Eu comecei a ler histórias em quadrinhos muito cedo. Fui
influenciado pelo meu irmão mais velho que, esporadicamente, trazia um ou outro
gibi de herói para dentro de casa. A grande maioria desses gibis eram de
publicações dos anos 80 ou 70. Estávamos nos anos 90 e, naquela época, o que
saía no Brasil pela Editora Abril era cronologicamente bem defasado com relação
ao que era publicado lá fora.
Mas, quem se importava?
Eu era um moleque magrelo e tímido que não saía de casa. Ler
gibis era o meu passatempo preferido naquela realidade reclusa e introvertida.
Como meu irmão tinha uma predileção pelas revistinhas do Hulk, do Capitão
América e do Homem-Aranha, aquele material abundava lá em casa.
Eu não tinha muita noção de quem escrevia o quê ou de quem
desenhava o quê, mas em meio àqueles inúmeros títulos e de suas variadas
histórias, um cara logo ganhou destaque a meus olhos. Em especial, no que se
referia a visual dos personagens.
De repente, não era mais um amontoado de “desenhinhos”
indefinidos nas páginas. Eu agora conseguia distinguir o seu traço, a pegada do
estilo no que ele rabiscava.
Um nome logo começou a aparecer frequentemente naquele
rodapé de página, lá naquele cantinho onde eu nunca prestava a atenção. Seu
nome era John Romita.
A primeira edição que me chamou completamente a atenção para
a maneira como ele desenhava os personagens foi A Teia do Aranha nº 22, que por
aqui, foi publicada em 1991 pela Abril, e que deve ter chegado às minhas mãos
uns dois ou três anos depois.
Além do fato de que as duas primeiras histórias desse
compilado de aventuras dos anos 70 tratava do relacionamento — romântico? — entre
a tia May e o Doutor Octopus, o grande destaque dessa aventura era o fato de
que o Homem-Aranha estava usando uma máscara que deixava aparecer seus olhos “humanos”,
sem o tradicional visor branco para cobri-los.
E a tia May atirava contra ele, sem saber que estava prestes
a matar o próprio sobrinho! Esse, aliás, é o grande chamariz da capa dessa
edição.
Eu perdi as contas de quantas vezes li esse gibi. De maneira
geral, essa nem era uma das histórias mais impactantes e/ou revolucionárias
para o cânone do personagem, mas eu viajava em suas páginas observando os detalhes
mínimos da técnica perfeita de Romita.
Influenciado pelos gibis, lá nos anos 90, eu já rabiscava
meus garranchos em papel sulfite como forma de expressão, mas não entendia
coisa alguma de design. Apenas apreciava o que via e me transportava para Nova
York junto com ele, enquanto o Aranha se balançava de um prédio a outro da cidade.
Apesar da minha ignorância artística, eu já achava que
aquele cara de nome italiano tinha um “tcham” diferente. Ele era mais técnico
que os outros. Os seus “bonequinhos” possuíam expressões marcantes e o seu
Homem-Aranha, em específico, parecia saltar de verdade por entre as páginas.
As expressões marcantes nos rostos desenhados por Romita
Além de Gil Kane — outro dos caras que eu reverencio muito quando se trata de Aranha —, eu raramente vi alguém que conseguia
imprimir tanto os sentimentos dos personagens nos desenhos quanto o Romitão. Era
impressionante o que ele conseguia fazer com um lápis e o nanquim!
Eu curtia o Steve Ditko, artista que, não obstante, tinha
sido o primeiro cara a desenhar o Homem-Aranha desde a sua criação, lá em 1962.
Mas quando o Romitão assumiu o título daquele que já era um dos principais personagens
da Marvel, a mudança de traço era muito impactante e, para mim, bastante
significativa.
Outra publicação da Abril que eu lia e relia, mês
sim, mês não, era a “Marvel Especial: Homem-Aranha x Duende Verde” que, por
aqui, saiu em 1986. Diferente dos tradicionais gibizinhos de 82 páginas, essa
edição era um pequeno calhamaço de mais de 100 páginas, o que deixava esse
jovem e esquisito estudante de ensino fundamental bastante entretido por várias
horas.
Nessa edição específica, era possível ver a transição entre
Ditko e Romita, já que é na emblemática história em que o Duende Verdedescobre
a identidade secreta do Homem-Aranha que Romita faz a sua explosiva estreia no
título do Escalador de Paredes, substituindo o cocriador do personagem como
artista regular.
