Estamos no século vinte e um e isso significa que estamos
rodeados de tecnologia. Não como sonhávamos talvez, nada de carros voadores,
teletransportadores ou raios lasers portáteis, mas já temos realidade virtual,
internet na palma da mão (no smartphone, claro) e todo tipo de videogame para
nos entreter e nos manter longe da vida real por longas horas. Mas... Vocês se
lembram dos seus brinquedos de infância?
Metade dos meus brinquedos eu herdei do meu irmão mais
velho. Como era naquela época, ele teve que abandoná-los cedo devido os estudos
e o trabalho, e eu... Bem... Eu brinquei com seus bonecos por ele.
Eu sempre fui uma criança tímida e introvertida, o que
dificultava MUITO a interação com outros seres humanos. De qualquer espécie. Eu
morei até os seis anos no centro de São Paulo, e depois disso minha família se
mudou para um município mais afastado dessa área, quase no meio do nada, quase
longe de tudo. Não haviam vizinhos da minha idade, meus colegas de escola
moravam longe e mesmo que morassem perto eu não os visitaria. Timidez,
introspecção, etc. Diferente do que ela havia sido com meus dois irmãos mais
velhos (aquele que mencionei antes e uma irmã), minha mãe decidira se tornar
muito rígida quanto a liberdade dos dois filhos mais novos (eu e minha outra
irmã mais nova), o que fez com que eu me sentisse “confortável” com minha
introspecção. Anos 90, gente! Não haviam videogames (pelo menos não para mim),
celulares ou todas essas coisas que nos tornam os “autistas sociais” que nós
somos atualmente. Eu não podia escrever em “blogs”, “redes sociais” ou usar
aplicativos, então eu tinha os meus brinquedos herdados. Vocês se lembram dos
seus brinquedos de infância?
Apesar de todos esses problemas de comunicação, eu possuía
uma mente muito criativa, e como eu passava muito tempo comigo mesmo, ouvindo
meus pensamentos e criando minhas histórias, eu usava meus bonecos para
exteriorizar aquela criatividade, o que fazia deles meus únicos amigos reais.
Eu tinha um punhado deles. A maioria era sem articulação alguma, daqueles
soldados que se mantinham em pé com o auxílio de “pranchas” coladas em seus
pés, motoqueiros que mesmo quando desciam de suas motos NUNCA desdobravam suas
pernas ou cavaleiros que quando desciam de seus cavalos também não saíam de
suas posições. Aqueles que possuíam articulação nas pernas e nos braços, claro,
eram os astros das brincadeiras, sempre os “atores” principais, os heróis, os
mocinhos, aqueles que salvavam o dia.
Eu me lembro que naquela época o tempo demorava para passar,
e num mesmo dia dava para criar várias histórias diferentes e encená-las uma após a outra em cima da cama de casal de minha mãe. A maioria das brincadeiras
rolavam ali. Às vezes, quando a aventura era aquática, dava para arriscar
brincar no tanque da casa ou na pia da cozinha, mas claro que rolavam os gritos
lá de dentro:
“Para de gastar água!”
“Vai ficar gripado mexendo com água desse jeito!”.
O quintal possuía um espaço amplo, vegetação e muitas
pedras, mas as brincadeiras ali eram quase proibidas. Eram as minhas regras. Não
se leva seus amigos para um local onde eles podem se perder e talvez nunca
retornar. Nunca se abandona um amigo.
Com o passar do tempo, além do roteirista de minhas
histórias em cima da cama da minha mãe, eu também me tornei o diretor das
cenas, o sonoplasta e também o “voice-actor”, já que eu dava voz para todos os
personagens. O dia não podia terminar enquanto a aventura não estivesse
concluída, e antes que chegasse a hora de tomar banho, o herói precisava ter
vencido o vilão, e todos precisavam sair comemorando. As “gravações” no “set de
filmagem” eram sempre com um prazo apertado!
