos braços do Destrutor, que é outro membro do X-Factor, e o ex-casal se reencontra durante o episódio em lados opostos por conta das atitudes inconsequentes do Homem-de-Gelo — justamente a justificativa que o Ciclope diz de o porquê o rapaz abandonou a antiga equipe, por ele ser cabeça-oca.

Apesar disso, os X-Men acabam comprando a briga do Bobby e caem na porrada com o outro grupo de mutantes. 

Para quem não lia HQs na época ou não conhecia os personagens, ficou sem entender muita coisa, porque nada é explicado de maneira decente no roteiro da animação. Na versão em português, por exemplo, o grupo nem sequer é chamado de “X-Factor”, assim como também não há explicação para a sua existência — nos quadrinhos, eles funcionavam como um grupo dissidente dos X-Men e eram comandados pela Valerie Cooper, que agia como uma espécie de Nick Fury de saias a organizá-los — ou de onde eles surgem.

O X-Factor das HQs e Valerie Cooper
X-Factor e Valerie Cooper nas HQs


Pelo que me lembro, também não há qualquer citação ao fato do Destrutor ser o irmão mais novo do Ciclope. Os dois saem na porrada e nem sequer entendem porque os seus poderes não os afetam. Uma confusão da porra!

Mas nada é pior do que ver o Mercúrio (ou Quicksilver no original) ser chamado na versão dublada de “Raio de Prata”.

O X-Factor aparece em um retrato numa das paredes do Forge


Disposto a ajudar a Tempestade a recuperar os seus poderes, o Forge menciona que conseguiu construir uma espécie de câmara capaz de reativar os seus genes afetados pelo raio disparado pelo Executor X na ONU. O teste da câmara falha e a moça se vê ainda mais traumatizada por ter deixado de ser, enfim, uma louca, uma deusa uma feiticeira.

Tempestade na câmara de Forge


Durante a sua convivência com ela na cabana, se sentindo culpado pelo estado da moça, entre lembranças de sua antiga vida como cientista do governo americano, Forge admite que a arma usada pelo Executor foi uma criação dele no passado e que essa é a razão para que esteja tão empenhado em ajudá-la. 

A câmara falha ao recuperar os poderes de Tempestade


Nos quadrinhos, essa mesma situação é mostrada logo depois que a Ororo e o Forge começam a se relacionar amorosamente, após a sua perda de poderes. O personagem “Adversário” — a corujona mostrada na animação — começa a infernizar a vida da deusa, o que culmina, mais tarde num ritual de sacrifício para vencer o rival, onde todos os X-Men acabam morrendo.

O Adversário nas HQs e na animação


Naquela época, o Ciclope tinha refeito a equipe original de X-Men com o retorno da Jean, os chamando de X-Factor (a primeira versão) e os X-Men tinham em suas fileiras além da Tempestade, o Destrutor, o Wolverine, o Colossus, a Psylocke (versão de armadura) e a Cristal.

Logo depois, a fase “Austrália” teve início, e algumas das melhores histórias da dupla Chris Claremont e Marc Silvestri foram criadas. 

X-Men fase Austrália
Os X-Men na fase Austrália de Chris Claremont


A análise de X-Men’97 continua no próximo post…

P.S. – em X-Men ’97, as metamorfoses do Morfo têm sido um show de referências à parte, em especial, por ele se transformar em ação em personagens que têm pouco espaço no enredo regular. Durante o primeiro episódio, pouco antes do embate contra o Molde-Mestre ele se transformou no Arcanjo para salvar o Wolverine em queda. Durante a luta contra o Executor X na ONU ele se transformou na Espiral — a aliada alienígena do Mojo, no Colossus e na Psylocke, que nesse universo, nunca fizeram parte dos X-Men. Porém, foi durante o episódio 3 que ele se metamorfoseou na personagem que mais gostei de ver em ação, a Magia.

