Tony Stark sofre um enfarte que
quase o mata. Seu coração já não funciona mais como antes, o que o leva a
substituí-lo por um reator energético. Ele agora vive um romance com a
intrépida Pepper Potts, com um medo irracional de perder uma das únicas pessoas
que realmente lhe importam e totalmente decidido a prolongar sua frágil vida
humana para que assim ele não falte a Pepper, Stark decide fazer o impensável: Substituir
todas as partes de seu corpo por próteses biônicas!
É com esse plot bizarro que
começa o arco “Rapto”, escrito por Alexander Irvine e competentemente desenhado
por Lan Medina. Embora a edição da Panini não situe seu leitor de que ponto da
cronologia do Homem de Ferro estamos, fica bem claro que a história não se
passa na cronologia corrente da Marvel, o que nos leva a um interessante
exercício de imaginação, semelhante aos bons e velhos “O que aconteceria se...”
que a própria Marvel lançava de vez em quando colocando seus personagens em situações
diferentes e as vezes até inusitadas numa viagem no túnel do tempo. Alguém se
lembra da clássica “O que aconteceria se Gwen Stacy não tivesse morrido?” ou da
bizarra “O que aconteceria se o Justiceiro matasse todo o Universo Marvel?”?
A total ignorância sobre o enredo
da HQ quando a vi na banca se reforçou ainda mais com a falta de um texto
explicativo sobre do que se tratava “Rapto”, e fiquei curioso ao folhear as
páginas e me deparar com a arte de Lan Medina, um desenhista filipino de 52
anos conhecido por seu trabalho no Justiceiro do selo MAX da Marvel. Os
desenhos chamam muito a atenção, e embora não cheguem ao nível de um Adi Granov
(desenhista e designer da saga Extremis do Homem de Ferro) deixa pouco a dever
ao desenhista bósnio. Tanto as figuras humanas quanto a tecnologia do
laboratório de Tony Stark, bem como suas armaduras, são detalhadamente
desenhadas por Medina, e seus traços firmes e limpos são complementados pelas
cores de June Chung (que entre outros trabalhos também coloriu a saga Marvel
Zombies).
Sim, Rodman, mas e quanto ao
enredo?
É aí que o caldo engrossa!
Como foi dito, Tony Stark entra
numa neura de melhorar sua própria fisiologia humana, o que o leva a se trancar
no laboratório por dias, ignorando seus amigos James Rhodey, Dra. Serrano (a
psicanalista de Stark) e até mesmo a própria Pepper. Preocupados com a saúde
mental do bilionário que parece estar sofrendo uma depressão pós-traumática
após o enfarte, seus amigos tentam de tudo para tirá-lo de lá, até que
constatam que o pior aconteceu. Ao mandarem um técnico das Indústrias Stark até
o laboratório, a pedido do próprio, Rhodey e Pepper chegam a conclusão que seu
velho amigo resolveu avançar alguns degraus da evolução humana, tornando-se
literalmente um Homem de Ferro!
Até sua metade, Rapto funciona
muito bem, instigando o leitor a continuar acompanhando a história e até
manipulando-o a chegar a certas conclusões (erradas, diga-se de passagem), e
todos os pontos positivos que a HQ recebe ficam localizados nessa primeira
metade. Daí pra frente o roteiro fica parecendo um samba do afrodescendente
desprovido das faculdades mentais.
Rapto funciona como uma daquelas
leituras rápidas e de fácil digestão, porém, apresenta conceitos inovadores
para o universo do Homem de Ferro, como esse desejo que Stark desenvolve de
querer viver para sempre, além de metáforas válidas a mitos (gregos) como o de Prometeu,
que é condenado a ter seu fígado devorado eternamente por um abutre a mando de
Zeus. Alexander Irvine vai muito longe, no entanto, quando insere o tal
conceito “Mundo Stark”, e uma história que parece ter potencial de início se
torna uma queda livre para o abismo ao inserir elementos fantásticos demais
como um “além” e idas e vindas desse lugar. Embora Irvine perca a mão do
roteiro na parte final do arco, alguns momentos valem muito a pena, como essa
questão levantada sobre a mescla de homem/máquina, a luta entre o Máquina de
Combate e o Homem de Ferro e claro, os desenhos de Medina, que salvam a
história em muitos momentos. Pra quem espera um final feliz ao estilo Marvel
que estamos acostumados, uma reviravolta nas últimas páginas consegue
surpreender o leitor, o que marca mais alguns pontos para Rapto.
Rapto não é nenhuma obra-prima,
mas para quem espera uma leitura rápida e bons desenhos é um prato cheio.
NOTA: 6
NAMASTE!
Gostei basicamente isso, comprei, li e gostei. Mas ei Rodman o que vc acha da MARVEL NOW
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