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29 de março de 2022

O adeus a Taylor Hawkins

Homenagem do Rodman Taylor Hawkins


A primeira vez que soube da existência do Foo Fighters foi em uma matéria da revista Placar, lá no final dos anos 90, e eu nunca tinha ouvido falar dos caras.

A tal matéria era sobre jogadores de futebol que curtiam Rock e que tiravam um som de vez em quando nos vestiários de seus respectivos times. Cada um era entrevistado pela revista e sugeria uma banda ou uma música que estivesse curtindo naquele momento. 

O então goleiro do São Paulo, Rogério Ceni, foi quem mencionou o Foo Fighters e se disse um grande fã de Dave Grohl desde a época do Nirvana.  

Eu não tinha acompanhado a carreira do Nirvana ou sequer sabia que seu vocalista tinha se suicidado há poucos anos, por isso, ignorei o fato de que Grohl era um dos remanescentes daquela que tinha sido uma das bandas grunges de maior influência no mundo naquela década.

Como são-paulino, é óbvio que dei o maior valor à sugestão do cara que era um dos jogadores mais importantes do clube para a qual eu torcia, e passei a prestar mais a atenção no Foo Fighters quando tocava nas rádios, seja na Transamérica, a Jovem Klan Pan ou a 89 FM, que eu estava começando a gostar de ouvir. 

"Learn To Fly" foi um dos primeiros sucessos da banda que curti e depois disso, não parei mais de acompanhar a carreira dos caras liderados pelo Dave Grohl.

O meu segundo momento com o Foo Fighters aconteceu já nos primeiros anos da década de 2000. O acesso à internet era bastante escasso, a gente não tinha celular, o Spotify nem sonhava em existir, mas um amigo meu do curso técnico — alô, Rafa! — me mostrou um vídeo em que Dave Grohl e um sujeito loiro e magrelo tocavam bateria simultaneamente na introdução da música "My Hero". 

O baterista loiro magrelo era, obviamente, Taylor Hawkins e aquela foi a primeira vez que assisti ao cara detonando em seu instrumento, ao lado de um dos maiores instrumentistas do mundo, o senhor Dave Grohl. 



Eu esqueço de coisas que fiz há menos de duas horas, tenho dificuldade de me lembrar nomes de pessoas que acabei de conhecer, mas existem momentos da juventude — em sua maioria banais — que jamais saem da memória.

Eu lá na casa do meu colega de curso, acompanhado de mais uns dois ou três moleques, assistindo pelo computador a apresentação de Dave e Taylor dividindo a bateria ao som de "My Hero" é um desses momentos fixados eternamente na minha mente. 


Homenagem do Rodman Taylor Hawkins


No último dia 25, Taylor Hawkins foi encontrado sem vida em seu quarto de hotel em Bogotá, na Colômbia, apenas um dia antes da apresentação do Foo Fighters em um festival local. 

Recentemente, o laudo médico apontou várias substâncias em seu corpo como antidepressivos e opioides, o que, provavelmente, deve ter causado a sua morte por uma possível overdose. 

O Foo Fighters estava em uma turnê pela América Latina, ia se apresentar no Brasil em poucos dias e por conta do falecimento de seu baterista, precisou cancelar todos os shows.

Ainda é cedo para afirmar qualquer coisa, mas com a passagem de Hawkins, é bem possível que o fim prematuro do Foo Fighters também tenha sido declarado. 

Como disse anteriormente, o líder da banda, Dave Grohl, já tinha sido obrigado a encarar a morte de um amigo de trabalho com o suicídio de Kurt Cobain em 1994. A criação do Foo Fighters era uma espécie de "precisamos seguir em frente" e nas mais de duas décadas desde a sua formação, é bem óbvio que Grohl ainda tinha muito a mostrar para o público. Ele não era nem de longe "apenas" o baterista carismático do Nirvana. O cara é, em essência, um showman e no palco, dividiu por anos esse "peso" com Hawkins, que era o seu "escada".

Para o meu azar, apesar do Foo Fighters ser a minha banda favorita, eu jamais consegui ir a um show dos caras, mas mesmo pelas apresentações deles disponíveis na internet, era impressionante notar a sinergia que existia entre o cara mais à frente do palco e o que ficava mais ao fundo. 

Em todos os shows, Grohl dava espaço para que Hawkins assumisse os vocais, trocando de lugar com o amigo. Em geral, ele cantava músicas do Queen, do Kiss ou qualquer banda que quisesse homenagear. 

A troca que havia entre os dois — mais até que os demais componentes da banda — era algo difícil de ver em outros conjuntos. Hawkins tinha assumido a bateria de um grupo em que o, agora vocalista, tinha sido simplesmente O MELHOR naquela categoria e não parecia nem um pouco receoso com isso. Pelo contrário. O poder que Hawkins exalava segurando as suas baquetas era algo de mágico.

Aos 50 anos, Taylor Hawkins se junta a mais uma porção de estrelas do Rock que vimos partir cedo demais nos últimos anos. Chester Bennington. Chris Cornell. Scott Weiland. Chorão.

Assim como Hawkins, todos eles ainda tinham muito para nos presentear, mas agora tudo que nos resta é homenageá-los sem parar, ouvindo suas músicas, prestigiando seu enorme talento e agradecendo por eles um dia terem existido. 

Nas últimas apresentações do Foo Fighters, incluindo a que eles fizeram no Lollapalooza do Chile, Taylor Hawkins vinha sempre apresentando músicas do Queen em seu momento solo diante da plateia, mas o meu som preferido com ele nos vocais é "Cold Day In The Sun" do álbum Skin And Bones de 2006. Sempre adorei a energia que essa versão quase acústica apresenta e a voz rouca de Hawkins combina com todo o conjunto instrumental à sua volta.