Magia, Illyana Rasputin


A pequena irmã do Colossus, Illyana Rasputin, apareceu uma única vez, ainda criança, no episódio 4 da segunda temporada, “Crepúsculo Vermelho”, e nunca mais deu as caras. Nas HQs, ainda na infância, ela é raptada pelo demônio Sym que a leva para o inferno e a deixa aos serviços de Belasco, um outro demônio que reina nas profundezas. Quando consegue voltar para a Terra, já se passaram anos e ela já é uma adolescente que logo faz amizade com a Kitty Pryde, assumindo, inclusive, uma vaga nos recém-formados Novos Mutantes do Professor Xavier.

A Illyana também aparece rapidamente como uma personagem “selecionável” do jogo Motendo onde a Jubileu e o Roberto ficam presos. Depois dessas participações especiais, espero que deem um espaço maior para a loirinha russa mais para a frente na animação, já que ela tem poderes irados e que seriam muito bem aproveitados em combate.

Aliás, falando nisso, com a Illyana dando as caras, o Roberto ganhando destaque nessa temporada e o Míssil, Sam Guthrie tendo aparecido no final da quinta temporada (o episódio 13, "Agendas Secretas"), será que chegou a hora dos Novos Mutantes ganharem mais notoriedade entre os tantos grupos de mutantes que a Marvel tem?


NAMASTE!

17 de abril de 2024

X-Men '97 - Episódio 2 - Lacração e choradeira

X-Men '97


EPISÓDIO 2 - MUTANT LIBERATION BEGINS

O segundo episódio de X-Men ‘97 começa mostrando que a confiança em Charles Xavier de deixar a mansão X e os X-Men sob a sua tutela girou uma chave na cabeça do Magneto. Logo após surgir diante dos alunos do professor, Magnus resolve deixar de lado a sua cruzada violenta contra os humanos e começa a praticar boas ações pela cidade, inclusive, salvando a vida daqueles que o temem. Tais atos chamam bastante a atenção da imprensa e do governo, colocando-o em evidência.

Na mansão, o clima continua tenso com a aparente mudança de comportamento daquele que sempre foi o seu maior inimigo, e os mutantes não parecem confiar em Magneto totalmente, com exceção da Vampira, que sai em defesa dele (mais pra frente entendemos porquê!).

Em paralelo às desconfianças do Ciclope, da Tempestade e do Wolverine, Magnus decide salvar os Morlocks no subsolo da cidade. Lá embaixo, os protegidos da mutante Callisto estão sob a ameaça dos Amigos da Humanidade e o seu material bélico das Sentinelas, mas quando parece mesmo que os mutantes excluídos vão ser assassinados, Magneto surge para salvá-los e dar uma lição nos supremacistas.  

X-Men '97


De volta à mansão, Magneto levanta a questão de por que Xavier e os X-Men nunca pensaram em abrigar os Morlocks ou lhes dar uma chance mais digna de sobrevivência em alternativa aos esgotos onde eles moram. Afinal, o sonho do professor não era o de convivência pacífica entre mutantes e humanos? Como isso é possível se eles próprios excluem os seus pares?

Magneto, então, informa que os Morlocks estão sendo encaminhados para a nação de Genosha. Após livrar a ilha dos antigos déspotas que a usavam como campo de concentração mutante — isso chegou a ser mostrado ainda na primeira temporada da animação —, o Magneto decidiu tornar o lugar um porto seguro para os seus iguais, algo com a qual Xavier jamais concordou por pensar que seria um meio de segregar os mutantes, em vez de simplesmente protegê-los. 

Aliás, criar um santuário onde os mutantes possam viver livremente sem a ameaça dos humanos sempre foi uma ideia que permeou a mente de Magneto e, duas temporadas antes, ele mesmo já havia tentado fazer isso com o Asteroide M, um enorme corpo celeste em órbita da Terra para onde ele pretendia levar não só os seus aliados — os Acólitos — como também o próprio Charles Xavier.

Após o discurso de Magneto de manter os mutantes seguros em uma ilha, Jean e Ororo iniciam uma conversa particular no quarto. Lá, a ruiva confessa à amiga temer pelo futuro de seu vindouro filho caso ele também seja um mutante, e diz que pressente algo maligno a se aproximar desde que sondou a mente de Henry Gyrich para descobrir o paradeiro de Bolivar Trask.