Além disso, Romita também é o responsável pela cocriação de
Norman Osborn, podemos dizer assim, já que ele é o primeiro cara a nos revelar,
afinal, quem se escondia por trás da misteriosa máscara verde do vilão voador.
Outros destaques de John Romita Sênior à frente do título do
Homem-Aranha é a aventura em que, Peter Parker, vencido por um resfriado,
começa a delirar e, sem querer, acaba revelando a sua identidade para Gwen
Stacy e todos os seus amigos em uma festa. No Brasil, essa história foi
republicada em A Teia do Aranha nº 13.
Na edição seguinte, a de nº 14, ocorre outro evento
emblemático para a trajetória do Homem-Aranha — e que na recente animação do
Aranhaverso, é tratado como um evento canônico nas linhas temporais do
personagem —, a morte do capitão George Stacy, o pai da Gwen, também desenhada
por Romita, e que, inclusive, foi referenciada na própria animação do Aranha.
Referência à morte do Cap. Stacy em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
John Romita Sênior contribuiu ainda para a criação do
Wolverine e do Justiceiro — o primeiro, em parceria com Len Wein, e o segundo,
em parceria com Gerry Conway, que escrevia as histórias do Aranha nos anos 70,
Ross Andru, o primeiro cara a desenhar o personagem e, claro, Stan Lee, que
tendo participado ou não do processo, sempre assinava todas as criações de
personagens da Marvel na época.
Romita não ajudou somente a desenvolver os visuais de
personagens importantes para o universo do Homem-Aranha como o já citado Norman
Osborn, como também foi o responsável pela primeira composição imagética da Mary Jane —
que era citada nas histórias desenhadas por Steve Ditko, mas que nunca tinha aparecido,
de fato.
Eu era completamente apaixonado pela Gwen Stacy nesse
período de republicações da Teia do Aranha, pelo motivo óbvio de que ela era o
principal interesse romântico do Peter Parker e a “namoradinha” que todo moleque
de doze anos sonhava em ter: bonita, inteligente, esperta e muito fofa.
Apesar disso, era inegável que a Mary Jane de John Romita
era um espetáculo. E não só porque era uma gata ruiva cheia de curvas, mas pelo
charme que ela transbordava nas páginas desenhadas por ele. Dando em cima do
Flash, do Harry ou mesmo arrastando asas para o comprometido Peter, com seu
jeitão “descolado” de ser.
É importante ressaltar que o visual dos personagens compostos
por Romita nos gibis do Aranha marcou uma época. Olhando hoje para os
desenhos, é impossível não reparar a influência que os alucinógenos anos 70 têm
nas páginas, tanto nas vestimentas dos coadjuvantes do universo “Aranhístico”
como no próprio Peter, com suas costeletas longas, os coletes e as calças
boca-de-sino que usava.
Eu amava ler esses gibis antigos porque era sempre um
mergulho em uma época que eu não vivi. Eu me via fazendo parte de um mundo que
me era estranho para um garoto crescido nos anos 90, mas que me parecia mágico —
e entorpecente! — mesmo assim.
John Romita Sênior não representa para mim apenas “mais um
desenhista” entre as centenas de outros que passaram pelos títulos do
Homem-Aranha, mas o cara que, com a absoluta certeza, definiu a imagética do
personagem principal e de seus coadjuvantes desde a sua estreia como artista da
revista.
Quando penso em Flash Thompson, J.J. Jameson, Robbie
Robertson e na própria Gwen Stacy — aquela do arquinho nos cabelos! — é o traço
de Romita que me vem fundamentalmente na cabeça até hoje.
Com a passagem desse mito dos quadrinhos, nós perdemos a presença
física de mais um dos grandes mestres dos primórdios da Marvel, mas ganhamos outro
ídolo no já célebre panteão dos artistas que fizeram e MUITO a diferença aqui
na Terra.
Salve John Romita. Salve o mestre. Descanse em paz.
Leia também "Top 10 - Maiores Desenhistas do Homem-Aranha" — na minha humilde opinião —, post de 2010 onde decidi ranquear meus artistas preferidos de passagem pelas histórias do Escalador de Paredes. Adivinhem quem ficou em primeiro?
Se você vê valor no trabalho de Rod Rodman e quer contribuir com QUALQUER VALOR, manda PIX!
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Se tem uma coisa que brasileiro gosta mais do que de uma boa
pancadaria é de fazer listas de coisas, por isso, nesse postespecial eu resolvi juntar o útil
ao agradável:
Um top 10 de maiores pancadarias em filmes de
super-heróis!