No vídeo da música, a gente consegue ver um pouco da parceria que havia entre Dave e Taylor. 



E esse conjunto de cordas maravilhoso que acompanha? Muito bom.

Perdi as contas de quantas vezes cantei essa música no banheiro durante o banho. Foda demais!

Numa madrugada melancólica dessas de começo de ano — que têm sido mais comuns do que eu gostaria — parei para assistir a um show do Foo Fighters na íntegra disponível no Youtube e me peguei cantando TODAS as músicas que eles apresentaram. Mesmo o Aerosmith, que foi a banda que me ensinou a curtir Rock — e que assisti ao vivo num show de arena em 2010 — tem um repertório 100% conhecido por mim, mas com o Foo Fighters é outra história.

Essa apresentação em Los Angeles marca o retorno aos palcos após a pandemia de Covid-19 e os caras estão em polvorosa durante todo o show. Hawkins canta "Somebody To Love" do Queen em seu momento solo e como era de praxe, levantou a plateia em sua homenagem a Freddie Mercury. Começa aos 1:32:37 do vídeo abaixo.



Têm sido anos muito difíceis para mim e poucas coisas ainda me sustentam. Eu diria que a música é um ponto de equilíbrio em minha vida e eu gosto de usar o Rock para me tirar um pouco da tristeza. O som do Foo Fighters faz parte dos melhores momentos que já vivi nesses trinta anos e blau, e com certeza, a morte de Taylor Hawkins vai sepultar também algumas dessas boas lembranças. 

Se existe uma Criatura Superior a olhar para esse mundo caótico, que Ela conforte os entes queridos do baterista e também os seus companheiros de banda. Os últimos dias não devem ter sido fáceis a nenhum deles, assim como não têm sido para os fãs.

Descanse em paz, Taylor Hawkins. Você ERA FODA!


P.S - Difícil se concentrar só na banda com aquela backing vocal loira lá atrás, mas esse show que inseri no post é espetacular e para quem é fã como eu, vale as duas horas e blau que dura. Tem os sons clássicos do grupo e todas as novas músicas que a banda lançou nos últimos meses, incluindo os covers do Bee Gees que ficaram do caralho na versão Foo Fighters.


P.S. 2 - Difícil saber o que realmente aconteceu na noite que Taylor morreu ou a razão de haver tantas drogas em seu organismo, mas é perfeitamente compreensível o fato de que famosos ou não, ricos ou não, estamos todos vulneráveis às nossas dores e suscetíveis a nossos demônios internos, seja em maior ou menor intensidade.

NAMASTE!  

13 de julho de 2012

O Diabo é o pai do Rock?



"Então é everybody rock
O diabo é o pai do rock
Enquanto Freud explica
o diabo dá os toques"

Pensei numa forma atrativa e instigante de começar esse texto, e procurei encontrar algo que representasse a essência do estilo musical a ser abordado, então pensei “por que não usar uma pergunta polêmica e os versos de um dos maiores representantes brasileiros desse gênero tão querido (e maldito) chamado Raul Seixas”? Voilá! Eis o início perfeito de um post em homenagem ao Rock n’ Roll.
Sim, meninos e meninas. Tirem as camisetas pretas do armário, coloquem suas munhequeiras de espinhos metálicos, usem seus coturnos, espetem seus moicanos atochem a calça de couro, porque hoje nós vamos falar de Rock n’ Roll.


Pra quem viveu em Marte nos últimos cinquenta anos, cabe lembrar que o Rock nasceu da mistura de outros gêneros musicais muito difundidos da cultura negra norte-americana, o Blues, o Jazz e o Country. Naquela época, música de branco era música de branco e música de negro era música de negro, e nenhum dos dois procurava uma união ou mesmo algo em comum que pudessem compartilhar. O mundo vivia o pós Guerra, a sombra nazista de Hitler havia imposto o caos e a desconfiança em cada recôndito mais escuro do mundo, e as pessoas precisavam de referências, de algo com o qual pudessem se apegar para esquecer do terror da ameaça nuclear e da separação de etnias e classes. O Rock n’ Roll serviu como uma luva a esse propósito. 

É necessário ressaltar que o Rock que conhecemos hoje não existiria se não tivesse sido criado pelos negros com todo seu ritmo e ginga naturais. Usado a princípio como uma forma de protesto contra o mundo que desde sempre os escravizava, o Rock surgiu da mescla das letras melancólicas do Blues, o som das guitarras elétricas e da voz poderosa dos negros, ganhando suas mais reconhecidas características ainda na década de cinquenta.
A fórmula perfeita para sacudir as estruturas do mundo estava criada, agora só faltava um meio que a divulgasse.


Curiosamente (ou ironicamente) foi o rosto de um homem branco que ficou mais conhecido por representar o poder do Rock, e muitos anos mais tarde, após a criação desse “ritmo quente”, Elvis Presley, o garoto caipira de Mississipi, serviu como o veículo que levou ao conhecimento massivo do público aquilo que chamavam de Rock n’ Roll. O próprio Elvis dizia que não estava fazendo nada diferente do que caras como Chuck Berry, Little Richard, Buddy Holly ou Jerry Lee Lewis já não o tinham feito, e o assim mais tarde conhecido como “Rei do Rock”, reconhecia as origens daquilo que ele ajudara a popularizar, dando total valor aqueles que o haviam precedido.
Elvis podia não ser o mais talentoso de todos os artistas da época (em início de carreira ele não passava de um caipira carismático!), podia não ser o mais importante do gênero, mas foi o cara que fez com que o mundo conhecesse o Rock em toda sua glória, por isso merece todas as honrarias e festejos em sua homenagem.
 