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Ainda durante esse diálogo, a Tempestade pergunta à Jean se ela deseja que a criança em sua barriga nasça humana e, logo depois, ela mesma confessa que já se imaginou sendo somente uma humana comum, e o quanto isso teria tirado de sua vida. Ororo diz que se não fosse uma mutante, ela jamais teria chegado à mansão ou conhecido a sua melhor amiga.

Aqui, vale mencionar que essa amizade entre elas citada por Ororo nunca foi tão bem delineada nas temporadas anteriores de X-Men, mas que era algo muito explorado nas HQs, principalmente, na fase escrita pelo Chris Claremont. A Tempestade se sentia muito solitária sendo a única mulher no grupo — na segunda formação dos Filhos do Átomo, quando todos os X-Men originais haviam deixado a mansão, com exceção do Ciclope —, e só quando a Jean retornou é que ela pode contar com alguém que pudesse não só confiar como também se inspirar.

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Para completar o climão de novela das oito sempre presente em X-Men — pelo menos nas adaptações que valem —, a Vampira decide fazer uma visitinha ao escritório do Magneto dentro da mansão e, num diálogo bastante revelador entre os dois, é insinuado que eles tiveram um “trêlêlê” no passado, algo que nunca antes foi sequer sugerido em outras temporadas do desenho.

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Enquanto a gente se pergunta quando isso teria acontecido, várias teorias vão se formando, até que a verdade finalmente seja revelada.

Nas HQs, é público que em mais de uma situação o Magneto e a Vampira já se pegaram fortemente, e a fase mais conhecida deles como um casal ocorreu quando os dois ficaram perdidos na Terra Selvagem e ela se viu privada de seus poderes de absorção. 

Aí, já sabe, né… calorzão, gente suada andando com pouca roupa pra lá e pra cá… Me Tarzan, you Jane

Aliás, quem não se lembra daquela clássica capa desenhada pelo Jim Lee em que os dois aparecem posando altamente gostosos e sensuais, hein?

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No Brasil, isso foi publicado pela primeira vez em 1994, na revista dos X-Men nº 71 da Editora Abril. Tenho até hoje esse formatinho!

Na animação, no entanto, o clima entre a Vampira e o Magneto esfria quando Valerie Cooper aparece no gramado da mansão com helicópteros e soldados armados no intuito de levar o Mestre do Magnetismo a julgamento por seus antigos crimes. Na cronologia do desenho, vale ressaltar que não havia nem um ano, o Magneto estava se preparando para organizar uma coalizão contra a humanidade no momento em que ele decide abandonar tudo a pedido de um moribundo Charles Xavier.

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Como representante da ONU, a doutora Cooper garante que Magneto será ouvido na corte e que terá direito de se defender perante os juízes, o que faz, então, com que ele se renda e aceite partir com os soldados sob custódia.

Na animação, o Magneto está usando o EXATO uniforme que ele adota quando assume a liderança dos X-Men a pedido de Xavier nas HQs, abandonando, inclusive, o elmo de balde. O gibi, cuja capa clássica mostra ele algemado em primeiro plano enquanto os mutantes caem na porrada com os irmãos Strucker na parte de trás da cena, foi a primeira HQ que eu li dos X-Men na vida (a X-Men nº 24 da Editora Abril de 1991).

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A animação usa muito bem essas referências canônicas, mas é claro que, mesmo os roteiristas respeitando o material original, teve nerdolinha reclamando na internet que “aiiiinnn, o meu Magneto está parecendo uma Drag Queen com essa roupa cafona!

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Como prometido por Valerie Cooper, os representantes da ONU ouvem o que Magneto tem a dizer em sua defesa, depois que eles o acusam de todos os crimes cometidos ao longo de sua carreira como “terrorista mutante”. Um clima muito hostil se forma no entorno da sede da ONU, quando manifestantes pró-humanidade ameaçam invadir o local para fazer justiça com as próprias mãos. Exatamente por conta disso, alguns dos X-Men decidem comparecer à seção e fazer a defesa não só do Magneto — que está algemado e com um colar inibidor de poderes no pescoço —, mas também de todas as pessoas ali presentes.

Perante os juízes, Magneto faz um discurso bastante inflamado, porém, consciente do papel que ele representa ali como um libertador mutante.