Antes de começar, é importante frisar que para essa lista, eu
DESCONSIDEREI quebra-paus cinematográficos envolvendo altos níveis de superpoderes
e/ou habilidades sobre-humanas e foquei apenas naquela porradaria malandra, porradaria moleque, porradaria de várzea, que faz com que os personagens utilizem, em
grande parte do tempo, apenas sua própria habilidade física.
Nada de personagens overpower como Superman, Lanterna Verde, Thanos ou Thor, por
exemplo.
Vamos descer o nível e pegar os personagens mais "pé no chão" de
Marvel/DC... bem... quase isso!
Para ser justo, usei um super-software chamado "minha cabeça" que analisou cada
cena individualmente e que deu uma pontuação — de 0 a 10 — para elas de acordo
com as seguintes categorias:
Nível de sangue no zóio:Tem sangue, ossos quebrados, tripas
voando, cabeças arrancadas ou explodindo.
Nível de marmelada:Uso de equipamentos diversos ou armas
como garras, escudos, pistolas, pratos, copos, facas ou espadas.
Nível de apelação:Uso de superpoderes, habilidade mutante, magia, macumba.
Qualidade da pancadaria:Avalia coreografia engenhosa e/ou
criativa, golpes eficientes (para incapacitar, anular ou bloquear o adversário)
e se a cena parece real sem muita utilização de CGI, cabos e arame fu.
Ao final de cada descrição nós teremos uma média da
porradaria e fica a seu critério, jovem padawan, concordar ou não com ela. Afinal... o choro é livre.
Sigam-me os bons!
Deadpool x Cable
(Deadpool 2, 2018)
O cinema de pancadaria é dividido entre antes e depois de
Matrix e antes e depois de O Tigre e o Dragão.
Antes dessas duas obras, nós tínhamos aqueles filmes mal
coreografados, com lutas toscas, golpes que nitidamente passavam LONGE da cara
do adversário e que, em geral, ou eram protagonizados pelo Steven Seagal oupelo
Van Damme.
Depois de Matrix (1999) e O Tigre e o Dragão (2000), tornou-se
muito comum no cinema de ação o uso exagerado — e às vezes até desnecessário — da
DESGRAAAAAAÇA do arame fu e do CGI para substituir os dublês — e artistas do gênero — por bonecos digitais, além de popularizar a utilização de cabos para fazer com que qualquer ator parecesse um perito em lutas.
Dito isso, é bacana lembrar que, apesar de ser um filme que
se vale bastante de CGI — ruim, diga-se de passagem —, Deadpool 2 até que tem
boas sequências de luta e isso se deve ao fato de seu diretor, David Leitch (de
Atômica e John Wick), ser um ex-dublê e ótimo coreógrafo de brigas cinematográficas.
Eu já elogiei aqui no Blog a direção de Leitch por conta
dessa fidelidade que ele insere nas sequências de porrada que filma — ele também
foi o dublê do Keanu Reeves em Matrix — e como a gente chega a quase sentir na pele as pancadas que os personagens levam na tela. Eu cheguei em casa com dor
nas costas só de assistir aquele plano-sequência na escada de Atômica!
Jesus!
Deadpool é um filme que não quer ser levado a sério e que se
pauta na galhofa o tempo inteiro, mas que em dado momento, apresenta algumas
sequências maneiras de luta. Todo aquele início em que o Wade Wilson (Ryan Reynolds) começa a matar
GERAL no submundo do crime cortando cabeças, decepando membros e dando tiro em
todo mundo é realmente muito bom. Se não fossem as partes engraçaralhas — que
nesse filme é a essência da coisa — durante a luta, certeza que esse longa-metragem estaria no pódio do top 10.
Por causa disso, vou destacar aqui o primeiro encontro explosivo entre o
Wade — que em boa parte dessas cenas está SEM seu fator de cura — e o Cable,
que chega do futuro disposto a liquidar um garoto mutante que está encarcerado
numa prisão para mutantes.
Por si só, o personagem Cable é MUITO apelão sempre munido com todos
aqueles trabucos e artefatos tecnológicos, mas tem um momento no enredo em que o Deadpool
equilibra a luta e traz o velho Nathan Summers para uma boa trocação física.
Claro que, ainda assim, a sequência toda é cheia de gags
engraçadinhas — como o Wade tentando enforcar o Cable com seu braço quebrado —,
mas a briga é bastante violenta e bem realista a certo nível.