Meus atores já eram veteranos. É sério! Por serem herdados,
alguns possuíam em suas costas, dez e até quinze anos de uso. Alguns estavam
quebrados, outros levavam marcas de mordida de cachorro pelo corpo, outros
estavam apodrecendo sozinhos e alguns haviam sofrido acidentes terríveis. Ninguém
ali era novato, mas eu sabia que eles ainda aguentavam o tranco, já que sua
missão ainda não estava completa. Eu ainda precisava MUITO deles. Eu tinha
roteiros e mais roteiros em minha cabeça e eles precisavam me ajudar a
concretizá-los, e assim aconteceu por alguns anos.
Hoje nós temos action figures de todos os tipos e modelos,
mas a grande maioria delas emula personagens famosos da cultura pop. Alguns são
ajustados para caber na palma da mão, outros são gigantescos, outros não
possuem articulações (mas esses são artigos de luxo agora!) e só servem para
enfeitar, mas a variação é bem grande.
Os meus amigos não tinham nome e nem
identidade de fábrica. A maioria deles. Eu tinha o “policial”, o “soldado”, o “motoqueiro”
e eles eram nobres desconhecidos, o que acabava sendo bom, já que eles se tornavam
“atores” flexíveis, podendo interpretar qualquer papel. Além do que eu podia
batizá-los com os nomes mais ABSURDOS que vinham em minha cabeça!
Quase todos os bonecos tinham nomes próprios dados por mim,
exceto aqueles que representavam algum personagem famoso como o Homem de Ferro
(da coleção da Gulliver, sem articulações e com uma cor só, no caso prata), o
Superman (numa posição de voo, SEM capa e também numa cor só, o azul) e o
Zorro... Eu tinha uns seis “Zorros”, todos coloridos, sempre na posição de
montar no cavalo e com capa removível. Cada Zorro tinha um nome diferente, “Bruce”,
“Rafael”, “Douglas”...
Eles eram do meu irmão também, e a dupla de Playmobils
vieram no pacote de herança. Um amarelo e um azul (depois alguém me deu outro azul na escola!). Eles tinham alguns apetrechos
que serviam em suas mãos de gancho, e isso ajudava bastante nas brincadeiras. Eles
seguravam garrafas (as vezes as brincadeiras acabavam em bebedeira!), facas,
raquetes de tênis e outros itens inclusos, mas o que eu mais acabava usando era
a metralhadora. O “Roger”, o Playmobil amarelo, adorava dar uns tiros, e em
geral ele acabava sempre sendo o cara durão dos enredos.
Um dos bonecos que eu mais gostava era o Alex. Eu não faço
ideia o que ele era originalmente, nem o que ele foi destinado a ser ou de que
coleção ele pertencia, mas ele era um dos únicos articulados que eu tinha
(dobrando joelhos e cotovelos), além do que ele possuía um rosto bem esculpido,
o que fazia dele o “galã bonitão” das aventuras, o herói. Quando eu encenava
alguma história de personagens existentes, via de regra o Alex se tornava o
Peter Parker, o Clark Kent ou o Steve Rogers, quando o herói não estava em
missão, em sua identidade civil. Quando a pancadaria tinha que rolar e os
demais bonecos precisavam de algum perito em artes marciais, adivinha quem era
o cara?
“Robson Robô”, “Rafael” (agora que me liguei que eu tinha
dois bonecos com o MESMO nome), “Mágico”, “Porcão” e “Palhacinho” eram alguns
dos nomes dos demais bonecos. Esses em geral eram escalados para serem os
vilões, não sei explicar porque, mas quase nunca eles se davam bem nas
aventuras. O Rafael parecia ser um fisiculturista que usava uma tanguinha
vermelha ridícula e que era o desafeto principal do Alex. Robson Robô (de onde
eu tirava esses nomes?!) era escalado para viver qualquer robô do mal (as vezes
ele era o meu Doutor Destino também!) e o Porcão... Era claramente uma
Tartaruga Ninja com roupa de férias, e com jeitão simpático, mas que servia de
brutamontes dos inimigos, já que ele tinha uma proporção um pouco maior que
seus colegas de elenco.
