Por conta do sucesso da série The Last Of Us na HBO e pela espera de uma semana entre um episódio e outro, eu decidi deixar o meu ranço de lado para VOLTAR a assistir The Walking Dead, aproveitando o hype da temática apocalipse zumbi.
Olha só, vejam vocês!
Eu tinha largado de mão a série da finada Fox por conta da
exaustão do tema em si. Quando chegou na quinta temporada, não dava mais para
ver nos episódios aquela chama que me fazia assistir com grande interesse todos
os domingos a série baseada nos quadrinhos de Robert Kirkman e, por conta disso, parei de
acompanhar.
Ironicamente, agora que voltei a assistir religiosamente aos
episódios do ponto de onde parei, não é raro me pegar comparando as duas
produções — TWD e TLOU — e apontando aquilo que me deixa mais satisfeito — como espectador —
em cada uma delas.
As semelhanças, aliás, são várias, mas a disparidade de
qualidade entre uma e outra é gritante.
Enquanto falo da quinta temporada de The Walking Dead, farei
alguns paralelos entre ela e The Last Of Us.
Sigam-me os bons!
O Terminal
O primeiro episódio da quinta temporada começa exatamente de
onde a anterior acabou com os sobreviventes do grupo de Rick Grimes (Andrew
Lincoln) se reencontrando no Terminal, lugar que é alardeado como um oásis de
salvação no mundo agora povoado pelos “walkers”.
Tendo aprendido a lição com a falsa receptividade e acolhimento
de Woodbury — a cidade criada e dominada pelo Governador (David Morrissey) —,
Rick, Michonne (Danai Gurira), Carl (Chandler Riggs) e Daryl (Norman Reedus)
decidem inspecionar o local envolto em muros antes de aceitar fazer parte da
tal comunidade “paz e amor”.
Ao darem a volta no conjunto de residências e surpreender
alguns de seus moradores, Rick logo percebe que há algo de errado com aquelas
pessoas e que, além disso, os seus amigos estão correndo risco de morte.
Separados após a debandagem causada pelo ataque brutal do Governador à prisão que eles vinham usando como lar há bastante tempo, os sobreviventes seguem caminhos distintos ao longo da estrada e chegam em momentos diferentes ao Terminal.
Assim, quando Rick e seu grupo alcançam o
local, Glenn (Steven Yeun), Maggie (Lauren Cohan) e Sasha (Sonequa
Martin-Green) já foram capturados e estão presos em um contêiner junto dos
novos personagens com quem toparam no caminho: Abraham (Michael Cudlitz),
Rosita (Christian Serratos) e Eugene (Josh McDermitt).
Os novos integrantes da série, Abraham, Rosita e Eugene |
Desarmados e à mercê dos soldados de Gareth (Andrew J. West),
o comandante local, Rick e seus amigos não demoram a perceber que a tal comunidade
pacífica não passa de uma armadilha para atrair mais pessoas a fim de alimentar
os moradores locais.
Pois é.
Gareth e seus colegas são canibais e se alimentam das
pessoas que chegam ao Terminal à procura de abrigo e proteção contra os zumbis.
O episódio “When We Are in Need” de The Last Of Us nos
apresenta a uma comunidade muito parecida a essa do Terminal de The Walking
Dead que também é formada por caçadores que atraem outras pessoas a fim de
usá-las como alimento. Na escassez de comida e de recursos mais básicos, os
dois grupos se veem tendo que avançar a última linha que os separam da barbárie e passam a
comer — literalmente — outras pessoas.
Canibais nos dois universos das séries |
Num mundo pós-apocalíptico em que os recursos para
subsistência são escassos — para não dizer quase inexistentes —, o que nós,
como seres humanos, seríamos capazes de fazer para sobreviver?
É um questionamento que ambas as produções levantam e, cada
uma com seus argumentos, nos convence a refletir sobre o assunto.
O massacre na igreja
Após serem salvos por Carol (Melissa McBride), Rick e seus
amigos voltam a cair na estrada — depois de queimar quase que completamente o
Terminal — e se deparam com Gabriel (Seth Gilliam), um padre solitário sem seu
rebanho que os vinha espreitando pelo caminho.