Como não dá pra determinar ali até que ponto os poderes
mutantes de cada um desequilibra a luta, digamos que rola até um empate.
Afinal… além de brilhar o olhinho, qual é mesmo o poder do
Cable nesse filme????
Nível de sangue no zóio: 7
Nível de marmelada: 7
Nível de apelação: 3
Qualidade da pancadaria: 5
Média: 5,5
Peter Parker x Harry Osborn
(Homem-Aranha 3, 2007)
Aiiiinnn, não acredito, Rodman! Homem Aranha 3 nessa
lista??? Aff!
Sim, caro padawan! Eu consigo encaixar o mais infame dos
filmes da trilogia Sam Raimi nesse top 10. Confira comigo o porquê.
O Homem-Aranha não é um personagem que tem o mesmo nível de poder que os demais aqui mencionados — talvez no mesmo nível que o Wolverine —
e quase NUNCA tem uma cena maneira filmada sem apoio de CGI, já que as
peripécias acrobáticas que o personagem faz nos quadrinhos NENHUM ser humano consegue imitar. Daí a importância de destacar essa cena específica do filme de 2007.
Na sequência citada entre Peter Parker e Harry
Osborn, os dois estão sem seus trajes de batalha e se enfrentam no
mano a mano, de cara limpa, sem a muleta dos efeitos digitais que tanto
empobrecem as cenas de ação se mal executadas.
Entendam meu argumento. Não
há como dizer que aquela treta entre o Doutor Estranho e o Thanos de Guerra
Infinita, por exemplo, seja ruim — algo que ela não é —, mas o que quero dizer é que o CGI costuma
foder tudo quando temos personagens basicamente humanos pulando feito pulgas ou “voando”
feito acrobatas do Cirque Du Soleil durante uma cena de luta que, em teoria, deveria soar mais natural.
Aqui temos Tobey Maguire e James Franco numa porradaria
quase… franca (hãn, hãn? Pegaram essa?) em que não vemos — muitos — voos
inverossímeis nem saltos espetaculosos.
As únicas muletas usadas são os artefatos de Duende Verde
que Osborn usa contra o Peter — que tá malzão por conta do simbionte alienígena
— e a força sobre-humana de cada um deles. Apesar dos pesares, a briga entre os dois é bem
coreografada e possui até um nível de violência considerável para esse tipo de
filme.
Além de ser jogado contra a parede várias vezes, Harry tem a cara
EXPLODIDA por uma bomba abóbora arremessada pelo Aranha. Isso com certeza acrescenta um
nível a mais de sangue no zóio à nossa escala de comparação.
Nível de sangue no zóio: 6
Nível de marmelada: 8
Nível de apelação: 5
Qualidade da pancadaria: 6
Média: 6,3
Natasha Romanoff x Treinador (Viúva Negra, 2021)
Quando anunciaram o Treinador em Viúva Negra, eu tive a mais
absoluta certeza que esse ia ser o filme com o maior nível de porradaria que eu
ia assistir no cinema, mas…
Nhé...
Nos quadrinhos, o Treinador é capaz de mimetizar todo e
qualquer movimento de luta que ele observa, o que faz com que o cara tenha as
habilidades de luta e de manuseio do escudo do Capitão América, a destreza com o arco e flecha do
Gavião Arqueiro, a expertise do Cavaleiro Negro com uma espada, etc, etc…
No filme também é assim, mas o tão esperado pega pra capar
entre o anti-herói e a heroína é bem mais morno do que supúnhamos nós, aqueles
que criam expectativas vãs em nossas cabeças por causa de trailer.
A luta entre Treinadore — vamos chamar assim — e a Viúva
Negra rola numa ponte toda sinistra após um acidente de carro — malfeito pra
caralho num CGI porco — e acontece por conta de um item que precisa ser
resgatado por Treinadore.
Treinadore então vai pra cima da Natasha, que se surpreende
ao notar que a pessoa à sua frente está imitando todos os seus movimentos de
luta.
Esse plot — ter que enfrentar alguém que imita os seus golpes — poderia render uma pancadaria monstra, mas a cena em si é bem mais ou menos. A Natasha é derrotada por conta da superioridade tecnológica da
pessoa adversária — que usa um escudo, espada retrátil e o escambau —, mais até
do que sua habilidade de luta. Destaque, porém, pra voadêra na caixa dos peitos que a
Viúva leva próximo do fim do combate.