Eu citei que eu emulava alguns personagens existentes,
cansei de brincar de Jaspion (eu tinha o meu próprio metal-hero, o Super
Rod), de Changeman e super-heróis dos quadrinhos também. Tudo que eu assistia
na TV acabava servindo de inspiração para as brincadeiras, e não era raro eu
simular o Batman de ’89 usando o um dos Zorros como o Homem Morcego (e eu nem
sabia que o Zorro havia servido de inspiração para a criação do Batman, ora só
vejam vocês!), de Superman contra o Homem Nuclear de “Em Busca da Paz” com meu
Superman azul “congelado” ou de Vingadores. Eu tinha vários gibis empilhados em
caixas, e muitas histórias serviam como base para as minhas aventuras. Os meus
Vingadores se chamavam Defensores, e os meus Heróis Mais Poderoso da Terra
reuniam o que dava para criar na hora, um Capitão América improvisado com um
dos motoqueiros que eram bem versáteis (com braços e pernas flexíveis)
segurando uma tampa de um ioiô como escudo, um Homem-Elétrico interpretado pelo
Alex, um Namor representado pelo Rafael fisiculturista, uma Feiticeira Escarlate
interpretada por um Zorro vermelho de capa de mesma cor (sério! A gente tinha
que improvisar!) e o Homem de Ferro prateado que não tinha nenhum dos pés e uma
das mãos, comida por um cachorro nosso. Vergonha? Nenhuma! As histórias rolavam
tranquilamente com direito a muita ação, drama e reviravoltas de roteiro
impressionantes.
Como eu disse anteriormente, meu irmão mais velho havia sido
o dono de grande parte daqueles brinquedos, mas um que ele mantinha guardado
como uma relíquia era sua Supermáquina e seu piloto Michael Knight, da série homônima
da TV. Me lembro até hoje do dia em que ele ganhou aquela Supermáquina de
presente, foi o mesmo dia em que eu ganhei meu Bat-Robô, uma pick-up verde que
movida à fricção se tornava um robô de braços levantados quando ele batia em
uma parede.
Era um carrinho legal, serviu como meu Daileon por muitos anos, mas
claro que para mim, como criança, não chegava aos pés daquela Supermáquina. As
brincadeiras eram sempre especiais quando dava para incorporar o Michael
Knight, que na época, era o boneco mais legal de todos. Apesar de ser numa
escala um pouco maior que os demais, ele era todo articulado e ainda tinha seu
próprio carro! Se eu tivesse bonecas ali no grupo, o Michael com certeza faria
sucesso entre elas!
Alguns anos depois a minha madrinha me presenteou com um
boneco que podia rivalizar com o Michael Knight de meu irmão, e eu passei a ter
um brinquedo maneiro em mãos também, o B.A. do Esquadrão Classe A. Curiosamente
os dois bonecos vinham da mesma coleção da Glasslite, que naquele ano tinha
produzido brinquedos da Supermáquina, Esquadrão Classe A e Duro na Queda,
séries de sucesso que passavam na Globo nos anos 80. O B.A era meu boneco mais
fodão, e quando ele entrava na parada, não sobrava para ninguém.
As brincadeiras que eu mais gostava e que mais rendiam histórias
eram as de ação. Eu podia passar horas seguidas fazendo sons de socos, chutes,
disparos de energia, chocar de espadas e perseguições de carros e motos, mas
por um longo período, já no avançar da adolescência, eu comecei a me dedicar aos
esportes.
Eu já gostava de jogar botão na mesa de casa, inventar
campeonatos malucos onde a Seleção Brasileira enfrentava o Milan (!!) por
exemplo, mas apesar de imaginar que os jogadores estavam ali trocando passes,
eu sentia que faltava algo.
