5 de abril de 2017

Precisamos falar sobre as séries da Marvel/Netflix


Em meados de 2014 nós recebemos a ótima notícia de que os direitos do personagem Demolidor, que até então pertenciam a Fox, haviam retornado para sua casa de origem, e que em parceria com a empresa de streaming e produtora Netflix, a Marvel Studios iria começar a apresentar novos personagens baseados em seu universo cinematográfico. O Demônio Audacioso de Hell’s Kitchen foi o primeiro nome citado desses personagens, e era difícil acreditar, até então, que algo de bom ainda podia ser feito com o pobre Demolidor depois do DESASTRE que havia sido o filme de 2003 dirigido por Mark Steven Johnson e protagonizado por Ben Affleck.

Encarado como um personagem de “segundo escalão” na Marvel e sempre na sombra do Homem Aranha, Wolverine e Vingadores, o Demolidor tinha tudo, no entanto, para render ótimos arcos para uma série de TV, assim como o tinha rendido nas HQs, roteirizado por caras (e minas) como Frank Miller, Ann Nocenti, Brian Michael Bendis e mais recentemente por Mark Waid. Foi acreditando nesse potencial de histórias que Steven S. DeKnight (o showrunner) e Drew Goddard (o diretor) deram o pontapé inicial naquilo que parecia ser o GRANDE acerto da Marvel em matéria de séries televisivas baseadas em seu universo cinematográfico. E com o final dos treze excelentes episódios da primeira temporada de Marvel's Daredevil, quem poderia duvidar?


Desde o princípio era de conhecimento público que Marvel’s Daredevil era a primeira de uma leva de quatro séries que nos apresentariam ainda os personagens Jessica Jones (de ALIAS, criação de Brian Michael Bendis para as HQs), Luke Cage e Punho de Ferro. Era sabido também, que os quatro personagens ainda protagonizariam uma série em conjunto chamada de Os Defensores, o que deixou todo mundo que havia adorado a primeira temporada de Demolidor ainda mais empolgado, já que “É Marvel, cara! O que pode dar errado?!”.


E realmente parecia que NADA poderia dar errado, já que a crítica (em especial o Rotten Tomatoes) havia ADORADO Demolidor, e classificado a série com quase 98% de aprovação e notas 8/10. Salvo um detalhe ou outro que poderia ser alterado (como o ritmo LENTO causado talvez pelo excesso de episódios padrão Netflix), a iniciativa da Marvel parecia ter dado certo, e as portas pareciam abertas para o sucesso.

Não teve quem não mergulhou de cabeça na série da Jessica Jones (lançada no segundo semestre de 2015) confiando no “É Marvel, cara! O que pode dar errado?!”, porém, dessa vez, a queda foi dolorida. Criada por Melissa Rosenberg, produzida por Tim Iaconfano e em grande parte roteirizada pelo próprio Brian Michael Bendis (que criou a personagem) em parceria com Michael Gaydos, Marvel’s Jessica Jones teve a dura missão de apresentar ao grande público uma personagem praticamente desconhecida e obscura dos quadrinhos, que funcionava muito bem nesse clima meio noir de investigação e submundo super-heróico. Interpretada por Krysten Ritter, a Jessica Jones da série é irritantemente apaixonante, já que nos diverte com seu constante mau humor e seu pavio curto.


Aiiiinn, Rodman! Eu adorei Jessica Jones, vai tomar no seu cu!

E a personagem é EXCELENTE mesmo, Padawan! De todos os “super-heróis” apresentados até aqui, ela de longe é a que tem mais personalidade, e a única a apresentar um contraponto ao comportamento meio certinho de Matt Murdock, Luke Cage e Daniel Rand, o que pode render boa interação aos Defensores


O fato é que o roteiro da série não sustenta 13 episódios, o que a torna chata e cansativa em seu miolo, nos trazendo uma sequência de situações que não fazem a história andar e causam SONO. A perseguição ao Homem Púrpura Killgrave (David Tennant) e toda sua relação de abusos ao passado recente de Jessica, faz com que a série se desenvolva bem, mas temos a impressão de que toda essa história poderia ser contada em 8 episódios, sem a necessidade de se estender mais que isso, o que acaba prejudicando a nossa imersão.  Ainda assim, Marvel’s Jessica Jones foi avaliada com 93% de aprovação no Rotten Tomatoes.


Apresentado já em Jessica Jones o personagem Luke Cage (Mike Colter) teve a estreia da sua própria série no final de 2016, e bastaram os 13 episódios aparecerem na Netflix para as críticas negativas choverem em cima da história do protetor do Harlem.