Aliás... tudo que pouparam a Viúva Negra nos demais filmes da Marvel resolveram descarregar nesse último. O que essa mulher apanha!
Vale lembrar que essa cena e o filme todo é dirigido por Cate
Shortland.
Nível de sangue no zóio: 4
Nível de marmelada: 8
Nível de apelação: 0
Qualidade da pancadaria: 6
Média: 4,5
Arlequina x capangas (Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa, 2020)
Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação
Fantabulosa sofreu um hate muito grande dos nerdolas por, enfim, ter
protagonistas mulheres num filme também dirigido por uma mulher (Cathy Yan),
mas que convenhamos, é divertido para um caralho!
Muito melhor do que o primeiro Esquadrão Suicida (2016), ele sabe
materializar muito bem toda a loucura visual da Arlequina e nos entrega de
bandeja a melhor atuação física em combate da personagem até hoje. Sério… nem o
James Gunn conseguiu, apesar de seu filme — O Esquadrão Suicida (2021) — ser substancialmente mais bem trabalhado que Aves de Rapina.
Além das cenas engraçaralhas — que assim como Deadpool, é
sua essência — Birds of Prey tem uma cena fantástica em que Cathy Yan dirige
com perfeição o que nós sempre quisemos ver da Arlequina em live-action — e não tô falando da
bunda dela —: sua habilidade de ginasta/acrobata.
Tanto nos quadrinhos quanto nas animações — aliás, vejam
Harley Quinn, é hilário! — apesar de ser uma psicanalista, a doutora Harleen
Quinzel também se destaca por ser uma ginasta de nível olímpico (?), o que faz
com ela seja uma adversária física para o Batman… mais que o Coringa até.
No filme, enquanto ela tenta capturar a jovem Cassandra
Cain, Harley é obrigada a sair na mão com vários bandidos que foram libertados da prisão — sem querer — por ela própria... e o resultado é lindo de ver.
O uso de dublê nessa sequência é tão bem disfarçado que
quase dá para jurar que é a própria Margot Robbie ali o tempo todo dando aquelas
piruetas e golpes de luta livre nos facínoras. Visualmente, a cena é muito bem valorizada
tanto pela água que está voando para todo lado no primeiro cenário da prisão quanto pela câmera lenta, que
nesse caso, está sendo bem empregada — ouviu, Zack Snyder? —, com o intuito
claro de nos fazer sentir cada um dos golpes.
A cena em que ela estilhaça os dois joelhos de um camarada chega a ser aflitiva.
A habilidade física da Arlequina de quebrar gente na porrada
também é mostrada quando ela luta sozinha com a Renee Montoya e no final da história,
quando ela se junta à Canário Negro e a Caçadora pra sentar o braço nos
capangas do Máscara Negra.
Além da violência quase gratuita das tomadas, a coreografia de combate usado para mostrar o quanto a Arlequina é boa de briga se classifica como uma das melhores que já vi em filme de super-heróis.
Se você não tem nojinho de buceta e quer ver um filme
divertido e descompromissado, assista Aves de Rapina. É um baita filme legal!
(Minha única reclamação sobre esse filme é com o figurino
das Aves de Rapina… caralho! Que bosta de roupas mal-escolhidas!)
Nível de sangue no zóio: 8
Nível de marmelada: 6
Nível de apelação: 0
Qualidade da pancadaria: 7
Média: 5,3
Blade x vampiros
(Blade, 1998)
Wesley Snipes é um dos meus atores porradeiros preferidos da infância e devo admitir que eu torcia por ele em Demolidor (1993). Mal aí,
Stallone!
Assim como o Jason Statham, o Snipes é aquele tipo de cara
que dá gosto de ver ele moendo gente na porrada e em Blade, apesar do
personagem se valer bastante de firulagens como armas com balas de nitrato de
prata, bumerangues de prata e aquela espada fodona que corta vampiro feito
manteiga… quando tem que só descer o braço, ele desce!
Lá pelo final do primeiro filme da trilogia, o
Blade está debilitado após ter quase todo o seu sangue drenado pelo vilão.
Após tomar um banho de sangue revigorante, o bichão volta trincando e é claro
que temos uma puta cena maneira com o Snipes quebrando todo os capangas-vampiros no soco.
Apesar de ser um filme pré-Matrix — conceito que já
expliquei em outro tópico —, Blade tem lutas muito bem coreografadas que transmitem certo realismo. Dá pra ver a satisfação no vampirão enquanto ele caceta seus
adversários. Coisa linda de ver.