Desde sua origem nos guetos dos Estados Unidos, o Rock soava como algo transgressor cujo caráter “moderninho” incomodava e causava arrepios por onde era executado. Mesmo depois de cair nas graças dos brancos, que viram na figura de Elvis um motivo para requebrar seus quadris ao som das guitarras elétricas, o Rock continuou a soar como algo marginal, que ia contra a moral e os bons costumes. Enquanto os jovens vibravam em bailes e em shows, seus pais e avós maldiziam aquela “música do Capeta” que instigava o mau comportamento e a rebeldia de seus filhos, o que desde sempre impôs uma sombra de maldição sobre o ritmo, sombra essa enxergada até mesmo por artistas já célebres da época como o cantor Frank Sinatra, que chegou a declarar: Rock n’ Roll é a coisa mais brutal, feia e degenerada que eu já tive o desprazer de ouvir.
Se você queria transgredir leis, regras e mandamentos, você deveria tocar Rock.
Com o passar das décadas, com a morte dos principais representantes negros da música e a vertiginosa queda do Rei para o mundo das drogas, o Rock parecia ter encontrado seu derradeiro fim, quando então novos nomes e símbolos decidiram assumir o bastão da contraversão, surgindo também em outros lugares do mundo. Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin, The Doors, Janis Joplin e tantos outros assumiram a batuta, e mantiveram o legado, criando e influenciando a perpetuação de novos segmentos dentro do próprio Rock.
Sim, meus amigos. O Rock havia encontrado uma forma de se tornar imortal, diferente de seus representantes.


O poder autodestrutivo que os astros do Rock acabaram assumindo para suas personas começou a se tornar algo comum a todos eles, e após a melancólica morte de Elvis Presley (que fora encontrado em sua mansão no dia de sua morte com diversos tipos de drogas circulando em seu corpo), várias outras mortes trágicas acabaram marcando o mundo do Rock, como a de Jimi Hendrix, Janis Joplin e o polêmico líder do The Doors Jim Morrison, todos com 27 anos e por efeito das drogas. Por ora odiado ao ensinar trejeitos sexuais aos jovens com o requebrar dos quadris de Elvis, outras vezes adorado por dar ao gênero um visual “engomadinho” com os meninos de Liverpool em começo de carreira, o Rock sofreu altos e baixos em sua popularidade desde sempre, o que de maneira alguma permitiu que ele fosse exaltado ou considerado um ritmo “do bem” durante um período muito longo. 


Nem os próprios Beatles conseguiram sustentar por muito tempo a cara “limpinha” que eles trouxeram ao estilo, e quando na década de 70, por influência de drogas alucinógenas misturada a uma visão mais pacifista eles deixaram os cabelos e as barbas crescerem, assumindo seu lado “riponga”, os ingleses, embora reverenciados por sua música, também caíram no espectro negativo do Rock, e se juntaram a todos os demais “filhos do Capeta”. Impossível negar as inúmeras referências ocultistas que os quatro roqueiros começaram a inserir em suas canções, nas capas de seus álbuns e em suas próprias vidas pessoais a partir de então.

Foi na mesma década com Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple que o Rock ganhou de vez o rótulo de maldito, e para desespero das carolas, beatas e defensores da moral e bons costumes o ritmo passou a defender a liberação do Sexo e das drogas, aliada ao próprio estilo musical. Com essa trinca sendo difundida mundo afora, a preocupação dos pais com seus filhos e o temor que eles começassem a não só adorar aqueles “cabeludos”, mas que também seguissem seus “ensinamentos” era crescente, e o cenário se virou completamente contra a música que nascera como uma forma de protesto contra a opressão. 


A atitude Rock n’ Roll, o consumo excessivo de drogas pesadas como LSD e Ácido, as bebedeiras homéricas e a lascívia dos bastidores dos shows contribuíram e muito para sua má fama, e atualmente não há quem consiga botar a mão no fogo por qualquer um dos integrantes da sua banda favorita. “Os meus ídolos não se drogavam”. “O meu cantor favorito jamais faria isso!”. Não se engane, jovem padawan. Ninguém entra na chuva para não se molhar, e usar pelo menos cinco tipos de drogas diferentes é pré-requisito básico para se tornar um astro do rock.

Além da perversão, o mau costume do uso desenfreado de alucinógenos e das quebradeiras costumeiras em hotéis onde as bandas se hospedavam antes e depois das turnês, outro estigma que marca até hoje as bandas de Rock é o do satanismo. O Rock nasceu como um grito de independência sobre dogmas e religiões, mas isso foi muitas vezes confundido com adoração ao lado negro da Força, o que não deixa de ser um exagero. Nem todo mundo que não possui uma religião definida é adorador do demo.


Quem nunca ouviu falar do pacto demoníaco feito por Gene Simmons e sua trupe do KISS para alcançar o sucesso ou os rituais satanistas que a banda teoricamente executava no palco em pleno show?
Quem nunca experimentou girar o LP (os velhos bolachões) ao contrário para ouvir as mensagens subliminares deixadas pelos integrantes do Led Zeppelin nas faixas de suas músicas?
Quem aí não se arrepiou com o lanchinho da tarde que o velho Ozzy Osbourne fez no palco com a cabeça de um morcego?
E a história de que os caras do Slipknot (banda contemporânea e um dos últimos resquícios de Rock moderno) usam máscaras por causa de um pacto que eles fizeram para conseguir sucesso e fama? 