Desenvolvida por Cheo Hodari Coker e produzida por Aïda Mashaka Croal, Akela Cooper e Gail Barringer entre outros, Marvel’s Luke Cage foi vendida como uma série que falava ao público negro, ou uma Neo-Blaxpoitation, e era EXATAMENTE isso que esperávamos, dado o histórico do personagem que foi criado nos anos 70 por Archie Goodwin, John Romita (Sr) e George Tuska. Queríamos ver o Luke Cage badass motherfucker limpando as ruas da bandidagem do Harlem e redondezas com sua pele invulnerável e sua super-força, em vez disso acompanhamos um DRAMALHÃO quase que insuportável vivido por um protagonista fraco e o tempo todo em dúvida, que nos faz querer que ele tome alguma atitude (qualquer uma que seja) ao nascer de cada episódio. É importante dizer também que as capacidades interpretativas de Colter são bem limitadas, o que dificulta que criemos empatia com sua história e seu drama, que dirá com suas motivações (que são quase nulas)!


A série só tem alguma relevância em seus primeiros episódios graças ao antagonista do Luke Cage, o vilão Boca de Algodão vivido por Mahershala Ali, ator que ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Moonlight. Ali faz as vezes do grande gangster do Harlem, que usa uma boate de shows como fachada para seu tráfico de armas e drogas junto com a prima Mariah Dillard (Alfre Woodard), e quando ele acaba atravessando o caminho de Luke Cage (que trabalha no bar do local) é que as coisas parecem que vão ficar interessantes. Mas só parecem.


A saga de Cage para deter Boca de Algodão (que é eliminado prematuramente na série), depois Dillard e mais tarde seu “meio irmão invejoso” Willis Stryker (Eric LaRay Harvey) é chata e cansativa (adjetivos que vocês já conheceram em Jessica Jones), e é complicado se manter acordado enquanto essa enrolação toda TENTA se desenrolar ao longo dos 13 episódios. 


Sem Claire Temple (Rosario Dawson), personagem que serve como elo entre TODAS as séries e também sem a feroz Misty Knight (Simone Missick), personagem que com mais tempo de tela obrigaria a Netflix a mudar o nome da série, já que roubou fortemente a cena com sua personalidade forte (que não dura até o fim dos episódios) e com seu jeitão badass, a série seria intragável, e não chegaria nem a uma nota 3.


Lançada em Março de 2017, Marvel’s Iron Fist veio para lavar a alma marvete, que já estava começando a ficar com os dois pés atrás quanto a qualidade antes INDISCUTÍVEL das séries Marvel/Netflix. Aquele lance de que “É Marvel, cara! O que pode dar errado?!” já não estava bastando para fazer o público consumir o produto apenas pela capa, e após as péssimas experiências com Jessica Jones, Luke Cage (e até mesmo com a segunda temporada de Demolidor, que para muitos foi muito INFERIOR à primeira), Punho de Ferro foi recebida com grande desconfiança, e essa má vontade acabou influenciando na audiência do programa e nas notas negativas que antecederam a estreia no Brasil. Antes de estrear por aqui, a série já estava recebendo nota 4/10 e uma avaliação baixíssima de 17% no Rotten Tomatoes.


E olhe que pra ser ruim, a série ainda precisava melhorar muito!

Independente das críticas, assisti bravamente os 13 episódios. Eu mantinha a esperança de que pelo menos os elementos das HQs que fazem com que o personagem seja minimamente interessante fossem convertidos para a tela, já que esperar fidelidade de adaptação se tornou algo impossível nessa época de transição midiática. E isso não aconteceu.

Ok. O Punho de Ferro não é um dos grandes personagens da Marvel, mas essa mistura que sua origem faz entre o misticismo e as artes marciais daria sim um ÓTIMO roteiro para um filme e uma série. Até a metade dos anos 2000 ninguém dava a mínima para ele e seu parceiro Luke Cage, que nas HQs fundaram a empresa Heróis de Aluguel. Foi Brian Michael Bendis que resolveu tirar leite de pedra reintroduzindo os personagens em sua série ALIAS, e a pegada realista que o autor inseriu no personagem fez toda a diferença.  

Rodman... Eu nunca tinha ouvido falar de Punho de Ferro antes da Netflix!


E provavelmente ninguém que tenha contato com o universo Marvel apenas pelos filmes também tenha ouvido, jovem Padawan. É inegável, no entanto, que o personagem renderia um PUTA de um roteiro legal para a TV sem necessariamente precisa gastar milhões com efeitos digitais.