Uma pena o personagem ter perdido espaço no MCU e ter ficado de fora da primeira leva de personagens série C da Marvel que fizeram sucesso no cinema e nas séries para streaming. Vamos ver o que a versão com o Mahershala Ali vai ter a nos oferecer no futuro. Duvido que tenha lutas tão boas quanto as protagonizadas pelo Snipes!
Nível de sangue no zóio: 7
Nível de marmelada: 4
Nível de apelação: 3
Qualidade da pancadaria: 8
Média: 5,5
X-23 e Wolverine x Carniceiros (Logan, 2017)
Logan é sem dúvidas o melhor filme envolvendo X-Men que a
Foxfoi capaz de fazer em quase 20 anos e isso é fato. Tá até na Bíblia, não há
o que discutir.
Direção, fotografia, atuações, roteiro, efeitos visuais… é
tudo do caralho! E é claro que era necessário que um filme como esse rendesse
ao menos uma cena de ação emblemática.
Sendo justo, existem várias cenas memoráveis em Logan, mas
como o papo aqui é pancadaria franca com o mínimo de firulagens possível, vou
destacar a primeira vez que vemos a X-23 em ação.
Mano! Aquilo é um deleite!
Nós, assim como o Logan, nos vemos totalmente embasbacados
quando a menina, DO NADA libera dois pares de garras das mãos e começa a fatiar
geral a gangue dos Carniceiros, que está ali justamente para capturá-la.
Termina que na pancadaria o próprio Wolverine acaba sendo
apenas um sidekick da Laura, que com toda certeza daria conta de todos os
inimigos ali sozinha. O nível de violência não chega a ser extremamente gráfico com sangue
jorrando até na câmera e membros voando como em Deadpool, por exemplo, mas é feito de uma maneira
competente, mostrando na nossa cara o que sempre quisemos ver em se tratando de
Wolverine nos cinemas.
A brutalidade é tão grande, que chega a dar um quentinho no
coração!
Toda essa sequência, desde que o primeiro capanga tem a
cabeça decepada até o desfecho, com Laura, Logan e o Professor Xavier fugindo pela linha
do trem, é sensacional.
Eu revi o filme recentemente e posso dizer que, a meu ver,
continuar sendo um filme nota 10.
Nível de sangue no zóio: 9
Nível de marmelada: 7
Nível de apelação: 4
Qualidade da pancadaria: 9
Média: 7,3
Soldado Invernal x Todo Mundo (Capitão América: Guerra Civil, 2016)
Aqui eu cheguei a ficar em dúvida se citava apenas a luta
rápida entre o Bucky e o Pantera Negra no telhado ou se — obviamente — falava daquela
sequência maravilhosa em que o Soldado Invernal — com a lavagem cerebral do
Barão Zemo — cai na porrada com TODO MUNDO após ser libertado de sua prisão.
Aquilo é lindo demais e mostra mais uma vez a capacidade que
os irmãos Russo têm em engendrar uma sequência de lutas memorável.
Tudo começa com o Barão Zemo dizendo as palavras-chaves que
acionam o programa “Soldado Invernal” na cabeça do Bucky, que depois disso, sai quicando todo
mundo à sua frente, começando pelo Falcão — coitado, que não tem nenhuma
chance — e chegando ao Capitão América, que ele não só supera fisicamente como JOGA NO POÇO
DE UM ELEVADOR!
Já do lado de fora, o cara sai na mão com o Tony Stark, que
sem sua armadura de Homem de Ferro, não passa de um cara normal com um terno maneiro. Em seguida, vem a dupla Sharon Carter e Natasha Romanoff que, apesar de darem um pouco mais
de trabalho para o cara, são igualmente superadas.
Quando vê que o bicho tá pegando no saguão, ninguém menos que
o rei de Wakanda aparece para tentar deter a fuga do Soldado e os dois caem na
porrada.
Eu já devo ter dito aqui que essa é uma das minhas cenas
preferidas do Pantera Negra nos filmes da Marvel — excetuando, obviamente, toda
a simbologia do personagem, a questão racial, a cultura africana e focando
apenas nas características físicas dele — e a briga é tão bem coreografada, que a gente tem
mesmo a impressão que o Chadwick Boseman — saudoso! — manja pra caraio de artes
marciais. Todos os seus trejeitos, a respiração, os gritinhos e a ginga lembram muito o
Bruce LeRoy do O Último Dragão (1985).