Histórias de rituais, pactos e ofertas de almas ao Coisa Ruim feitas por astros do Rock povoam o imaginário do público há décadas, e muito de fantasia acabou se criando ao redor desses diversos relatos. Mas afinal, o que é verdade e o que é mito nesse papo de Rock do Diabo?
Tenho uma história de infância com o clássico do Led Zeppelin "Stairway to Heaven", música cujos versos falam de uma dama misteriosa que quer encontrar sua escada para o céu. Interpretações para o que a música realmente quer dizer também existem aos montes (ocultismo e uso de drogas são algumas delas), mas é fato notório que a banda de Robert Plant e Jimmy Page sempre esteve no topo das mais relacionadas a satanismo e outros tipos de bruxarias. Os fatos macabros que ocorreram com integrantes do grupo ao longo de sua carreira como o acidente que deixou Plant longe dos palcos por um bom período além da morte estúpida do baterista John Bonham, são só algumas das passagens bizarras envolvendo a banda, mas o que fica mais evidente são mesmo as mensagens subliminares deixadas pelas letras de suas canções. 


Page chegou a comprar a mansão e alguns pertences de Aleister Crowley (o “Mr. Crowley” da canção do Ozzy e o criador da frase “Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei” da música “Sociedade Alternativa” do Raul Seixas), um reconhecido bruxo e filósofo inglês do século XIX. Stairway to Heaven, uma de minhas músicas favoritas, segundo pesquisadores, possui diversas reverências ao Você-sabe-quem, e embora saibamos que religiosos acabam forçando a barra de vez em quando para que essas mensagens subliminares apareçam (quem vai ficar procurando mensagens virando um disco de trás pra frente durante horas??), alguns trechos são intrigantes.
No trecho da música em que Robert Plant canta "Your stairway lies on the whispering wind" a mensagem que dizem se conseguir ouvir ao inverso é: "I will sing because I live with Satan" (Eu vou cantar porque vivo com Satan. Aqui o arquivo em MP3 do trecho para baixar).
Só mesmo um cara possuído pra ter essa capacidade de criar uma frase que tenha um significado falada normalmente e outro completamente diferente falado de trás pra frente! Criatividade do capeta, literalmente!


Se destrinchado, esse papo sobre mensagens subliminares vai longe, portanto vou me ater apenas ao que foi falado até aqui, deixando para falar mais sobre isso num post vindouro.
O fato é que, assim como tudo no mundo, o Rock n’ Roll também possui seu lado negativo, e o negócio é se preocupar apenas com a parte boa. O Rock é acima de tudo um ritmo contagiante, feito também para entreter, e é isso que atrai tantas pessoas há cinco gerações. Para mim, o Rock é uma forma de abstrair do mundo quando este me parece demasiadamente injusto, e tem dia que não há nada melhor do que colocar um fone de ouvido e descarregar toda a tensão enquanto um riff furioso ou melódico atinge o tímpano, te fazendo sacudir a cabeça e embalar o corpo num balanço que te faz bem. Rock é bem estar. Rock é um alimento para alma.
Com certeza existe Rock do Diabo e feito para o Diabo, mas duvido muito que o mesmo tenha sido criado pelo dito cujo. Ele não teria a capacidade de criar algo tão empolgante. 


Viva o Rock n’ Roll, e que Deus abençoe todos os roqueiros! Amém!


Feliz Dia Mundial do Rock!


NAMASTE!

Top 10 - Maiores Pauleiras do Rock


Nunca fui uma pessoa muita eclética com relação a gosto musical, por isso logo que conheci o Rock N' Roll no final dos anos 90 me identifiquei muito com esse tipo de som e com as bandas que até hoje uso como minhas referências do estilo. A fase musical atual em especial no cenário do Rock está péssimo, não se faz mais música como antigamente e poucas (ou quase nenhuma) das bandas boas ainda sobrevive, o que me faz andar com muita "velharia" salva no MP3.

Chega de papo e bora conferir as minhas porradas prediletas do cenário Rock!!


Rock N' Roll na véia!!

 

Gravada pela primeira vez pela banda britânica Iron Maiden em 1983, a porrada "The Trooper" foi escrita pelo baixista Steve Harris, inspirada em um poema de Lord Tennyson. O poema conta a história da Batalha de Balaclava (ocorrida em 1854), e tanto a música quanto o poema tratam da narrativa de um único soldado britânico (daí o título da canção "Trooper") que sem esperanças, porém munido de muita coragem, avança sobre o as linhas de defesa russas.
Durante a execução da música, o vocalista Bruce Dickinson costumeiramente ergue uma bandeira inglesa e a faz tremular pelo palco, enquanto a plateia em delírio, canta o refrão e os versos de uma das mais poderosas músicas gravadas pelo Iron Maiden.

"Você tomará a minha vida mas eu tomarei a sua também
Você irá disparar seu mosquete mas eu irei trespassá-lo
Então quando você estiver esperando pelo próximo ataque
Melhor ficar firme, não existe maneira de voltar"
 




Formada em 2001 após a junção de membros do finado Rage Against to Machine e do Soundgarden, o Audioslave emplacou logo de cara uma sequencia de pauladas musicais como "Like a Stone" e "I am the Highway". Muitas de suas pancadas embalaram minhas viagens de trem de volta para casa do curso técnico que fazia em meados de 2002 e 2003 e a banda se tornou logo uma das minhas preferidas. Infelizmente sua vida foi curta e ela se desfez em 2006 com apenas três álbuns lançados.

A música "Cochise" é uma das mais emblemáticas da sua curta discografia, e uma das mais pesadas unindo a voz poderosa de Chris Cornell com todo o talento do Rage Against the Machine em fazer barulho.

"Eu não sou um mártir
eu não sou um profeta
e eu não vou fazer sermões para você
mas aqui está perigoso
melhor você entender
que eu não quero segurar sua mão
mas se precisar de ajuda para melhorar
então eu não quero parar"

"Cochise" foi um dos mais afamados líderes Apache, que resistiu às intrusões em suas terras, feitas por mexicanos e estadunidenses durante o século XIX.