Quando eu percebi que daria para emular campeonatos
de futebol muito mais emocionantes com meus bonecos, eu posicionei as duas
traves uma em cada lado da cama de minha mãe, separei meus bonecos por cores
para montar os times e coloquei a bola para rolar (eu cheguei a ter DOIS minicraques da Coca Cola!). Diferente do botão, era
possível simular dribles, defesas incríveis, troca de passes dinâmicos e eleger
meus artilheiros. O negócio era tão sério que eu marcava o tempo certo no
relógio e anotava num caderno os resultados. Tinha até controle de artilharia e
somatória de pontos no campeonato. A narração? Claro, eu fazia, assim como o
apito do juiz, o som da torcida imaginária e o barulho do chute na bola. Me
lembro que esses campeonatos de futebol marcaram por serem minhas últimas
brincadeiras, quando então, apesar de gostar muito daqueles carinhas de
plástico, já não era mais tão emocionante brincar com eles. Eu já revezava meu
tempo entre desenhar minhas próprias histórias em quadrinhos e escrever meus
contos de ficção, e com o passar do tempo eles começaram a ficar esquecidos
dentro do armário. Era triste tirar todos eles do lugar, preparar armamentos,
veículos, montar cenário com caixas de sapato, ter em mente a história e logo
no começo já perder a vontade... Sentir vergonha por estar ali fazendo sons
bobos com a boca e gritando e encenando diálogos estúpidos. Quando isso começou
a acontecer com maior frequência foi a hora que saquei que já não tinha mais
idade para aquilo. Era hora de abandonar meus amigos. Os únicos amigos que eu
tive por um longo tempo. O que eu tinha esquecido é que não se abandona um amigo.
A infância que tive serviu para construir o adulto que sou
hoje, infelizmente alguém cheio de inseguranças, neuras e que me impede de me
relacionar corretamente com as pessoas. Talvez eu tenha brincado até demais com
meus amigos de plástico, e que eu tenha essas lembranças boas daquela época
porque eles me ajudaram com minha solidão. Eu não me sentia sozinho. Eles estavam
sempre ali para quando eu precisava. Eles nunca se negaram a participar das
aventuras por mais estranhas ou perigosas que pudessem parecer na hora, e eles
serviram seu papel. Mesmo quebrados, despedaçados, sem braço, faltando pedaços,
eles foram os melhores amigos que uma criança solitária podia ter, e por isso
doeu muito quando eles partiram.
Eu já era adulto quando numa tarde qualquer eu tive a ideia
de rever meus amigos. Depois de tantos anos, eu sabia que eles estavam
guardados dentro de uma sacola numa caixa de papelão na casa adjacente a da
minha mãe. As duas casas eram no mesmo quintal, e nessa outra ficavam guardadas
as quinquilharias, grande parte das coisas da infância, minha e de meus
irmãos. Nessa casa estavam caixas com os livros de escola, cadernos, bolas
murchas, jogos de tabuleiro (aqueles que viam com as embalagens de chocolate) e
até as bicicletas. Guardados em uma caixa, eu sabia que podia encontrar meus
brinquedos. Eles estiveram ali por anos. Por que não estariam agora? Me lembro
que procurei por toda parte e não encontrei a sacola onde eles deveriam estar. Tirei
tudo do lugar e não os encontrei. Não havia outro lugar onde eles poderiam
estar, até que veio a triste constatação:
“Que brinquedos? Só tinha uma sacola cheia de lixo. Pedaços
velhos!”