Abaixo você confere toda a sequência do Soldado Invernal peitando praticamente todo o elenco da Marvel ao mesmo tempo.
Se você notar, rola um tipo de flautinha africana ao fundo
quando o T’Challa dá uma voadora no Bucky o derrubando para o andar térreo... e nessa época a gente ainda nem conhecia Wakanda!
Muito foda.
Aqui dá para assistir a briga do telhado em que, mesmo com
seu traje e as garras de vibranium, o Pantera Negra NÃO consegue superar o Bucky.
Nível de sangue no zóio: 5
Nível de marmelada:6
Nível de apelação: 4
Qualidade da pancadaria: 8
Média: 5,8
Natasha Romanoff x Yelena Belova (Viúva Negra, 2021)
Eu tinha muita expectativa que o filme solo da Viúva Negra
(2021) fosse entregar uma trama de espionagem com muito tiroteio e cenas de
luta arrepiantes como em Capitão América: Soldado Invernal, mas…
Nhé...
Um dos grandes destaques do filme, no entanto, certamente é a inserção da
Yelena Belova, que nos quadrinhos, também é uma Viúva Negra, mas que costuma agir pelo “lado sombrio da Força”, funcionando mais como uma anti-Viúva Negra.
No filme, no entanto, Yelena é uma irmã mais nova postiça da
Natasha e em certo ponto da história, as duas se reencontram adultas — depois de
anos separadas — e, meu amigo…
O coro come entre as minas!
Numa sequência de pancadaria dentro da cozinha que lembra
bastante o reencontro da Beatrix Kiddo com a Vernita Green em Kill Bill (2003),
Scarlett Johansson e Florence Pugh encenam uma luta bastante empolgante com
direito a uso de pratos, facas e até cortinas do cenário como arma.
A cena é tão bem coreografada, que é difícil perceber a hora
que entram as dublês e mostra o quanto as duas personagens são equiparadas em
combate.
A gente não esperava menos de duas assassinas treinadas pela Sala
Vermelha russa, não é mesmo?
Mentira! A gente esperava mais sim.
Mas, como nenhuma das duas possui força sobre-humana e nem
usam outras armas/equipamentos senão as próprias mãos — e o que está ao alcance
delas —, o nível de porradaria franca — que vamos chamar de nível John Wick — é
muito bom.
Batman x capangas (Batman v. Superman, 2016)
Todo mundo aqui sabe que eu não vou com a cara dos filmes do
Zack Snyder, excetuando 300 (2006) e Madrugada dos Mortos(2004), mas mesmo não gostando de determinados aspectos do
trabalho de um profissional, é preciso saber reconhecer quando algo se destaca no que ele faz…
E a violência gráfica que esse filho de uma mãe entrega em
seus filmes é linda de ver!
Todos os Batmen do cinema matam, isso é um fato. O Batman do
Michael Keaton joga um caboclo do alto de uma catedral no primeiro filme e explode um palhaço-capanga do Pinguim no segundo filme. Já o Batman do Christian Bale,
deixa o Ra’s Al Ghul para se estropiar todo dentro do trem em Batman Begins e empurra o Duas-Caras do telhado em O Cavaleiro das Trevas. A gente sabe
disso.
Então pra que ficar de mimimi — palavra preferida dos
nerdolas — "só" porque o Batman do Ben Affleck parece um assassino sanguinário
maluco que mata tudo que vê pela frente?
Bem… espero que a resposta já esteja implícita à pergunta.
O Batman dos quadrinhos é um sujeito que, dizem, é versado
em 54755 tipos diferentes de artes marciais, mas que nos filmes, desde 1989, a gente
nunca viu nada dessa perícia toda para sermos bem honestos.
Apesar de truculenta e extremamente violenta, a sequência em
que o Batman invade um armazém para salvar a mãe do Superman, Martha Kent em Batman v. Superman, é de
encher os olhos.
Tirando o fato que o Morcego MATA UMA GALERA ali dentro, a
coreografia de luta é muito bem-feita. O Cavaleiro das Trevas incapacita seus adversários de
maneira efetiva — até demais — e usa todo a sua superioridade física para
abater os capangas do Lex Luthor, incluindo o Anatoli Knyazev, que nas HQs é o
KGBesta… mas que no filme é só um bosta qualquer mesmo.