Na série, Daniel Rand (Finn Jones) é um jovem bilionário que é dado como morto junto dos pais após um acidente de avião na região do Himalaia, onde fica desaparecido por 15 anos. Enquanto o sócio de seu pai nas indústrias Rand, Harold Meachum (David Wenham) assume a empresa ao longo dos anos seguintes, a deixando para os dois filhos Ward (Tom Pelphrey) e Joy (Jessica Stroup) após sua suposta morte por câncer, Danny cresce na cidade mística de K’un-Lun, onde após ser resgatado por monges nas montanhas do Himalaia, aprende artes marciais e o domínio do punho de ferro, uma arte que lhe dá um poder além de seus limites tanto para o ataque quanto para a defesa.


Na série NÃO HÁ K’un-Lun. Vemos duas ou três cenas (algumas delas que se repetem apenas) situadas na tal cidade mística, mas não vemos NADA de místico nelas. Existem citações ao mestre de Danny Lei Kung (o Trovejante nas HQs) e a seu treinamento, mas a série faz questão de ignorar os elementos que mais podiam contribuir para deixá-la interessante e rica, deixando de lado K’un-Lun e se focando no retorno de Rand ao mundo dos vivos, em Nova York e a árdua retomada da empresa de seu pai.  

Como é K’un-Lun?

Como se parece Lei Kung?

Como Danny passou sua infância sozinho em um mundo místico e como ele se tornou forte o suficiente para vencer o torneio que o tornou o Punho de Ferro?

Essas não parecem respostas importantes para serem ditas.


Tudo que o público sabe a essa altura é que ele é um garoto que sabe artes marciais (mais ou menos, mais ou menos), que é muito mimado e que não tem quase nenhum controle sobre sua raiva, já que retornou única e exclusivamente para vingar a morte dos pais, algo que ele nem sabia que tinha sido causada pelos inimigos mortais de K’un-Lun, o Tentáculo.


O Danny Rand de Finn Jones não passa NENHUMA segurança quanto a seu “vasto conhecimento” nas técnicas orientais das artes marciais, muitas das quais pregam paciência e obediência, e o tempo todo o vemos cometer atitudes inconsequentes dignas de um moleque birrento e não de um mestre do kung fu. A sua cena de apresentação já chega a ser ridícula quando por duas vezes ele é colocado para fora das indústrias Rand tentando convencer os seguranças de que ele é Daniel Rand, o herdeiro da bagaça. Vestido como mendigo (humildade também é pregada no kung fu!) ele não só não consegue convencer os antigos amigos de infância Ward e Joy de que ele é quem diz ser, como cria situações vergonhosas como invadir a antiga casa que agora é ocupada pela herdeira de Harold Meachum.


Para piorar, a personalidade de Rand É TÃO FRACA que nem mesmo seus aliados conseguem confiar nele e em sua capacidade de tomar decisões ou resolver situações. Ele é visto o tempo todo como "o moleque de cabeça quente".


Os primeiros episódios são uma perda de tempo incrível nessa lenga-lenga de tentar provar que ele é realmente Daniel Rand, e fazendo um comparativo com outra série sobre super-heróis, Arrow conseguiu resolver isso - rapaz rico desaparece e retorna para reaver seu legado -  e partir logo para o que interessava em um único episódio. A jornada de Rand para provar a veracidade de sua identidade enquanto os dois irmãos Meachum se recusam a acreditar em sua palavra (e ter que compartilhar a grana toda com o recém “desfalecido”) NÃO É INTERESSANTE, e nos parece uma perda de tempo imensa, onde nem que fosse em flashbacks podíamos estar visualizando o passado de Daniel em K’un-Lun.

Ok, Rodman. Desapega de K’un-Lun!

Há de se esperar que em uma série cujo protagonista se diz mestre nas artes marciais, que as cenas de luta sejam de cair o queixo e o cu da bunda ao mesmo tempo, certo?


ERRADO!

Em vista do que já havia sido feito na primeira temporada de Demolidor, os coreógrafos e diretores de cena de Punho de Ferro erraram muito feio nesse quesito, e me pareceu que qualquer filme B de artes marciais possuía lutas melhores e mais empolgantes do que Iron Fist. É fato que o ator Finn Jones, que filmou a série entre Março e Outubro de 2016, não havia tido tempo suficiente para se preparar para o papel, já que artes marciais não se aprende da noite para o dia, mas em tempos muito mais remotos, todo mundo acreditava que o Michael Dudikoff era realmente um ninja (em American Ninja) ou que o ator Hikaru Kurosaki que interpretava o Jaspion sem armadura sabia mesmo artes marciais.  Por mim podiam colocar dublês em 100% das cenas de luta de Finn Jones, desde que tivéssemos a impressão que o Daniel Rand é de verdade um mestre das artes marciais, mas isso também não aconteceu.