“Quando criança, os lares do meu povo foram reduzidos a cinzas porque ousamos chamar Deus por outro nome. Então, o meu povo me caçou como aqueles que os haviam caçado. Eu era uma aberração. Nascer mutante era abominável aos olhos de qualquer deus. Existe um refrão na triste canção da história: ‘Pense diferente, ame diferente, tenha o sexo ou a pele diferente e será punido’. Nós cantamos essa canção um para o outro, os oprimidos se tornam opressores. O Xavier sabia disso e sonhava que poderíamos mudar, encontrar harmonia, um futuro onde humanos e mutantes pudessem superar o passado…”

Um roteiro desse calibre jamais poderia ser escrito no passado, quando as primeiras temporadas do desenho foram ao ar para um público mais jovem. Depois de ouvi-lo, seja na versão em inglês ou a dublada pelo Charles Dalla, é bem difícil não estampar uma camiseta com os dizeres "Magneto Is Right" e sair com ela por aí!

Do lado de fora, enquanto o julgamento se estende e os manifestantes enfurecidos tentam furar as defesas da polícia local, os Amigos da Humanidade mostram que têm um plano maligno para punir Magneto diante de toda a mídia. Usando um traje especial e uma arma capaz de atingir o mutante, um sujeito autointitulado Executor X consegue invadir a ONU e infligir um ataque bastante intenso à segurança do local e aos próprios X-Men, enquanto tenta se posicionar para acertar o seu alvo.

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Executor X


Enquanto a Vampira tenta conter o avanço dos manifestantes do lado de fora e a Tempestade se encarrega de proteger o Magneto, cabe ao Ciclope, o Bishop e o Morfo baterem de frente com o vilão mascarado, o que acaba gerando um dos monólogos mais realísticos dessa nova leva de episódios:

Executor X (enquanto surra o Ciclope):Sabe o que eu odeio na sua raça? Vocês agem como se sofressem muito. As pessoas normais sofrem também, até mais! Só temos a dignidade de não ficar chorando o tempo todo, entende? É a choradeira... eu odeio a sua choradeira tanto quanto odeio vocês!”

X-Men '97


Não soa como um discurso tipicamente preconceituoso contra cotas para negros nas universidades ou qualquer outra aplicação que beneficie minorias no mundo real?



É inegável a quantidade de paralelos que podemos fazer entre esse discurso carregado de ódio do Executor X com a nossa realidade atual, e o quanto desse ódio vemos diariamente sendo destilado nas redes sociais. É claro que aqui é preciso traçar um paralelo simples entre os mutantes fictícios e qualquer outra minoria discriminada pela mente tacanha e conservadora daqueles que se veem presos a um antigo status quo do “macho predominante” ou do “homem branco heteronormativo” cuja única opinião é a que vale na sociedade. Para essa gente, qualquer coisa que saia minimamente do “normal” deve ser criticado, combatido e… executado, por que não?



Os mutantes não existem na vida real, mas quantas vezes não ouvimos por aí que luta de classes é “mimimi”? Ou que levantar pautas sobre direitos iguais entre homens e mulheres e a comunidade LGBT é “lacração”?



Alguém que está lendo esse texto acha mesmo que a existência de um Executor X que grite a plenos pulmões que a luta dos X-Men por igualdade com os humanos é “choradeira” não seria possível no mundo atual onde, por exemplo, os ditos “nerds” — que atualmente só são pessoas altamente preconceituosas que se escondem atrás da palavra — odeiam minorias e fazem de tudo para diminuir qualquer tipo de luta de classe em seus canais pela internet?

Vocês acham realmente que as histórias dos X-Men ao longo desses mais de 60 anos são apenas um amontoado de desenhos e balõezinhos rasos que só querem mostrar medição de poderes e nada além disso? 

Faz sentido achar que os X-Men são como o Youngblood ou qualquer outra equipe de super-heróis fantasiados — e descerebrados — que não têm nada a dizer e que só estão aí há tanto tempo para fazer volume nas lojas de revistas em quadrinhos e não ensinar nada a respeito de acolhimento ou aceitação ao próximo? Sério mesmo?