O Padre Gabriel na série e nas HQs |
Apesar de toda a desconfiança que a figura do religioso
acaba inspirando no grupo, eles aceitam segui-lo até a igreja, onde o homem
ainda retém um pouco de comida e um teto onde eles podem se abrigar sob.
Ainda com a ideia fixa de seguir viagem rumo a Washington,
onde, segundo o problemático Eugene, o Governo americano ainda mantém uma base
de onde se pode fazer pesquisas para a cura do Z-Vírus, o esquentado
ex-militar Abraham causa uma cisão no grupo, forçando Rick a tomar uma decisão
a respeito do destino deles agora que a farsa do Terminal foi desmantelada.
Nesse ínterim, Daryl encontra uma pista que pode conduzi-lo
à Beth (Emily Kinney) — que foi sequestrada enquanto os dois lutavam contra
zumbis isolados do restante do grupo — e o arqueiro parte com Carol em busca da
irmã de Maggie.
Sempre deixando rastros atrás de si e, aparentemente, não
tendo aprendido nada com a retaliação do Governador à prisão, Rick é
encurralado pelos homens que ele deixou para trás ao queimar o Terminal e que ressurgem
em busca de vingança.
Após armar uma situação a fim de atrair o grupo de Gareth
para dentro da igreja onde Carl, Gabriel, Bob (Lawrence Gilliard Jr.) e a
pequena Judith — a filha de Rick e Lori —estão escondidos, Rick é quem acaba emboscando os sobreviventes
do Terminal e dá cabo dos homens de maneira um tanto quanto violenta desta vez.
O hospital
Depois de se livrar do perigo representado por Gareth,
Glenn, Maggie e Tara (Alanna Masterson) decidem acompanhar Abraham e Rosita até
Washington em busca da cura que, aparentemente, apenas Eugene sabe da existência.
Enquanto isso, Rick, Michonne e os outros decidem ficar na
igreja a fim de esperar pelo retorno de Daryl e Carol, que ainda estão na pista de Beth.
Sem que o grupo na igreja soubesse, a filha mais nova do
velho Hershel Greene acabou sendo levada para um hospital onde, após se
recuperar dos seus ferimentos, passou a trabalhar como enfermeira, sob o
comando firme de uma policial chamada Dawn (Christine Woods) e de um cirurgião chamado
Steven (Erik Jensen) que salva pessoas em situação crítica que são levadas para
o local pelos demais policiais recrutados por Dawn em patrulha pela cidade (entre eles Bob Lamson, interpretado por Maximiliano Hernández, o agente da Hidra Sitwell de Capitão América - O Soldado Invernal).
Apesar de parecer um local seguro, Beth logo descobre que
está presa junto daquelas pessoas perigosas e que toda a comida que come é paga
pelos seus serviços. Em meio aos corredores do hospital, ela acaba conhecendo o
garoto Noah (Tyler James Williams, o Chris, de Todo Mundo Odeia o Chris) e
juntos eles começam a arquitetar um plano de fuga.
O Chris, deixado pra trás pela Rochelle e pelo Julius |
Sendo ameaçada por um dos policiais e sofrendo os
maus-tratos da policial no cargo de chefia, Beth consegue fugir com Noah, mas
logo é recapturada. Enquanto o garoto escapa e acaba se encontrando com Daryl e
Carol do lado de fora, Beth se vê cada vez mais ameaçada dentro do hospital e
as coisas só pioram quando a própria Carol é levada para um dos leitos após ter
sido atropelada.
Quando Daryl aciona Rick, eles decidem capturar dois dos
soldados de Dawn a fim de barganhar pelas vidas de Beth e Carol, porém, na hora
da troca, um acidente acaba ceifando a vida da jovem irmã de Maggie e temos aí
um dos episódios mais chocantes e tristes da quinta temporada.
Mano, eu achei que TWD não podia me emocionar mais desse
jeito, mas quando o Daryl sai do hospital carregando o corpo da Beth, foi
difícil segurar as lágrimas!
O triste destino de Beth |
Eugene e a farsa
Enquanto isso, o ônibus da igreja que conduz o grupo de
Abraham pela estrada rumo a Washington capota e logo nós somos apresentados à
informação — que não surpreende ninguém — de que Eugene NÃO TEM informação
privilegiada alguma a respeito de cura e que ele nem mesmo é um cientista de
verdade.