As lutas não só são comuns demais como também fazem acreditar que Rand é no máximo um lutador mediano e que tem trabalho para encarar soldados rasos em um espaço fechado. Sem a ajuda da bela Colleen Wing (Jessica Henwick), atriz que possui mesmo algum treinamento marcial, Rand passaria grandes apuros na série.


Quem não se lembra da icônica cena do corredor logo nos primeiros episódios de Demolidor? Quem não se lembra da impactante cena do Justiceiro retalhando seus colegas de prisão no corredor de Blackgate usando as mãos, os dentes ou qualquer coisa afiada com a qual ele podia estripar alguém?

Claro que meus exemplos não denotam técnica apurada de artes marciais, já que tanto Murdock quanto Castle se valem mais da força bruta para vencer, mas são cenas que ficam na mente do espectador depois que acabamos de assistir. Iron Fist não tem sequer UMA CENA memorável de combate, dessas de lavar a alma, de causar uma catarse. 

Nada. 

No máximo temos lutas simples, sem nenhum efeito bacana de câmera ou tomada inovadora que nos faça pensar “caralho! Senti essa porrada aqui de casa!”. E sim, Punho de Ferro é uma Arma Viva, um dos maiores lutadores da Marvel.


Assim como aconteceu em Luke Cage, em que a coadjuvante feminina é mais interessante e porradeira que o protagonista chato e dramático, Colleen Wing é o grande colírio para os olhos de Iron Fist. Além de carismática, a atriz Jessica Henwick se vira bem nas cenas de luta, e convence em seu drama pessoal ao se revelar uma ninja do Tentáculo e logo depois ter que abdicar de seu cargo entrando em conflito com seu sensei em detrimento a sua paixão por Danny Rand.

Caralho, Rodman! Os ninjas do Tentáculo aparecem na série??


Não, amiguinhos. 

A gente não consegue ver as fuças de UM ninja sequer nessa merda. 
Em Demolidor somos apresentados ao clã do Tentáculo e sua chefe Madame Gao (Wai Ching Ho), e dando continuidade ao que vemos lá, a organização continua infiltrada nas principais centrais de poder da cidade, incluindo a própria Rand. Ao final da segunda temporada de Demolidor, o herói cego combate ao lado de Elektra vários ninjas do Tentáculo chefiados em campo por Nobu (Peter Shinkoda), ninja apelão que RETALHA Matt Murdock numa luta sensacional ainda na primeira temporada. Contra o Punho de Ferro, o Tentáculo manda o sósia do Caio Blat Bakuto (Ramón Rodriguez), o sensei de Colleen, que só dá trabalho físico para Rand, porque afinal, QUALQUER um daria trabalho para ele nessa série. Esse Punho de Ferro não duraria três minutos contra o Nobu e cinco segundos contra o Rei do Crime!


 Quando Rand deixa as emoções e a raiva pelo assassinato de seus pais falarem mais alto que sua “técnica”, ele perde o controle sobre seu punho de ferro, e se torna vulnerável nos momentos mais decisivos de sua jornada. O efeito do punho brilhando é legal, mas fora o momento em que ele derruba uma parede com um soco (chupa, Capitão América!) o recurso visual é pouco aproveitado na série, o que dá a entender que orçamento é um problema, pela economia que fazem em cenários (K’un-Lun, cadê K’un-Lun? Cadê o dragão Shou-Lao, símbolo do peito do herói?) e nos efeitos digitais, que pelo roteiro fraco nem são lá muito necessários, já que 70% das cenas se passam dentro do escritório dos Meachum ou no Dojô da Colleen.


Davos (Sacha Dhawan), que nos quadrinhos é filho do Lei Kung e o amigo invejoso de Danny Rand ao longo de seu treinamento, é apresentado de forma rápida já quase ao final da série, embora esteja à espreita do herói desde o começo, observando os passos de Rand na Terra. Nas HQs ele se torna o principal inimigo do Punho de Ferro, o Serpente de Aço, ao falhar em obter o poder do dragão Shou-Lao no torneio que dá os poderes do punho ao melhor combatente. Incapaz de vencer seu adversário, Davos guarda um grande ódio por seu antigo amigo, e isso fica bem claro no último episódio da série, quando após se dizer em missão de K’un-Lun para levar Rand de volta, Davos se volta contra ele, alegando que Danny está manchando o legado do Punho de Ferro e que ele não merece o poder que tem (bom, até aí até a gente concorda com isso!). Embora ainda não tenha se tornado o Serpente de Aço, é possível perceber que Davos pretende destruir o ex-amigo, e dá-se a entender que ele vai se aliar a Joy Meachum num futuro próximo, e quem sabe também ao Tentáculo para destruir o Punho de Ferro.


