Em 2012 eu ainda tinha cabelo escrevi sobre o
desempenho dos atletas brasileiros na famigerada Olimpíada de Londres, e de lá
pra cá, pouca coisa mudou com relação a investimento e oportunidades no que se
refere à questão de esportes olímpicos, mesmo assim, o Brasil pode se orgulhar
de ter feito sua melhor participação nas Olimpíadas, conquistando 19 MEDALHAS,
sendo 7 de OURO, 6 de PRATA e 6 de BRONZE.
Sim.
Tinha tudo para ser um fiasco televisionado para todo o
mundo, mas assim como aconteceu na Copa do Mundo (igualmente sediada em terras
tupiniquins) os organizadores provaram que podiam fazer milagres mesmo com
pouco dinheiro de investimento. Afinal, o que são módicos R$ 37,7 Bilhões (a
Copa 2014 custou R$ 25,6 Bilhões) para se fazer um evento desse calibre, não é
mesmo?
APESAR das enormes adversidades, a Rio 2016 pode ser
considerada um SUCESSO. Entre piadinhas engraçaralhas do Prefeito Eduardo Paes
(canguru é a mãe!), problemas no Estádio Olímpico como as acomodações mal
terminadas dos atletas estrangeiros, da comum falta de segurança nos arredores
do mesmo Estádio e do assim encarado como “mal comportamento” da torcida
brasileira, que foi acusada de mal educada pela maioria dos atletas que tiveram
que aguentar vaias, gritos e xingos enquanto tentavam se concentrar para
completar séries, ainda assim, entre mortos e feridos, salvaram-se todos, e a
torcida se divertiu.
Numericamente falando, a Rio 2016 foi a nossa MELHOR
OLIMPÍADA, considerando a quantidade de medalhas conquistadas. Sim, povo
brasileiro! O Brasil NUNCA alcançou a 13ª posição no ranking geral e nem
tampouco conquistou tantas medalhas douradas numa mesma edição. O mais próximo
disso foi em Atenas, edição em que o Brasil trouxe para casa 5 douradas.
Em 2016, nossa primeira medalha de Prata saiu no TIRO!
Felipe Wu, de 24 anos foi o primeiro medalhista na modalidade pistola de ar 10m
DA HISTÓRIA do Brasil, e isso NO PRIMEIRO dia de competição. O esporte não é
nada badalado em nosso país (exceto no mundo da criminalidade), mas claro que a
medalha conquistada por Wu foi muito bem vinda.
A PRIMEIRA medalha de Ouro saiu no Judô, graças aos esforços
de Rafaela Silva de 24 anos, que derrotou na final a atleta da Mongólia Sumya
Dorjsuren, vencendo não só o desafio representado por sua adversária, como
também toda a desconfiança e preconceito racial que sofreu desde que foi
derrotada em Londres 2012.
O Boxe brasileiro também havia feito bonito em Londres (com
três medalhas), e dessa vez foi representado (e MUITO BEM) pelo baiano Robson
Conceição, de 27 anos, que sentou o braço no francês Sofiane Oumiha pela
categoria leve (60 Kg) e trouxe o Ouro inédito.
Em 2016 tivemos medalhas inesperadas e grandes decepções por
parte de atletas que tínhamos CERTEZA que trariam o Ouro olímpico, mas nenhum
atleta foi tão subestimado quanto Thiago Braz, de 22 anos, que no Salto com
Vara foi lá, fez sua parte e deixou para traz vários atletas gabaritados,
alcançando a incrível marca de 6,03 metros. Sejam sinceros: Quem conhecia o
jovem atleta de Marília – SP antes dos jogos de 2016? Agora ele entra para a
história!
Com Torben e Lars Grael e Robert Scheidt o Brasil sempre
teve alguma tradição na vela ao longo dos jogos olímpicos, e em 2016 não foi
diferente. A sobrinha de Lars, Martine Grael e sua dupla Kahena Kunze trouxeram
mais um Ouro para o Brasil na classe 49er FX da vela. A dupla bateu continência
na hora de subir no degrau mais alto do pódio em respeito ao título militar que
receberam por poder treinar no quartel e receber incentivo do Exército
Brasileiro.