Apesar de tomar tiro na cabeça, facada no ombro e levar
bastante porrada — o que, convenhamos, é verossímil pra caramba numa luta entre um cara sozinho contra uns cinquenta… quer dizer... talvez sobreviver a um tiro à queima-roupa na nuca não seja tão verossímil assim! — o Batman ainda consegue surrar os inimigos e faz isso com estilo.
Mesmo quem não é fã do Snyder deve ser capaz de admitir que
essa é a melhor cena de luta envolvendo o Batman no cinema… até porque a
concorrência quase não existe!
Ou você considera aquelas tomadas de câmera tremidas do
Christopher Nolan — cujo cameraman devia estar bêbado! — como sendo boas sequências de porrada?
Vamos ver se o Robert Pattinson e seu diretor Matt Reeves
fazem melhor no vindouro “The Batman”. Vai que…
Capitão América x Soldado Invernal (Capitão América: Soldado Invernal, 2014)
No meu conceito do que é uma boa pancadaria em um filme de
super-herói, levando em consideração as regras estabelecidas nesse post,
poucas são tão plasticamente bem executadas como a do segundo encontro entre
Steve Rogers/Capitão América e o Soldado Invernal no filme de 2014.
É preciso dizer que Capitão América: Soldado Invernal está
em meu top 3 de MELHORES filmes da Marvel não só por conta das lutas, mas também
por causa do roteiro, das atuações — quem diria! — e até da parte técnica que é
muito boa. Até o CGI que eu sempre critico está sendo usado na medida nesse
filme. Grande parte desse esmero se deve à direção dos irmãos Russo, que
são dois caras que entendem da narrativa cinematográfica e sabem entregar cenas
empolgantes de combate em todos os longas-metragens que já dirigiram.
A sequência inteira em que o Soldado Invernal e os capangas de
Alexander Pierce — ou da Hidra — caçam Steve Rogers, o Falcão/Sam Wilson e a
Viúva Negra nas ruas da cidade é primorosa e fecha com uma das melhores cenas
de briga mano a mano que já assisti em um filme de herói.
Muito bem coreografa, a luta entre os velhos parceiros e
atualmente inimigos é do tipo franca, e apesar de se utilizar de certos
recursos especiais como o escudo de vibranium e a força extra que o braço
metálico do Soldado Invernal garante, ainda assim, ela nos deixa apreensivos. É
como se o Capitão América nem tivesse o soro do supersoldado pelo grau de
dificuldade que ele tem para sequer bloquear os golpes do Bucky e evitar de
ser morto — já que seu adversário não tá pra brincadeira.
Destaque também para a velocidade absurda com que os golpes são trocados entre eles nessa cena. É de tirar o fôlego.
Se não fosse o
escudo ali em alguns momentos, quase dá pra imaginar que o Steve ia se lascar
bonito! (E como é bonito, hein!!)
Toda vez que eu desço uma escada, ao pé dela, faltando ali
uns dois degraus para chegar no térreo, eu me imagino dando aquela joelhada LINDA que o Capitão acerta na
caixa dos peito do Bucky em alguém. Mano! Imagina você encerrar uma luta dando
uma JOELHADA de frente daquelas em alguém!
Deve doer.
Esse filme é maravilhoso e nos presenteia também com outra
boa briga que até poderia entrar aqui no Top 10 que é Capitão América x Batroc
logo no começo do filme. Personagem esse, aliás, totalmente desperdiçado
naquela séria mais ou menos do Falcão & O Soldado Invernal.
Menções honrosas e desonrosas
Vale citar aqui a treta entre o Capitão América e o Homem Aranha em Guerra Civil — apesar do alto nível de poderes sobre-humanos utilizado — porque a briga deles é muito da hora. Ver os dois maiores ícones da Marvel saindo na porrada em live-action pela primeira vez foi bastante emocionante.
Outra menção vai para o tremendo potencial desperdiçado do Batman sangue no zóio do Ben Affleck em Esquadrão Suicida. Custava tirar aquela criança do roteiro e meter ali uma briga daquelas entre o Pistoleiro do Will Smith e o Morcego? Custava?
Puta lutinha mequetrefe! E ainda por cima toda errada conceitualmente falando. O Batman, o cara que é traumatizado a vida toda porque seus pais foram mortos em um beco diante dele na infância, atacando um pai NUM BECO na frente da sua filha CRIANÇA!
NÃO, WARNER! Não é possível um nível de amadorismo desses!
E você, jovem padawan? O que achou dessa listinha? Deixem aí nos comentários as sua impressões sobre as lutas aqui citadas e outras que, provavelmente, eu devo ter esquecido de mencionar.