Minha mãe havia jogado fora a sacola com os brinquedos, achando que se tratava de resto de alguma coisa, e não havia percebido que lá
dentro, junto aos pedaços de brinquedos quebrados, estavam também os meus amigos
de infância. Eu senti raiva na hora, fiquei revoltado e depois me bateu uma
tristeza profunda. Eu sabia que deveria tê-los tirado de lá em algum momento,
cuidado para que eles não fossem confundidos com lixo antes do que aconteceu,
mas os anos fizeram com que eu me esquecesse deles. Eu já trabalhava, pagava
minhas próprias contas e não tinha mais tempo para brinquedos antigos. Por algum
tempo eu esqueci dos meus bonecos e os abandonei. Quebrei a promessa.
Um ou dois anos antes dessa história, eu “reuni” todos eles
e tirei essas fotos que ilustram esse post. A qualidade não é grandes coisas
porque eu só tinha uma daquelas câmeras digitais para fazer isso, e alguns dos
personagens citados aqui nem sequer aparecem na foto. Tenho saudades às vezes
daquele tempo e me lembro com carinho de cada um deles. Não é difícil também eu
sonhar às vezes que encontrei meus bonecos e que eles estiveram guardados em
algum canto esse tempo todo. De tudo que citei aí, ainda tenho a Supermáquina
do meu irmão e alguns dos demais carrinhos que serviam para as perseguições,
mas todo o resto se foi. B.A, Michael Knight, Alex, Roger, Robson Robô... Tudo
que tenho deles hoje são essas fotos e as lembranças daquele tempo inocente e
triste.
Acho que o trauma foi tão grande em perdê-los, que depois de
alguns anos eu acabei comprando algumas Action-Figures meio que pra suprir
aquele vazio, incluindo um Clubber Lang, personagem do filme Rock III
interpretado pelo ator Mister T, o mesmo que fazia o B.A. em Esquadrão Classe
A. Eu cheguei a pesquisar no Mercado Livre por ele e pelo Michael Knight da
Glasslite, mas por mais que eu comprasse outros, eles não seriam os mesmos que
eu brinquei, além do que não teriam seus companheiros de aventura com eles.
Embora todos nós tenhamos que crescer um dia, para alguns de
nós essa passagem para a vida adulta acaba sendo mais traumática, e se a sua
infância não foi bem vivida, você acaba se tornando um adulto amargo e cheio de
problemas emocionais. Alguns anos depois eu conheci a trilogia Toy Story que
conta a aventura de bonecos que ganham vida quando seus donos não estão
prestando a atenção, e o terceiro filme me marcou de um jeito muito forte, pois
fala justamente dessa hora da despedida, em que Andy, o dono dos bonecos, precisa se tornar um adulto e abandonar seus amigos. Choro copiosamente todas
as vezes que assisto esse filme, e dificilmente isso vai mudar algum dia.
E vocês? Se lembram dos seus brinquedos de infância?
NAMASTE!
Uaaal,que escritor foda você, te admiro muito parceiro,que tenha muito sucesso na vida e saiba que seus amigos de infância nunca vão te esquecer,vai entender se já assisti Toy Story
ResponderExcluirPoxa mano eu não sabia que o Michael Knight tinha ido para o lixo! E sinceramente não lembrava do episódio com os demais. Esqueceu de citar as vezes que eu participei das brincadeiras do Mágico Maravilha (Mistura de Hebe com Elke Maravilha?) "Um beijo na bunda e até segunda"! Não citou a Andreia irmã do Roger (o outro esqueci o nome...), é verdade não é que tinham dois Rafael? Também parciticei dos campeonatos de botão. Era legal apesar de triste e solitário e de termos nos transformado em dois bichos do mato que as pessoas rejeitam no fim das contas. Dois bichos criativos para car@%&$.
ResponderExcluirPS: a mãe também jogou fora as roupas das minhas bonecas (que ela mesma tinha costurado) e as "rodinhas", lembra? Beto, Bia e CIA? Isso dá outra longa história!
Cara, eu de novo (a mesma pessoa do primeiro comentário), tu é foda. Não consigo parar de ler seus posts, estou amando muitoo ��
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