O gesto ainda foi repetido no pódio nas conquistas de Alison e
Bruno, que na areia, confirmou o favoritismo do Brasil no vôlei, vencendo a
dupla italiana Nicolai e Lupo por 2 sets a 0 na final, o que garantiu mais um
Ouro para o país varonil.
Desde 1992 em Barcelona, o Brasil NUNCA deixou de trazer uma
medalha para casa com o vôlei, seja os de quadra (masculino e feminino) ou os
de areia (masculino e feminino). Nossa tradição é tão grande, que há muito
tempo somos considerados uma POTÊNCIA olímpica nesse esporte, e já colocamos na
roda grandes adversários como os russos, os sérvios, os italianos e americanos.
Em 2016, infelizmente as meninas do vôlei de quadra não conseguiram passar pela
muralha da China chamada Ting Zhu de 21 anos, e saíram da competição sem
NENHUMA medalha. Na praia, a dupla favorita Talita e Larissa foi derrotada no
confronto pela medalha de Bronze pelas americanas Walsh e Ross após uma
campanha de certo modo irregular. Sobrou para Ágatha e Bárbara (que derrotaram as mesmas Walsh e Ross) a disputa pelo
Ouro, mas a segunda dupla feminina brasileira acabou parando no forte ataque
das alemãs Ludwig e Walkenhorst, ficando apenas com a medalha de Prata.
Completamente desacreditada, e com uma campanha bem
irregular ao longo da Rio 2016, a seleção do Bernardinho cresceu
inacreditavelmente nas duas últimas partidas, e após despachar a Rússia com 3
sets a 0 na semifinal e a Itália na emocionante partida valendo o Ouro, o
Brasil se tornou Tri-Campeão Olímpico (92-04-16), tirando aquele gosto amargo
que havia ficado em Londres com a virada no final que nos custou o Ouro.
Serginho aos 40 anos, foi coroado com um segundo Ouro olímpico, e se despede da
seleção em GRANDE ESTILO. Já pelo lado da nova geração, fica claro o nosso
agradecimento a força de Lucão, Lipe, Walace e Lucarelli, que jogou no sacrifício com
várias dores musculares, mas que ajudou o time a conquistar o lugar mais alto
do pódio.
E o futebol, hein?
Em 2012 a Seleção feminina passou em branco pelo quadro de
medalhas, e em 2016, apesar do apoio popular da torcida que viu na artilheira Marta
a esperança olímpica, a Seleção acabou caindo na disputa pelo Bronze. Ao lado
das igualmente guerreiras Cristiane e Formiga e da excelente goleira Bárbara, Marta não conseguiu superar a
força das canadenses e o time brasileiro foi derrotado por 2x1 após a vitória
suada e emocionante contra as australianas pelas quartas de final nos pênaltis
e a derrota para as suecas (também nos pênaltis) nas semifinais. As meninas
pediram emocionadamente para que a torcida brasileira NÃO DESISTISSE delas após
o resultado negativo, e com a falta de apoio midiática elas não têm nada do que
se envergonhar. O Brasil é quem está em falta com elas.
O mundo dá voltas, não é queridinha?
Nem eu e nem NINGUÉM que gosta de futebol esperava que a
Seleção Masculina fosse sequer chegar ao pódio, e olha só o que aconteceu!
Desacreditada desde os 7x1 da Copa do Mundo de 2014 e pelos
resultados pífios nas últimas competições que disputou, a Seleção Masculina de
Futebol chegou execrada nas Olimpíadas, com direito a troca de camisas do
Neymar pelas de Marta por parte da torcida. Mascarados e peladeiros eram os
apelidos preferidos das jovens “estrelas” que contavam em seu elenco com
Gabigol e Gabriel Jesus, os mais criticados ao longo da Rio 2016. Neymar e sua
eterna troca de farpas com torcedores e representantes da mídia esportiva foi o
mais cobrado de todos, e assumiu a posição de Capitão sem qualquer confiança.