Considerada por muito tempo uma das representantes do movimento grunge iniciada na década de 90, a banda Pearl Jam de Seattle (de onde veio também o Nirvana) passou muitos anos gravando músicas desse gênero, até que no álbum "Yield e Live on Two Legs" (1998) ela se livrou do estigma (não que isso fosse ruim) grunge e passou a tocar o Rock n' roll puro. "Do the Evolution" não só possui um dos mais críticos e criativos videoclipes da história (produzido por Todd McFarlane, o criador do Spawn) como também é um dos mais poderosos hits do playlist da banda. Sobe o som!


 

"Enter Sandman" é uma canção da banda norte-americana de heavy metal Metallica, lançada no seu álbum homônimo de 1991 "Metallica". Foi escrita pelos guitarristas Kirk Hammett e James Hetfield, juntamente com o baterista Lars Ulrich. A letra, elaborada por Hetfield, fala sobre pesadelos, e é uma das melhores músicas do Metallica no quesito paulada, cujo playlist também tem obras de arte do metal como "One", "King Nothing" e "Master of Puppets". Das bandas de tiozões, é uma das únicas (ao lado do Iron) que se mantem em plena forma, embora nesse quesito a banda inglesa tenha tido muito mais regularidade musical que o Metallica, que lançou várias bombas durante os anos 90.

"Agora eu me deito para dormir
Peço ao senhor para guardar minha alma
Se eu morrer antes de acordar
Peço ao senhor que leve minha alma"





 

"Fear of the Dark" é uma canção escrita por Steve Harris (ele de novo!), baixista e compositor principal da banda, fazendo parte do álbum homônimo de 1992 "Fear of the Dark". Do playlist da banda, é com certeza uma das minhas preferidas e a que mais embalou meus momentos de "fúria adolescente" sem razão.
Curiosamente a versão de estúdio da música não me agrada tanto quanto a versão ao vivo. Uma das melhores versões live da canção aconteceu no Brasil, no Rock in Rio de 2001.
Outro fato curioso (ou não) pelo qual tenho uma afeição pela música é que num dia de prova na ETEC, numa avaliação de lógica de programação eu não tinha a menor ideia no que colocar em resposta a um algoritmo quando então no pátio da escola começou a tocar Fear of the Dark. Inspirado pela música, de repente eu consegui responder as duas questões de lógica e me dei bem na nota. Eu prefiro acreditar que o Iron Maiden conseguiu me ajudar daquele apuro. Valeu Iron!




A banda armeno-americana System of a Down tornou-se uma especialista em criar hits extremamente furiosos na década de 2000, e no quesito pauleira eu poderia citar pelo menos umas 5 canções dos cinco álbuns de estúdio que eles lançaram. Quando lembro de fúria musical e de revolta, me vem logo na cabeça "Shop Suey" e "Toxicity" e a energia que esses dois hits trazem. É pra ouvir no último volume e pirar! 
"Ei, o que você quer com o mundo?
O que você possui é desordem, desordem,
Agora, em algum lugar entre o silêncio sagrado
Silêncio sagrado e sono
Em algum lugar, entre o silêncio sagrado e sono
Desordem, desordem, desordem"




"Shoot to Thrill" é a segunda música do álbum "Back in Black", da banda australiana de rock AC/DC, e pra quem ainda não ligou "o nome" à "pessoa" é aquela pauleira que embala uma das primeiras cenas do filme Homem de Ferro 2, pouco antes da chegada de Tony Stark ao palco da sua própria feira de tecnologia. 

"Eu sou como o mal, eu controlo sua pele

Exatamente como uma bomba pronta para explodir
Porque eu sou ilegal, eu tenho tudo
Isso que todas vocês mulheres talvez precisam saber"

Sabe-se lá Deus se essa música fala de drogas ou de um cara que toda mulher quer ter ao lado por ser "ilegal", mas ninguém pode negar, é um som pra lá de contagiante! Essa é uma das bandas que consta na minha lista que preciso ver antes de morrer (ou deles morrerem de velhice).




O Gun N' Roses é sem dúvida uma das melhores bandas que já surgiram no cenário do Rock e o fim dos anos 80 foi presenteado com uma porção de porradas (e não só musicais) que a banda formada por Axl Rose (Vocais), Izzy Stradlin (guitarra rítmica), Slash (Guitarra solo), Duff McKagan (baixo) e Steven Adler (bateria) tocou na época. Há quem torça o nariz para os caras, mas se hoje a banda não passa de uma sombra esquálida do que já foi num passado mais ou menos distante, houve uma época que eles detonavam tudo.
"Paradise City" é uma canção que foi um dos singles de "Appetite for Destruction", primeiro álbum de estúdio da banda, lançado em 1987.

Diz a lenda que a letra de Paradise City é sobre Los Angeles e toda a sua corrupção da época. Já outros, presumem que Axl Rose e Izzy Stradlin falavam sobre a cidade de Lafayette (Indiana) na música. Axl Rose, em entrevista para a revista Hit Parader, declarou que os versos são mais sobre estar na selva, e o coro sobre estar voltando para Midwest, ou qualquer outro lugar.
Não importa, para mim é uma das melhores pauleiras de todos os tempos do Guns e não dá pra ficar no lugar ouvindo isso! "Take me down to the Paradise City".


 


Por muito tempo, no fim da década de 2000 o Foo Fighters foi uma das únicas bandas de Rock Alternativo que ainda sobreviviam à onda EMO que começava a se estender por todo o mundo em especial do cenário Rock. Em particular, é minha 2ª banda preferida depois do Aerosmith e a que contém mais hits salvos no meu HD (me processem?). Conheço poucas músicas dos caras que me agradam menos e qualquer uma delas, exceto as baladinhas (por motivos óbvios) poderiam entrar no meu Top 10. Minha escolhida, no entanto, é "The Pretender", canção composta pela própria banda e produzida pelo produtor musical Gil Norton. Lançada como primeiro single do álbum "Echoes, Silence, Patience & Grace" em 21 de agosto de 2007, é uma das mais bem sucedidas canções da banda; apenas "Learn to Fly" e "Best of You" alcançou uma melhor posição na parada de sucessos Billboard Hot 100. O motivo?? O clipe da música fala por si só. Aumenta o volume!