X-Men '97


Essa galera “entendida em cultura pop” presta mesmo a atenção nos balões de fala dos quadrinhos ou só consegue enxergar as figuras? Porque não é possível tamanha ignorância a respeito desses personagens que estão há tanto tempo ensinando tanta coisa pro público, em especial, a aceitação ao que é diferente.

X-Men '97


De volta ao episódio, enquanto os X-Men lutam na ONU, a Jean Grey entra em trabalho de parto na mansão X e cabe ao Logan levá-la ao hospital para dar à luz. Após atravessar a cidade para chegar em segurança ao local, o médico de plantão se recusa a atender uma mutante, alegando que ela pode perder o controle dos poderes durante o parto e ferir as pessoas na sala.

X-Men '97


Através do seu contato telepático, Jean pede a ajuda do marido, que avisa a Tempestade do que está acontecendo. Ororo sugere que a Vampira encaminhe o Ciclope da ONU até o hospital e os dois partem em velocidade a fim de ajudar Jean. Uma vez lá, a Vampira usa os seus poderes de absorção para “aprender” as habilidades do obstetra e faz ela mesma o parto. Algum tempo depois, o casal feliz com o nascimento de seu filho se reúne mais uma vez e Jean dá ao bebê o nome de Nathan.

X-Men '97


Como no universo regular das HQs a Jean Grey original nunca engravidou do Scott, antes de saber que o bebê era um menino, eu jurava que seria a Rachel Summers a nascer ali, mas foi apenas um segundo de esperança que morreu rápido. No entanto, para ser ainda mais óbvio da real identidade daquele bebê, só faltou o olho brilhar para a câmera (vamos falar mais disso no próximo post!). 

Na ONU, após se livrar do Bishop e do Morfo, o Executor X consegue, enfim, atirar com o seu rifle em direção ao Magneto, é quando a Tempestade se joga na frente para salvar o homem colocado no comando dos X-Men. Embora ninguém saiba àquela altura dos fatos, a arma do vilão é carregada com uma variação mais ostensiva da radiação usada nos colares que inibem os poderes mutantes, e a Rainha dos Ventos acaba sendo atingida em cheio por um tiro dela.

X-Men '97


Livre de suas amarras e entendendo de imediato o que aconteceu com a Tempestade, o Magneto resolve punir o Executor, o privando de sua arma e o tratando como a uma marionete com os seus poderes magnéticos. Depois, ele resolve mostrar o que é capaz de fazer, elevando não só o Executor como também a todos os membros do júri a uma altitude impensada. Lá de cima, com praticamente o planeta a seus pés, e sob o olhar desesperado dos agentes da ONU, ele implora para que a humanidade não o faça se voltar contra ela, pois as consequências podem ser gravíssimas.

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Para quem não é das antigas, a Tempestade também foi atingida por uma rajada quase letal que a deixou sem seus superpoderes de controle climático por um longo período nas HQs. Na época, ela se jogou para salvar a Vampira de ser fulminada, mas isso rendeu uma ótima fase da heroína que culminou nela se tornando líder dos Morlocks — vencendo a Callisto no mano-a-mano — e saindo na mão com o Ciclope pelo direito de liderar os X-Men. 

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Além disso, a fase badass da Ororo ainda rendeu a ela o clássico traje punk — que ela usa na cena pós-crédito do episódio 2 da animação —, e o seu reencontro com o Forge, o mutante indígena capaz de inventar qualquer coisa.

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Desprovida de seus poderes e se sentindo desconectada dos irmãos mutantes, Ororo escreve uma carta emocionada endereçada a Jean e, assim, ela parte da mansão, com destino incerto. Quando achamos que nada pior pode acontecer aos nossos heróis, uma visita inesperada chega ao portão deles, e eis que surge uma mulher ruiva com as feições idênticas às de Jean Grey diante de todos. Aparentemente ferida, ela desmaia no colo do Morfo, criando uma situação no mínimo assustadora para o Ciclope e a sua esposa, que acabaram de retornar do hospital com o pequeno Nathan no colo.

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A análise de X-Men’97 continua no próximo post

NAMASTE!

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