Com
duas partidas sem marcar gol contra duas seleções consideradas fracas (África
do Sul e Iraque), o time caiu em desgraça total, ainda mais comparado às
meninas da seleção, que àquela altura goleavam todas as adversárias. Marta >
Neymar era a hashtag preferida de 11 entre 10 brasileiros, mas o jogo virou
quando a seleção goleou a Dinamarca (4X0), escorraçou Honduras (6X0) nas
quartas e venceu a Alemanha na final, após defesa EXCEPCIONAL do goleiro Weverton,
que assumiu a vaga após a lesão que tirou Fernando Prass das Olimpíadas. Após o
resultado de 1X1 no tempo regulamentar e na prorrogação, a disputa de pênaltis foi
inevitável, e no último chute da Alemanha, o goleiro acabou levando a melhor,
jogando para Neymar a responsabilidade de converter a última cobrança e
garantir o Ouro inédito para a seleção pentacampeã do mundo. Para alguns, a “selecinha”
dos mascarados e milionários não fez mais do que sua obrigação, até porque de
todos os atletas brasileiros que disputam as Olimpíadas, eles têm os salários
mais gordos e o incentivo mais invejado por parte do governo e da mídia. Você
se lembra de algum ano em que não se teve cobertura de campeonatos de futebol
no Brasil?
E não só de Ouro vivem os atletas olímpicos. Para atingirmos
a melhor colocação nas Olimpíadas de todos os tempos, os atletas de Prata e
Bronze também precisaram se esforçar MUITO. O que dizer do baiano Isaquias Queiroz
que se tornou o PRIMEIRO brasileiro a ganhar TRÊS MEDALHAS em uma mesma edição
dos jogos, conquistando duas de prata e uma de bronze na canoagem?
E de Rafael “Baby” Silva que conquistou sua segunda medalha
de bronze em Olimpíadas no Judô (peso pesado)?
E de Mayra Aguiar que também repetiu seu feito em Londres,
conquistando o bronze em 2016?
E do nosso campeão Arthur Zanetti da ginástica artística,
que trouxe a prata?
E de Poliana Okimoto que descolou um Bronze após a
desclassificação de uma atleta francesa na maratona aquática?
E da COMEMORADA medalha de Prata (com gosto de Ouro)
conquistada por Diego Hypólito na ginástica artística após os fracassos de
Pequim e de Londres? Coadjuvante até então, Arthur Nory conquistou a medalha de
bronze na MESMA prova em que Hypólito levou a prata, e foi emocionante ver a
bandeira brasileira tremular duas vezes na mesma competição.
Na reta final dos jogos olímpicos o taekwondo conquistou
mais uma medalha de bronze, e o autor do feito foi Maicon Andrade de 23 anos,
que antes disso, não estava nem entre os 10 melhores do ranking de sua
categoria.
O Brasil só tem a agradecer a esses guerreiros olímpicos,
que contra todas as ADVERSIDADES conseguiram arrancar 19 medalhas no ranking olímpico
contra as potências representadas por Estados Unidos (121 medalhas),
Grã-Bretanha (67 medalhas) e da China (70 medalhas).Talvez nunca cheguemos a
ser tão grandes quanto eles, talvez nunca tenhamos a mesma disciplina e garra
que eles têm, talvez nunca formemos Usain Bolts, Michael Phelps e Simones Biles
por aqui, mas uma coisa é certa: Sempre seremos capazes de cair e nos levantar,
mostrando que no quesito competição, somos IMBATÍVEIS!
Obrigado a todos os atletas pela festa linda que foi a Rio
2016. A disputa olímpica provou que corrupção, mandos e desmandos nunca poderão
ser mais importantes que o ESPORTE.
Ps.: Assim como muitos de vocês, eu não pude acompanhar nem 50%
da cobertura da Rio 2016, e olhe que eu tinha acesso a 16 CANAIS de transmissão
da SporTV. ¬¬’
Ps.2: Eu também estava achando que os jogos olímpicos no Rio
iam ser um fiasco até ver a Festa de Abertura e queimar a língua. Toma no cu
aí, Rodman!
Ps.3 – Por falar em festa de abertura... Ivete > Anitta!
NAMASTE!