Goste ou não, o Nirvana consta em qualquer lista ou ranking como uma das maiores bandas de rock de todos os tempos. O álbum "Nevermind" vendeu em torno de 26 milhões de cópias e consagrou a banda no cenário musical em especial pela destrutiva faixa "Smells Like Teen spirit", escrita por Kurt Cobain e produzida por Butch Vig. "A canção usa o formato verso-refrão, e o riff principal é usado durante a introdução e refrão para criar uma dinâmica de alternância entre as secções de maior e menor violência sonora" (segundo o Wikipedia) e não é preciso da enciclopédia livre para se entender o fenômeno que foi a música no início da década de 90 e que é até hoje. Poucas músicas causam um furor tão grande quanto essa, e ouvi-la com o volume baixo é quase um sacrilégio. Se o sonho de Cobain era se manter no cenário underground (ou underworld) ele não devia nunca ter criado Smells like. Por sorte ele o fez, e criou uma das músicas mais fodas (com o perdão do palavrão) de todas.



ORAÇÃO DO ROCK

Rock nosso que estais na veia
Muito escutado seja
vosso solo
Venha a nós o riff inteiro
Seja feito barulho a vontade
Assim em casa como nos shows
Musica boa de cada dia nos daí hoje
Perdoai nossas loucuras
Assim como perdoamos os pagodeiros e sertanejos
Com aquelas músicas horríveis
Não nos deixeis cair em funk carioca
E livrai-nos do axé

NAMASTE!

5 de outubro de 2011

Rock in Rio: Eu não fui, mas eu vi!

A 4ª versão do maior festival de música do Brasil começou desacreditado e ridicularizado, anunciando atrações um tanto quanto fora de contexto (pra grande maioria que ouve “rock” no nome) e que não demoraram a desanimar os já tão esquecidos fãs do verdadeiro rock arte, rock moleque, rock de várzea. Artistas como Katy Perry, Rihanna, Cláudia Leite (tira o pé do chããão) e Ivete Sangalo pareciam destoar e muito do clima rock n’ roll que todos esperavam, porém, vale lembrar que nas edições anteriores essa mesma mistura de gêneros já era comum, e não há como esquecer que caras como Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Erasmo Carlos já subiram ao palco no mesmo dia que ícones da pauleira como AC/DC e o Ozzy Osbourne!

Sabe-se lá Deus que desejo insano é esse do organizador do espetáculo Roberto Medina tem em querer criar essa miscigenação musical em todas as versões do Rock in Rio, mas é certo que o público dessas atrações não é o mesmo, e o que costuma acontecer não é bem o clima paz e amor que, imagino eu, Medina deseja apregoar. Cláudia Leite e a banda emo/hardcore/heavy-metal Glória que o digam!

Apesar desses equívocos de “escalação” artística, que pelo menos desta vez foi bem solucionado separando os dias das atrações (imagina a merda que daria termos Metallica e Katy Perry na mesma noite!), o Rock in Rio, que voltou ao Rio de Janeiro depois de uma longa temporada longe de seu país de origem, teve bons momentos para o público rock n’ roll.



Não. Eu não fui a nenhum dos shows, caro padawan, se é o que está pensando. O meu Rock in Rio foi mais para Rock in home, o que não quer dizer necessariamente que eu não possa dar minha opinião de merda acerca do evento.

Obviamente descarto aqui comentários sobre os shows pops, em primeiro lugar porque não vi nenhum deles, e em segundo porque... Porque... Não vi nenhum deles! Isso basta.


Aliás, sobre Katy Perry não há nada a ser dito e sim mostrado:





Após uma primeira noite mais pop, apesar das apresentações dos veteranos dos Paralamas do Sucesso e Titãs, a galera começou a sentir um maior peso nas atrações internacionais no segundo dia com a presença de Snow Patrol (que convenhamos, né... Nhé!!) e do Stone Sour (banda paralela do vocal do Slipknot Corey Taylor), apesar dos nomes quase desconhecidos do grande público.


O show do Capital Inicial com certeza foi um dos mais surpreendentes e elogiados da noite. Dinho Ouro Preto, o vocalista da banda que vinha de uma longa recuperação após um acidente em 2009 em que caiu do palco durante um show, mostrou não só que estava totalmente recuperado, mas também que estava à todo vapor, empolgando pra valer os espectadores. O coro de mais de 100 mil pessoas entoando os versos de “Primeiros Erros” com as mãos pra cima com certeza já entrou para a história.



Coube aos californianos do Red Hot Chili Peppers a missão de encerrar a segunda noite do evento, botando pra quebrar com seus grandes hits e elevando a temperatura do público que em pelo menos 90% (e falo isso no olhômetro puro) estava ali principalmente para ver os caras. Com seu bigodinho estilo Capitão Fábio de Tropa de Elite, Anthony Kiedis liderou o Red Hot como de costume, afinado nos vocais, ensaiando uma dancinha durante uma música ou outra e dividindo as atenções do público com o baixista porra-louca Flea.


O show dos caras teve espaço para homenagens ao filho da atriz Cissa Guimarães, fã declarado da banda e falecido após um atropelamento, contou com algumas escorregadas do vocalista que errou o tempo ao entrar no refrão de uma música e apresentou ao público brasileiro o novo guitarrista após a saída de John Frusciante. O ex-guitarrista, por sua vez, faz falta não só nos solos, mas também no backing vocal, onde dava maior emoção às músicas “Under the Bridge” e “Californication”, por exemplo. Josh Klinghoffer, o substituto de Frusciante, não se arrisca nos vocais e não demonstrou grande personalidade na execução das canções. Apesar disso, a performance dos caras chegou ao seu ápice com a execução de “Give it Away”, hit de 1991 e que consta como música indispensável no setlist da banda desde então, e encerrou muito bem a primeira noite de rock.