Então quer dizer que na segunda temporada teremos muito mais ação e emoção, hein, Rodman! A primeira serviu só para apresentar os personagens. Você é um cuzão apressado!

Porra nenhuma, caro Padawan!

Os produtores e diretores tiveram 13 episódios para deleitar os espectadores com uma história de um potencial absurdo, e só conseguiram nos enrolar com uma história fraca sobre mercado imobiliário e sucessão empresarial, aí querem que acreditemos que na segunda temporada as coisas vão melhorar?

Foda-se a segunda temporada!

Eles tinham que conquistar nossa atenção e nos pegar pelos bagos já nessa primeira, nos deixando ansiando por uma segunda temporada, como Demolidor conseguiu fazer, e não segurar tudo se garantido que a audiência estaria cativa pelo “É Marvel, cara! O que pode dar errado?!”. Amigo, não sei pra você, mas desde Luke Cage que essa máxima não funciona mais! A Marvel começou dando tapa na cara da concorrência com Demolidor, mas deixou a bola cair absurdamente depois disso, algo que aconteceu também com as fracas séries Agents of SHIELD e Agente Carter. Enquanto a DC e o CW nos enche de super-heróis saltando da tela a cada novo episódio de The Flash e Supergirl, inserindo conceitos típicos das HQs como multiverso, viagem temporal, a Marvel tem uma mania muito estúpida de preservar seus personagens e não expô-los nas séries. Sem colhões de sequer mencionar os nomes “Capitão América”, “Hulk” ou “Homem de Ferro” nas suas séries, quase não conseguimos ver que esses heróis compartilham o mesmo universo, salvo alguns easter-eggs sutis. Nem personagens menores aparecem. Eu ficaria feliz de ver o Açor-Assassino, o Corisco ou o Bumerangue que fossem tomando umas bordoadas do Demolidor ou do Luke Cage em alguns episódios aleatórios, mas essa atitude precavida demais acaba tornando a Marvel covarde em alguns momentos.


Punho de Ferro é com segurança a pior série da Marvel/Netflix, e depois desse resultado pífio (que segundo o ator Finn Jones é culpa do Donald Trump!), a expectativa para Os Defensores não está lá muito alta. A série que vai reunir os elencos das quatro séries individuais PRECISA deixar esses medos e pudores de lado e apresentar uma história que faça jus a união desses personagens, além de colocá-los para papear no bar. Murdock, Cage e Rand não apresentam características muito incomuns entre eles para que haja um conflito que torne sua interação interessante, e esse papel vai ser mesmo de Jessica Jones, que é a mais porra-louca de todo o grupo. 


A união das coadjuvantes também deve ser muito bacana, visto que Misty Knight e Colleen Wing já são parceiras de longa data nas HQs e que já fizeram parte da agência Heróis de Aluguel de Cage e Punho de Ferro. Claire Temple é disparado a melhor personagem de todas as séries, e ela foi a única que conseguiu me tirar algumas risadas durante os insossos episódios de Iron Fist. Sua ligação com todos eles deve dar um tempero bem apimentado a relação do grupo, além do que é possível que vejamos o Justiceiro (Jon Bernthal), a Elektra (Elodie Yung) e até mesmo os vilões Rei do Crime (Vincent D’Onofrio), Madame Gao e o próprio Serpente de Aço para dar liga a essa mistura.


A série Os Defensores já terminou de ser filmada nos EUA, e estreia em Agosto desse ano, enquanto a terceira temporada do Demolidor e a primeira do Justiceiro devem estrear só em 2018. Depois da decepção com Punho de Ferro, já não dá mais pra contar que “vai ser bom porque é Marvel”. Agora vai ser necessário um pouco mais de empenho para me fazer QUERER ver Os Defensores. Vamos aguardar.


Demolidor 1ª Temp. Nota: 9
Jessica JonesNota: 7
Demolidor 2ª Temp. Nota: 8
Luke CageNota: 6
Punho de FerroNota 5

NAMASTE!

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