Largados no meio do caminho e agora sem rumo, Maggie, Rosita
e Glenn são forçados a enfrentar um enraivecido Abraham que não só nocauteia
Eugene como também entra em um acesso de fúria por ser agora um homem sem uma
missão a cumprir.
Em flashback, é mostrado o passado violento do ex-militar no
início da “pandemia”, e nos é revelado que foi em um de seus acessos de raiva
que ele acabou ocasionando a morte da sua esposa e dos próprios filhos. Logo
depois disso, antes que ele cometesse suicídio, Abraham encontra o Eugene
que, com o papo de “cientista salvador”, acaba convencendo o ruivo a ajudá-lo
a chegar até Washington.
Adeus, Tyreese
Outro dos episódios mais pesados da temporada ocorre logo
após a morte de Beth e é quando aprendemos um pouco mais sobre a máxima “Peter
Parkiana” de que “com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”.
Em uma missão para levar Noah de volta para casa, honrando
um último desejo de Beth, Rick, Michonne e Tyreese (Chad Coleman) aceitam
escoltar o garoto até um bairro antes tranquilo onde ele espera reencontrar a
mãe e os dois irmãos mais novos.
Tyreese |
Quando chegam ao local, no entanto, assim como boa parte do
mundo, o condomínio está tomado pelos zumbis e a família de Noah está morta.
Enquanto inspeciona a casa que era do Chris Noah, Tyreese
começa a ser infernizado por “fantasmas” das pessoas que morreram recentemente
perto dele e que parecem, de alguma forma, estarem ali para lhe passar um
recado.
São as figuras do Governador e de um dos capangas de Gareth,
no entanto, que mais mexem com a sua mente, já que ambos o fazem lembrar das consequências geradas pela sua clemência para com os inimigos. O capanga havia
ameaçado matar a bebê Judith ainda durante os eventos do Terminal e, apesar
disso, Tyreese se recusou a matá-lo. Dias depois, esse mesmo capanga retornou
com Gareth na emboscada dentro da igreja e isso custou a vida de Bob, de quem
os canibais já haviam arrancado uma perna.
Em meio a esses devaneios, Tyreese acaba sendo atacado por
um dos irmãos de Noah e tem o braço mordido. Apesar da rápida ação de Rick e
Michonne em lhe amputar o membro superior, o grandalhão acaba não resistindo
aos ferimentos e parte enxergando as figuras de Beth, Bob e das meninas Lizzie
(Brighton Sharbino) e Mika (Kyla Kenedy) — a quem ele e Carol tiveram que sacrificar
pela segurança de Judith anteriormente — prontos para conduzi-lo ao infinito e além.
Dois episódios carregados de emoção logo na sequência provando que, apesar do início de temporada fraco e dos argumentos ruins, a série
ainda tem a força emocional de antes.
De volta à estrada
Com o fim da ilusão de que há um lugar seguro em Washington
e que é possível encontrar a cura, os sobreviventes voltam a cair na estrada. Porém,
agora sem recursos para se manter em pé e sem um teto sobre suas cabeças, eles improvisam um antigo estábulo como esconderijo, quando então
são obrigados a enfrentar uma tempestade.
Após sobreviveram a mais esse percalço, Rick e o seu agora
ainda maior grupo são abordados por Aaron (Ross Marquand), um rapaz,
aparentemente, inofensivo que lhes oferece uma chance de se salvar. Segundo
ele, há uma nova comunidade formada a alguns quilômetros de onde eles se
encontram e que está aceitando novos membros.
Ross Marquand como Aaron |
Enquanto interroga o cara e o força a dar mais informações,
Rick descobre que Aaron e o seu parceiro os estiveram vigiando desde a estrada e
que esse método faz parte do recrutamento da tal comunidade para novos membros.
Afinal, não é qualquer um que merece ser convidado para além dos muros da sua “cidade feliz”.