Somente na terceira noite do evento é que o público pôde vestir suas camisetas pretas, balançar a cabeleira ensebada e ensaiar air guitar com os shows pela primeira vez. Fora do palco principal a galera do rock de verdade se acabou durante as apresentações do Matanza e do Sepultura, que conseguiram lotar o espaço menor reservado às atrações de, digamos, menor expressão. Sim, porque grande expressão é NXZero, né Roberto Medina!


A decepção do dia, no entanto, ficou por conta do vocalista do Angra Edu Falaschi que num dia pouco inspirado, acabou destoando e muito ao dividir os vocais com a diva Tarja Turunen, ex-cantora do Nightwish. Nunca fui lá um grande fã de Falaschi, que recebeu a ingrata missão de substituir o fodástico André Matos na banda de metal brasileira, e ao lado de Tarja ele provou que não está nem nunca esteve à altura de substituir o cantor de voz fina que dava a cara e a personalidade do Angra.

Se faltou empolgação nos shows dos desconhecidos do Coheed and Cambria (aquele do cabelo de samambaia) e do Glória , o mesmo não pode ser dito da trinca formada por Motörhead, Slipknot e Metallica, que juntos fizeram deste o melhor dia do Rock in Rio.



O lendário vocalista do Motörhead, Lemmy Kilmister de 66 anos provou que idade não é empecilho para fazer uma boa apresentação (viu, senhor Axl Rose??) e a banda pavimentou a estrada que seria usada e abusada na sequencia da noite por Slipknot e Metallica.

Slipknot, aliás, fez uma exibição assustadora e memorável no Palco Mundo do Rock in Rio. A banda de Iowa já havia estado presente na versão portuguesa do festival no Rock in Rio Lisboa de 2004, e como de costume levantou o público, que vibrou com as músicas eletrizantes dos caras.




Com um setlist recheado de porradas como “Spit it out”, “Psychosocial”, “Before I forget” e “Duality”, o show de horror comandado por Corey Taylor marcou positivamente o festival, dando um significado maior ao termo “rock” de seu título.

Em meu Rock in Home, varando a madrugada do dia 26 (e tendo que acordar às 6 horas pro trabalho! SIC!), curti feito um louco o show. Com os efeitos pirotécnicos, as máscaras de terror, o som pesado, e a perícia vocal de Taylor, dá pra dar nota 10 fácil para a apresentação do Slipknot.


O dia não podia ser fechado em melhor estilo e os caras do Metallica vieram com tudo como a banda mais esperada do fim de semana. Com um playlist muito variado e sem qualquer espaço para as já costumeiras baladas, James Hetfield e companhia mostraram porque ainda hoje são considerados o grande nome do cenário do rock, levando o público ao delírio com sons como “One”, “Seek and destroy” e “Master of Puppets”.
PUTA QUE O PARIU!

Foi o que eu expressei quando o arranjo de “Master of Puppets” começou a ser ensaiado, e não há como dizer que os caras envelheceram e que perderam o jeito de fazer boa música (Ok, St. Anger não vai desaparecer por causa dessa apresentação, mas a gente finge que esqueceu). Qualquer outra banda deveria se preocupar em tocar após a apresentação apoteótica do Slipknot (banda preferida de 11 entre 10 adolescentes ditos rebeldes e que não ouvem Restart ou funk), mas a longa carreira do Metallica e a competência de seus integrantes garantiram um espetáculo igualmente interessante. Pra ser sincero, o Slipknot ainda precisa comer muito feijão com arroz na estrada para chegar ao cume onde o Metallica descansa feliz.




O festival teve uma pausa de alguns dias (afinal é Rock in Rio e não Carnaval na Bahia, apesar das presenças de Ivete e Claudia Leite), e no fim de semana seguinte foi a vez de Janelle Monaé (quem??) Jamiroquai, a tresloucada Kesha e do lendário Stevie Wonder se apresentarem. Ivete trouxe um pouco do axé para a pegada maluca do Rock in Rio e Lenny Kravitz e Jota Quest ensaiaram algo parecido com rock antes do sábado chegar.


No sábado, o rock nacional mostrou ao que veio, e o Frejat com seus hits de carreira solo e dos tempos do Barão Vermelho (bons tempos, aliás) mais o Skank, azeitaram a salada para a apresentação do Maroon Five e do Coldplay, que fez a melhor e mais bem produzida apresentação do dia. Segundo uma pesquisa do Portal Terra com os leitores que assistiram ao show, a banda fez a melhor apresentação do festival.
Eu assisti boa parte da exibição competente de Chris Martin e seus companheiros, e realmente fiquei impressionado com a energia que o cara passa no palco, além da disposição para correr por todo o palco e de cantar enquanto toca piano. Minhas músicas preferidas dos caras “Clock” e “Yellow” fizeram parte do setlist, mas foi com “Viva la vita” que os caras levaram a plateia ao êxtase. Decididamente foi uma bela apresentação dos ingleses.





No último dia do festival, mais nomes brasileiros encararam o Palco Mundo e foi a vez do Detonautas e da baiana Pitty tocarem para o povo amontoado, que mais uma vez lotou as paragens da Cidade do Rock. Tico Santa Cruz sempre foi um vocalista de mediano pra fraco, mas é sua atitude “marrenta” que mais conta em suas exibições. Nada além disso.

Pitty, por sua vez, esbanjou charme com as pernocas de fora e as tatuagens (muitas tatuagens) visíveis, e mostrou poder vocal, além de fazer a plateia cantar com ela os versos de suas já conhecidas músicas. Eu particularmente gosto muito do som dessa baiana porreta, sua banda está entre as minhas preferidas do cenário nacional, mas há de se convir que em alguns momentos o som de sua voz foi abafado pelo metal das guitarras e da bateria. Nada que tenha estragado o show, no entanto.

Comprovando que as mulheres também podem comandar boas bandas de rock, em seguida subiu ao palco a belíssima Amy Lee e seu Evanescence, que tocou seus já conhecidíssimos hits intercalados com as músicas novas do álbum que leva o mesmo nome da banda. Ainda um tanto quanto rechonchuda, a moça demonstrou muita simpatia com o público, que devolveu o carinho cantando com vontade as músicas que marcaram a banda ao longo de quase dez anos de estrada. Não dá pra negar, no entanto, que Amy Lee alterna bons momentos de potência vocal com desafinadas homéricas, que a gente só costuma relevar porque a moça, afinal, é uma graça, e também porque o som que a banda faz é bom.



O System of a Down chegou ao palco mundo quase de madrugada, mas eletrizou a cidade do rock com um som tradicionalmente pesado que arrebatou os fãs que estavam ali pra ver os caras. Vestido como quem vai à missa de domingo, Serj, o vocalista do SOAD, provou que não é preciso fazer malabarismos, pular ou correr no palco para agitar a plateia. Apenas com sua voz poderosa ele levou a galera para o bate-cabeça e assim o fez durante quase toda a apresentação em que ele foi muito bem ancorado pelo maluco Daron Malakian (guitarra), Shavo Odadjian (baixo) e de John Dolmayan (bateria).

Houve uma época em que eu, assim como todo adolescente, estava numa fase meio hardcore, por isso as músicas nervosas do SOAD me serviram muito bem para descontar essa raiva interna sem propósito. O álbum Toxicity consta na minha lista como um dos melhores de todos os tempos, e não dá pra dizer que não vibrei madrugada adentro ouvindo “Shop Suey”, “Aerials” e a própria “Toxicity” durante o show da banda no Rock in Rio.







OK, OK. O System of a Down só serviu para esquentar o caldeirão e deixar a galera em polvorosa para o final apoteótico que o Gun N’ Roses iria conceder ao Rock in Rio, certo?

ERRADO!!

Foi mais de uma hora de espera para que o gorducho Axl Rose com seu bigode de Leôncio pusesse as patas no palco encharcado do show, e devo admitir que me diverti mais com a enxurrada de piadas que isso gerou na galera ansiosa do Twitter que também aguardava pelo show, do que com a apresentação em si. A chuva impiedosa que caía no Rio de Janeiro servia como desculpa para o atraso da banda (uma das marcas registradas de Rose e sua trupe), mas não o justificava. A espera pelo aguardado retorno do Guns “Frankeinsten” N’ Roses acabou frustrando muita gente, e confirmou o que outro tanto de pessoas já sabia, mas que demorava para admitir: Axl Rose não tem mais pique para segurar um show ao vivo de mais de duas horas.

Welcome to the jungle - Rock in Rio 1991






Welcome to the jungle - Rock in Rio 2001




Welcome to the jungle - Rock in Rio 2011




Único “sobrevivente” da formação original da banda que reinou praticamente sozinha no começo dos anos 90, Axl, além de estar fora de forma (há muito tempo, diga-se de passagem) não possui mais a potencialidade vocálica que o transformara em um ícone da música na mesma década. Digam o que quiser, mas o Guns foi uma das bandas mais fodas de todos os tempos, e eu poderia citar aqui pelo menos uns 20 hits que estouram cabeças até hoje se executados. Com tanto sucesso e com pouca habilidade para lidar com o mesmo, Axl se afundou na própria arrogância, além de possibilitar um sem número de exageros físicos e psicológicos que resultaram no que sobrou dele atualmente.


Em meio a uma brincadeira ou outra sobre o peso do cara, no fundo eu estava é torcendo para que o cara voltasse com tudo nesse show, e que me fizesse lembrar dos bons tempos de outrora em que o lazarento corria pelo palco sem perder o fôlego enquanto desafiava os agudos da guitarra do Slash com a própria voz. Não chegou nem perto disso.
A esperança acabou quando de uma vez só ele gastou todo o fôlego (e as cordas vocais que lhe restaram) com “Welcome to the jungle”, a primeira música das antigas que ele cantou no show (antes disso houve “Chinese Democracy”, já da fase decadente), e depois disso foi ladeira abaixo. Houve uma tentativa de recuperação em “Sweet Child O’ mine”, um esboço de reação em “Mr. Browstone” e uma total decepção em “You Could be mine”. Depois dessa eu fui dormir, porque afinal meu sono era mais importante.
Não dá pra dizer que os acompanhantes de Axl são ruins. Os caras até que se esforçam para substituir os antigos parceiros do loiro de bandana, mas fica sempre aquele gosto amargo de “podia ser melhor”, “o cara não é o Slash”, “que falta faz o Steven Adler”. Como disseram alguns, o GNR hoje é uma banda cover do GNR da década de 90, só que com um vocalista muito menos talentoso. O que é uma pena.


Extravagâncias à parte, o Rock in Rio conseguiu aquilo que se propôs a oferecer: Entretenimento. Salvo a falta de cuidado com a organização, a falta de respeito com o público que enfrentou bravamente filas quilométricas para comer, beber ou ir ao banheiro e que aceitou com até certa diplomacia as atrações “nada a ver” do evento, quem foi aos shows deve ter hoje muita história para contar, afinal, um show de rock é sempre um show de rock, mesmo que quem esteja tocando no palco seja a Cláudia Leite!

Faltou o Chiclete com Banana e o Asa de Águia, né, poxa vida!

Quem sabe em 2013?


NAMASTE!

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