Bem-vindos a Alexandria
Rick e seu bando são aceitos por Deanna Monroe (Tovah
Feldshuh), a mulher que comanda a comunidade conhecida como "Alexandria". Arisco
e ainda sofrendo dos traumas causados pelo Terminal — onde ele e seus amigos
quase foram servidos num banquete de canibais —, Rick aceita a estadia por ora,
enquanto coloca aquilo que agora chama de sua família para espreitar a tal
comunidade.
Numa dessas inspeções, Deanna acaba comparando aquilo que
eles organizaram por ali como “Comunismo” e é aí que encontramos outro paralelo
com The Last Of Us.
No episódio 6, chamado “Kin”, Joel (Pedro Pascal) na
companhia de Ellie (Bella Ramsey), enfim, consegue encontrar o seu irmão
desaparecido e ele está estabelecido em uma comunidade muito parecida com a que
vimos em Alexandria de TWD. Num certo momento do episódio, a personagem Maria
(Rutina Wesley) compara a organização que eles têm por ali como um sistema “Comunista”
e, para quem estava acompanhando as duas séries ao mesmo tempo, é impossível não
fazer esses paralelos de diálogos entre ambas.
"Vai pra Cuba, comunista!" |
É preciso então um apocalipse zumbi para que tenhamos a
certeza de que o capitalismo, afinal, não funciona? Ora só, vejam vocês!
Em TWD, apesar de agora terem casa, água quente,
eletricidade, muros altos que rechaçam os zumbis e uma aparente segurança que
há muito tempo eles não encontravam, Rick e a sua família não parecem
satisfeitos com aquela tranquilidade e começam a planejar tomar o lugar,
julgando que Deanna não merece o que foi construído ali.
Os entreveros entre os dois grupos não demoram a acontecer
e, enquanto Glenn acaba sendo vítima de uma emboscada armada pelo irmão mais
velho do Rafael Portugal, Nicholas (Michael Traynor), é Noah quem acaba pagando
com a própria vida.
Além dos muros de Alexandria, Rick acaba ficando atraído
pela prestatividade de Jessie (Alexandra Breckenridge) e, enquanto começamos a
duvidar da idoneidade do nosso “herói” achando que ele vai começar a dar em
cima de uma mulher casada, é Carol quem descobre a cruel realidade oculta
dentro da casa da loira: Ela é agredida pelo marido Pete (Corey Brill) quase
que diariamente e isso causa uma instabilidade emocional em seu filho mais
jovem, Sam, que acaba se apegando a Carol no processo.
Rick e Jessie se aproximam |
Vale lembrar que esse tema é bastante sensível para Carol, que desde o começo da série era vítima de um marido violento que ameaçava, inclusive, abusar da própria filha Sophia. Quando ela vê a mesma coisa acontecendo com Jessie, rapidamente ela aciona Rick e o manda tomar uma providência quanto ao médico Pete.
Com o pavio aceso, não demora para a casa cair dentro de
Alexandria. Enquanto os planos de tomada de Rick são descobertos, Deanna fica
entre a cruz e a espada ao se ver forçada a tomar uma atitude
quanto ao grupo de Grimes: Expulsá-los para garantir a paz de seus moradores e
perder a expertise militar que eles conferem à comunidade ou aceitá-los e ver
ruir a civilização que ela tão bem conseguiu construir ao longo de todo aquele
tempo?
Deanna peitando Rick |
Assim como em The Last Of Us, nós aprendemos em The Walking
Dead, em sua quinta temporada, que em um mundo infestado por zumbis as maiores
ameaças aos sobreviventes vêm das próprias pessoas e não dos infectados. Nas
duas séries os zumbis passam a ser apenas o pano de fundo de uma busca por
sobrevivência que depende muito mais de saber se proteger dos seres humanos
pensantes do que daqueles que já foram dessa para uma melhor e que andam por aí
a esmo em busca de carne fresca.
The Last Of Us está disponível na HBO Max (enquanto ainda tem
esse nome) e as 11 temporadas de The Walking Dead podem ser maratonadas pela
Netflix.
Review da Primeira Temporada de The Walkind Dead
Review da Segunda Temporada de The Walking Dead
Review da Terceira Temporada de The Walking Dead (PARTE 1)
Review da Terceira Temporada de The Walking Dead (PARTE 2)
Review da Quarta Temporada de The Walking Dead
NAMASTE!